"Levei um dos pockys a boca, sugerindo a brincadeira. Nossa dinâmica harmoniosa nos garantia uma facilidade no quesito comunicação não verbal. Indiquei a ponta do doce gesticulando para que mestiço o mordesse"

[Dante e Diva | Romance]

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Mordi preguiçosa e distraidamente um pedaço do pocky sendo preenchida pelo prazer culposo de uma amante de doces. Não era sempre que tinha momentos de tranquilidade regadas a doces, quase um artigo de luxo, e desejava desfrutar cada minuto. Voltei a focar atenção no livro, franzindo a testa com o mistério central da história estar perto de ser desvendado, algo que atiçou mais minha curiosidade e fome. Prendi o delicado palitinho artificialmente rosa entre os lábios enquanto virava o penúltimo capítulo. Minha ansiedade pelo desfecho me estimulou a mergulhar mais na leitura.

Comi o quarto pocky e quando estendi a mão para alcançar outro, ocorreu-me uma ideia promissora e engraçada. Meu olhar recaiu sobre Dante que, assim como eu outrora, lia — uma revista aleatória que encontrou perdida pela sua mesa. Levantei com a caixa em mãos e me aproximei do mestiço que largou sua fonte atual de entretenimento apenas pra tentar descobrir o que eu tinha em mente, embora fosse mais perceptivo quando se tratava de mim. Levei um dos pockys a boca, sugerindo uma brincadeira. Nossa dinâmica harmoniosa nos garantia uma facilidade no quesito comunicação não verbal. Indiquei a ponta do pocky gesticulando para que ele o mordesse. Dante estudou minha expressão e sorriu de um modo enigmático. Talvez achando a situação em si bastante engraçada.— Então quer jogar? Tudo bem, vou te dar o que quer — lambeu os lábios vagarosa e provocativamente.

Coloquei-me a postos, preparada pra participar do jogo com ele, eufórica como uma criança. Com uma dentada poderosa, o meio-demônio partiu a sobremesa, segurando minha nuca — praticamente imobilizando-me — e roubou um beijo meu, provando consigo o sabor doce e viciante de morango. Desconcertada e surpresa, deixei o impulso de rir fluir por mim. Eu deveria saber que ele nunca perderia a oportunidade.

Não satisfeito, Dante pegou mais um pocky e o comeu, olhando-me com uma expressão divertida.

— Pronta pra uma revanche?