CAPÍTULO ESPECIAL
POV THEODORE PARKER
Eu estava andando pelas ruas naquela manhã ensolarada de Abril, aproveitava que não iria ter aulas até a tarde, aproveitaria para ir na minha cafeteria preferida que não era tão próxima de casa, mas que me dava uma sensação gostosa de nostalgia e acolhimento., Aproveitei para estudar um pouco e escrever uma matéria para o Jornal local, onde eu havia conseguido um estágio maravilhoso e a melhor parte, remunerado.
Ao chegar na cafeteria, me sentei em uma das mesas que me dava uma visão da rua e um pouco afastada da porta pois ali eu conseguiria me concentrar melhor e sem grandes interrupções. Depois de ter tomado três cappuccinos e comido mais donuts do que deveria, percebi o quanto o tempo passou, e assim, me levantei fui até o caixa pagar o que havia consumido, e ao sair para a rua esbarro em uma pessoa que há muito tempo não tinha notícias e muito menos visto, um grande amigo meu Adam Hunter.
Ele parecia muito surpreso de ter me visto, talvez tanto quanto eu, mas ele parecia estar ansioso, como se estivesse procurando por alguém, será que ele veio encontrar com alguém.
– E aí cara, que bom te ver. Como está? – Perguntei a Adam enquanto dava um leve tapa nas suas costas.
– Nossa! Theo! - Exclamou. - Quanto tempo! Eu vou muito bem e você?
– Estou bem, mas o que você está fazendo por aqui? - Arqueei as minhas sobrancelhas em puro estranhamento, ele não faz muito o tipo de quem vai a cafeterias.
– Eu vim ajudar meu pai na empresa, mas e você? Achei que tinha ido para New York ou algo do tipo.
– Mudança de planos. - Sorri amistoso. - Queria muito continuar essa conversa mas se eu me demorar, vou me atrasar para a minha aula.
– Tudo bem, sem problemas, e o que acha de nos encontrarmos amanhã para almoçar? - Propôs. - Sempre quis me aproximar mais de você, mas nunca tive oportunidade.
– Com certeza! Me dá seu número, ai marcamos alguma coisa. – Adam me passou o numero dele e ficou combinado de marcarmos pela noite um restaurante.
No dia seguinte, me encontrei com Adam em um restaurante há uns 20 minutos da minha faculdade, que na verdade, era um dos melhores que tínhamos por perto.
Quando cheguei Adam já estava ali por algum tempo pelo que pude notar. O cumprimentei, me sentando logo em seguida, logo fizemos os pedidos, e Adam começou a me contar como estavam nossos amigos de Boston e eu estava confortável com o assunto até aquele momento.
– E Olivia? Tem tido notícias dela? – Ao ouvir esse nome, eu senti como se tivesse levado um soco no meu estômago. Olivia é a única mulher que teve e tem meu coração, ela era minha melhor amiga e quando decidi vir pra Califórnia, a deixei para trás com todo o meu passado, e eu tinha conseguido, até aquele momento.
– Eu não falo com ela há uns anos. Então não sei dizer muito, se não nada sobre..
– Cara, pelo que ouvi falarem ela tá a mesma coisa, só que mais bonita.
– Bonita ela sempre foi. – Sorri meio amargo.
– Tá mas o que aconteceu, sempre achei que iriam ficar juntos, o que te levou a desistir dela?
*FLASHBACK ON*
Olivia Carter era a menina mais bonita que já tinha visto em toda minha vida. A conhecia desde criança, sendo mais específico, acho que nós conhecemos com 5 anos, e acho que sempre a achei maravilhosa.
Ela parecia uma boneca como aquelas que Louise tinha, mas ela era de verdade, e logo a quis na minha vida. Fui me aproximando, e assim logo virei amigo dela e não tardou muito, Louise também, e acabamos nos aproximando da outra menina que andava junto com a Olivia.
Minha irmã, Louise, sempre quis ser a mais bonita de todas e quando a disse que achava a Olivia a menina mais bonita de todas, ela parou de falar com ela, criando e nutrindo um ódio que ninguém nunca entendeu, muito menos eu. Olivia sempre tentava de todas as formas se aproximar novamente da minha irmã , mas Louise sempre a expulsava, e a distância entre as duas só aumentava. E piorou, quando ela viu como Austin a tratava.
Olivia era uma menina doce, mas muito geniosa. Eu a vi se transformar de uma pequena menina, numa adolescente encantadora, e nem preciso dizer que fiquei muito feliz quando ela me chamou para irmos a New York juntos, sabia que poderia ser a nossa chance.
Naquele dia em específico já havia decretado que iria me declarar para ela, tínhamos marcado de nos encontrar em um Pub que amávamos, iríamos em dois casais, eu e ela e Alice e Adam, por mais que todos nós fossemos amigos, estávamos em casais de amigos, mas ainda sim, casais.
Adam iria buscar as meninas e eu os encontraria no Pub. Ao chegar, senti meu coração bater mais acelerado e caramba, ela estava mais linda do que nunca. Estávamos no final do verão, então já começava a esfriar de novo, Olivia estava linda em uma calça preta, com uma blusa de manga branca e os cabelos soltos. Pelo que tinha notado ele estava sem as ondas tão marcantes que normalmente usava.
Quando me viu, veio correndo para me abraçar, e eu retribui como se minha vida dependesse daquilo, eu acho que naquele momento, dependia e era o que eu mais queria. Ela me olhava com um sorriso tão lindo naquela noite que me fez sorrir junto.
Assim, quebramos esse momento, e nos direcionamos para a mesa que estava reservada a nós quatro.. Cumprimentei os outros dois, Olivia e Alice estavam trocando olhares cúmplices, eu sabia, que elas estavam ou iriam aprontar algo hoje.
– Eu tenho algo para te contar. – Dissemos juntos.
– Pode dizer Junior – Vi ela revirar os olhos na minha direção, pois odiava aquele apelido que tínhamos dado a ela, mas não demorou muito e voltou a sorrir.
– Então, eu e Austin dormimos juntos pela primeira vez, e tenho certeza que ele é o cara com quem quero casar, Theo. Pode apostar, vai ver, vou ficar com ele. – Quando ouvi aquilo, senti um soco no meu estômago, que perdi todo ar.
– Que bom Liv, fico feliz – Forcei um sorriso e ali senti toda a confiança que tinha reunido até ali ir embora, eu com o coração despedaçado, desisti da Olivia, exatamente naquele momento.
Quando ela me contou aquilo, todas as conversas que eu tive com minha irmã durante os dias voltaram a minha cabeça e no fim ela estava totalmente certa. Liv, Olivia, nunca iria olhar para mim de uma forma diferente, eu era e sempre seria, apenas o amigo/irmão dela e eu teria que aprender a lidar com isso, de alguma forma.
– Então, o que você tinha para contar? – Vi ela me dar o sorriso mais lindo do mundo, mas que naquele momento, não conseguiu me fazer retribuir.
– Nada demais, só que consegui um alojamento, não vou precisar ficar com vocês duas. – Vi ela revirar os olhos novamente, e fazer uma cara de brava, sorri ao ver essa expressão do rosto dela.
– Theo, você sabe que era para você ficar com a gente. – Olivia se levantou e me abraçou e eu senti meu coração disparar, eu sorri fraco ao sentir os braços dela ao meu redor, ela nunca teria consciência do quanto eu a amava, do quanto eu pensava nela, e isso só me destruía cada vez mais.
– Vocês vão ter mais privacidade, e é algo que vocês duas precisam. – Ela apenas revirou os olhos mais uma vez e foi para o meio do pub, aparentemente desistiu de falar comigo, havia uma pequena pista improvisada e ali ela dançou com Hunter.
– Então o que você ia dizer mesmo? – Ouvi Alice gritar ao meu lado.
– Você ouviu Lancaster, não vou ficar no apartamento com vocês.
– Theodore, não me trate como se eu não te conhecesse, eu sei que você é louco pela Olivia, mas você sabe que ela nunca vai te olhar assim.
– De onde você tirou isso Alice?
– Todo mundo já percebeu, mas já que você nunca vai ficar com a Liv porque nós não ficamos? – Ao ouvir aquela proposta de Alice, eu pude dizer que já tinha visto e ouvido de tudo.
– O que que você bebeu? Você é quase como uma irmã para mim, Alice. Não viaja.
– Se manca Theo, quando vai perceber que você nunca vai ficar com a Olivia? – Alice disse aquilo para me magoar – Você precisa entender que você e ela nunca vão ter nada, qual seria o problema de nos divertirmos um pouco? – Senti Alice alisar meu peito, eu acho que ela estava tentando me seduzir. o que me deu muita vontade, sinceramente, de rir.
– É mesmo? – dei uma risada sarcástica – Não sei se você sabe, mas você não faz o meu tipo e não jogue em mim as coisas que você sente Alice. – Tirei as mãos dela do meu peito.
– Não sei onde quer chegar.
– Não se faça de desentendida . – Disse para Alice, vi que ela me olhou confusa.– Ou você realmente acha que eu não sei do seu amor platônico pela Liv? – Vi Alice ficar pálida e tentar balbuciar algo. – Eu já sei que você é apaixonada por ela, mas isso nunca será recíproco – Vi a loira respirar mais rapidamente, .
Me senti mal por ter dito aquilo para Alice, ela achava que ninguém reparava que tinha um amor encubado por Liv, mas todos sabíamos, já que ela nunca fez questão de esconder e quando os boatos chegavam aos ouvidos de Olivia ela apenas fazia questão de desmentir. De início eu acreditei no que Alice dizia e que as pessoas estavam malucas, mas após analisar o jeito que ela agia com Liv, vi que eles na verdade eram bem verdadeiros. Alice gostava da nossa amiga mas nunca foi correspondida.
Olivia sentia por nós dois apenas sentimentos fraternos e isso ficou ainda mais claro depois do que ela me confidenciou sobre ela e Austin, quando a ouvi falar sobre o seu possível amor, sabia que ela nunca me veria além de seu amigo, por isso decidi a deixar livre. Ela merecia ser amada e feliz, e era ele quem ela queria, eu não iria me meter nisso e fazê-la sofrer, ou ter que escolher entre nós dois. E realmente, agora tinha mais certeza ainda, que o certo seria jogar a toalha, entretanto tinha a plena noção de que para o meu próprio bem, não poderia ficar próximo dela.
Precisava me afastar dela e tudo que lembrasse a Olivia Carter, começaria mudando nossos planos, iria para um pouco mais de 4.000 km de distância dela, para ser mais exato iria estudar em Berkeley, na Califórnia. Foi uma das minhas opções caso Columbia não me aceitasse, e ainda bem que tenho essa opção, e em pensar que a ela não queria que eu fizesse a admissão para lá.
Eu observava a todos do canto, conseguia ver Olivia se divertindo com Adam na pista de dança, como se o mundo estivesse aos pés dela, linda como sempre, eu iria guardar aquela cena no fundo da minha mente, ela estava no ápice da felicidade dela com a pessoa que havia escolhido e eu não podia esperar que, por algum milagre, ela olhasse para mim da mesma forma. Agi durante o resto da noite como se nada tivesse acontecido, mas de uma forma meio automática, não conseguia manter a minha cabeça ali, estando perto dela e vendo aquilo que talvez em alguma outra realidade poderia ser comigo. Me retirei um pouco mais cedo com a promessa de encontrar com as meninas no outro dia para podermos organizar para nossa viagem de ida para New York.
Quando cheguei em casa, vi minha irmã sentada no sofá de cara fechada, certeza que algo tinha a aborrecido, naquele dia eu não tinha ânimo para discutir nada, quem dirá brigar ou conversar com Louise. Então tinha decidido que iria direto para o meu quarto, entretanto, a intenção dela era outra, pois assim que percebeu a minha presença, caminhou com fúria em minha direção.
- Ele estava lá, não estava? - disse quase que cuspindo em minha direção, eu conseguia ver a veia da testa dela estufada, de quem ela estava falando?
- Ele quem? Pode ser um pouquinho mais específica? Por quê eu realmente preciso deitar agora, não estou com animo para isso okay?
- O Austin, quem mais poderia ser? Não tem respondido às minhas mensagens, certeza que está com aquela víbora da Olivia
- Não, ele não estava lá, feliz? Agora, por favor, posso ir para o meu quarto? - disse o mais calmo que podia, realmente só queria que esse dia acabasse.
- Okay, o que aconteceu? Mais uma tentativa furada de falar com ela sobre o que sente? Eu já te disse que ela nunca vai te ver mais que um amigo, aceita isso logo. - ouvir aquilo, novamente, fez eu ter uma reação que possivelmente eu nunca mais teria na minha vida, gritar com alguém.
- EU JÁ ENTENDI ISSO, DÁ PARA TODO MUNDO PARAR DE FALAR O QUE EU JÁ ACEITEI - parecia mais um grito de libertação, não sei dizer muito sobre a reação dela, só vi os olhos arregalados e subi correndo para o meu quarto, com a cabeça a mil e tentando ajeitar a minha mente e coração para um lugar onde Olivia Carter não exista mais.
*FLASHBACK OFF*
Ouvir aquela pergunta, me trouxe tudo à tona novamente, parecia que eu estava novamente naquele quarto, remoendo todas as memórias que um dia foram felizes com ela, mas que hoje, acabaram fechando esse coração para qualquer tipo de relação.
- Eu simplesmente aceitei o que todos já me diziam e não acreditava, que para ela, eu seria sempre um amigo. E decidi seguir minha vida, e aqui estamos nós - lhe dei o melhor sorriso que podia dar naquele momento, afinal, ele não tinha culpa dos erros de outras pessoas.
- Entendo, de todos eu sempre acreditei, que você iria ficar com ela, sempre vi a relação de vocês como algo incrível, mas que talvez pela falta de coragem e cegueira viraria algo destrutivo - disse ele me olhando fundo nos meus olhos.
- Talvez tenha sido mesmo falta de coragem na época, mas eu pelo menos não brinquei com o coração e sentimentos de ninguém, mas o que especificamente quer dizer com isso? Alguma intenção por trás dessa conversa? - Assumi uma postura séria, o rumo que esse almoço estava tomando, não era nem um pouco o que esperava.
- Nada, nada, e como anda a vida? Namorando? E a faculdade, algum grande evento glamoroso a vista para me convidar? - perguntou divertido.
- Bom, minha vida amorosa basicamente não existem, passo a maior parte do tempo estudando, o que ocorre são casos esporádicos, mas nada que consiga evoluir para algo maior. Não estou preparado ainda para entregar meu coração a alguém novamente, com intenção ou não. Melhor deixar da forma que está - falei da forma mais casual que consegui - faculdade cada vez mais me mostra que é aquilo que eu quero fazer da minha vida, consegui inclusive um estágio remunerado.
- Sério, meus parabéns!!! - disse ele animado.
- E consegui que uma matéria minha fosse publicada em um concurso para jornalistas iniciantes em Boston, devo ir em algumas semanas para o evento e quem sabe não saio de lá com uma premiação. Estou realmente empolgado com isso - digo com meus olhos brilhando, pois o artigo que escrevi sobre "Crise humanitária e a guerra na Síria" foi muito elogiado pelos professores do meu curso, e eles que me inscreveram nessa premiação, foi uma surpresa quando me avisaram.
- Não acredito, vou ter um amigo famoso, mal posso esperar, quem sabe não nos encontramos lá, tenho que ir a Boston resolver algumas pendências da empresa do meu pai, e sabe-se lá quem mais pode aparecer - novamente aquele sorriso divertido no rosto, que por incrível que pareça está me irritando.
- Calma lá, que ainda tem muita coisa para acontecer, mas se estiver por lá, vamos nos encontrar, quem sabe um outro almoço? Que tal? - disse pedindo a conta
- Logicamente, me passa as datas certinhas, que eu vejo na agenda e te confirmo
- Bom, agradeço pelo papo e pelo almoço, mas tenho que ir
- Eu sei, eu sei, tem que ir para a faculdade, podia aproveitar e fazer umas matérias sobre as empresas do meu pai, o que acha hein? - disse mexendo a sobrancelha de forma divertida.
- Quem sabe, vou verificar com meu chefe, e possivelmente podemos fazer essa matéria acontecer. Até mais cara, fique bem, e qualquer coisa me chama
Me levantei, o abracei, e segui meu caminho. Ainda o dia seria longo, e sinceramente, queria um banho, um banho onde pudesse relaxar meu corpo e mente, antes de começar mais um dia de aula, e sinto que o tempo que a banheira vai me aguentar é grande.
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