Prólogo
Mira Estrela, 23 de setembro de 2011
O último raio de sol deslizava sobre a telha do casarão Camponelle, suas garras pareciam querer se fincar na eira, mas a garganta da noite as engolia.
Sanem respirou fundo, fora um dia exaustivo para o corpo e a alma, não estava em condições de lidar com Jean Benedict, não naquela noite, não depois de tudo o que ouvira dele. Seu desejo era se refugiar ali e não ter de lidar com o que a aguardava. O diário de sua ancestral Sanem Benedict, era nisso que precisava se concentrar, fora por ele que se submetera àquela situação, e seria dela naquela noite.
Sabia que precisava entrar, não fazia sentido permanecer parada diante do casarão. Olhou para a primeira janela do canto esquerdo do segundo andar e lembrou-se do relato dos bisavós. Fora aquela a visão de Adam Camponelle olhando a esposa com a filha recém-nascida na sacada há mais de sessenta anos. Enquanto seus olhos permaneciam pousados na fachada, sentia como se estivesse revivendo aquele momento único entre seus ancestrais, como se tivesse testemunhado a cena.
Os olhos da Camponelle alçaram voo para as demais janelas. Em qual dos quartos Jean estaria? Pensar nisso congelou a alma de Sanem. Ele estava ao seu alcance, ainda assim, havia um Everest entre eles, uma montanha de incertezas, frustrações e receios.
Com certeza seus ancestrais não passaram pela mesma situação, pelo contrário. Por que com ela precisava ser tudo tão diferente?
A imponente porta de madeira rangeu, abrindo-se, deixando um convite para a escuridão. A alma de Sanem podia estar petrificada, mas seu corpo, como se tivesse obedecendo a um comando oculto, aceitou o convite. O momento de conhecer os segredos de sua ancestral chegara. Finalmente poderia escrever o quarto livro da saga Benedict Camponelle.
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