Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo quatro

Mamãe chegou cinco minutos depois e me liberou para conseguir sair da escola. Respirei aliviado ao chegar em casa e correr para dentro do quarto. Ela me seguiu e bateu na porta, pedindo para saber o que eu estava sentindo, mas menti e falei que a secretária tinha me dado um remédio para me ajudar na dor de barriga.

— Eu preciso ficar sozinho agora, mãe. Estou morrendo de sono — acrescentei.

Ela só me deixou em paz quando prometi que depois iria explicar para ela sobre o que aconteceu. Ela devia ter percebido minha mentira, afinal, eu nunca tinha o costume de sair mais cedo da escola. Escondi o rosto embaixo do travesseiro e fiquei deitado, com os pensamentos a mil por hora, até que o sono finalmente me levasse embora. Acordei muitas horas depois com a barriga roncando e ouvindo a voz alta de Ágata vindo de seu quarto. Massageei minhas têmporas e desci as escadas para pegar uma maça na geladeira. Eu queria que tudo tivesse sido um pesadelo que não se tornou realidade. Seria muito mais fácil fingir que tudo não havia acontecido e assim, eu conseguiria seguir com minha vida. 

Suspirei e parei na porta do escritório da minha mãe. Ela estava escrevendo em silêncio, e eu fiquei por alguns segundos cogitando se eu entrava ou não. Não queria mais atrasar seus prazos, mas eu precisava dela. Tinha que falar com alguém antes da minha cabeça explodir.

Ela levantou os olhos do computador antes que eu pudesse bater na porta.

— Você vai me dizer o que realmente aconteceu? — disse ela sem rodeios.

Entrei mais para dentro de sua sala e sentei em uma cadeira que tinha perto da janela. O ambiente estava com cheiro de incenso.

Não a encarei. Não queria que ela visse minha tristeza.

— Vinícius me deu o pior presente de todos! Mãe, ele me deu uma blusa feia demais e duas cenouras! Foi humilhante!

Ela sabia o que eu dei a ele. Foi ela que pagou parte do presente, já que eu não tinha condições de pagar tudo sozinho com o pouco dinheiro que tenho guardado — e que juntei há tantos anos. Gastei todo o dinheiro que eu tinha para uma pessoa que não estava nem aí para mim. Eu era mesmo trouxa, Ágata estava certa.

Mamãe levantou da cadeira e foi até minha direção. O cabelo castanho dela estava todo bagunçado e preso em um rabo de cavalo desarrumado. Os olhos dela pareciam muito cansados com as várias horas escrevendo. E eu estava atrapalhando seu momento.

— Mãe pode voltar a trabalhar, eu não quero...

— Você não está atrapalhando. Agora quero que você me conte toda essa história direito.

Eu não estava ligando, mas contei toda a história para ela. Eu contei tudo até tirar o que estava entalado na minha garganta.

Minha mãe era também minha melhor amiga e eu sabia que poderia contar tudo para ela. Tive que contar e quando parei de falar, senti meu corpo mais leve. Ela deu um sorriso reconfortante para mim o que já me dizia mil coisas. Era tão bom ter alguém como ela. Por que eu não disse isso tudo antes? Não foi tão difícil falar.

Ela abriu a boca para dizer algo, quando um som impediu que ela continuasse. Era a campainha.

Ela deu tapinhas em meu ombro.

— Deve ser o varejão trazendo minhas frutas. Vou lá resolver isso e depois voltamos a conversar. Nem pense em sair daqui.

Assenti e fiquei sentado olhando pela janela quando ela abria a porta e eu ouvia as vozes ao longe. Abracei as pernas para próximo do peito. Os carros do lado de fora estavam buzinando muito e os prédios pareciam monumentos ao meu redor.

O sol estava forte no topo e eu fiquei imaginando como era as vidas das pessoas que passavam pela calçada. Será que elas...

— João — Me virei, deparando com minha mãe me encarando. — Ela apontou para a porta de entrada. — É o Vinícius.

Congelei o corpo. Ela chegou perto de mim, abaixando o corpo para ficar na mesma altura que eu.

— Você tem que falar com ele.

Contrai o maxilar.

— Diz que não quero falar agora.

Minha mãe me avaliou. Voltei o olhar para a janela de novo.

— Você não pode ficar para sempre fugindo dele desse jeito. Ouvi pelo menos o que ele tem para dizer. Deve ter uma explicação.

Eu não queria ouvir. Já sabia o que ele diria: não sinto o mesmo que você, isso não vai funcionar e acho que é melhor a gente parar a amizade. Não conseguiria aguentar ouvir essas palavras saindo de sua boca. Não, já sofri muita humilhação para um único dia.

— Diz para ele voltar daqui há alguns meses.

Ou nunca. Acho que nunca mais vou conseguir sair dessa casa e voltar a escola. Todo mundo deve estar falando de mim e do pobre coitado apaixonado.

Você viu o presente caro que ele deu e o que recebeu em troca? Se fosse eu no lugar, nem teria coragem de sair mais de casa. — Era o que as pessoas estavam dizendo.

Escondi o rosto entre as mãos.

Minha mãe bufou.

— Você está agindo igual meu personagem, sabia? — Ela passou a mão pelo meu cabelo. — Mas você é melhor do que ele e eu tenho certeza que vai parar com essa brincadeira e ouvir o que ele tem para dizer para acabar com todas as suposições logo. Lembra também o que as cartas disseram?

Sim, era óbvio que eu lembrava. Ela havia me dito que alguns problemas poderiam surgir, mas mesmo assim eu estava receoso e bravo demais. Ela me encorajou mais algumas vezes até que eu conseguisse levantar da cadeira e ir na direção da porta. Vinícius estava do outro lado segurando um presente em mãos e forçou um sorriso ao me ver.

Segurei a maçaneta da porta com mais força.

— O que você quer?

Não queria mais enrolação.

— Posso entrar antes, bruxo?

Aquela não era a hora certa para ficar usando o meu apelido preferido, mas mesmo assim deixei. Nós fomos até o quarto para ter mais privacidade e minha mãe não ficasse tentando bisbilhotar a conversa.

Ele não tirou os olhos de mim quando fechei a porta do quarto e sentei na cama.

— Escuta, eu sinto muito por hoje, eu...

— Você queria me humilhar na frente de todo mundo? — Nao consegui me conter.

Ele piscou. Parecia surpreso com minhas palavras.

— O quê? Claro que não.

— Foi o que apareceu, porque eu te dei o melhor e mais caro presente e você me deu o que em troca mesmo? Cenoura e uma blusa que é bem menor do que eu?

Ele fechou os olhos.

— Eu não queria ter feito aquilo...

— Então você fez, por quê? Espera, eu já sei a resposta. Você queria já deixar bem claro seus sentimentos por mim. Tudo bem, Vinícius, não precisa mais dizer nada. Eu entendi já, tá? Não precisa passar mais por uma humilhação em ter que me dizer que não...

— Você está entendendo tudo errado, João Vitor.

Eu ri.

— Então aquilo foi o quê? Qual era a sua intenção de me mostrar?

Ele largou o presente no chão.

— Isso é muito injusto que você está fazendo comigo, eu nem ao menos...

— Injusto? Você que está sendo injusto comigo!

— Puta que pariu, João, você nem ao menos me deixa explicar! Você já fica falando como eu vou agir e tudo que vai acontecer e blá blá blá. Quando você vai começar a deixar que eu diga como estou me sentindo?

Eu parei. Tudo parou.

A casa ficou muito silenciosa de repente e isso começou a me sufocar. Eu não sabia o que falar. Ele estava mesmo certo? Cruzei os braços para não mostrar que eles estava tremendo.

Vinícius suspirou enquanto passava a mão no cabelo e tentava — sem sucesso — tirar a franja da frente dos olhos.

— Não era para você ter recebido aquele presente. Não era para nada daquilo ter acontecido. — Tive que conter minha língua. — Era para eu ter entregado outra coisa para você, só que eu surtei na hora.

Ele parou de falar para respirar fundo várias vezes. Seus olhos começaram a ficar marejados e isso me desestabilizou.

Descruzei os braços.

— Antes de sair de casa acabei desistindo de levar o verdadeiro presente e acabei pegando qualquer coisa que eu achei na minha frente. — Ele abaixou para pegar o presente que trouxe. — Eu fiquei com medo de dar isso aqui na frente de toda a sala. Eu sabia que todo mundo iria perceber e fiquei com medo do que eles iriam achar e dizer. Sabia que seríamos zoados depois, então isso me desestabilizou. Eu sei, desculpa, sou um covarde. Não sou tão corajoso como você.

Ele abaixou os olhos quando esticou o presente em minha direção. O verdadeiro presente.

Por que não teve coragem de entregar? O que tinha dentro dele? Peguei o embrulho e senti algo duro por dentro.

— Abre logo antes que eu fique com mais medo e vergonha do que já estou.

Ele ainda não tinha coragem de encarar, então eu abri o presente uma vez por todas com a curiosidade aumentando a cada vez mais. E quando meus olhos depararam com o que era, meus ombros relaxaram e senti a raiva se esvaindo de mim. Não era nada como eu imaginei, era mil vezes melhor.

Aquele sim era um presente incrível, algo que tinha tudo a ver comigo.

O presente era um quadro com bordas de madeira e no centro havia um desenho. Era uma pintura que com certeza Vinícius fez, eu conhecia os traços dele de longe. Ele desenhou o meu rosto com um sorriso nos lábios e um chapéu de bruxo na cabeça. Era simples, mas ao mesmo tempo lindo. Abaixo do desenho havia frase escrita com sua caliografia: Você faz parte do meu céu.

Era o quadro mais lindo e perfeito que já vi. Não consegui esconder a felicidade no meu rosto em receber aquilo. Toda a vergonha que passei na sala não importava mais.

— Eu me sinto péssimo pelo que eu te fiz passar na frente da sala. Não foi de propósito, não queria que você passasse por aquilo. Ainda mais depois de me dar aquele presente tão incrível...

Segurei o quadro com mais força e me virei para ele.

— E o que você achou da carta?

Vini sorriu em minha direção e depois puxou algo do bolso de sua calça.

— Eu escrevi uma resposta.

Querido bruxo,

Eu já escrevi essas cartas umas vinte vezes (sem brincadeira). O chão está cheio de papel amassado. Sei o tanto que estou fazendo árvores sofrerem aqui e já pedi mil desculpas para elas, porém, é por uma boa causa. Eu preciso fazer isso uma vez por todas.

Depois que você saiu correndo da sala, eu não consegui ir atrás de você. Eu sei que eu deveria, mas eu não era capaz de me mexer. Só consegui ficar parado que nem um idiota quando todo mundo da sala me encarava como se eu fosse a pior pessoa do mundo. Eu sei, eu sou a pior pessoa do mundo. Eu merecia os olhares cheios de veneno na minha direção.

E quando eu abri sua carta e li, eu me senti mais culpado ainda. Não consegui ficar depois daquilo na sala de aula. Tive que me esconder no nosso esconderijo embaixo das escadas dos fundos do prédio. Era o único lugar que eu poderia ficar sozinho e pensar no que iria fazer para resolver toda essa merda que fiz com nós. É incrível como tudo desandou tão rápido. Ontem estávamos bem, e agora você nem consegue mais olhar na minha cara. Talvez nunca mais vai conseguir. Eu sou mesmo um grande babaca medroso.

Mas estou cansado e quero pelo menos resolver um pouco as coisas (e que você entenda o porquê de eu fazer tudo aquilo). Não quero que me odeie para sempre. Mas mesmo depois de ler quiser continuar me odiando, eu vou entender.

Então, você já deve ter visto o presente verdadeiro que te dei, não é? Decidi fazer ele porque já havia imaginado fazer essa quadro há meses. Nunca tive coragem. Se eu fizesse e você visse, iria perguntar sobre ele e eu ainda não tinha coragem de dizer nada. Assim, acabei enrolando em fazê-lo até o dia que descobri que te tirei no amigo secreto. Dei um foda-se bem grande e acabei fazendo. Fiquei por uma semana sem dormir direito até o dia da revelação chegar. Toda hora fiquei me perguntando qual seria sua reação, eu estava com medo porque esse desenho dizia exatamente como eu me sinto em relação a você. É como eu sempre te vi em minha vida.

Mas aí eu acordei para ir a aula e não consegui levar o presente junto, porque sou um grande idiota que tinha medo de ser rejeitado por você. Peguei uma camiseta que ganhei da minha tia (que nunca havia usado antes), e na cozinha tirei uma cenoura da geladeira. Não sei ainda como tive a coragem de fazer isso. Eu estava desesperado e, quando cheguei na escola, me arrependi no primeiro momento quando te vi na sala todo sorridente.

E agora eu me arrepender mais ainda depois de ter lido a carta. Eu nunca teria imaginado que você se sentia assim também. Por que não me disse antes? Eu sei que eu devia ter dito também, mas eu não queria te desapontar. Não queria acabar com o que já tínhamos. Mas que merda, a gente devia pelo menos ter tentado. Se tivéssemos falado antes, nada disso teria acontecido e estaríamos juntos agora.

Quando penso em nós dois namorando, imagino a gente indo no cinema, vendo filmes altas horas ou jogando vídeo-game enquanto você estica suas pernas em cima das minhas. Eu faria aquela massagem no seu cabelo para te acalmar depois que ficava irritado por perder nos jogos, ou também poderia fazer uma passagem nos seus ombros.

Eu estaria com você em todas suas crises, segurando sua mão e lhe dando o maior conforto que precisaria. É assim como eu imagino nós dois. O que eu gosto nos relacionamentos, Vih, é ter uma pessoa do meu lado que me conhece, me ama e que vai sempre estar do meu lado no que eu precisar. E essa pessoa eu sempre imaginei que seria você.

Eu sei que eu acabei namorando a Anna por um tempo, mas tudo aquilo foi a pior a decisão da minha vida. Eu fiz pensando que poderia te esquecer, mas não foi isso que aconteceu. Na verdade, acho que nesse tempo me apaixonei mais por você. Na verdade, todos meus semtimentos por você surgiu naquela festa de Halloween. Aquele dia também foi especial para mim. Foi quando eu me toquei que não consigo ter uma vida sem você do meu lado. Não queria imaginar você tão longe de mim. Eu queria que construíssemos um futuro juntos, afinal, você faz parte do meu céu. Você sempre esteve do meu lado quando eu mais precisava. Sempre quando eu passava mal por beber demais em alguma festa, você estava ali perto de mim. Quando minha avó morreu, você também estava lá para me abraçar e dar conforto. Em quase todas as lembranças que tenho da minha vida, você estava de alguma forma presente nelas. Você é como uma estrela que brilha no meu céu. Sempre vai estar presente ali quando eu te procurar.

Não quero te perder. Eu te amo muito, bruxo. Você é minha estrelas mais preciosa. E eu queria que a gente tentasse fazer com que isso dê certo. Só vamos prometer que nossa amizade nunca acabaria, mesmo que as coisas acabam não dando certo no final (mesmo que eu duvide que as coisas não dessem bem, mas enfim), o que você acha? Vamos tentar?

Com amor,

seu mago.

Nota da autora:

Eu me diverti bastante escrevendo esse conto e eu espero que tenham gostado de ter conhecido um pouco da história do João Vitor e Vinícius. Me conta aí o que vocês acharam! 

Já deixo aqui o meu Feliz Natal para todo mundo e espero muito que o dia de vocês seja recheado de alegria, comida e pelo menos um amigo secreto com vários presentes decentes haha. Aproveitem bem o dia de vocês com as pessoas que amam. 

Com amor, 

Letícia

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro