"Dante viu, por um efêmero segundo, um reflexo da sua própria infância interrompida — e o quanto queria preservar a inocência das filhas para que não tivessem o mesmo destino solitário dele e de Vergil."

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DE MÃOS DADAS, usando vestidos de cores distintas, as gêmeas balançaram os pequeninos pés inquietos enquanto aguardavam os últimos ajustes na massa prateada que ostentavam como uma característica dominante herdada do avô; uma com uma orgulhosa cabeleireira longa e a outra com um tímido corte ligeiramente acima dos ombros. Comportadas sobre o sofá velho, as duas meninas se entreolharam com fascínio pueril como se redescobrissem a imagem uma da outra, sorrindo docilmente em cumplicidade.

Não pôde evitar que o sorriso escapulisse ao contemplar a ternura em seu apogeu e escutar a melodia graciosa das risadinhas travessas das garotinhas.

Dante viu, por um efêmero segundo, um reflexo da sua própria infância interrompida — e o quanto queria proteger a inocência das filhas para que não tivessem o mesmo destino solitário dele e de Vergil.

Elas nunca precisarem passar por tal tormento.

— Agora sim. — exclamou em um tom delicado. — Duas verdadeiras princesas. Então, senhoritas, o que querem fazer?

— Solvete! — gritaram em uníssono com a máxima eloquência que meninas de quatros anos poderiam expressar.

— Muito bem, me convenceram. — pegou ambas no colo arrancando outra rodada de gargalhadas. — Seu velho pai vai mostrar como comer um sorvete. Só prometam não contar a mamãe.