Capítulo 14
Eu acordo sentindo dor pelo corpo todo, sinto como se um trator tivesse passado por cima de mim. Na verdade, foi quase isso mesmo. Com isso, lembranças da noite passada me invadem e me deixa zonzo. Eu e meu namorado, Felipe estávamos saindo de uma festa quando um grupo de jovens nos rodeou e começaram a nos chamar de coisas horríveis, até que um partiu para cima de Felipe e eu pulei na sua frente para protege-lo.
Dessa forma, me deram diversos chutes, enquanto seguravam meu companheiro para não ir me defender. Foram tantos golpes que não notei quando eles foram embora correndo quando ouviram barulho de uma sirene. Felipe se jogou ao meu lado e começou a discar um número no telefone.
- Vitor, fica comigo, por favor, não me deixe- ele repetia desesperado- eu te amo. Não me deixe.
A última coisa que consegui fazer antes de desmaiar foi segurar sua mão. É insano pensar em quanto nós vivemos juntos em tão pouco tempo e o quanto eu o amo. Ele é definitivamente o amor da minha vida.
Entretanto, aceitar este amor não foi nada fácil pois quando fui para os EUA para estudar Filosofia, eu e Ana namorávamos ainda e além disso, foi muito difícil tomar a decisão de deixa-la para ir atrás de meus sonhos mas eu sabia que Ana queria minha felicidade acima de tudo e foi exatamente isso que ela me disse ao nos despedir no aeroporto: "seja feliz, Vitor, seja feliz".
Então, fui morar em uma república com cerca de 10 brasileiros. Era muito divertido, conheci muitas pessoas incríveis de diversos estados diferentes. Contudo, Felipe roubou meu coração sem eu nem mesmo notar. No começo, éramos apenas bons amigos mas com o tempo, percebi algo a mais entre nós e eu estava completamente assustado com os meus sentimentos por esse homem. Eu nunca havia sentido um amor tão avassalador quanto aquele. Eu não conseguia fugir disso e eu nem queria fugir.
Eu não tinha dúvidas de meu amor por Ana só que eu percebi que era um amor mais de irmão do que qualquer outra coisa. Eu sempre irei protege-la e querer sua felicidade mas não poderia ama-la da forma que merecia. Assim, escrevi uma carta para ela explicando de forma mais vaga possível (ela merecia uma explicação melhor do que eu dei, eu sei disso).
Eu e Felipe passamos um mês assumidos como casal porém eu sentia que faltava algo para completar minha felicidade: contar para minha família toda a verdade. Os pais de Felipe sempre souberam da orientação sexual dele e o respeitavam. Por isso, ele concordou em me acompanhar até o Brasil para contar tudo.
Mas, nada foi como o esperado. Eu acabei sendo escorraçado da casa de meus pais. Meu pai berrou comigo como seu eu tivesse acabado de contar que tinha matado alguém, aliás, acho que ele iria preferir se eu fosse um bandido do que amar um homem. Depois que eu sai de casa devastado, minha irmã Morgana de 14 anos deu um jeito de ir me abraçar e dizer que me ama do jeito que eu sou. Eu sempre soube do coração bondoso que essa pestinha tem.
Sem o mínimo apoio de meus pais, eu não tinha onde ficar, já que, eu não poderia ficar com Felipe na casa de seus pais por ser uma regra não levar namorados para dentro de casa. O único lugar que tinha (quase) certeza que seria bem-vindo era a casa de Ana e eu estava certo: mesmo contrariada ela me aceitou. Fiquei extremamente feliz em vê-la embarcando em outro relacionamento. Ninguém merece mais felicidade que ela neste mundo.
Quando minha consciência volta, eu noto Ana deitada com a cabeça em minha cama e segurando minha mão. Deve estar deitada nesta posição faz horas. Acaricio seus cabelos. Me pergunto onde está Felipe, preciso saber se aconteceu alguma coisa com ele.
Respiro fundo e sinto uma dor absurda. E então Ana desperta e lhe ofereço meu melhor sorriso.
- Bom dia, Aninha.
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