Ele à toca,
à beija,
à cheira,
à enrosca,
à olha...

Ele diz que ela é linda,
que é gostosa,
que ele gosta do seu cheiro,
que gosta da sua pele,
que se perde nos seus seios...

Ele se move devagar,
rápido, devagar e, uma
última vez, rápido,
deixando seu corpo, pesado,
ao lado do corpo dela, parado...

Ele ri e ela, chora.
Chora quieta,
inerte,
olhando a parede à sua frente
como se ela fosse gente.

Ela chora ao ouvir que
é linda, que é gostosa,
que ele à gosta, quando ele
à goza.

Chora quieta,
querendo liberdade,
desejando bondade
em um ser tomado
pela maldade.

Chora inerte,
com a mente perdida
em um universo perverso,
desejando arrancar de si,
cada parte do seu corpo...

Chora sozinha,
sentada no banheiro de casa,
cogitando usar a faca da cozinha e
deixar para sempre a sua casa
e rasgar com as unhas sua casca.

Ela chora sozinha
pois um dia, ela sabe,
irá se erguer sozinha.