Capítulo 5
Eu não consigo evitar meu rosto ficar vermelho como um pimentão.
- Ana- me recepciona João com o seu sorriso deslumbrante.
- João- retribuo seu sorriso.
- É muito bom vê-la bem. De verdade.
- Não foi nada demais. O que você está fazendo aqui?
- Ah sim- ele parece lembrar-se do enorme buquê na sua mão. Me pergunto como se pode esquecer de uma coisa tão grande- É para você.
Ele estende o buquê e eu pego, encantada.
- É lindo- olho para ele- muito obrigada.
- Bom, você pode me agradecer indo almoçar comigo hoje.
Fico surpresa mas aceito sem pensar duas vezes.
- Será uma honra- sorrio.
João fica extremamente feliz. Ele caminha para mais perto de mim. Meu coração bate descompensado e desconfio que ele vá sair pela boca. Quanto mais olho para ele mais lindo fica. Inacreditável.
- A honra será minha- sussurra.
Olho no fundo de seus olhos tão negros quanto a noite.
- Te vejo na hora do almoço então- estico os pés e beijo sua bochecha.
- Até mais- e vai embora.
Eu vou até minha cadeira entorpecida. Encosto na cadeira. Semana passada foi uma das piores de minha vida mas mesmo as piores semanas podem nos trazer coisas maravilhosas. Suspiro. Vai ser difícil me concentrar no trabalho sabendo que tenho um encontro.
A manhã passa em uma lentidão torturante. Aprovo imagens para a edição especial de Dia das Mulheres. É uma das edições mais importante no ano para mim. Participo de reuniões intermináveis até dar a hora do almoço.
Pego minha bolsa, vou até o hall de entrada do edifício da editora e lá está ele me esperando com as mãos enfiadas nos bolsos e olhando distraidamente para a rua. Chego para perto dele o mais silenciosa possível.
- Procurando em quem vai acertar sua próxima bola? - digo sorrindo.
João pula de susto, faz uma careta e cai na gargalhada.
- Você quase me matou de susto- ele me analisa e oferece o braço- Vamos?
Encaixo meu braço no seu e caminhamos até o restaurante mais próximo. Nos acomodamos no canto mais silencioso do lugar. Logo quando nos sentamos o garçom vem e fazemos nossos pedidos.
- Você costuma levar para almoçar todo mundo que você acerta com uma bola? - começo, brincando.
- Só mulheres bonitas como você- ele me dá uma piscadela- Bom, Ana, me conte sobre você.
- Tipo o quê?
- Sonhos, realizações, o que te deixa feliz...
Paro para pensar nisso.
- O que me deixa feliz é fácil: estar com quem amo e Léia.
- Léia?
- Minha cachorrinha, minha maior companheira- encaro a flor que está no meio de nossa mesa- E eu acho que não tenho um sonho em si, tudo na minha vida sempre foi programado por mim e principalmente por minha mãe. Claro que sempre quis ser independente, ter meu diploma mas nunca deixei espaço para sonhos além disso na minha vida. Meu pai era um cara sonhador mas não herdei isso dele. Por mais que me custe admitir, pareço mais com a minha mãe do que imagino.
João escuta cada palavra atentamente e sinto uma gratidão encher meu peito. É incrível alguém se preocupar em conversar sobre coisas profundas. Ele me olha demoradamente.
- Me parece que você relutou mais em ter um sonho do que ao menos pensar nisso. Ter um sonho não quer dizer que você se preocupe menos ou te impeça de programar seu futuro.
Olho para ele. Nunca ninguém tinha me mostrado as coisas dessa forma. Aparentemente, as coisas que não são planejadas, como levar uma bolada na testa por um jogador gato, não é um desastre como eu pensava que seria.
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