Quando eu chego, finalmente, em casa, minha mãe está na cozinha fazendo vários tipos de comida. Desde quando eu mudei para esse apartamento, dois anos trás, nunca vi tanto alimento na cozinha. Sempre fui adepto ao pão com ovo em praticamente todas as refeições.

Ela está tão concentrada que não me vê chegar. Por isso, vou andando devagarinho e assopro seu ouvido. Minha mãe solta um grito e derruba a farinha que estava medindo no chão. Solto uma gargalhada.

- João! Você quer matar sua mãe?

- Eu não resisti- digo entre risos- Desculpa. O que a senhora está aprontando?

- Eu decidi que irei estudar culinária- ela conta animada- Tem alguns lugares aqui em São Paulo que oferecem curso gratuitos, acredita? Pelo menos foi o que Ana me contou...

Meu coração acelera só de ouvir esse nome.

- Espera aí, onde, como e quando você falou com Ana?

Minha mãe bate a mão suja de farinha na testa.

- É verdade, estava me esquecendo de contar. Ana veio aqui atrás de você mas como você não estava, ela almoçou comigo e conversamos muito. Ah meu filho, ela é tão adorável.

Ana. Esteve aqui. Será que isso quer dizer que ela sente minha falta ou melhor, terminou de vez com Vitor? Meu coração bate muito forte no meu peito. Minha mãe continua tagarelando o quanto Ana é encantadora, porém não consigo prestar mais atenção.

- Eu vou para meu quarto, mãe – digo entorpecido

Vou para meu quarto. Ele está tão arrumado e limpo que fico em dúvidas se é realmente meu quarto. Minha mãe, provavelmente o limpou. Pego meu celular e vou até o contato de Ana, contudo, paro no meio do caminho ao escutar a campainha tocar.

            Deixo meu celular na cama e chego na sala a tempo de ver minha mãe abrir a porta e meu pai parado na soleira da porta.