Capítulo 1
O Prólogo de Sanem
Mira Estrela, 23 de setembro de 1850
Era o primeiro dia da primavera de 1850, e a flor mais singular daquelas bandas ganhava sua quinta pétala.
Sanem Benedict estava tomando café da manhã quando sua melhor amiga Anna Camponelle adentrou pela porta gritando o seu nome. A mãe de Sanem respondeu com outro grito, informando que elas estavam na cozinha.
As duas meninas deram as mãos e saíram correndo. Alguns minutos depois, chegaram à propriedade Camponelle — um casarão colonial com suas muitas janelas venezianas, favorecendo à luz natural, e um vinhedo a perder de vista. Eram vinicultores, além de pertencerem a uma longa linhagem de reverendos.
Sanem olhou para o quadro que ficava em destaque na sala principal e soube exatamente o que queria. O quadro mostrava seis gerações da família. Anna era a representante feminina da sexta geração, o representante masculino era o seu irmão mais velho, Juan, com dez anos na época da pintura. Jordão estava no colo do pai e Joseph no colo do avô.
Os Camponelles eram uma mistura de morenos de olhos cor de mel e loiros de olhos verdes, o que resultou em alguns descendentes com olhos âmbar, como era o caso de Juan. Anna era loira de olhos verdes. Mas isso antes da mistura com os Benedicts, fazendo com que os Camponelles passassem a ser uma mistura de morenos e ruivos.
Sanem havia perguntado à mãe e sabia que, se um dia fosse pelo menos a trisavó de alguém, precisaria casar e ter filho antes dos vinte e cinco anos, e seus descendentes deveriam seguir o mesmo caminho.
Além disso, com o passar dos anos, entendeu que teria de usar a seu favor todos os recursos possíveis para garantir a longevidade e a fertilidade da família, pois seu plano poderia não dar certo de muitas maneiras.
Poderia se casar tardiamente ou não conseguir se casar; poderia não ter um bebê — algumas mulheres não conseguiam —; poderia morrer jovem.
A mãe sempre lhe dizia: “Quer viver muito? Seja obediente e seus dias serão prolongados”.
E assim, olhando Juan naquela foto, em pé, ao lado da tataravó Annabella, Sanem soube que seu destino era um dia estar em um quadro como aquele, com Juan ao seu lado e ao menos quatro de suas gerações de descendentes ao redor, com muita, mais muita sorte, cinco.
Esse foi o seu pedido.
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