Para Lola - 17 de Novembro de 1857
Los Angeles, terça-feira - No começo de manhã fria.
Querida Lola, faz tempo que não lhe escrevo, mas isso não significa que não me preocupei com você ao longo desses dias.
Não escrevi por não ter nada para lhe contar, nada que distraia sua mente de tudo que estar vivendo e uma nota seria algo tão pequeno e insignificante. Espero que entenda.
Certamente o que vou lhe contar você já sabe (por intermédio de mamãe é claro) mas quero que saiba a minha versão da história. Faz alguns dias que aconteceu, porém posso contar-lhe tudo detalhadamente.
Tudo poderia estar bem, mas não estava, era como se finalmente eu tivesse percebido a sua ausência ou o acumulo dela. Mamãe não me deixou mais passear com Sirius, não desde que Jason me dedurou ao contar a ela sobre Frédéric ter me acompanhado.
Ela não parecia realmente aborrecida, na verdade era como se ela já esperasse por isso. Talvez ela nos viu de relance na sacada do terceiro andar. O problema é que eu estava incapacitada de fazer qualquer coisa que incluísse sair da mansão.
Então o convite para a festa de aniversário de Kaylane chegou. Eu não acreditei quando Griselle me entregou o convite bem elaborado. Certamente eu não iria, mas que mal havia em perguntar a mamãe não é mesmo?
Mas ela não estava em casa, Viveca disse que ela havia ido a joalheria. Eu não liguei a princípio e apenas esperei por ela no seu estúdio. O cheiro de tinta estranhamente me deixa mais calma, você sabe disso.
Quando mamãe entrou não pensei que ela iria correr para me abraçar, essa seria a última possibilidade que se passara em minha mente. Mas não significa que ela não o fez, foi um abraço caloroso. E então ela disse;
"Ficara perfeito em você, Alice" Então ela colocou um broche sobre a primeira camada do vestido.
Ele era lindo, em um tom de verde que não me era estranho. Eu tentei lembrar na hora o porquê da cor ser tão familiar, mas assim que eu toquei o broche lembrei. E como poderia ter esquecido, era o mesmo verde dos olhos dele.
Já não estava mais com ânimo para a festa quando chegou o dia, fazia tempos que não tinha notícias de Frédéric se é que ele ainda morava em Los Angeles creio que estava a se esconder de mim.
Miss Smith me chamou duas vezes para acompanha-la no chá da tarde e em ambas eu não o vi. E toda vez que eu tentava falar sobre ele acabava deixando as palavras morrerem antes de serem ditas.
Eu não podia perguntar sobre ele! Afinal o que ela pensaria de mim? (Além de que claramente iria mostra meu interesse por ele). Então eu me mantive calada quanto a ele.
Nem mesmo o vestido que comprei me fez ter vontade de usá-lo, pensei em dizer que não estava bem, mas mesmo sem ânimo algum para ir a uma festa eu queria ir. Talvez na esperança de me distrair.
E quando eu menos esperei estava lá, no topo das escadas da entrada, o som do piano junto com as vozes em uma mistura calma e agitada.
Assim que as portas foram abertas Kaylane veio me abraçar, ela estava quase pulando e com um sorriso tão sincero no rosto que eu não pude evitar de retribuir. Os cabelos dela eram um tipo de prata luminoso, não brancos como eu esperava que estivessem.
Mal ela me soltou e o Primo Adam já estava a minha frente (nem sabia que ele estava em Los Angeles!) Ele está tão diferente do que me lembro! E mesmo assim eu ainda conseguia ver o menino que corria pelas escadas de nossa casa.
"Lady Alice" Ele disse. Qualquer um poderia dizer que ele era um verdadeiro Duque, mas eu consegui captar o deboche brincalhão em sua voz.
"Duque Aldergray" Disse assim que ele pegou minha mão para beija-la.
"Sabe que não gosto quando me chama assim" Ele resmungou e logo sorrio.
"Por isso mesmo eu o chamo assim. O que está fazendo em L.A? Achei que estaria em Londres"
"Sabe o quanto eu detesto Londres? "
Fiz sinal de negação enquanto ele me guiava entre as pessoas.
"Muito, só vou para aquele lugar quando sou obrigado, então cá estou eu"
"Para a felicidade das damas da cidade" Disse o mostrando sugestivamente o grupo de 4 damas o olhando.
"Já que tocou no assunto gostaria te pergunta-lhe algo"
"Então o faça" O que me incomodou foi a aparência de perdido dele, parecia está procurando algo no meio das pessoas, talvez um cachecol já que ele sempre está com um, porem naquela noite ele não trazia nem um consigo.
"Só se aceitar dançar comigo " Ele disse.
Estava prestes a aceitar era notório isso, tanto pela minha curiosidade em saber o que ele iria perguntar e em parte por não ter visto Charlotte ainda.
Mas uma voz me cortou. Era ele. Frédéric.
"Lembro-me de que Lady Alice prometeu a mim a primeira dança" Ele disse se colocando ao meu lado. As pessoas a nossa volta nos olharam curiosos com o que Adam diria, mas ele apenas sorriu e afirmou positivamente com a cabeça.
"Porque mentiu? " Perguntei quando estávamos quase no centro do salão. Minha pergunta era em parte curiosidade, mas eu a fiz mais por tentar concentrar-me em algo que não fosse a mão esquerda dele em minha cintura enquanto ele me guiava para perto dos poucos casais que dançavam.
"Porque não queria vê-la dançando com ele" Ele disse como se fosse algo natural e esperado.
Então começamos a dançar, ele era um dançarino formidável e não precisava dança com ele para saber disso, a leveza dos movimentos e a agilidade em alguns momentos da dança nos destacava dos demais casais.
Mas a resposta dele me fez certamente ficar vermelha na hora, mesmo eu não tendo um espelho para poder comprovar, eu podia sentir elas quentes.
"Não há motivo para..." Antes da música acabar ou de eu terminar a fala ele me puxou violentamente para sim, não de uma maneira bruta, mas algo beirando a desespero.
Então eu senti a respiração quente dele contra o meu pescoço.
"Vamos. " Ele disse e antes que eu pudesse notar que ele estava me guiando dentre as pessoas já estava na sacada do lado de fora do salão, onde a música era um tanto quanto distante.
Ele fechou as portas que ligavam o lugar ao salão ainda virado para mim e as vozes e a música foram abafadas. Estava frio lá fora, mas nada que eu não suportasse.
"Me trouxe para longe de todos para pôr um fim a minha vida? " Perguntei divertida virando-me de costas para ele. A noite estava tão escura que as luzes ao longe chegavam até mim.
Eu sabia se poderia simplesmente olha-lo, Lola. Não quando ninguém mais estava presente, não quando eu senti tanto a falta dele. E saber que ele se importava comigo mesmo que no canto mais remoto do seu coração, me fez alimentar sonhos. Caso contrário ele não estaria lá comigo, não teria me tirado para dançar.
"Creio que não, mas certamente o que vou fazer não é nada correto ou apropriado" Quando os meus pés viraram para saciar o desejo de meus olhos de encontrarem os dele. Ele já estava bem atrás de mim.
E mesmo no escuro da noite era possível ver o brilho intensivo do verde. Ele acariciou delicadamente a minha bochecha, eu não senti vergonha, tão pouco sentia o frio da noite, só podia sentir a caricia dele o cheiro dele em uma mistura de perfume amadeirado pepino e laranjeira ou algo semelhante.
Ele me puxou para mais perto colando nossos corpos e antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa que não fosse qual seria a sensação dos lábios dele contra os meus ele me beijou ou seria eu a ter o beijado? Realmente não sei, Lola. E não importava quem havia dado início e sim como poderíamos parar? Se a cada segundo eu tinha mais certeza ainda que poderia passar o resto da noite em seus braços e no calor do seu beijo que não me importaria.
Não havia consequências, não naquele momento. Todo raciocínio que um dia eu puder ter se foi e abriu espaço para algo mais insensato, ilógico e selvagem.
O ruído de algo se quebrando logo abaixo de nos foi o que me assustou e fez eu criar uma distância mesmo que mínima entre nós dois mesmo que os braços dele ainda circulassem meu corpo. Como se ele estivesse pronto para me proteger.
Era só um vazo que caiu.
"Eu não deveria ter feito isso, quer dizer, beija-lo assim..."
"Tem razão" Ele disse e logo eu tentei me desvencilhar dos braços dele, mas ele não parecia inclinado a deixar-me ir. "Eu que deveria tê-la beijado" Então lá estava eu novamente, perdida em um beijo faminto e rodeado de desejo.
Ele desceu os lábios para o meu pescoço e eu não contive minhas mãos e as deixei caíram sobre o cabelo dele. Ele arfava como se o ar se perdesse antes de chegar os seus pulmões, então ele me beijou novamente agora bem mais contido e se existisse um beijo que pudesse ser público seria esse.
"Vejo que gostou do presente" Ele disse olhando para o broche dado pela mamãe. "Irei entender caso a resposta para minha pergunta for um não, e acredite não vou força-la a nada, mas saiba que seria extremamente doloroso sua recusa"
"Não entendo o..." Minha voz saiu rouca.
Lola foi lindo vê-lo me pedindo em casamento, mesmo que ele já estivesse firmado compromisso comigo ao falar com mamãe e ir a Nova Orleans tratar do assunto com papai.
Ele se ajoelhou e disse:
"Lady Alice Lombadiely me daria a honra de casar-se comigo? "
Eu não o respondi logo de início, parecia algo tão real e ao mesmo tempo ilusório, seria pedir demais casar-me com ele.
Lembro-me de que Frédéric ainda passou um bom tempo ajoelhado esperando uma resposta antes de eu dizer;
"Sim, eu aceito. "
A dúvida misturada com tristeza nos olhos dele foi o que me fez encontrar a voz.
Então agora você sabe os detalhes de como eu estou noiva, Lola. Espero que esteja bem, mande-me notícias é tudo que peso.
Com amor...
Lady Alice Lombadiely.
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