- Osvaldo? – exclama minha mãe

Atravesso a sala rapidamente de forma que fico atrás da matriarca da família.

- O que você quer, pai?

- Vim levar sua mãe de volta para casa. Onde é o lugar dela.

- Eu não vou voltar para casa, Osvaldo.

O rosto de meu pai se contorce por conta de sua cólera. Eu imediatamente entro na frente de minha mãe, ficando no meio dos dois.

- O lugar de uma esposa é com seu marido- ele diz entre dentes.

- Ex- esposa- diz minha mãe e eu e meu pai olhamos para ela surpresos- Eu quero divórcio.

- O QUÊ? QUEM VOCÊ PENSA QUE É? – ele avança ferozmente mas o impeço de tocar em minha mãe.

- Se o senhor relar um dedo em minha mãe, eu ligo para a polícia- digo baixo.

- Quem eu penso que sou? Até onde sei sou uma mulher livre. Posso fazer o que bem entender com a minha vida.

Ele solta uma risada com desdém.

- Isso já está passando dos limites, Maria. Vamos embora. AGORA!

- Não – minha mãe ergue o queixo- eu não vou embora com você.

- É melhor o senhor ir embora, pai

- Vocês vão pagar por isso- ameaça e vai embora pisando duro.

Fecho a porta rapidamente e tranco. Solto o ar que eu estava segurando. Me viro para minha mãe e vejo um sorriso imenso em seu rosto. Estreito os olhos. 

 - Eu enfrentei seu pai, João- diz ela encantada- Eu enfrentei seu pai.

E então, eu entendo. Para minha mãe, que sempre obedeceu e aceitou tudo que meu pai dizia, o ato de enfrenta-lo é muito importante.

- A senhora o enfrentou, mãe- a abraço forte, comovido- Eu tenho muito orgulho da senhora.