Capítulo 33
Cinco anos depois
- Olá, família- diz Felipe ao chegar em nosso apartamento em Nova Iorque- Onde vocês estão?
- Estamos na cozinha, amor- respondo enquanto dou mais uma colherada de comida para Daniel, que está agitado ao ouvir a voz do pai
Eu e Felipe adotamos, há seis meses atrás, Daniel de apenas 3 aninhos de idade e é a criança mais amorosa que eu poderia ter. Ele estava para a adoção desde que nasceu mas não conseguiu uma família pelo fato de ser negro. Logo na primeira vez que eu o vi, me apaixonei. O processo da adoção foi longo e extremamente burocrático e o dia que ele veio para nossa casa, foi o dia mais feliz de nossas vidas, afinal, eu sempre sonhei em ser pai.
Felipe chega na cozinha, me dá um beijo no rosto e pega Daniel no colo. O menino bate palmas de felicidade.
- Oi, filho- diz meu marido carinhosamente e começa a lhe dar comida no meu lugar.
Nós nos casamos no ano passado, após terminarmos nossos estudos em Filosofia, em uma cerimônia com apenas nós dois e um pastor da igreja perto de nossa casa. Foi um momento mágico. Contudo, eu adoraria que minha família e Ana estivessem conosco mas, graças a tecnologia, fizemos uma chamada via Skype e todos assistiram do Brasil. Sinto falta deles diariamente.
Encosto na pia e observo minha família, encantado. Felipe me vê os observando e pergunta, curioso:
- O que foi? – com sorriso nos lábios.
- Só sou feliz de ter vocês dois em minha vida.
Ele sorri e faz uma expressão como se estivesse se lembrado de algo. Com isso, pega algo no bolso e me entrega.
- Chegou essa carta para você- ele me dá um olhar significativo- é de Ana.
Olho para a carta. Eu e ela trocamos cartas semanalmente quando voltei para os EUA porém com o tempo ficou mais difícil, ainda mais quando adotamos Daniel. Por isso, mesmo nós sempre conversarmos por mensagem, toda carta que recebo é uma ansiedade diferente. O ato de escrever cartas foi muito significativo para nossa relação, tanto de amizade quanto o romântico.
- Eu já volto- aviso e vou até a sacada.
Abro a carta e começo a ler:
Querido Vitor,
Desculpe-me por ter demorado tanto para te mandar uma carta, eu estava lotada de trabalho. Bom, tenho algumas atualizações para você: seus pais sempre me convidam para jantar com eles quando podem, aliás, ligo para eles todos os dias para saber como estão (mantenho a promessa que lhe fiz em dia); Margot e Tulio tiveram uma filhinha, que se chama Clara e eles são os pais mais babões que já vi na vida; já eu e João, como você sabe, estamos morando juntos mas temos uma novidade: adotamos mais um cãozinho, ele se chama Luke e ficou super amigo de Léia (mesmo ela estando bem velhinha). Agora, quero saber: como vocês estão? E Daniel? Estou ansiosa para conhece-lo.
Contudo, não escrevi está carta com o intuito de apenas te atualizar das coisas. Eu estive pensando e percebi que nunca lhe agradeci por tudo que você me ensinou na vida. Já parou para pensar sobre do por que que o destino nos colocou juntos em nossa adolescência? Eu pensei nisso e tenho uma resposta: nós aprendemos como amar um com o outro, as experiências que tivemos como casal, nos definiu como pessoas, nossa personalidade. Por isso, eu devo tudo que sou a você e meu singelo obrigado. Me sinto grata por te-lo nessa montanha russa de encontros e desencontros que é a vida. Eu sinto sua falta todos os dias. Obrigada por tudo, meu amigo.
Com amor,
Ana.
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