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Capítulo um

Eu estava desesperado quando pedi ajuda para minha mãe. Eu sei que poderia ter encarado as coisas sozinho, porém, com todos meus pensamentos rodopiando dentro de mim e minha insegurança revirando no meu estômago, eu preferi ignorar tudo e fingir que minha mãe seria a única saída para o impasse que eu me encontrava.

Bati na porta do seu escritório e entrei a passos excitantes dentro daquele ambiente com cheiro forte de café. Mamãe estava com os olhos castanhos vidrados em frente ao computador, enquanto batucando os dedos com força no teclado como se estivesse com raiva deles.

- João Vitor, estou trabalhando, não posso falar agora - disse sem direcionar um olhar para mim. Fechei a boca com força. - Você sabe que meu prazo está acabando.

Ela me falava isso todo dia quando tomávamos juntos o café da manhã. Ela ficava puxando os fios do cabelo castanho - às vezes arrancando alguns sem querer - enquanto resmungava e reclamava o quanto o prazo era apertado demais para ela conseguir finalizar o romance que estava escrevendo. Eu não falava nada, só deixava ela jogar todas as palavras para fora. Esses momentos eram tensos e sensíveis demais para dizer qualquer coisa.

E naquele dia, quando ela me olhou, seus olhos estavam muito vermelhos e ela parecia prestes a explodir. Talvez não tenha sido uma boa ideia atormentá-la naquele momento delicado, contudo, se eu esperasse por mais alguns segundos que fosse, seria a minha vez de explodir.

Mexi no meu cabelo crespo enquanto respirava fundo uma última vez antes de dizer a ela:

- Eu sei, eu só preciso de ajuda para resolver um problema. Eu queria que você depois lesse algumas cartas de tarot para mim. - Ela parou de escrever. O ar pareceu ficar mais denso ao redor de mim. - Não é nada demais.

Na verdade era.

Eu não costumava pedir muito para que lesse cartas para mim. Na verdade, isso quase nunca acontecia. Só quando eu estava muito desesperado por resposta - como estava naquele momento.

Ela era minha única esperança.

Mamãe me olhou com curiosidade, parando de batucar os dedos no teclado. Eu estava fazendo com que ela parasse de escrever para me ajudar com minhas dúvidas dramáticas.

- O que aconteceu?

Eu precisava de respostas.

Resmunguei enquanto contava a ela sobre quem tirei no amigo secreto da escola. Ela sorriu na mesma hora quando eu disse que foi o Vinícius. Eu nunca contei diretamente a ela antes sobre meus sentimentos por ele, mas minha mãe era boa demais em desvendar as coisas - ainda mais em descobrir sobre meus sentimentos - e eu era péssimo demais em escondê-las. Não sei ainda como Vinícius não percebeu.

- Não entendi como isso é um problema - Ela me perguntou ao levantar da cadeira e andar em minha direção. - É só a gente comprar um presente para ele.

Se não tivesse sentimentos envolvidos, eu teria feito isso sem nenhum problema. Mas foi só olhar o nome dele escrito no papel que as coisas voltaram com força para fora de mim. Todos os sentimentos que eu fazia o meu melhor para enterrar bem fundo do meu peito, mas que nunca adiantou muita coisa.

Eu tive que me controlar muito para não dizer nada a Vinícius que pudesse entregar quem era tirei. Foi torturante seguir as aulas na escola normalmente como se aquilo não fosse nada demais. Como se eu não estivesse prestes a explodir em mil pedacinhos. Merda, por que eu fui tirar justo ele?

- Ei, bruxo, quem você tirou? - Vini me perguntou quando comíamos o salgado da cantina na hora do recreio naquele dia. - Se for ruim a gente pode trocar.

Forcei um sorriso e terminei de mastigar o salgadinho, enquanto ele esperava pela minha resposta com a testa franzida. Seus dedos em todo momento iam em direção a sua franja que já estava tampando a visão de seus olhos. Eu sempre gostei delas grandes desse jeito.

- Eu... - Eu tinha que ter cuidado com minhas palavras. Não sabia o que responder, ele deve ter percebido quem eu tirei. Merda, minha expressão já dizia tudo. - Eu gostei de quem tirei.

Ele piscou para mim, fazendo uma gota de suor cair de minha testa.

- Então aposto que sou eu.

Forcei uma risada enquanto tentava esconder minhas mãos tremendo.

- O quê? Como assim, Vini? Óbvio que não! Ficou doido? Se fosse você eu teria trocado na hora!

Precisei juntar todas as minhas forças para continuar rindo. Precisava fazer o melhor para que ele tirasse essa ideia da cabeça.

Ele franziu o cenho e fez uma cara de tristeza.

- Aí, essa doeu bem no fundo meu coração, João Vitor - Ele colocou a mão no peito, fingindo ser traumático. - Eu sei que sou chato, mas não precisa jogar isso na minha cara.

Parei de rir. Ele nunca foi chato para mim, mesmo que fosse irritante às vezes, eu não me importava. Não era algo que me incomodava muito.

- Você nunca gostou dos presentes que ganhou no amigo secreto. Sempre acaba jogando eles no seu guarda-roupa e nunca mais tocando neles.

Ele fez uma careta e largou o salgado que estava comendo.

- Merda, não vou negar que você tá certo, mas o que posso fazer? As pessoas são terríveis em escolher presentes.

Sorri. Dessa vez um sorriso verdadeiro e nada forçado.

Isso não aconteceria com o presente que eu ia lhe dar. Eu conhecia seus animes preferidos e os filmes que não conseguia olhar para a cara deles - sem acabar xingando baixinho enquanto apontava todos seus defeitos. Eu sabia que ele amava cachorro-quente e que grande parte do tempo livre ficava montando quebra-cabeça, fazendo seu dever de casa ou jogando no xbox.

Eu entendia todas as formas como seu corpo se movia e as mensagens que ele me passavam por meio deles. A forma como ele colocava a franja mais para frente do rosto quando estava escondendo alguma coisa, ou quando ele passava a mão no pescoço em momentos que estava com vergonha.

Isso tudo facilitava com que eu tivesse a certeza de que ele amaria o meu presente. Talvez seria o primeiro presente que realmente faria alguma diferença e não seria jogado nos fundos do seu guarda-roupa empoeirado.

Meu coração bateu com mais força. Consegui imaginar seus olhos brilhando e o sorriso gigante surgindo em seus lábios depois de ver o que era. Não tinha como dar errado.

E foi naquele momento que algo mudou dentro de mim. Uma engrenagem de minha mente começou a girar e uma ideia absurda surgiu dentro dela dela.

E se aquilo tudo fosse um sinal?

Um sinal que o universo - deuses ou qualquer outra coisa que estivesse no controle de minha vida - estivesse tentando me mostrar o que eu deveria fazer. E se aquela fosse a chance de me abrir para ele? Vinícius estava solteiro, tinha terminado um namoro no mês passado - e ele não parecia mais estar mal com tudo aquilo. Todo o término pareceu ser tranquilo. No dia ele me contou com tanta normalidade, como se estivesse falando sobre o clima.

A gente estava no meio da aula de história quando ele se virou para mim e me disse que terminou com a Anna. Foi repentino e eu não estava preparado para essa informações.

- O quê?! - perguntei um pouco mais alto que pretendia.

O professor olhou com uma cara feia para mim e Vinícius se virou para frente, ignorando minha pergunta. Eu fiquei estagnado no lugar, sem saber o que achar. Meus olhos deveriam estar escancarados e a boca tão aberta que alguém poderia ver minha garganta.

Tudo bem, exagerei um pouco, mas eu fiquei mesmo surpreso. Ainda mais quando no resto do dia ele não mencionou o nome da Anna ou qualquer coisa do tipo. Ele agiu como se nada tivesse acontecido, como se tudo foi uma mentira. Como se ele nunca tivesse namorado ninguém. Eu quase gritei com ele. Por que ele terminou? O que aconteceu? Eu teria feito essas perguntas, mas o seu silêncio sobre o assunto me fez ficar quieto. Tudo foi muito estranho. Ainda não entendo o que aconteceu com os dois.

De qualquer forma, uma parte de mim ficou feliz por terem terminado. Não tive coragem de me abrir logo para ele quando voltou a ser solteiro, mas lá estava eu cogitando fazer isso um mês depois de todo o ocorrido.

Minhas mãos começaram a soar. Eu ainda tinha medo dele não estar pronto para outro relacionamento ou não querer um namorado que não sentisse atração sexual. Ainda mais, e se ele continuasse a gostar da Anna e estava escondendo isso de mim?

Eram muitos "e se" que surgiam. Minha cabeça começou a fervilhar. Eu teria que encontrar respostas de outra forma.

- Ei! - Vini abanou sua mão na frente dos meus olhos. - João Vitor, você tá vivo?

Pisquei com força e sorri.

- O que foi?

- Estou falando com você. - Olhei para meu salgado. Não estava mais com fome. - Quando você disse do presente, eu lembrei de uma coisa. Minha tia me deu ontem um jogo de terror que tenho certeza que você vai amar. A gente precisa ir na minha casa para jogar depois da aula.

Eu não negaria fazer isso se fosse outro dia, mas com tanta coisa acontecendo, nao ia aguentar ficar na mesma casa que ele. Eu precisava ficar sozinho para refletir. Aquilo tudo estava fazendo minha cabeça doer.

- Não posso, preciso resolver algumas coisas - respondi com a voz embargada.

Ele ergueu as sobrancelhas.

- O que aconteceu, cara?

O que aconteceu era que os sentimentos que eu guardava haviam voltado com mais força a cada dia que eu tentava escondê-los. Eu já estava cansado de esconder isso tudo por tanto tempo. Eu queria gritar. Chorar. Implorar para ele se sentir da mesma forma que eu.

Meu deus, eu era patético.

- Não aconteceu nada, eu só estou cansado. - Ele franziu mais o cenho. Não, essa mentira não. - Na verdade, minha mãe vai ter que sair e eu vou precisar ficar lá em casa para não deixar a Ágata sozinha.

Não sei como essa mentira saiu de uma forma tão natural de minha boca. Me senti um pouco culpado por isso. Meu peito apertava em fazer essas coisas com ele, mas eu não conseguiria jogar vídeogame e fingir que nada demais estava acontecendo.

Vini acreditou - ou fingiu acreditar - e eu saí correndo da escola depois do último sinal da aula tocar. Caminhei para o ponto de ônibus com o coração apertando cada vez mais.

Por que eu não conseguia ficar feliz por tê-lo tirado? Eu deveria estar pulando nesse momento, mas meu corpo ficou congelado, e minha mão que segurava meu celular pertou o aparelho com força até meus dedos doerem. A respiração já estava saindo acelerada da boca e, quando levantei os olhos para encarar a rua na minha frente, me senti desolado.

Eu não podia surtar na frente de um monte de gente desconhecida. O sol quente também não ajudava muito, mas precisei concentrar na respiração e nos carros em volta, contando quantos passavam pela rua, para que assim minha cabeça não saísse mais do lugar e deixasse a ansiedade me dominar. Eu tinha que ser rápido e impedir que ela continuasse. Se deixasse me controlar, seria mais difícil de parar. Minha terapeuta me ensinou a utilizar técnicas quando ela chegava, o que foi a melhor coisa do mundo quando eu punha ela em prática, acabava funcionando quase todas às vezes - e ainda bem que aquela foi uma delas.

A pior coisa era ter crises quando se estava no ponto de ônibus rodeado por pessoas sem ter um lugar para esconder. Nesses casos, eu precisava fazer mais esforço ainda para não mostrar todo meu desconforto e desespero pelas expressões. Era um verdadeiro inferno quando acontecia e só me restava rezar para o ônibus chegar logo e poder surtar sozinho em casa.

Encostei meu corpo na parede. Eu queria poder falar com alguém sobre aquilo, discutir mesmo o que eu deveria fazer. Poderia fazer isso com um amigo para me dar conselhos, contudo, a única pessoa nesse cargo era Vinícius. E eu não podia falar isso para ele. E se toda a amizade fosse arruinada se ele não quisesse um namoro comigo?

Vinícius sabia como eu me sentia em relação a relacionamentos, eu já contei tudo para ele. Nós éramos melhores amigos e eu só me senti confortável em falar porque sabia que ele iria me entender. Sabia que não iria me julgar e perguntar se eu tinha algum problema por ser assexual.

Ele foi a pessoa mais compreensiva do mundo quando jorrei as palavras para fora. Ele apenas me abraçou e disse que aquilo não tinha nada de errado. Eu senti feliz. Naquela época que contei, eu já estava apaixonado por ele, porém, ainda não tinha a coragem de dizer em voz alta. E mesmos se dissesse, não sabia como iria reagir e se seria uma pessoa que não ligaria por ter um relacionamento que não a pessoa não sente uma atração sexual por ele.

Ele nunca me deu indícios de nada - e eu nunca perguntei para ele. Mas teve uma vez que o vi beijando um garoto, o que apenas me deixou com mais incerteza ainda. Eu fiquei com um pouco de ciúmes quando vi, mas mesmo assim consegui seguir com minha vida. Era difícil para mim os relacionamentos. Eu nunca entrei em algum antes. Muitas vezes tentei mudar isso de mim - como se fosse possível. Já beijei um garoto no banheiro da minha escola quando estava tendo a feira de ciências. Foi estranho, nojento e nada bom. Tudo que eu consegui pensar na hora foi no que eu faria quando chegasse em casa e o que minha mãe prepararia para o jantar. Será que faria macarrão ou um ovo frito?

O beijo não estava me interessando nem um pouco, e quando o menino começou a investir um pouco mais, chegando seu corpo mais perto do meu para passar a mão por ele, eu mordi a língua dele sem querer e empurrei-o para longe sem pensar duas vezes. O garoto arfou e me olhou com os olhos arregalados quando sua boca enchia de sangue.

- Qual o seu problema, cara? - Eu não disse nada. Apenas observei-o ir até a pia para limpar o estrago que eu fiz. Foi a pior experiência da minha vida e aquilo só fez com que eu tivesse mais certeza ainda de que não tinha nada que pudesse fazer para mudar como eu era.

Eu não podia correr o risco com Vinícius e estragar tudo também, ainda mais nossa amizade. Eu gostava muito dele para arruinar as coisas e minha mãe era a única pessoa que poderia me dar algumas respostas, um caminho que eu pudesse percorrer. Eu tive que explicar toda minha situação a ela até que entendesse. Quando terminei de explicar tudo, eu já estava exausto, mas pelo menos ela não negou em me ajudar.

Aquilo tinha que dar certo.

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