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03. Seu Boy

  🌈  

Quando cheguei a casa, tudo estava do mesmo jeito que eu tinha deixado. Minha mãe e a Leila ainda não tinham voltado o que me deixava à vontade para comer o que eu queria, enquanto deitava no sofá e assistia minhas séries favoritas. Peguei um pacote de bolacha juntamente a um copo de leite e fui para a sala. Joguei-me em cima do sofá e liguei a televisão, sintonizando em um canal aleatório. Comecei a trocar de canais a cada segundo, mas nenhum me alegrava, então eu decidi deixar tocar algumas músicas.

Após ter comido quase todo o pacote de bolachas, percebi que já não tinha mais leite, então larguei o pacote na mesinha de centro, e cochilei no sofá.

Algumas horas depois, minha mãe me cutucou.

― Levanta Andrew, seu pai está quase chegando, e vou servir o jantar logo.

― Eu não estou com fome mãe ― menti.

Levantei do sofá e subi para o meu quarto com o restante do pacote de bolacha na mão. Assim que fui fechar a porta, Leila apareceu, e sua cara não estava nem um pouco boa.

― Você mexeu na minha bolsa hoje? ― Perguntou ela parecendo estar bastante preocupada, o que fez meu coração gelar, pois não achei que ela se importaria muito com aquele maço de cigarros, a não ser se fosse dela.

― Não que eu me lembre ― menti dando meu melhor desempenho para que ela acreditasse em mim. ― Ah! Eu peguei uma caneta sua, pois estava sem, por quê?

Era cruel da minha parte não contar sobre o cigarro, mas seria pior ainda se ela continuasse fumando. A única forma de desconfiar de mim seria se ela se dedurasse, e eu sei mais do que qualquer um, que ela era especialista para guardar um segredo.

― Nada, eu achei que você tivesse pegado algo meu ― disse ela, com aquele olhar que ela fazia desde que era pequena, e que significava "eu sei que foi você, mas eu não tenho como provar".

― Eu juro que foi só a caneta ― menti novamente. ― Quer ver minha bolsa?

Naquele momento eu torcia cem por cento para que ela dissesse não, mas minha irmã era durona e precisava ter certeza de que eu era um criminoso mirim.

― Me mostra.

Droga! Pensei comigo mesmo. Qual o problema dessa garota? Agora não tinha mais volta, ou eu mostrava ou ela ia imediatamente contar para mamãe. Deixei-a entrar, e peguei minha mochila, que já estava meia aberta. Joguei tudo que tinha dentro na cama, e fechei os olhos com medo do que viria a seguir. Abri lentamente os olhos, e vi que ela estava mexendo em meu estojo. Pegou a caneta e virou-se para mim.

― Da próxima vez, pede antes de sair pegando as canetas dos outros ― disse Leila, que saiu do meu quarto fechando a porta atrás dela.

Rapidamente me joguei no chão e comecei a revirar tudo que coloquei na cama. Os cadernos, o estojo e as apostilas estavam em ordem, mas o maço de cigarros tinha desaparecido, e eu não conseguia pensar em ninguém que quisesse me ferrar.

Mas tinha sim, havia bastante gente que queria me ferrar naquela escola, e se a pessoa que pegou o cigarro pensou que vai ficar só nessa, está muito enganada. Querem uma guerra, ótimo. Terão.

― Andy! ― gritou minha mãe lá da cozinha. ― Desce para jantar.

Eu não queria ter essa conversa com a minha mãe, mas precisava contar a ela e ao meu pai que haviam me trocado de série, e tinha que fazer isso logo, porque eu prefiro que minha mãe faça um barraco na escola primeiro antes de pensar em reabrir o clube do coral para me mudar de sala.

Desci as escadas devagar, aproveitando cada segundo antes de fazer minha escolha final entre contar ou abrir um clube do coral. Assim que vi aquela mesa com todos os pratos já servidos, percebi que seria uma boa ideia se eu contasse bem rápido, para não atrapalhar mais a vida deles. Sentei-me ao lado de Leila, e esperei que minha mãe preparasse o último prato antes de pegar os talheres.

Todos começaram a atacar a comida enquanto eu olhava aquele prato e me dava vontade de vomitar. Levei uma ervilha à minha boca e mastiguei quase que como estivesse comendo alface (desculpem, mas eu odeio alface). Minha mãe percebeu que eu estava nervoso, e perguntou o que houve. Eu odiava quando ela sabia que eu não estava bem, era como se o meu mal-estar afetasse ela.

― Não aconteceu nada ― menti sem sabe exatamente do que ela estava falando.

― Um péssimo dia? ― Perguntou ela já jogando na minha cara de que eu não sabia esconder meus sentimentos.

― Só não foi o melhor dia da minha vida.

― O que houve?

Respirei fundo, e senti o ar gelado entrando em contato com o sangue quente em meu corpo agoniado, com medo da reação da senhora em minha frente.

― Eu fui à diretoria e me deram um papel dizendo a sala que eu tinha caído e os horários, mas parece que houve um engano no sistema, porque me colocaram em uma sala do primeiro ano.

― Como assim? ― Perguntou ela tentando fingir que ela não tinha se irritado.

― A diretora disse que seria impossível mudar, até porque eu formulário de inscrição especificava exatamente o primeiro ano. Eu ainda tenho o papel, se a senhora quiser ver.

― Pega ele lá ― disse ela tomando um gole de seu suco.

Subi correndo as escadas e desci novamente na esperança de que essa conversa tivesse terminado. Entreguei a ela o papel e voltei há comer um pouco, só para fingir que eu estava faminto.

― Isso é impossível, eu não vou aturar que o meu filho curse de novo um ano pelo qual ele já passou.

― Assim é bom mãe, por que aí ele aprende a escrever direito, não acho que ele estava preparado para o segundo ano mesmo ― disse Leila provocando.

― Cala a boca pirralha que não sabe nem quanto é um mais um.

― Andrew, não fale assim com a sua irmã ― disse meu pai, que eu ainda não tinha entendido o motivo de estar ali, porque preocupado ele claramente não estava. Parecia que eu estar ou não ali não fazia diferença.

Fiquei olhando a reação de minha mãe ao ler cada palavra daquele papel como se estivesse lendo minha carta de morte ou algo do tipo.

― Vou à escola semana que vem para resolver isso ― disse ela bem firme enquanto me entregava o papel e voltava a saborear a comida que eu não estava a fim de comer.

― O quê?! ― Indaguei furioso. ― Vai demorar tudo isso?

― Andrew eu já mandei ter cuidado com o tom quando falar conosco ― respondeu meu pai interrompendo-me novamente.

― Do que você está falando?

― Não entendi a pergunta ― disse ele olhando fixamente em meus olhos.

― Nem parece que se importa com o fato de seu próprio filho ser forçado a fazer o primeiro ano de novo por causa de um erro do sistema.

― Eu tenho coisas mais importantes para fazer.

― Tem sim, transar com a Julie ― disse saindo da mesa e indo diretamente para meu quarto, enquanto ouvia os gritos dele, chamando por meu nome numa tentativa fracassada de me trazer de volta à mesa.

Fechei a porta e deitei em minha cama. Não deu nem dois minutos e Leila abriu a porta e começou a falar bobagem.

― Você tinha que citar a Julie? ― Perguntou ela. ― Você é mesmo um babaca Andrew.

― O quê?! ― Perguntei indignado. ― Está do lado dele depois do que ele fez? Claro que estaria né? Aliás, você é a preferida dele, não é?

― Cala sua boca seu idiota! ― Gritou ela batendo a porta assim que saiu do meu quarto.

― QUEBRA! Não é sua! ― Gritei com toda minha força para garantir que ela ouvisse.

Tentei deitar na minha cama e dormir, mas assim que percebi que dormir cedo não era meu forte, decidi organizar minha mochila enquanto pensava em alguma coisa para fazer. Foi aí que lembrei que meu celular estava ao lado da cabeceira. Peguei-o e liguei a tela. Só no Whatsapp já tinha treze mensagens de três conversas. Entrei no aplicativo e cliquei na primeira, que era de um número não salvo.

✉️ Oi Andy, sou eu, a Eve.

Ñ queria te incomodar, mas gostaria de saber se vc toparia ir ao píer cmg e com o Chris.

Vai ser legal, mas vc precisa me responder logo.

Pq eu já confirmei com ele ✉️

Assim que li as mensagens de Eve, respondi dizendo que iria perguntar a minha mãe, e que dava a resposta amanhã na escola. Imediatamente salvei o número dela e segui para a próxima conversa. Eram cinco mensagens de Nick. Não entendi muito bem, mas abri o chat mesmo assim.

✉️ Oi Andy

Nick

Só queria te perguntar se vc sabe qual matéria o professor passou hj

Atah

Esqueci que vc não está na minha sala ✉️ 

Se eu sabia qual era a intenção dele naquele momento? Não sabia mesmo. Mas não acho que ele seja do tipo de pessoa que gosta de machucar as pessoas intencionalmente.

Decidi então ver a próxima conversa.

✉️ Oi, desculpa estar mandando mensagem, mas acho que vc não salvou o meu número.

Josh, a propósito.

Espero que esteja bem, e que aquela conversa no banheiro não tenha deixado nada esquisito entre nós.

Queria muito que a gente voltasse a ser amigos. Vou sair agr, bjs. ✉️ 

Eu não acreditava que Josh seria aquele tipo de amigos que se preocupa com os outros. Na verdade, ele nunca foi assim. Muitas das brigas era ele que começava, mas no fundo ninguém ousava abandoná-lo. Eu podia não acreditar que ele tinha mudado, mas acabei sorrindo ao ler essas mensagens.


27 de fevereiro

Acordei no dia seguinte com uma ótima sensação. Aline podia estar lá na escola para acabar com meu dia, mas eu com certeza não iria a deixar fazer isso. E apesar de que minha mãe só fosse passar na escola na semana que vem, eu sentia as esperanças batendo à minha porta.

Tomei banho, e me troquei, colocando uma roupa bem neutra para o caso de jogarem raspadinha novamente na minha cara. Para prevenir, eu também coloquei uma peça de roupas. Eu não ficaria todo molhado e grudento na aula por causa de alguns alunos babacas.

Desci as escadas e fui fazer meu café da manhã, já que minha mãe não estava em casa. Provavelmente tinha conseguido o emprego, e fico feliz por ela. Só torço para que a situação melhore. De repente, Leila apareceu na porta da cozinha e ficou escorada na parede.

― Está fazendo pose para quem? ― Perguntei sem tirar os olhos da tigela com cereal.

― Pensei que fosse menos grosso ― respondeu assim que decidiu sair da parede e ir fazer seu café.

― Eu sou um doce de pessoa, vocês que abusam.

― Vocês?

― Sim, o papai, e principalmente você, que não se importou em criar um vínculo de ódio entre nós dois. Acredite, sou muito mais bonzinho que você.

― Você? Bonzinho? Onde? E, aliás, eu e o papai nunca te irritamos.

― Claro, só não vão com a minha cara.

― Isso não importa muito para você ― disse Leila colocando os ovos na frigideira.

― Eu só queria ter um relacionamento com o meu pai, é pedir muito?

― É sim, se você levar em conta que o papai e você não têm nada em comum.

― Para de falar "papai", você não é melhor que eu ― comentei colocando a tigela na pia e subindo para pegar minha bolsa.

Assim que desci fiz questão de nem olhar para ela, mas eu tinha certeza de que o coração da minha irmã tinha pesado um pouco. No caminho da escola, encontrei Nick que, assim que me viu, veio em minha direção.

― Oi Andy ― disse ele. ― Tudo bem?

― Oi Nick ― respondi ― estou bem sim, e você?

― Bom, ontem fui a um bar gay incrível e conheci um cara muito gato.

― Espera aí ― disse tentando juntar todos os pedaços meus que foram despedaçados com essa notícia. ― Você, Nicholas Harris, é gay?

― Ah, qual é? Eu não sou chamativo o suficiente?

― Sim, mas é que eu achei que você não era assumido.

― Me poupe Andrew Kingsley, venero a Britney desde os meus cinco anos e vai ser assim até o fim. Sou um unicórnio em ascensão.

Comecei a rir com a audácia dele. Gosto de como Nick é confiante. Acho que se ele não fosse assumido, ele não seria ele mesmo. Fiquei concentrado nas ideias de que se eu fosse assumido seria tão feliz como Nick, e acabei nem percebendo quando chegamos à escola.

― Te vejo no intervalo ― disse ele indo para o corredor da esquerda.

Peguei meu celular na minha bolsa e percebi que ainda tinha alguns minutos livres. Decidi ir até a biblioteca, pois precisava escolher logo um livro. Assim que entrei lá, encontrei uma senhora na recepção. Dirigi-me até ela olhando para os lados, para ver se encontrava Eve.

― Com licença senhora, onde está a Eve? ― Perguntei.

― A senhorita Eve está de folga hoje. Por que, meu querido? Precisa de algo?

― Na verdade sim, eu vim escolher um livro.

― As prateleiras estão logo ali.

― Tudo bem, obrigado senhora...

― Evelyn.

― Prazer em conhecê-la Evelyn.

Fui até o corredor e comecei a passar meus dedos pelos livros novamente assim como fiz ontem. O que eu não esperava, era que isso me levasse a um romance com uma capa bem chamativa e linda, a propósito. Ao ler o título, soube na hora que leria esse livro. Voltei à recepção e entreguei o livro a Evelyn, na esperança de que ela só registrasse, mas ao invés disso, ela leu a capa e ficou um pouco surpresa com a minha escolha.

― Esse livro é muito bom ― disse ela. ― Mas já te digo para não esperar muito dele. O final não é tão legal.

Evelyn estava tão empolgada em falar sobre aquela obra, que decidi não interromper, mas liguei minha mente, e desfoquei do que realmente estava acontecendo. Quando ela chamou minha atenção, olhei para ela e fiquei sem muito que dizer.

― Eu vou ler o mais rápido possível ― disse esperando que ela não percebesse que eu tinha ignorado ela. ― Bom, eu agradeço a atenção senhora Evelyn, eu agradeço.

― Foi um prazer.

Saí da biblioteca no exato momento em que bateu o sinal. Comecei a correr desesperadamente pelos corredores e, assim que vi minha sala no fim do corredor, corri mais ainda. Antes que a porta se fechasse, coloquei minha mão no vão entre a porta e a fechadura. A posição que tive que fazer para conseguir segurar a porta, foi tão complexa que nem consigo descrever.

Entrei na sala e tentei achar um lugar que fosse longe o suficiente de Lauren, mas só consegui ficar no mesmo lugar de ontem.

― Andrew eu preciso falar com você ― disse ela já me contatando antes mesmo de abrir meu caderno.

― Mas eu não quero falar com você ― respondi grosseiramente antes de virar para frente.

As aulas se passaram, e cada vez que trocava o professor ela me chamava. A resposta era sempre a mesma, e mesmo assim ela ousava continuar me chamando. Finalmente quando chegou o intervalo, eu fechei bem minha mochila e sai para encontrar Josh. Quando cheguei à cantina, peguei o almoço e fui me sentar em uma mesa aleatória. Não deu nem dois minutos que eu estava lá, e Lauren veio sentar-se na minha frente.

― Qual seu problema garota? ― Perguntei já sem paciência. ― Percebeu que eu não quero falar com você?

― Eu preciso explicar porque fiz aquilo.

― Já não foi o suficiente ajudar a Aline e os outros alunos a me humilharem?

― Pode ter certeza que a Aline não humilhou só você. Ao discutir com ela, você a fez ficar com muita raiva, então ela vasculhou sua bolsa. Ela quase achou os cigarros, mas eu os peguei e guardei para que não se encrencasse.

― Por que fez isso?

― Ela está disposta a acabar com você. Suponho que já saiba do caso da Gina.

― Já sei sim, mas não acho que a Aline seria capaz de me engasgar com um sanduíche.

― Ela ia fazer bem pior se achasse os cigarros ― disse ela entregando-me os maços em pleno refeitório.

Peguei-os rapidamente e guardei nos bolsos.

― Obrigado.

― De nada ― disse ela. ― E, sobre a porta, foi a Aline que mandou.

― Ela está implicando demais comigo. Acha que ela escolhe os alunos com quem ela implica a dedo?

― Ela é cruel, então acho que sim.

― O que vamos fazer?

― Está mesmo me chamando para te ajudar?

― Você a conhece, e sei que também quer que ela se ferre. E aí? Está disposta a me ajudar?

― Pode ter certeza que sim ― disse ela olhando o celular. ― Mas agora não, preciso ir.

― Tudo bem.

De repente, olhei para trás, e vi Eve e Nick me olhando.

― O que foi? ― Perguntei enquanto os dois sentavam-se comigo. ― E desde quando se conhecem?

― O Nick vai à biblioteca para beijar alguns garotos, e eu que converso com ele sobre isso quando os garotos vão embora.

― Não sabia que era tão safado.

― Quer que eu te leve lá por acaso? ― Indagou dando uma grande mordida na maçã.

― Não, eu passo.

― Você não engana ninguém com essa sua pose de macho, todos nós sabemos que no fundo você é a própria criadora dos sites pornôs, se é que me entende. ― Nick piscou.

― NICK! ― Disse eu e Eve ao mesmo tempo.

― Vocês são tão chatos. Podemos por favor, viver no século 21, onde pessoas normais conversam sobre pornô?

― Não sei se estamos preparados para todo esse glitter que você está jogando na nossa cara ― respondi olhando para Eve, que parecia concordar comigo.

― Caretas ― disse Nick.

― Então Eve. ― Tentei mudar de assunto. ― A dona Evelyn é alguma parente sua?

― Achou que por causa do nome nós seríamos parentes, mas não somos.

― São nomes praticamente iguais.

― Eu sei.

De repente Nick me cutucou.

― O que foi?

― Olha lá seu boy ― disse ele apontando para o bebedouro no final do corredor.

Ao ver que se tratava de Josh, o garoto que me mandou mensagem na última noite, comecei então a olhar para ele, para ver se de alguma forma me notasse, mas ele continuava conversando com seus amigos. De repente Josh olhou para mim, e eu rapidamente desviei o olhar, encarando Nick enquanto ele fazia uma carinha de safado.

― Olha de novo ― disse Nick.

Me virei novamente e Josh continuava a me encarar, mas agora ele ria por eu estar começando a ficar com vergonha.

― Ele não é meu boy.

― Qual é Andy? ― Disse Eve. ― Até eu reparei nessa troca de olhares. Se Josh fosse um vampiro, pode ter certeza que isso seria uma nova versão do Crepúsculo.

― Crepúsculo? ― Perguntou Nick que parecia não ter acreditado no que ela tinha dito. ― Isso é tão 2008. Trate de se atualizar ou será riscada da minha lista.

― Qual o problema com 2008? Para mim foi o melhor ano da minha vida.

― Milhares de fãs da Britney tiveram que ver ela em crise e sem cabelo, não sei como se atreve a dizer que foi o melhor ano.

― Britney Spears? Sério?

― Pode não parecer a maior diva do pop, mas é, e eu não sei se te contaram, mas fãs afirmam que ela raspou o cabelo por causa de Crepúsculo.

― O que Crepúsculo tem a ver com o fato de a Britney raspar o cabelo dela? O surto dela aconteceu em 2007.

― Pelo menos o surto dela repercutiu mais do que esse filme aí.

Enquanto Eve e Nick discutiam sobre Crepúsculo e Britney Spears, voltei a encarar Josh e, assim que ele me encarou novamente, o sinal bateu e eu lembrei que eu tinha que correr.

― Calma Andrew ― disse Nick.

― Calma nada! É a Aline.

Deixei minha bandeja na mesa e saí correndo para entrar na sala. Assim que cheguei à porta, Aline me barrou.

― O que foi agora? Eu cheguei no horário.

― Eu vi que você se mostrou um tremendo porco ao deixar sua bandeja na mesa quando tem um lugar para deixar elas a fim de que nossas cozinheiras possam ter seu trabalho um pouco mais facilitado ― disse ela demonstrando sua habilidade de criar uma frase muito bem elaborada em poucos segundos.

― Quer que eu faça o quê? ― Perguntei. ― Sou um aluno, não um serviçal.

Aline fez sua cara de irritada.

― Dirija-se a diretoria comigo, por favor.

― Tudo bem.

Segui-a por um extenso corredor, até que ela parou na frente de uma porta de madeira.

― Espera essa não é a sala da diretora ― disse lendo o letreiro que especificava "sala do faxineiro".

― Exatamente ― disse ela abrindo a sala.

Aline então me jogou lá dentro, e passou a chave na fechadura antes que eu pudesse tocar na maçaneta.

― Qual é professora? Não quer que um aluno passe as últimas aulas do dia dele num lugar apertado e fechado.

― Na verdade eu quero sim. E espero que você seja alérgico a todos os produtos de limpeza que temos disponíveis. Se isso não te matar, com certeza os ratos vão.

Aline certificou-se mais uma vez de que a porta estava trancada.

― Pobres ratos ― disse ela voltando para sua sala.

Comecei a bater na porta e gritar por ajuda, mas todos os alunos estavam fazendo barulho em suas salas, o que com certeza Aline fez ser proposital para que ninguém me ouvisse. Mexi em meus bolsos, e percebi que estava com meu celular e o maço de cigarros. Peguei o celular e vi que ainda tinha 89% de bateria (se fosse filme de terror pode ter certeza de que o celular não ia nem ligar).

Fui à lista de contatos e liguei para Nick. O celular chamou duas vezes antes de cair na caixa postal. Droga! Ele desligou! Tentei então o de Eve, mas acabou caindo na caixa postal também. Foi aí que decidi tentar um número que nunca pensaria ter que ligar. Josh. Discou uma vez, duas vezes, e na terceira, ele atendeu.

― Alô?

― Josh. Josh, por favor, me ajuda.

― Andrew? Onde você está?

― Estou na sala do faxineiro. Aline me trancou aqui.

― Espera aí, como é que é?

― Foi isso que você ouviu. Por favor, você tem que me tirar daqui.

― Está bem, espera aí.

Desliguei o celular e esperei por uns dois minutos até Josh aparecer na porta.

― Andy! ― Disse ele ao me ver.

― Você não sabe o quanto estou feliz por você estar aqui.

― Espero que sim, tive que sair escondido da sala.

― Só me tira daqui logo.

Josh saiu e voltou num período de cinco minutos e conseguiu abrir a porta com a chave reserva da diretora. Assim que me vi fora da sala, abracei-o bem forte. Quando percebi o que eu tinha feito, saí de cima dele e tentei disfarçar a vergonha.

― Desculpa, eu realmente estava com medo. Não achei que Aline me odiasse tanto.

― É Andy, agora você tem um enorme problema nas mãos.

― Você não faz ideia ― disse enquanto me preparava para falar com a diretora. ― Vem comigo.

Assim que cheguei à sala da diretora, sentei-me na cadeira antes que ela pedisse.

― Ora Andrew, voltou bem rápido. Se não me engano, você é o primeiro aluno que consegue vir à diretora por dois dias seguidos. É que a maioria deles é suspensa e não voltam.... Enfim, o que veio falar comigo?

― Eu aceito a proposta.

― Foi tão fácil assim?

― Com uma condição.

― Pode me dizer.

― Eu quero acabar com esse "poder" que a Aline acha que tem, mas não farei isso se continuar se recusando a tomar seu papel como diretora.

― Só que é mais complicado que isso, não entenderia se eu explicasse.

― Então me ajuda. Não precisa ser diretamente, eu só preciso botar a Aline no lugar dela.

― Tudo bem então. Quando começam as audições?

― Espera, como assim?

― Vai comandar o clube não vai?

― Você só pode estar brincando, não é?

― Infelizmente não, precisamos de um treinador para o clube do coral, e se não for você, terá que achar alguém que esteja disposto a fazer isso.

― Vou fazer o possível.

― Até lá tome cuidado com a Aline.

― Obrigado diretora Ruth.

― Disponha.

― Ah! ― Disse voltando para a mesa dela. ― Preciso de autorização para entrar.

Ruth me deu o papel, e eu e Josh voltamos a andar pelos corredores, até que Josh puxou assunto.

― Qual o lance com a diretora?

― Um acordo, para ela me transferir para o segundo ano. Não quero ter que fazer o primeiro de novo.

― Deve ser horrível. Ter que aturar esses pirralhos.

― Nem tanto, o povo do terceiro que é mais bagunceiro ― comentei lembrando das raspadinhas.

Josh ficou quieto por um tempo antes de mudar de assunto.

― Sabe o que eu lembrei?

― O quê?

― Que não foi para a festa de confraternização ontem.

― Desculpa, eu tive uns problemas em casa, não deu mesmo.

― Mas não pense que vai se livrar fácil.

― Como assim?

― Vou dar a minha festa de aniversário nessa sexta, quer vir?

― Você vai convidar gente da escola? Não sei se aguento esse povo sem noção.

― Por favor ― disse ele fazendo um biquinho. ― Seria uma pena se você não fosse.

― Ah, não! Eu não acredito que você ainda faz isso para conseguir o que quer.

― Sempre consigo lembra?

― Está bem, eu vou à sua festa, mas já te aviso que eu não garanto nada sobre bebidas e alguns vômitos pelo chão.

Josh e eu rimos por alguns segundos, até percebermos que tínhamos que voltar para a aula.

― Bom, até mais Andy ― disse ele me abraçando.

― Tchau Josh ― respondi após ele sumir nos corredores.

Continuei andando nos corredores, até parar na porta da minha sala. Assim que abri a porta, Aline já se levantou da mesa para me repreender, mas eu lhe entreguei o papel e fui sentar.

― Ah! ― Disse com um tom irônico de quem se esqueceu de alguma coisa. ― Da próxima vez que trancar um aluno no armário do zelador, lembre-se de tirar o celular dele.

Toda a sala vaiou enquanto eu sorria vendo o olhar de fúria de Aline direcionado a mim.

Após acabarem as aulas do dia, saí feliz da escola, com um sentimento revigorante de quem deu uma pequena voltar por cima, mas ainda faltava resolver um assunto. Toquei no meu bolso e senti o maço de cigarros amaçados que provavelmente eram da minha irmã.

― Não sabia que você fumava ― disse Nick que chegou de surpresa atrás de mim.

― Não fumo ― respondi guardando o cigarro.

― De quem é isso?

―Não sei ― respondi enquanto andávamos a caminho de casa. ― Mas estou com medo de descobrir.

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