Toque Carmesim (Leve NSFW)
"Era Dante que sempre rompia os laços forjados pela simpatia com semelhantes tão quebrados quanto ele, estava se rendendo a vontade legítima de contato."
[Diva e Dante | +16 | Spoiler | Romance | Sexo implícito]
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Dante nunca se enxergou como um indivíduo carente de apego - vivendo em função de suprir a constante necessidade de ser um personagem importante na trama de alguém. Ser parte da vida de outros significava formar vínculos e, pelo seu histórico, não costumavam terminar em um final feliz para nenhum dos implicados. No entanto, em uma singular reviravolta, quase podia dizer que tinha mudado em sua conjectura: apresentado a uma perspectiva mais esperançosa e afetiva, sentiu que deveria agarrar essa peça preciosa para si e não soltá-la jamais. Ele que sempre rompia os laços forjados através do trabalho duvidoso que exercia e por espinhos internos que simpatizavam com semelhantes tão quebrados quanto, estava se rendendo a vontade legítima de tato.
Tirando a máscara imperturbável e o caráter irreverente, Dante se questionou se estava tão acostumado em desempenhar a figura típica de solitário desafortunado somente para manter todos que conhecia salvos, atuando por tanto tempo, que criou uma espécie de status quo para si mesmo.
Nunca confiou muito no seu senso de julgamento para qualquer assunto voltado ao emocional.
Agora, ali estava, com as mãos errantes desabotoando o casaco claro que o distanciava mais de seu objetivo que ofegava em expectativa e vergonha. Não importa quantas vezes acabavam íntimos, o quão as coisas fluíam para chegar nesse ponto, ela conseguia corar em todas como se fossem uma ocorrência nova - exatamente igual a primeira vez. Roçou languidamente os lábios pela bochecha tingida de um rosa sutil solvendo o perfume doce e inebriante impregnado na tez macia, recebendo um gemido tímido em resposta ao gesto suave e sedutor.
Com um manejo rápido, removeu o casaco de inverno e prosseguiu com suas dedicadas ministrações, ouvindo balbucios contidos e suspiros extasiados escapava dos lábios vermelhos entreabertos. Os dedos calejados e experientes percorreram o vestido que ela trajava com mais pressa, alcançando o vale dos seios onde a respiração entrecortada dela se travou. Diva estremeceu emitindo o gemido mais luxurioso que ousou escutar antes quando aplicou um pouco mais de força para apertar os montes sensíveis, atento para não se distrair demais caso ela demonstrasse incômodo ou dor.
As camadas grossas de roupas serviam como um obstáculo pelo qual se encontrava disposto a enfrentar somente para experimentar mais do calor que irradiava dela, ansiando explorar novamente cada área delicada para descobrir mais zonas que mereciam atenção e cuidados e memorizá-las como um mantra. Tudo nele gritava por mais, um impulso vigoroso que dominava suas ações e o incitava a liberar uma parcela dos seus mais profundos desejos e da frustração, apenas deveria... Seu olhar vagou para os seios desnudos e se ateve a cicatriz em um formato bastante único imprimido no ponto exato do coração. Uma marca que, pela sua óptica, se destacava mais pela superfície enrubescida. Tal qual a consciência desta, a epifania o atingiu ao recordar sua origem. Tão fresco em sua mente quanto possível: ela era de quando a apunhalou junto a Vergil.
Poderia se tratar de uma mera coincidência, mas não julgou dessa forma.
- Doçura, você pode se virar?
Diva franziu o cenho.
- Me virar? - indagou, confusa. - Tudo bem.
E lá estava ela: a sua cicatriz gêmea no mesmo ângulo que a do peito, confirmando sua teoria.
Deslizou o indicador pela marca, revivendo o momento de um passado longínquo.
Sem hesitar, Dante se encarregou de romper o controle das Trevas sobre a mulher junto de Vergil, ambos utilizando o punhal da dualidade para dividi-los - uma sincronia perfeita em um golpe certeiro. Um grito visceral irrompeu pela garganta ressequida da mulher, um misto vil de vozes que profanavam a essência real de quem ansiava resgatar. Diva retrocedeu, em choque, agonizando para que a entidade parasita fosse extraída com sucesso e lutando para reaver o controle ao seu corpo cuja identidade usurparam friamente. Foi naquele instante, minutos que se estenderam tortuosamente, que jurou não mais ter que cometer um atroz ato dessa dimensão contra ela. Ao vê-la cair flácida, seu mundo veio a baixo, ela não respirava, não tinha batimentos cardíacos tampouco reagia a estímulos.
Com ela imóvel em seus braços, tendo a certeza que cometera o pior pecado de sua existência, a chacoalhou com cuidado para testar uma abordagem mais direta que... Nada deu no final.
A chama bruxuleante e tênue, como de uma vela, da vida dela se apagou, pensou na época com mais uma perda para consumi-lo.
- Dante? - a voz preocupada de Diva o trouxe de volta ao presente, arrancando-o das memórias corrosivas. - Ei, Dante. Você está bem? De repente ficou tão calado. - franziu o cenho confusa. - Aconteceu alguma coisa? Me diga, por favor.
- Não se preocupe, doçura. Não tem nada que deva esquentar sua cabeça. - afagou gentilmente as costas dela sem desviar o olhar da cicatriz. - Só estou aproveitando para te mimar, sabe? Eu sei uma ou duas coisas pra te deixar nas nuvens.
- Me mimar? - a melodiosa risada preencheu o quarto. - E o que vai fazer pra me mimar? Ou melhor, pra me levar as nuvens?
Diva arfou com a movimentação.
Dante a virou com extremo cuidado, mirando-a como se estivessem se reencontrando após anos em uma busca interminável um pelo outro, duas almas descoordenadas que se reúnem para finalizar a jornada de dores e percalços que os separaram por anos.
- Tem certeza que está bem? - ela não pôde evitar a dúvida com o comportamento fora do padrão do meio-demônio. - Está agindo mais estranho que o normal...
Dante a ergueu com facilidade para que pudessem estar próximo, com o encaixe do quadril dela no seu.
- Dante, pode me explicar o que está acontecendo?
- Só estou aproveitando que está perto de mim. - deslizou a mão pelas costas nuas dela, subindo até a cabeça para aplicar uma leve pressão. - Vou te segurar e não soltar mais. Nunca mais te deixarei ir, Diva. Vou te proteger até que não reste mais nada em mim, nem assim iria parar...
Ele soava... Como um garotinho com medo de perder algo muito importante.
Sem saber exatamente como proceder diante dessa constatação, Diva mexeu no cabelo dele em um gesto cúmplice, amoroso e surpreso. Ele quase aparentava estar faminto, um homem incapaz de se satisfazer com migalhas de toques e a prenderia em seu caloroso abraço para se certificar de que não teria que dizer adeus novamente.
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