Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

[HARRY] Four

4

O REI DAS FESTAS DA OMICRON

Mais forte, papai! Vai... Mais forte!

Acordo com a sinfonia de gemidos ecoando pelo quarto. Leva alguns segundos para eu perceber que não se trata de um casal trepando aqui dentro e sim de Bryan batendo punheta enquanto assiste a um pornô.

— Vai fazer essa merda no banheiro, cabaço! — eu resmungo ao mesmo tempo em que jogo um tênis qualquer em sua direção.

Ele é pego de surpresa e se levanta da cama em um pulo, subindo as calças de qualquer jeito e se mandando do quarto.

Esfrego os olhos e gemo, frustrado. Não sei quanto tempo dormi, mas aposto que foi pouco. Lembro que eram quase três da manhã quando Teddy inventou aquela competição idiota de quem virava mais uísque barato sem vomitar. Eu ganhei, é claro. Mas não sem antes ficar fodidamente bêbado.

A notícia ruim é que estou com uma ressaca dos infernos agora, mas a boa é que finalmente vou dizer adeus a esta merda de quarto compartilhado no térreo com um bando de punheteiros nojentos e finalmente vou para o andar de cima, onde dividirei uma suíte espaçosa e com um banheiro exclusivo e decente apenas com Ed. Nem acho que vai demorar para enfim conseguir um quarto individual. Já me tornei a alma das festas da Omicron e olha que nem mostrei todo o meu potencial...

Meu celular vibra, distraindo-me das minhas resoluções otimistas. O nome no visor faz meu coração palpitar. Tusso algumas vezes, tentando limpar a voz e não soar como alguém que acabou de acordar depois de uma bebedeira sem precedentes.

— Bom dia, linda. — saúdo minha gatinha o melhor que posso. Agora que serei transferido para um quarto decente e já não sou uma escória na fraternidade, poderei finalmente abrir o jogo com Ambrosine. Já não tenho motivos para sentir vergonha do buraco em que venho dormido ou da minha posição constrangedora de limpador de pratos e cortador de grama destes idiotas.

— Oi. — ela responde de forma seca.

Ela provavelmente ainda está chateada por eu não ter conseguido ir para Miami com ela. Planejamos essa viagem por meses e eu notei como ela ficou triste quando eu precisei cancelar em cima da hora. Eu não fui o único que Wood escalou para o treinamento intensivo pré-amistoso, mas tenho certeza de que fui o que ele mais sentiu prazer em ferrar.

Venho treinando todos os dias, manhã e tarde. Sou sempre o primeiro a chegar na quadra e o último a sair. Esgoto toda a minha energia na esperança de ouvir, no começo de janeiro, o meu nome ser convocado entre os titulares para o jogo contra Grand Canyon. Stanford vem tendo um desempenho aquém do esperado e está em quinto no ranking nacional da NCAA. Teremos apenas um amistoso antes do início da temporada regular, ainda em janeiro, então preciso mostrar um bom desempenho nesse jogo para ter a chance de ser convocado para participar da temporada. Wood vai usar esse amistoso como régua para escolher os novatos que julga merecerem um lugar entre os atuais titulares.

Ter Teddy ao meu lado é um ponto a favor. Wood escuta os jogadores de maior destaque. E onde estão os jogadores de maior destaque? Na Omicron, é claro. É por isso que termino em uma festa após cada treino. Nunca é só uma competição idiota de quem bebe mais, existe todo um networking por trás.

— Dormiu bem? Ansiosa para a virada do ano? — pergunto enquanto me levanto. Meu corpo inteiro dói. Espreguiço-me e procuro pela minha camiseta. Nem lembro como terminei sem ela.

— Onde você está? — ela ignora minhas perguntas.

O que está acontecendo? De início pensei que fosse só uma chateação qualquer. Eu liguei para ela e tentei me fazer presente durante todos os dias do recesso. Sempre que saía da quadra, mesmo exausto, passava até meia hora no telefone conversando sobre o dia dela e o que tinha feito.

Pensei que, a essa altura, ela já estivesse ok com o fato de eu não poder ter ido para a viagem. Eu preferiria mil vez estar curtindo uma praia em Miami com a minha gata do que treinando ou confraternizando com a galera da Omicron. Mas as coisas são como são e Ambrosine precisa entender.

— Em casa. — digo. Porque é a verdade. Minha nova casa. Ela não sabe dessa parte ainda e já está passando da hora de eu contar. Sei que ela vai até querer fazer chamada de vídeo para conhecer o novo lugar. Preciso levar minhas coisas logo para o andar de cima. — Não tive treino hoje, acordei não tem muito tempo...

— Sério, Harry? — ela pergunta de um jeito brusco. Fico confuso por um momento e sinto uma pontada de raiva. Por que ela está falando comigo desse jeito?

— Não estou te entendendo...

— Eu é que não estou entendendo o porquê de você estar mentindo para mim. — ela me corta, ácida. — Porque eu decidi fazer uma surpresa para você e voltei mais cedo de Miami. Pousei agora há pouco em Palo Alto e vim direto para o seu apartamento, mas aparentemente você e Ed não moram mais aqui.

Merda. Passo a mão livre pelos meus cabelos desgrenhados, ansioso. Merda, merda, merda!

— Sobre isso... Eu juro que ia te contar. Onde você está? Vou te buscar. — começo a falar, mas acabo me atropelando nas palavras. Não era para ela descobrir dessa forma, eu devia ter contado antes. Harry, seu otário!

— Nem sei se quero ver você, Harry. — ela diz simplesmente.

Meu coração se aperta. Não, inferno! Não posso deixar que ela pense que minto para ela. Porque eu não menti. Não exatamente. Só ocultei uma informação que achei que não era conveniente contar ainda.

— Amor, eu vou te explicar tudo. Onde você está? — repito a pergunta, nervoso.

Já estou calçando meus tênis de qualquer jeito e procurando minhas chaves. Nem acredito que ela está aqui. Estou feliz e preocupado ao mesmo tempo. Esperava que ela viesse aqui só depois que eu tivesse um bom quarto individual no último andar para levá-la. Ainda não sou grande coisa na Omicron, fui aceito oficialmente ontem.

Mas terá que bastar.

— Em frente ao seu antigo prédio. Eu juro que estou por um triz de voltar para o aeroporto e...

— Não, espere por mim. Por favor. Chego em um piscar de olhos. — quase imploro.

Ela não responde nada, só desliga.

Apresso-me para fora do quarto, correndo. Ainda tem resquícios da festa de ontem por toda a casa. Felizmente não fiquei responsável pela limpeza dessa vez e torço para que já tenham deixado o lugar em ordem antes de eu voltar. Quando cruzo as portas de entrada, avisto Ed, Pam e Claudia, a garota ruiva que Ed estava pegando ontem, fumando um baseado deitados em espreguiçadeiras no jardim.

— Acordou, meu campeão? — Ed pergunta, os olhos vermelhos de tanto fumar. — Você virou o herói da Omicron depois de derrotar Teddy no lance do uísque. Claudia estava me contando que vão até tirar você da limpeza de vez.

— Ed, preciso de um favor. Tem como você tirar minhas coisas daquele chiqueiro que eu estava e levar para o seu quarto enquanto estou fora? — peço, ignorando o que ele disse antes.

— A fama já subiu à cabeça, Sanders? Vai fazer seu próprio amigo de empregado? — Pam pergunta, soprando a fumaça de seu cigarro de uma forma teatral. Ela continua me olhando desse maldito jeito que me tira do sério.

Mesmo quando está no colo de Teddy ou até mesmo beijando-o, ela me encara dessa forma sugestiva. Ainda não sei se a garota me odeia e tem algum prazer mórbido em planejar meu assassinato enquanto me olha ou se é alguma outra coisa igualmente nauseante.

Ontem, depois que Teddy saiu da cola dela para vomitar, ela se aproximou de mim puxando alguma conversa da qual não me lembro de uma vírgula. Só sei que saí de perto o mais rápido que pude. Acho que foi por volta desse horário que capotei.

— Ed? — eu me concentro nele, esperando sua resposta.

— Claro, cara. Mas por que a pressa?

— Ambrosine está aqui. — digo, retomando meu trote rumo ao meu carro.

Escuto um "quê?" grupal, mas já estou longe demais para dar mais explicações.

Preciso pensar com cuidado no que direi a Ambrosine quando a vir. Sei que ela está puta comigo. Nem quero pensar nas coisas que ela pode estar assumindo a meu respeito agora. Preciso que ela me escute e preciso mais ainda escolher bem as palavras para não piorar as coisas.

Já no meu carro, dirijo o mais rápido que posso até o meu antigo apartamento. Olho para o meu reflexo no espelho retrovisor e solto um palavrão. Estou com uma cara péssima. Olheiras profundas, barba por fazer e um cabelo tão desgrenhado que só passando uma máquina na zero daria um jeito.

É o reflexo de treinos e festas consecutivas. Pareço a porra de um zumbi e estou prestes a encontrar minha namorada gata para caralho. O rosto daquele mauricinho Elijah vem logo à minha mente. Sinto o ciúme borbulhar dentro de mim. Merda. Não aceito perder para um engomadinho daquele, isso jamais. Posso não estar na minha melhor fase, mas ainda sou Harry Sanders. Sei que Ambrosine é louca por mim. Aquele Elijah não tem a menor chance.

Paro em frente ao prédio e consigo avistar Ambrosine sentada no hall de entrada, uma mala ao seu lado. Ela mexe no celular com o cenho franzido. Dou graças a Deus por ela ter mesmo me esperado.

Salto do carro e me apresso pelas portas giratórias do edifício. O velho Clovis me encara de cara feia. Eu e Ed não éramos exatamente queridos pelos nossos vizinhos e porteiro. Tenho certeza de que respiraram aliviados quando nos mudamos.

Ambrosine ergue os olhos quando me vê, mas não sorri. Ela está maravilhosa. Usa uma calça jeans folgada, tênis e uma blusa de alcinha azul. O cabelo está preso em um rabo de cavalo alto e os olhos castanho-esverdeados reluzem, mas não de felicidade.

Ela está com muita raiva.

— Oi, gatinha. — eu dou dois passos na direção dela, mas ela fecha a cara para mim e se levanta, passando por mim com pressa e saindo do prédio. Com um suspiro, pego a mala que ela deixou para trás e a sigo.

Ambrosine abre a porta do carona e entra dentro do carro sem olhar para mim. Abro o porta-malas e guardo sua bagagem, dando a volta no Corvette até a porta do motorista. Entro e a encaro de soslaio.

— Você está linda. — elogio não só porque ela está mesmo linda, mas porque estou desesperado para amansar a fera.

— Pena que não posso dizer o mesmo. — ela me encara rapidamente e logo desvia o olhar.

Ai, essa doeu.

— Está me chamando de feio? — ergo uma sobrancelha para ela, tentando fazer uma graça e aliviar o clima.

Ela bufa.

— Não estou no clima para suas gracinhas, Harry. Anda, me leva para a sua nova casa. A casa que você escondeu de mim por alguma razão que não consigo entender.

Não quero levá-la tão rápido para a república. Preciso primeiro preparar o terreno, explicar por que demorei a contar, fazê-la entender os meus motivos.

— Que tal um brunch no Backyard Brew primeiro? — pergunto, tentando fisgá-la. Ambrosine amou aquela cafeteria quando veio aqui da outra vez.

Ela protela. Deve estar com fome, imagino.

— Tanto faz. — ela diz olhando para a janela. Namoro há tempo suficiente para saber que "tanto faz" é o "sim" das mulheres.

Todo o trajeto até Backyard Brew é feito em silêncio. Não me parece uma boa ideia começar o assunto sem estar cara a cara. Também acho que ela vai ficar mais aberta e compreensiva depois de um bom café. Por isso, quando finalmente chegamos ao local pitoresco, cuja decoração inclui uma picape antiga azul, e fazemos nossos pedidos, crio a coragem necessária para começar:

— Eu sei que devia ter te contado antes. Eu queria, juro que queria, mas você estava tão feliz no seu aniversário...

— Por que contar da sua mudança iria estragar minha felicidade, Harry? — ela me corta.

— Estou morando numa república. — conto logo de uma vez. Essa porra de planejar o que falar não é comigo. Sempre termino sendo direto e pronto.

Ela franze o cenho para mim, confusa.

— Pensei que você odiasse repúblicas. Mal conseguia conviver com os garotos dos alojamentos...

— Eu precisava morar na república da Omicron Delta Phi se quisesse ser aceito.

— Omicron Delta Phi? Aquela fraternidade que você comentou comigo há um tempo?

— É.

Ela cruza os braços.

— Mas eu te falei que não era uma boa ideia. Pesquisei tudo sobre eles quando você me contou e vi que são super rigorosos e fazem uns trotes terríveis com os calouros...

— É a fraternidade dos caras do vôlei, Ambrosine. É o lugar certo para mim. — explico. Eu sabia que ela não ia gostar. Existe um motivo para um pensar dez vezes antes de contar qualquer coisa a ela: sei que ela fará mil pesquisas e tirará duas mil conclusões. Ela é assim com tudo, especialmente comigo.

Ela me estuda com os olhos. Parece em um conflito interno. Imagino que esteja refletindo se deve ou não me dizer o que fazer.

— Quer dizer então que você entrou para a Omicron?

— Fui aceito ontem. — digo com orgulho.

— E está morando com eles. O que exatamente você precisou fazer para te aceitarem, Harry? — ela indaga, desconfiada.

— Nada demais. — respondo rápido.

Não vou falar para minha namorada que virei faxineiro, jardineiro, vendedor ambulante e o caralho a quatro. Ela não precisa saber das noites em que precisei beber e usar coisas que não beberia nem usaria normalmente apenas para ser aceito nas rodas certas. Foi um sacrifício necessário para conseguir meu green card. Não quero que ela se preocupe ou que olhe para mim com pena. É o pesadelo de qualquer homem receber esse tipo de olhar da própria mulher.

Ela estreita os olhos, nem um pouco convencida.

— Não acredito em você. — diz simplesmente. — Você nunca me conta quando há algo de errado.

— Porque não faz sentido contar. Eu sou homem, Ambrosine. — falo de um jeito um tanto duro. — Eu tenho que resolver meus problemas, não sobrecarregar você com eles. Tá tudo certo, fica tranquila. Consegui entrar na fraternidade e agora as coisas vão melhorar.

— Você está com olheiras profundas. Não tem dormido? — ela continua sua investigação.

Estou começando a ficar irritado. Não gosto quando ela fica me analisando dessa forma, tentando encontrar defeitos ou desvendar meus pensamentos. Odeio quando ela se preocupa comigo de uma forma maternal, simplesmente não acho certo que eu desperte nela qualquer coisa diferente de admiração ou tesão.

— Eu estou bem. — reforço, dessa vez mais incisivo. — Eu treino para caralho. É impossível não ter olheiras.

— É possível se você dormir bem. Os quartos na república não são bons? — ela continua.

Porra, era por isso que eu não queria contar. Ela vai perguntar sobre cada mínimo detalhe, mesmo que eu claramente não queira falar sobre.

Nossos pedidos chegam, impedindo-me de dar a ela alguma resposta atravessada e me arrepender depois. Minha impulsividade sempre foi meu calcanhar de Aquiles. Tenho sérias dificuldades de controlar meus ânimos quando estou frustrado. Mas com ela eu procuro sempre me controlar, porque ela é a única pessoa no mundo que eu simplesmente não suporto magoar.

Mas eu a magoei, sei disso. Respiro fundo e falo:

— As coisas ainda estão se ajustando. Preciso que você entenda, amor.

Ela amolece um pouco quando digo "amor". Essa percepção faz meu coração se aquecer. Sei que ela me ama tanto quanto eu a amo. Por mais controladora que ela seja às vezes, sei que no fundo só quer o meu bem.

— Eu só queria que você tivesse me contado antes. — ela desabafa, os olhos tristes.

— Eu não queria te preocupar à toa. Você já não curtia a ideia de eu entrar na Omicron, você sabe que teria tentado me dissuadir. Eu também estava esperando conseguir um quarto melhor para poder te contar. Agora consegui.

— Como era o quarto anterior? — ela pergunta, curiosa.

— Terrível. — não dou mais detalhes. Ela não precisa saber da insalubridade de um quarto cheio de caras.

— Quero conhecer a república. — ela pede, mas soa mais como uma ordem.

Acho que não vou mais conseguir adiar isso.

— Te levo lá depois daqui.

— Harry, eu não quero que você me esconda as coisas. Eu teria entendido seus motivos se tivesse me contado desde o começo.

— Teria mesmo? — pergunto, erguendo uma sobrancelha.

Ambrosine está acostumada com a UCLA, tem um grupo confiável de amigos, uma irmandade tranquila que não ofereceu resistência em aceitá-la. Tem uma rotina normal de aulas, mora com a irmã mais velha. Ela está em uma atmosfera segura e confortável e simplesmente não entende o que é estar do lado de cá. Todas as vezes em que eu contava algo que Wood fazia ela dizia que eu não podia deixar que o homem me tratasse daquele jeito. Quando eu contava das coisas que precisaria fazer para entrar em uma fraternidade, ela ficava chocada e dizia para eu não me sujeitar.

Como se eu tivesse escolha.

— Eu teria me esforçado. — ela se corrige à contragosto. — Ainda assim, eu prefiro a verdade. Sempre.

— Tudo bem. Vou te contar as coisas em tempo real a partir de agora. — prometo.

— E quanto a Ed?

— Ele está na república também.

— Tem meninas nessa república? — ela enfim faz a pergunta que eu estava torcendo para não surgir.

— Não exatamente. — digo e ela estreita novamente os olhos. Apresso-me a completar: — A casa em que estou é só para garotos. Mas as namoradas ou ficantes de alguns deles às vezes — minha cabeça automaticamente corrige para "sempre", mas ignoro e continuo: — frequentam. E nas noites em que tem alguma festa — novamente minha mente corrige para "todas as noites", mas ignoro. — algumas garotas aparecem, mas eu não dou confiança para nenhuma. Juro. — essa última parte ao menos é verdade. Algumas mais ousadas se aproximam de mim, mas não vou falar isso para ela e causar um ciúme desnecessário.

— Festas, é? — ela pergunta com uma voz neutra. Não sei se ela realmente não se importa ou se está apenas se esforçando para não se importar.

— Vamos? — pergunto depois de matar o meu café em dois goles.

Ela concorda e eu pago a conta. Quando estamos finalmente dentro do carro, faço o que eu queria ter feito no segundo em que coloquei os olhos nela no meu prédio antigo.

— Vem cá. — chamo e a puxo para um beijo recheado de saudade.

Fico tanto tempo longe dela que às vezes até esqueço como é bom ter uma namorada. Não uma namorada que seja só bonita e atraente para exibir nos corredores do colégio, e sim alguém que realmente mexa com os meus sentidos e descompasse o ritmo do meu coração. Alguém cuja presença me traga um conforto diferente de tudo a que estou acostumado.

Um conforto muito diferente do que o álcool traz quando se está cansado. Um sentimento de pertencimento que nenhum grupo de amigos proporciona. Estar com Ambrosine faz com que eu me sinta em casa. A sensação de sua língua na minha remete a um dia de sol em San Diego. Ela tem gosto de sorvete de menta, ela soa como um folk dos anos 70, ela cheira a puro e simples contentamento.

Ela é a personificação de tudo o que eu amo. E ter ela aqui, no lugar onde construirei minha carreira até me tornar um atleta profissional de voleibol, só faz com que eu me sinta mais forte e capaz. Ambrosine faz com que eu me sinta inteiro.

Quando o beijo se acalma até se tornar apenas um selinho, ela abre os olhos e me encara. Agora o reluzir é de felicidade. Ufa.

— Ainda não perdoei você completamente. — ela diz, mas o jeito apaixonado com que me olha diz outra coisa.

— Tenho algumas outras ideias para conseguir o seu perdão. — pisco para ela, que me dá um tapa de brincadeira no braço e ri. — Estou feliz que você veio.

Estamos bem novamente. Dirijo todo o caminho de volta para a república com um sorriso aliviado no rosto. Agora posso finalmente relaxar e aproveitar que ela está aqui.

Quando estaciono no lugar de sempre e abro a porta do carro para ela, pergunto:

— Você fica até quando?

— Minhas aulas voltam no dia 3. Mas vi que o único vôo saindo daqui para LA antes disso é amanhã à noite, então vou embora amanhã.

— Queria poder te levar para a UCLA de carro, mas eu parto depois de amanhã bem cedo para o amistoso. Quer dizer, se eu for chamado para o amistoso. — tento não transparecer meu nervosismo, mas ela nota.

— O treinador não escalou vocês ainda?

— Ele vai soltar o resultado amanhã.

— Tenho certeza de que ele vai te chamar. — ela sorri para mim e eu planto um beijo em seu nariz.

Seguro a mão dela e caminho até a entrada da casa. Os maconheiros já não estão mais no jardim, ainda bem. Durante o dia a casa fica bem vazia, porque a maioria está em aula ou coisas do tipo. A movimentação é intensa só na parte da noite. Só que agora estamos de recesso, então uma parte da galera viajou. A parte que ficou perambula pelo lugar.

Ed ficou, mas ele não precisou ficar treinando que nem eu o recesso inteiro. Ele conseguiu ser escalado de cara. Ele é um excelente jogador, mas nada me tira da cabeça que foi Teddy que conseguiu facilitar as coisas para ele com Wood.

Ao meu lado, Ambrosine analisa tudo conforme passamos. Ela torce o nariz para a montanha de copos de plásticos vermelhos e sujos em uma das lixeiras na entrada.

Subimos os degraus e eu abro a porta para ela.

A sala da minha república é enorme, mas quase nem tem móveis. Uma mesa de sinuca fica em um dos cantos, vários puffs coloridos e um sofá todo retalhado se empoleira no canto oposto e um bar antigo e caindo aos pedaços completa o cenário. Garrafas vazias de vodca e tequila enfeitam as prateleiras atrás. Tem alguns troféus avulsos também. Um sutiã foi emoldurado e pendurado em uma das paredes. Dizem ter pertencido à primeira reitora de Stanford.

— Decoração... Interessante. — ela diz, risonha. — Me mostre o seu primeiro quarto, estou curiosa.

— Não. — corto-a. Não vou levá-la naquele chiqueiro. Aposto que tem algum outro cabaço na punheta por lá. — A cozinha é ali.

Levo-a para a cozinha. Uns calouros estão cozinhando alguma coisa de aspecto nojento. Vejo Claudia dando instruções a eles. Ela é a única garota que eu não acho um porre nessa casa. Ela dorme na casa ao lado, mas cola em todas as festas que damos aqui. Ela olha para nós quando nos aproximamos.

— E aí, Claudia? Essa é a minha namorada, Amb...

— Rose Coleman, muito prazer. — Ambrosine se adianta. Seguro o riso. O tempo passa, mas a aversão dela ao próprio nome pelo visto não. — Você mora aqui? — ela pergunta, desconfiada. Reviro os olhos.

— Não, na casa ao lado. Só estou ensinando esses otários a fazerem algo de útil. — ela diz e os dois garotos reclamam, mas são ignorados. — Então você é a famigerada garota do Sanders. Pensei que seu nome era Amber... Ambrosa? Desculpa, minha memória é péssima.

Ambrosine me lança uma carranca e se volta para Claudia:

— Só Rose, por favor.

— Rose. Legal te conhecer, fofa. — Claudia diz, sorrindo de um jeito engraçado. Ela não é muito chegada à extroversão, é na verdade bastante tímida e na dela. Ed está tentando a sorte com ela há uns dois meses e só ontem ela deu alguma moral para ele. Nas últimas festas ela tem sido muito provavelmente a única garota que me sinto à vontade de estar perto sem me sentir dissecado vivo.

— Onde está Ed? — pergunto.

— Arrumando o seu ninho de amor. — ela brinca e eu mostro o dedo para ela.

— Ninho de amor? — Ambrosine parece não ter entendido a piada.

— Vai ficar para a festa da virada, fofa? — Claudia pergunta enquanto amarra os cabelos vermelhos tingidos. Ela se volta para mim: — Bryan e aquele magricela que dorme no quarto roxo duas portas depois do seu acabaram de descarregar na despensa três caixas fechadas de Red Bull e vinte garrafas de Smirnoff.  

— Não estava sabendo dessa festa. — Ambrosine olha para mim interrogativamente.

— Vão fechar a rua e tudo, todas as casas vão se juntar. — Claudia continua fazendo seu merchan.

— A gente ainda vai decidir se vai. — respondo rápido. A verdade é que a minha presença estava mais do que confirmada na festa antes de eu saber que Ambrosine estava aqui.

Não sei se ela vai curtir o ambiente. Sei que ela até vai em algumas festas na UCLA, mas nada se compara às festas que a Omicron dá. Fico ansioso só de imaginá-la no meio da bagunça.

Claudia me analisa brevemente. Ela deve ter notado que não dei todos os detalhes de como são as coisas por aqui para a minha namorada. Mas ela logo faz uma cara de "já entendi", porque até mesmo ela sabe que tem coisas que é melhor nem mencionar.

Puxo Ambrosine cozinha afora e começo a levá-la para o andar de cima, para o meu mais novo quarto.

— Não acredito que você me escondeu tudo isso esse tempo todo. Você deve ter feito várias novas amizades e eu nem tinha ideia. — Ambrosine reclama enquanto me acompanha.

— Não fiz, gatinha. Claudia se aproximou de mim e Ed tem só alguns dias. Fora ele, não me considero amigo de ninguém. — respondo a verdade.

É fato que agora conheço muito mais gente e me enturmei com a maioria que mora na república, mas não vejo nenhum desses recém-chegados como amigos. Todos servem a um propósito na minha vida, nada além disso.

— E nas aulas? Não conheceu ninguém legal? Conheci Elijah em Oratória, a gente ficou no mesmo grupo...

O nome do garoto faz meu pomo de Adão subir e descer.

— Já me contou essa história umas cinquenta vezes. — interrompo-a, sem paciência. — Não conheci ninguém nas aulas, Ambrosine. Ninguém que valha a pena.

A verdade é que eu dormia na maioria das aulas. Estava sempre esgotado dos treinos. Nem se quisesse teria feito algum amigo.

Paramos em frente à porta do quarto. Bato duas vezes, com medo de abrir e Ed estar pelado ou coisa assim. Não leva nem dez segundos para ele aparecer, sorridente.

— Rose, que surpresa boa! — ele dá um abraço de urso nela.

Examino o quarto. Até que ele fez um bom trabalho, pois está limpo e organizado. É espaçoso o suficiente para uma cama de casal e outra de solteiro, uma escrivaninha de madeira que provavelmente nunca será usada e um armário embutido ao lado de uma janela que dá para a rua. Do outro lado, a porta do banheiro. Os dias de sentir cheiro de urina de dez caras diferentes acabaram, amém.

Enquanto Ambrosine e Ed se atualizam das novidades e ela briga com ele por não ter contado da mudança, eu deixo a mala dela em um canto e analiso os lençóis da minha nova cama.

Parecem limpos. Eu estava cogitando reservar um hotel pelo tempo que Ambrosine estivesse aqui caso não estivessem.

— Eu vou indo para o térreo, vou dormir lá esses dias. — Ed diz a ela.

— Mas por quê? Não precisa sair do seu quarto por minha causa...

— Claro que precisa. Se manda, Ed. — empurro ele para fora e fecho a porta.

— Harry! — Ambrosine me encara, chocada. — Tadinho, é o quarto dele.

— É meu e seu pelo tempo em que você ficar aqui. — eu a puxo pela cintura e pressiono-a contra mim. Caralho, que delícia.

— Não corre o risco de alguém entrar? — ela olha nervosa para a maçaneta.

Tiro a minha cópia da chave do bolso e enfio na fechadura, trancando.

— E se alguém nos ouvir? — ela continua sua avaliação ansiosa das circunstâncias.

— Ambrosine, sons de sexo e gemidos são música ambiente em república. Ninguém dá a mínima.

Eu encaixo minha mão na curva de seu pescoço e deslizo um dedo preguiçosamente pela linha de sua mandíbula. Porra, nem acredito que vou finalmente transar. Espero durar pelo menos cinco minutos. Se eu soubesse que ela viria, teria batido uma para não passar tanta vergonha na hora H.

— Quer dizer que você escuta as pessoas transando aqui? — ela me olha com espanto. Parece mortificada. Isso porque não sabe da missa um terço, coitada.

— Só escuto. Não vejo nada. — digo. Não de propósito, pelo menos. Já peguei alguns casais no ato sem querer. Uma bosta. — É uma tortura ouvir, se quer saber.

— É? Por quê? — ela pergunta com uma pitada de malícia, finalmente entrando no clima em que eu já estou desde que a beijei no carro.

— Porque não quero ouvir os gemidos dos outros, quero ouvir o seu. Só o seu. — beijo-a devagar, apesar de estar entrando em combustão por dentro. O longo tempo de espera deixa cada terminação nervosa do meu corpo em estado de tensão. Sinto-me como se fosse virgem novamente e não soubesse o que fazer.

Ambrosine parece tão aflita quanto eu. Ela envolve meu pescoço com os braços, aprofundando o beijo e pressionando mais ainda o corpo contra o meu. Sinto o calor macio e bem-vindo de seus seios conforme eles se moldam ao meu peito. Gemo, rendido e entregue a ela.

Os momentos seguintes passam em um frenesi de mãos, pernas e beijos. Tento ir com calma, mas estou louco de tesão e falho miseravelmente. A sorte é que ela parece tão impaciente quanto eu, porque se desmancha na minha boca em questão de poucos minutos. Sinto o molhado de sua lubrificação lambuzar minha boca e a beijo para que sinta o próprio sabor.

Quando a penetro, um grito estrangulado rompe pela minha garganta. Estabeleço um ritmo intenso desde o começo, arrebatado pelo quão quente e apertada ela é. Os olhos brilham para mim, a boca nunca se fecha, sempre aberta um um "o" perfeito. Ela morde meu pescoço, arranha minhas costas, enlaça meus quadris com suas pernas e pede para eu ir mais rápido e mais fundo.

Uma pequena e arrogante parte de mim pensa que eu não preciso de pornô para imaginar uma mulher dizendo "mais forte, papai" para mim como os cabaços do térreo precisam. Sorrio com superioridade enquanto minha gata se deleita com meu pau enterrado dentro dela. Sou um filho da puta sortudo para caralho. Ninguém na Omicron tem alguém como Ambrosine Coleman para chamar de sua.

Sentindo-me a porra do rei do universo, desfaço-me dentro dela como fogos de artifício em uma noite muito escura. Tremo e a abraço com força, recuperando-me da intensidade atordoante do orgasmo.

• • •

— Tem certeza de que não quer passar a virada em algum outro lugar? — pergunto para Ambrosine enquanto ela se maquia no pequeno espelho do banheiro. Ela está usando um vestido dourado que é longo demais para ser considerado muito curto e curto demais para ser considerado longo. Ou seja, a perdição. Tento desviar os olhos das pernas dela enquanto visto minha camisa, mas está difícil.

Ainda tenho esperanças de que ela desista da festa da Omicron. Não sei o que ela vai achar.

— Quero conhecer melhor a sua fraternidade. Ainda mais agora que você está morando aqui. — ela diz de forma despretensiosa. Parece tranquila e indiferente, mas algo me diz que ela está apenas ocultando suas verdadeiras emoções.

— Não quero que se assuste se vir alguma coisa meio... Maluca.

— Tipo o quê? — ela me olha através do espelho.

Tipo gente se drogando. Tipo brigas. Tipo alguém recebendo um boquete debaixo da escada. Tipo pintos de borracha de decoração e esculturas de gelo em formato de mulher nua.

— Tipo gente bêbada. — é tudo o que tenho coragem de dizer.

Ambrosine bufa e revira os olhos.

— Eu não tenho cinco anos de idade, Harry. Já vi mais universitários bêbados do que grãos de areia em Santa Monica.

— Mesmo assim.

— Já começou a festa? Não estou ouvindo muita coisa daqui do quarto. — ela diz enquanto passa batom.

— Já. Os quartos daqui de cima tem um bom isolamento acústico. — digo enquanto observo a festa lá embaixo pela janela.

A rua já está cheia de gente. Penduraram luzes coloridas em todo o perímetro e improvisaram um palco para o DJ na calçada da casa da frente. Vejo alguns rostos conhecidos, mas ninguém parece muito bêbado. São umas nove da noite ainda, é claro. Tenho calafrios só de imaginar o que Ambrosine vai presenciar antes da meia noite.

Espero que ela fique cansada rápido e queira dormir. Não vou deixá-la muito tempo à mercê dessa galera.

— Que bom que você foi promovido nessa hierarquia louca da Omicron e conseguiu esse quarto. Espero que consiga dormir melhor agora. — olho para ela a tempo de vê-la me encarar com pena e preocupação. Ela logo desvia o olhar e volta a se concentrar na própria maquiagem.

Decido ignorar o desconforto que sinto com o olhar dela porque estou feliz demais por tê-la aqui. Passamos o resto do dia e o começo da noite inteiros perdidos nos braços um do outro. Matei a fome que eu estava dela e nada, absolutamente nada tirará esse sorriso satisfeito do meu rosto.

Vou até ela e beijo seu pescoço.

— Cheirosa. Vamos?

De mãos dadas, Ambrosine e eu descemos para a festa. Agora a música alta é capaz de fazer o nosso peito tremer. Desviamos de um monte de gente, espremendo-nos para conseguir passar. Sinto o cheiro de álcool e cigarro encher minhas narinas. Confesso que depois de vários dias entremeado por esses aromas, é meio reconfortante senti-los agora.

Minha garganta fica seca e me apresso em direção ao bar, ansioso para preparar alguma bebida.

— Pensei que não estivesse bebendo por conta dos treinos. — minha gata comenta enquanto me observa preparar uma mistura de vodca e energético. Sob a incisiva de seu olhar, acabo maneirando na quantidade de vodca. Ela ficaria horrorizada se visse as proporções que coloco normalmente no meu copo.

— Um jogador cansado precisa de um drink para relaxar de vez em quando, não? — tento fazer graça. O "de vez em quando" foi um eufemismo desleal, confesso.

Ela sorri, mas o sorriso não alcança os olhos.

— Só um dedo de vodca para mim. Ainda não me recuperei completamente da festa do preto.

Atendo o seu pedido e entrego a bebida para ela.

— E aí, Sanders? — John John ou JJ, um dos caras que passou a me adular depois que comecei a ser ativo nos eventos da Omicron, surge diante de nós. Ele já está sem camisa e sua em bicas. — Não te vi o dia inteiro, cara! Estou te devendo o pagamento da aposta de ontem.

Péssima hora, JJ. Fuzilo-o com o olhar.

— Outra hora, cara. Estou com minha namorada. — seguro Ambrosine pela mão e a levo para fora da casa.

Várias pessoas me parabenizam e saúdam pela aposta ganha ontem à noite. E nem estou falando do lance de beber mais uísque sem vomitar. No calor do álcool, inventaram uma aposta idiota e eu acabei concordando só porque sabia que ia ganhar. Não queria o prêmio nem nada. Tinha me esquecido dessa merda e agora todos parecem querer me relembrar.

— De que aposta estão falando? — Ambrosine pergunta quando finalmente alcançamos a calçada. Ela não parece brava, apenas curiosa. — Teve festa ontem à noite? Você participou?

A enxurrada de perguntas faz minha cabeça latejar. Antes que eu pense no que responder, Teddy aparece com Pamela a tiracolo.

— Sanders, até que enfim te encontrei! Quem é essa belezinha? — ele encara Ambrosine com os olhos brilhando de interesse. — Finalmente cansou de ser fiel à garota da UCLA? Nunca te vi por aqui, princesa. É de qual sororidade?

— Depois de virar o rei das festas da Omicron, é óbvio que ele não resistiria à tentação por muito tempo. — Pamela comenta, olhando de mim para Ambrosine várias vezes.

É óbvio que ela sabe que a garota ao meu lado é minha namorada e não uma outra qualquer que estou pegando. Por que está agindo como se não soubesse?

Ambrosine olha do casal para mim duas vezes antes de perguntar:

— Então quer dizer que Harry é o rei das festas da Omicron?

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro