Para Alice - 20 de Novembro de 1857
Nova Orleans, sexta-feira - Em meio a uma nevasca.
Querida Alice, se guarda qualquer tipo de preocupação ou receio quanto a minha atual situação fique tranquila. Estou bem.
Sinto muito por não ter mandado notícias, agora que sei que está preocupada arrependo-me de não ter escrito nada diretamente para você. Não escrevi por que a cada palavra que se forma no papel a saudade aumenta, escrever tudo em uma simples folha não é a mesma coisa do que contar para você pessoalmente. Não consigo ver suas expressões nem ouvir sua voz.
Mas deixe-me contar-lhe sobre a recepção do sobrinho de Magda. A casa estava nada menos que deslumbrante, algo quase semelhante a mansão de tia Diana. As pessoas estavam espalhadas por toda parte e tia Diana estava empenhada em me apresentar a cada uma daquelas pessoas.
Eu esperei mais de mim, com os sapatos sem salto achei que conseguiria ficar bastante tempo em pé. Porem logo eu estava me apoiando mais em uma perna do que em outra, descarregando grande parte do meu peso sobre uma só parte do meu corpo.
Então o tal sobrinho de Magda resolveu nos presentear com a sua ilustre presença. Quem se atrasa para a própria recepção de boas-vindas?
Já não estava a esperar muita coisa vindo desse sujeito.
Não era possível o vê-lo de onde eu estava, na verdade só soube que ele havia finalmente aparecido por que as pessoas começaram a se aglomerar próximo à entrada. E tia Diana que estava sentada ao meu lado logo se pôs de pé. Não precisou que ela me dissesse nada apenas com um olhar captei o que ela queria dizer.
"Levante-se, vamos conhece-lo" Era isso que ela dizia.
Então nós acabamos nos misturando no meio do emaranhado de pessoas, eu estava quase lá, o penteado de uma mulher gorducha bloqueava a minha visão mais até então nada que realmente me incomodasse. Até que a tal mulher pisou em meu pé, o salto indo de encontro com os ossos ainda em recuperação me fez quase cair no chão, um senhor ao meu lado permitiu que eu me apoiasse nele, porem alguns segundos depois acho que ele pensou que eu havia me recuperado e me deixou ali.
Não me tardei em continuar em pé sai desesperadamente de perto daquelas pessoas e me dirigi a varanda. Assim que eu cheguei próxima ao banco que havia lá me sentei, ainda que parte do meu corpo não estivesse realmente apoiado sobre o banco, isso não importava o que me preocupava era o meu pé.
"Quantos dias vou levar para me recuperar agora? " Falei para eu mesma.
Só não esperava que alguém estivesse ouvido.
"Deixe-me ver" Ele disse se aproximando e eu não contive o medo do desconhecido e trouxe minha perna para mais perto do meu peito, eu deveria parecer uma criança encolhida com medo.
"Eu estou bem" Talvez ele fosse embora com eu recusando sua ajuda, mas isso não aconteceu.
"Eu tenho experiência com lesões, posso ajuda-la" Ele afirmou chegando cuidadosamente mais para perto.
Então eu pude ver melhor ele, alto, forte mesmo com as camadas de tecido sob a pele era possível ver a roupa moldando o corpo esculpido dele, os olhos eram quase negros e o cabelo em um tom de vermelho cobre parecia ter acabado de ser penteado, nem uma mecha estava fora do lugar. Ele era bonito, talvez lindo.
Ele se sentou ao meu lado e delicadamente pegou minha perna e a colocou sobre as suas e puxou as saias do vestido até que o meu pé estivesse totalmente exposto, ele tirou o sapato e era possível ver toda região inchada e avermelhada.
"Deve ficar sem sapatos, podem acabar piorando sua lesão"
"Ótimo" Eu disse já irritada, primeiro sem saltos e agora sem sapatos, poderia ficar pior?
"Para melhorar o inchaço use a neve, irá ajudar" Ele parecia bem contido, como se fosse normal para ele ver esse tipo de ferimento.
"Como sabe tanto? " A curiosidade falou por mim.
"Quando mais jovem minha avó costumava cuidar de mim" Ele disse simplesmente, então supus que ele já tivera o mesmo tipo de lesão.
Então ficamos em silencio e uma vez por outra ele tocava em meu tornozelo com as pontas dos dedos desenhando sobre a pele formas circulares outras aleatoriamente. O gesto estranhamente fez meus músculos rígidos relaxarem.
"Sou Louisa Lombadiely" Falei assim percebi que não havia me apresentado, certamente eu não havia o cumprimentado, lembraria se tivesse e no momento me pareceu apropriado pelo menos saber o seu nome.
"Lombadiely? Da família Lombadiely de Los Angeles? " Eu não esperava que ele conhecesse nossa família Alice, mas papai viaja para tantos lugares, não deveria ficar surpresa.
"Sim, vejo que conhece minha família" A expressão no rosto dele se suavizou, como se ele tivesse tirado um peso das costas, ele parecia mais feliz ou contente.
"Austin Kyle Bearwain" Ele se apresentou e logo começou a rir.
"Porque está rindo Senhor Kyle? "
"Em parte por estar aqui, e em outra por finalmente conhece-la" Ele ainda estava sorrindo muito abertamente e se eu não estivesse com raiva dele teria achado bonito a forma como ele sorria e as covas emoldurarmm seus lábios.
"Com sua licença preciso ir, não quero continuar a ser motivo de piada" Somente um tolo não teria percebido a fúria em minha voz apesar de contida.
Eu agarrei firme as saias do vestido, e me levantei rapidamente, tão rápido que nem eu acreditei na hora, mas resolvi não me questionar. A raiva estava me dando força para suporta muito bem a dor no meu pé.
Mas quando ele colocou sua mão envolta do meu braço nu e interrompeu-me eu fui pega de surpresa o que quase me levou ao chão. Ele me segurou assim que percebeu minha perca de equilíbrio.
Aquilo fez eu deixar toda raiva que eu achava sentir de lado. Ele estava tão próximo que só então percebi que os olhos dele não eram quase negros e sim cor de âmbar em uma mistura de dourado amarelado. No segundo seguinte ele me prendeu na parede próxima a nós, a pouca luz me possibilitou ver o sorriso de canto dele.
"O que pensa que está fazendo? " Perguntei irritada.
"Apenas conhecendo você Lady Louise" Ele disse se aproximando mais ainda.
"Poderia pelo amor de deus me deixar..." Eu não terminei de falar, e nem ao menos lembro-me mais o que eu pensei em dizer.
Ele agarrou minha cintura a apertando e a sua outra mão foi para a minha nuca levando assim meus lábios de encontro com os dele. Que estavam tão calorosos em uma mistura de vinho com algo que vinha dele. Minhas mãos já estavam no cabelo dele e ele logo colocou cada uma de minhas pernas em volta de sua cintura, assim sustentando o meu corpo. Com esse gesto eu tomei consciência do que acontecia. Eu Lady Louise Lombadiely estava aos beijos com um homem que havia conhecido a pouco tempo (Sem contar que não tenho nem um compromisso com o mesmo) e estamos na varanda da casa de uma amiga de tia Diana e a mesma casa está cheia de convidados que podem nos ver a qualquer instante.
"Devemos sair daqui alguém pode nos ver" Uma Louise que eu não conhecia disse.
"Tem uma estufa no jardim" Ele me levou até a estufa, mas não me deixou andar até lá, nem um protesto veio de minha parte quando ele me colocou nos braços, como se eu não pesasse nada.
Só dois dias depois papai me contou que tia Diana e Magda já haviam a algum tempo deixado claro a intenção delas de que eu e Austin nos casasse. Quando papai me contou ele parecia receoso mais ainda quando me disse que já havia firmado compromisso com o Conde Bearwain (Pai de Kyle) de que eu me casaria com o seu filho.
Tive pena de papai, mas não podia contar para ele que já conhecia Kyle, muito menos dizer que dormi com o mesmo na estufa da casa de Magda e não em um quarto de hospedes.
Espero vê-la em breve no meu casamento. E não se preocupe estou bem, papai ira dizer a você com todas as letras quando chegar em Los Angeles daqui a quatro dias.
Com amor...
Lady Louise Lombadiely.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro