De todas as noites que eu passei

Talvez a solidão seja a minha mais insistente companheira.

Passo madrugadas ponderando, questionando

Será que o amor existe?

Se há um lugar para se esconder

Certamente são nos contos de fada

Onde encontra-se a mais perfeita fábula

Uma explosão quase que diabética de doçura.

Mas até que ponto isto não é uma fuga, eu me pergunto

Até que ponto não se trata de apenas mais uma fantasia

Criada para vender livros e filmes de finais felizes

Que aquecem nossos corações em noites frias.

Para alguns, talvez o que eu digo seja uma mera viagem

Como se pode questionar a existência dele? Esta entidade que se chama de amor?

Talvez eu esteja errada. Talvez meus devaneios sejam puro ressentimento.

Não sei se há, nesse coração, espaço para mais frustração.

Não sei. Tenho muitas dúvidas.

Nenhuma delas sanadas com esta experiência sádica divina que é viver.

Parte de mim gostaria de conhecê-la; Aquela mulher que me fará voltar a acreditar no amor.

Após tantas iniciativas frustradas, no entanto, é de se questionar

Há luz no fim do túnel? Ou o túnel é, em verdade, um beco sem saída?

No final destes meus escritos, concluo que não importa.

O amor romântico não precisa ser real. Não durante a minha existência.

Que outras formas de amor estou ignorando? Será que minha busca pelo inatingível não me esgota?

Sim, ela certamente me esgota.

Durante muito tempo, foi-me vendida a ideia de que somente me faria completa ter um homem ao meu lado. Ou, quem sabe, uma mulher.

E se eu me bastar?

E se eu não precisar de nada disso?

Em verdade, todos esses questionamentos poderiam ser evitados

Se essa busca inalcançável pelo amor tivesse como trajeto o meu próprio ser

Ninguém é uma ilha, disto sei bem. Mas, se a solidão me toca, por que não fazer dela uma morada?

Não há mal algum em ser só.

E apreciar a si mesmo é o primeiro passo para apreciar a própria existência.

Somos só um. Morreremos sozinhos, nesta experiência sádica divina em que somos deixados ao léu num mundo terrível, tal como ratos de laboratório.

Estar bem consigo mesma é a maior prova de amor que eu posso receber.