An Maiden agus an Hunter (Parte I)
Até os acordes mais harmoniosos podem trazer a caos.
Dante, contragosto, recebe um trabalho de Enzo no qual precisa resgatar e escoltar uma famosa cantora, só não imaginava que uma simples missão pudesse lhe render uma das maiores dores de cabeça de sua iniciante carreira como Devil Hunter.
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RESSONÂNCIA DO ENCONTRO
PARA DANTE, CERTOS REQUISITOS PRECISAVAM ser cumpridos para que aceitasse qualquer serviço que lhe fora designado e nenhuma delas implicava em resgate de donzelas indefesas independente da quantia imposta para a finalização bem sucedida dele. De seu seleto círculo de conhecidos, que não era tão grande dada a seu infame nome e notória má sorte em atrair a morte para os tolos que o cercavam, Enzo possuía a determinação implacável quando se tratava de encher sua carteira e esbanjar dinheiro e, ao ser mencionado as exorbitantes cifras, se pôs a convencê-lo dos modos mais variados a aceitar o acordo para o bem comum. As visitas recorrentes do informante lhe traziam bastante dores e cabeça e tê-lo em seu pé o fazia repensar aspectos primordiais da sociedade que compartilhavam.
Nem seria a primeira vez que Enzo dava uma de esperto e subtraia os ganhos, poderia contar as inúmeras vezes e ia para a casa da centena.
Após uma prolongada sessão de falatório do rapaz, uma estratégia usual de convencimento que ele utilizava para vencê-lo pelo cansaço, o meio-demônio não viu outra alternativa a não ser aceitar o trabalho e colher os frutos que este lhe renderia. Talvez com sua parte do dinheiro pudesse reformar sua agência, trocar alguns móveis que já estavam bem desgastados, inserir novos jogos para atrair clientela para o seu negócio. Com um longo suspiro entediado, Dante agarrou a fotografia que entregue pelo contato, uma mulher que se proclamou como tutora da jovem musicista, e a fitou com minúcia pensando o que ela teria de tão especial para que sua cabeça estivesse a prêmio e, intrigado com esse detalhe, teria que descobrir o mistério por trás da fachada de “famosa cantora” que se exibia em revistas e meios midiáticos.
— Veremos o que sairá disso. — murmurou para si mesmo.
Enzo tagarelava a respeito do que faria com sua metade, incluindo bebidas e algumas mulheres, tecendo comentários sobre a enigmática senhora que lhe encarregou o resgate e como a garota que iria salvar era bonita demais para seu gosto pouco refinado. Ignorando as besteiras proferidas, Dante se encaminhou para o endereço onde suspeitavam ser o paradeiro da garota e do seu captor que exigia benefícios pelo rapto, além de ameaçar constantemente a vida dela para que se apressassem para pagá-lo antes que findasse com tudo. Teria que seguir instruções explícitas de manter discrição quanto ao objetivo e também para ser rápido em sua resolução.
— Um manicômio abandonado. — franziu o cenho ao ler a placa velha quase corroída demais para identificação. — Acredita nisso?
Dante esquadrinhou o espaço encoberto pela neve e parecendo ainda mais antigo do que se sugeria. Sem dificuldades, pulou o muro que separava a construção em ruínas da estrada e marchou em busca de uma entrada sem o risco de ter ele mesmo que abrir seu caminho para dentro.
— Ei, espera aí! — Enzo ganiu, não conseguindo a proeza de escalar sem se arranhar no processo.
— Fica aqui ou as coisas podem acabar feias pro seu lado. — alertou sentindo uma aura malévola em alguma área do casarão.
— Você que manda. — deu de ombros, sorrindo por não ter que lidar com a parte mais afanosa da tarefa.
Se infiltrando por uma janela quebrada, Dante explorou o primeiro cômodo do térreo vendo o que restou de mobília e como a nevasca, que assim como ele invadiu a sala, converteu em um santuário úmido e com forte aroma de terra congelada. A enorme instituição se constituía por três andares, o que o meio-demônio se encontrava, era o da recepção e da área recreativa: apesar da negligência no quesito cuidados básicos da estrutura, ainda poderia ser descrita como bonita devido a escolha de cores, a distribuição da decoração minimalista e a amplitude do espaço de deslocamento tanto do profissionais quanto dos pacientes. Cogitou o que poderia ter feito com que tudo fora deixado, aparentemente, as pressas, inúmeras hipóteses passaram por sua mente e nenhuma soava realmente lógica, exceto, é claro, razões menos mundanas e sim relacionadas a demônios.
Vasculhando uma porta de cada vez, o caçador achou pistas de outras presenças, sobretudo, pelas marcas de pegada gravadas no chão com barro seco o que atiçou seus instintos.
— Parece que estão usando esse lugar para outros fins. — comentou, elevando a cabeça com um tremor que sacudiu brevemente o local, derramando sobre si uma fina camada de poeira.
Dante se limpou desdenhosamente e prosseguiu em seu percurso, se dirigindo para o epicentro do abalo que seria o andar superior. Não mais tão cauteloso, ciente de que agora poderia deduzir que a garota estivesse ferida, correu pelo sinuoso corredor, abrindo as portas sem restrições e destruindo as fechaduras sem distinção. Entretanto, em uma das últimas, assim que o tilintar oco do fecho caindo no chão ecoou, algo veio em cima dele em um arrebato hostil. Fora um intervalo de segundos para se dar conta do atacante e sua investida brusca: a garota trajando um longo vestido cinza castigado pelo período de cárcere que mais se assemelhavam a trapos mal cuidados. Sem tomar fôlego, ela se impulsionou para arremeter um golpe que Dante bloqueou sem dificuldades, agarrando seu braço e a mantendo imóvel para tentar explicar que seu propósito era resgatá-la.
— Ei, eu não estou aqui pra... — antes que pudesse terminar a explicação, em um ato selvagem, a jovem lhe deu uma cabeçada forte o suficiente para atordoá-lo, não pela potência aplicada, mas sim pelo quão imprudente sua ação fora. Ambos não se equivaliam em termos de poderio físico, no entanto, isso não a impediu de golpeá-lo e aquilo genuinamente surpreendeu Dante.
— Você acabou de me dar uma cabeçada? — ele tinha que admitir que subestimou ela e não conteve a risada.
Irritada pela afronta, a garota retrocedeu e voltou a suas vãs tentativas de atacá-lo somente para arrancar o sorriso do estranho homem.
— Calma aí, eu não sou um dos bandidos. — afirmou desviando dos socos e chutes desenfreados combinados. — Sou mais um dos mocinhos. Estou aqui pra te salvar, a mando da sua tutora.
— Amara? — indagou surpresa.
Dante assentiu e mostrou a fotografia, por fim, tranquilizando a garota.
— Desculpe. Você me assustou. — respirou fundo aliviada. — Achei que fosse um dos sequestradores.
— Eu tenho cara de sequestrador pra você? — replicou mordaz.
A cantora franziu o cenho avaliando minuciosamente seu salvador, notando seu excêntrico modo de vestir — as botas simples, uma calça folgada escura e um chamativo casaco carmesim — e os “acessórios” que levava consigo — uma espada estupidamente grande e duas pistolas de porte respeitável e um tanto amedrontador —, principalmente pela falta de camisa ainda mais em um clima nevado com temperaturas baixíssimas.
Definitivamente não tinha cara de um, talvez um homem com um gosto questionável para moda.
— Você não sente frio? — se bateu mentalmente pela questão tão inadequada.
Dante sorriu, porém não pôde responder com mais um tremor.
— Temos que sair daqui, pelo andas das coisas, esse lugar vai a baixo. — a jovem assentiu, segurando a base do saiote do vestido. — Vamos facilitar as coisas, babe. — com um sutil movimento, o caçador começou a rasgar o excesso de tecido que atrapalharia a fuga e jogou os pedaços fora, diminuindo assim o comprimento do traje, o que pareceu não incomodar em absoluto sua dona. Durante o procedimento o mirou curiosa e o agradeceu pelo recorte e o novo estilo em um tom espirituoso.
Se pondo em marcha, Dante acelerou o passo e estranhou o toque repentino em sua mão em meio a corrida. A garota estava tentando acompanhá-lo com o máximo que sua reserva de energia permitia, entre tropeços desajeitados ocasionais. Retribuiu o gesto sem reduzir a velocidade, mas sendo prudente para levá-la se faltasse fôlego.
— Onde estão os caras que te raptaram? — Dante perguntou ao recordar desse pormenor.
— Bem, provavelmente mortos pelas coisas que habitam o casarão.
Dante refreou o ritmo da evasão e fitou a mulher com o cenho franzido.
— Que tipo de coisas?
— Demônios. — disse sem titubear. — O plano do sequestro não era me devolver viva, eles pretendiam me usar como sacrifício. De certa forma, invocaram algum demônio grande pra esse lado.
O meio-demônio arqueou uma das sobrancelhas com o conhecimento da jovem com relação desse assunto.
— Não posso deixar isso pendente, mas também não posso arriscar sua vida. Preciso te levar de volta, de preferência inteira.
— Ora essa, sou perfeitamente capaz de me defender. — arquejou indignada. — Além disso, seria difícil escapar sem que ele notasse nossa presença.
— Nesse caso, iremos pro combate. — sacou Rebellion com uma pose confiante que encorajou a garota a embarcar na batalha.
Outro tremor.
Mais perto.
— Ele está vindo.
Na escadaria, descendo com passadas pesadas, uma criatura se revelou fixando seu olhar perverso e predatório na cantora como seu alvo principal. Ela ganiu exasperada quando a besta feroz se lançou para abatê-la como uma presa e arregalou os olhos, impressionada, com a rapidez de Dante que se prontificou a protegê-la e arremessou para longe o ser com sua espada. Por mais absurdo que tudo soasse, seu salvador fazia aquilo parecer meramente um jogo no qual tinha certa perícia.
— Não tão rápido, não é assim que se chega em uma mulher.
A cantora tocou a garganta imaginando se teria ainda como executar alguns acordes para não acabar a mercê. Pigarreou, irritando levemente a traqueia ressequida, pegando todo fôlego e iniciou a cantoria que manifestava suas habilidades através de uma música que entrava em uma frequência intensa para ocasionar os mais diversos efeitos dependendo de sua vontade, o ressonar das notas vocais afetou o demônio que grunhiu em fúria. Manejando sua extensão vocal, dedicou sua centelha energética na canção, projetando uma vibração potente o bastante para provocar danos e, nesse momento, paralisar a criatura garantindo a Dante, que estava surpreso com a performance, o sucesso para derrotá-lo sem nenhuma complicação.
— Quando disseram que era cantora não especificaram que fazia esse tipo de coisa — comentou graciosamente.
— Sou uma caixinha de surpresas. — fez uma mesura de agradecimento típico de uma profissional dos palcos.
— Ainda teremos um show pra continuar. — anunciou com o surgimento de novos demônios. — Se me der a honra de me acompanhar — a garota sorriu com a mão que lhe fora estendida, aceitando o dueto de bom grado.
Enzo encarou o relógio impaciente, aguardando o retorno de Dante com sua premiação. Meditou sobre a razão da demora e que, para alguém do calibre do caçador, nocautear alguns bandidos medíocres não seria um desafio árduo para exigir tanto de seu tempo. Tentou se erguer sobre o muro para ver o terreno e buscar, mesmo que superficialmente, uma pista para sua localização — precisava se certificar que não tinha sido abandonado a própria sorte sem a grana prometida.
E se Dante estivesse cansado dos trabalhos que o encarregava?
— Onde está esse preguiçoso? — resmungou, ajustando o chapéu que usava, irritado com os delicados flocos que continuamente recaíam sobre si. O universo gostava de implicar com sua sorte, ainda assim, permaneceu ali perseverante para não perder a chance de obter sua porcentagem.
— Quem você chamou de preguiçoso? — a voz imponente lhe inquiriu com um tom ácido após passar, sem esforço, pelo portão que desmoronou com a passagem abrupta, assustando o rapaz distraído que caiu sobre o chão gelado coberto de neve.
— Dante! Finalmente voltou, parceiro! — saudou, se recompondo e sorrindo com a visão do parceiro carregando a cativa em suas costas. — Essa é a cantora do foto? Ela é mais bonita do que pensava. — quis checar mais de perto a jovem, porém recebeu um olhar ferino de advertência de Dante que congelou seu espírito e cortou sua graça. — Eh... E, bem... Vamos pegar nosso dinheiro, não é?
A despedida não fora complicada, pegar a maleta com o generoso pagamento também não foi. Por mais intrigante que tenha sido a situação toda e o curto período que se conheceram, Dante nunca soube do nome da garota que salvou, ela estava desacordada, pela exaustão, e não viu a finalização da missão tampouco o contato com sua tutora, a senhora amável que agradeceu pelo ocorrido e qualquer inconveniente nesse intercurso.
Fora interessante e, se arranjar alguma folga decente, iria a uma das apresentações da jovem mesmo que ópera não fosse exatamente do seu gosto pessoal.
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