Capítulo 20
Estou sentada no meu carro olhando para o condomínio. Na hora do almoço, sai para comprar comida e quando me dei conta, estava na frente do condomínio de João Pedro. Não sei o que planejo falar para ele mas apenas vê-lo já vai acalmar meu coração. Saio do carro e vou até a portaria.
Fui na casa dele uma vez, foi questão de 10 minutos mas já foi o suficiente para eu ter cadastrado meu nome na portaria, por isso, o porteiro me libera para entrar sem precisar interfonar para o apartamento dele. Vou até seu apartamento ensaiando seu meu "oi" será animado ou mais contido. Bato na porta e quando a porta é aberta, meu "oi" fica engasgado na garganta. Uma senhora de quase 60 anos usando um avental, os cabelos grisalhos presos em um coque e os olhos negros como a noite aparece atrás da porta. É a mãe de João.
Ela sorri amigavelmente.
- Pois não?
- Hã...Me desculpe, achei que João estava em casa, acho melhor eu voltar outra hora- me viro para ir embora.
- Você é tão bonita quanto ele falou- olho para ela, surpresa- você é Ana, não é?
Solto o ar que nem sabia que estava prendendo. Apenas assinto com a cabeça. Ela me olha com uma bondade que me dá vontade de abraça-la.
- Entre, por favor.
Eu entro. A casa tem um cheiro fantástico de limpeza e de comida fresca.
- Ele falou sobre mim? – digo com a voz embargada.
- Claro que falou, minha linda- ela faz sinal para me sentar na mesa- venha almoçar comigo, por favor. João não vem almoçar e não quero comer sozinha.
- Não vou atrapalha-la?
- Imagina! Venha, venha.
Me sento na mesa. O cheiro delicioso do macarrão com almondega faz minha barriga roncar loucamente.
- Eu sabia que uma hora você iria aparecer, sabe? - diz ela me servindo- ele não disse nada sobre como está a relação de vocês mas ele anda tão tristonho, o brilho no olhar dele diminuiu, achei que tivesse algo de errado. Afinal, você o faz muito feliz, querida.
Paro o garfo no meio do caminho até a boca.
- Mas ele terminou comigo- olho para baixo- Eu sinto muita falta dele.
- Por que você não tenta falar com ele?
- Não sei se ele me ouviria. Talvez ele tenha percebido que não sou boa o bastante.
Ela pega minha mão.
- Sabe, você mudou completamente a vida dele e indiretamente a minha também- como olho para ela confusa, ela continua- Eu percebi a falta de amor dele pelo tênis muito antes dele mesmo mas você o deu esperança que a vida é muito mais do que ele pensava. O mesmo aconteceu comigo, eu pensava que eu precisava viver com a minha escolha de ter casado com o pai de João pelo resto da minha vida, que era minha obrigação aturá-lo pois me dava uma casa, contudo, eu percebi que eu mereço muito mais do que eu pensava.
Eu fico paralisada de choque. A mãe de João abandonou o marido.
- A senhora é uma mulher admirável, Dona Maria- confesso.
Ela dá uma risadinha.
- Eu me inspirei em você, Ana. Porém, não posso viver as custas de meu filho para sempre, só que não sei o que uma velha como eu pode fazer para ganhar dinheiro.
- A senhora deveria cozinhar para fora- digo de boca cheia- sua comida é fantástica.
- Obrigada, querida. Eu amo cozinhar.
- Por que, a senhora não faz algum curso para incrementar ainda mais seu modo de cozinhar? Existem diversos cursos aqui em São Paulo que são gratuitos.
- Sério? – ela fica instantaneamente animada- eu vou me informar sobre, com certeza.
Conversamos mais algum tempo. Entendo completamente da onde João herdou sua simpatia. Quando dá meu horário de voltar para o trabalho, Dona Maria me entrega uma marmita de macarrão com almondegas. Digo que não posso aceitar mas ela insiste.
- Eu faço questão, querida.
Lhe dou um abraço apertado.
- Obrigada- agradeço.
Saio da casa de João com o coração aquecido.
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