17 | LUZES DA CIDADE
O final daquela noite de sexta-feira parecia um inferno completo. Eddie e Taylor levaram Frank até Max para que ele mesmo entregasse os papéis. Então, depois que Max queimou todas as folhas possíveis, para evitar que o que quer que estivesse ali vazasse, Eden caiu em uma espiral miserável de coisas horríveis.
Frank não tinha nenhum documento que pudesse incriminar o pai de Max, Lord Bassington. Na verdade, Frank estava chantageando Max, pois ele tinha um detalhe importante sobre sua vida que poderia realmente destruir sua imagem - o cara era secretamente pró-nazista e tinha a maior coleção de pinturas de Adolf Hitler no porão da propriedade Bassington, onde antes existia uma antiga adega. E claro, como se toda a situação já não fosse estranha o suficiente, Max também tinha um pequeno pedaço do corpo de Hitler, mergulhado em formol, e dizer que o choque com a informação era algo presente na expressão de Eddie, talvez não fosse suficiente para entender tudo.
Max estava sendo chantageado por causa de suas ideias nazistas e, se esses detalhes fossem revelados, ele ficaria sem muito mais do que apenas o emprego. Ele ficaria sem qualquer apoio financeiro. E queimar os papéis não foi suficiente, pois Frank quis brincar um pouco com a sorte e registrou toda a briga entre Max e Eddie, depois de toda a revelação, em seu antigo gravador. A partir daí, a noite terminou com: uma porta arrancada, uma nazista morta, outro nazista ferido, um jornalista com uma faca cravada no braço, um testículo mergulhado em formol sendo comido pelo cachorro da família Bassington, e um Matteo muito furioso sendo acordado no meio da noite para limpar mais uma bagunça de Eden.
Um Matteo realmente muito zangado.
— Há um corpo dentro desta casa que precisa ser eliminado e um cavalheiro um tanto desagradável que requer sua atenção — alertou Taylor.
Frank estava sentado na traseira do carro de Eddie, que havia aberto o porta-malas. Eddie havia tirado a faca de seu braço - um ferimento não tão grave, que ele conseguiu graças a "governanta" de Max, que estava tão perturbada quanto o próprio Max. Depois, ela fez o que pôde com o que tinha, controlando o sangramento. E então Frank encontrou o caminho até o carro, enrolado em um cobertor e realmente fraco demais para sequer pensar direito.
— O que aconteceu, chefe? — Keith perguntou.
Ele e Blanket estavam do lado de fora o tempo todo e como o som mal chegava lá, a surpresa foi realmente muito grande quando Taylor apareceu com um Frank atordoado, pedindo aos dois que fossem buscar Matteo, sem muita explicação além disso.
— Depois de uma revelação um tanto bizarra...
— O cara era nazista — Eden completou o que Taylor tinha a dizer.
— ...As negociações tomaram um rumo inesperado — continuou ela — Houve algumas pequenas divergências sobre a estrutura do nosso acordo. Mas Eddie aqui provou ser extremamente capaz de arbitrar a conversa.
— Eu usei uma granada velha e explodi uma porta ainda mais velha, quase matando o maluco do cabelo com gel no caminho — Eden deu de ombros.
— E depois das inevitáveis idas e vindas, conseguimos resolver termos que eram... aceitáveis para todas as partes.
— Apaguei Max depois que Taylor atirou em sua governanta esquisita.
— E ela morreu? — Blanket perguntou.
— O cadáver é definitivamente ela — Taylor murmurou.
— E o que você quer que façamos? — Matteo cruzou os braços — Quero dizer, eu conheço meu trabalho aqui, mas... Max é o nome dele, certo?
— Max — Eden confirmou.
— O que vamos fazer com ele?
— Você vai cuidar do corpo — Taylor acenou com a cabeça para Matteo, e depois desviou o olhar para Keith e Blanket — E vocês dois vão mostrar ao novo Lorde Idiota os detalhes do nosso contrato. Claro... — ela se virou para Eden, ao lado dela — A menos que Vossa Graça tenha alguma objeção. Eu sei que ele era um amigo da família.
— Eu mal o conhecia — Eden revirou os olhos — Não. Faça o pior que puderem.
— E ele? — Matteo apontou para Frank, que gemeu baixinho enquanto se ajeitava, sentado no porta-malas.
— Ele vai ficar bem — garantiu Taylor.
— É — Eden concordou, e estendeu a mão, acertando Frank talvez com muito mais força do que deveria, num "tapinha" que pretendia ter sido amigável — Ele vai ficar ótimo.
— Não se você continuar me batendo assim.
*
Eden chegou em casa logo pela manhã e, antes mesmo de ir ao banheiro, para poder tirar o cheiro de formaldeído de si, parou na sala de visitas do andar de cima e encheu um copo com uísque. A duquesa não parecia esperar encontrar ninguém, mas Mary apareceu pouco tempo depois, parecendo pronta para mais um dia.
— Meu Deus, Eden — ela olhou para a filha do outro lado da sala, ali mesmo, sentada na poltrona com vista para a janela — Você está simplesmente cheirando a formol, e consigo sentir daqui. Onde diabos você estava? E por que você está bebendo uísque logo pela manhã?
— Quanto menos falarmos sobre isso, melhor, mãe. Mas, posso dizer que foi, uh... — ela limpou a garganta — ...Uma noite bastante longa.
— Oh... bem — Mary caminhou para perto da filha e se sentou na outra poltrona, de frente para ela — Enquanto você estava brincando sobre fazer Deus sabe o quê, eu estava encontrando soluções para nossa situação atual.
— Certo — Eden sorveu parte do uísque, e gesticulou com uma das mãos, deixando claro que estava ouvindo o que quer que Mary tivesse para dizer.
— Encontrei um novo lar para sua plantação de maconha, já que não estou mesmo disposto a abrir mão dos estábulos.
— O quê? — ela franziu a própria expressão.
— É o Sr. Rokes, querida — Mary riu feliz — Da porta ao lado. Ele está sentado em 2.000 acres que não pode manter já que perdeu uma quantidade enorme de dinheiro no último ano, por conta de alguns investimentos que deram errado. E agora ele está ansioso para conversar com alguém sobre um contrato de locação de longo prazo.
— Isso é... ótimo — Eden disse, e riu também, mas muito mais de si mesma do que qualquer outra coisa — Você não acreditaria nas coisas que fiz nas últimas 24 horas, mãe. E você vem e... ajeita tudo, tão fácil como servir um copo de xerez.
— Eu vou querer saber sobre essas últimas 24 horas? — Mary perguntou.
— Não... acho realmente que não.
Mary se deu por satisfeita com aquela resposta. Enquanto uma parte de si parecia mesmo querer saber sobre o que a filha tinha feito, a outra parecia muito bem em permanecer sem informação alguma, diante dos últimos dias. Depois que Eden tinha retornado, ela já tinha ouvido bem mais do que gostaria, com a história de Archie e os Scousers, e então a altercação com a filipina dos carros. Se ela estivesse seguindo pelo mesmo caminho, a noite anterior não tinha sido mais agradável.
Ainda naquele dia, depois de algumas horas de sono recuperado, Eden se levantou o tempo do almoço. Mas, ao invés de se juntar a Archie, Charlotte, Mary e Danny, ela entrou em seu carro e pegou a estrada em direção a Londres. Na cidade, Taylor finalmente estava acordando, depois de apenas duas horas de sono.
De modo geral, Taylor não era o tipo de pessoa que trocava o dia pela noite, mas tinha sido obrigada a fazer isso, levando em conta seu meio de atuação. Tinham dias que eram melhores que outros. Com folga, ela sempre dava preferência a boas noites de sono, para que pudesse então despertar bem o bastante para caminhar pelo dia sem cansaço algum. Mas de vez em quando, dias como aquele, seguidos de uma madrugada agitada, a acertavam em cheio, e então ela tinha isso, duas horas de sono para se sustentar pelo dia inteiro.
Era perto do horário de almoço, e Taylor tinha um compromisso em pouco mais do que uma hora, mas ela se deu um momento. Se enterrou mais fundo sob os lençóis, e fechou os olhos, pensando sobre como tinha se arrependido - mas apenas um pouco -, de ter recusado a companhia de Eden depois que ela deixou Dorset Hall, a casa ancestral da família Bassington.
Eden levou Frank de volta para casa, depois de dar um jeito na passagem que ele tinha para a Bélgica, com a família. Ele tinha então um voo para aquela tarde de sábado. Taylor a acompanhou, com a desculpa de que precisava garantir que elas estavam realmente livres de problemas por aquele dia - o que não era realmente uma mentira. Mas depois, quando Eden se ofereceu para acompanhar Taylor até em casa, ela acabou recusando. Os motivos não eram tão claros, pelo menos não para a duquesa. Mas Taylor tinha suas próprias regras, e naquele meio, as únicas pessoas que sabiam seu endereço eram Austin, Keith, Blanket e Scott. A coisa toda era muito mais sobre confiança, e sobre o fato de que mesmo em um meio consideravelmente "mais calmo", ela nunca sabia quando poderia pisar no espaço errado.
Mas pensando em retrocesso, Taylor queria mesmo ter pedido para que Eden ficasse com ela. E então, ela quase podia imaginar, a mais velha descansando a cabeça no outro travesseiro e a abraçando por trás, enfiando o rosto em seu pescoço, enquanto ela mesma esquecia por completa das barreiras que tinha construído naqueles últimos anos.
Taylor se levantou um pouco depois disso, tentando deixar de lado todos aqueles pensamentos. Ela desceu as escadas, e caminhou pela sala, olhando para o London Eye, e toda a vista de South Bank naquele horário, com o céu nublado dando à cidade seu tom característico. Ela fez uma xícara de chá, que tomou assim que saiu do banho, e depois voltou a subir as escadas, em direção ao seu armário. Minutos depois, estava tentando decidir o que usaria para o dia.
Sem muitas surpresas, para Taylor, suas roupas tinham que falar por si. Ela adorava os processos de decidir exatamente o que usaria pelo dia, e então a sensação de realmente gastar o próprio tempo buscando peças que contavam algo. Ela abusava muito do vintage, e adorava o estilo aristocrático de dinheiro antigo, sempre mesclado com um tom de modernidade. Ela gostava de passar certos avisos com o que vestia, como o fato de ser uma autoridade por direito próprio, à parte de seu pai. Ela era, certamente, uma seguidora das regras de Scott, mas também criava suas próprias regras. Mais que isso, Taylor escrevia suas regras com bico de pena, refinado, e a tinta estava sempre úmida. Ela tinha um corpo de funcionários enorme, e todos sabiam que quem a desobedecesse acabaria com o bico de pena enfiado no olho - de maneira figurada, claro, ou quase isso. Scott poderia muito bem passar a ideia de autoridade, mas Taylor era tão implacável que ninguém ousava mexer com ela. Não era surpresa para ninguém. Ela já tinha feito Keith e Blanket penduraram um cara em uma passarela diante de uma linha de trem, sem contar da vez que enfiou um ex-associado dentro de um freezer industrial.
Taylor ainda sorriu um pouco quando se lembrou da cena. Parecia pouco provável que ela realmente desse um passo previsto e fizesse aquilo, mas tinha estado tão irritada com uma sucessão de fatos relacionados ao homem em questão que no fim, ele tinha praticamente decidido o próprio destino dentro daquele freezer. O negócio da erva era realmente muito brando, até não ser mais.
Olhando para o próprio armário, Taylor analisa suas opções para o dia. O conjunto de lingerie escolhido foi um em cor vinho, combinando perfeitamente com seu tom de pele. Ela demorou um pouco mais para encarar suas opções depois disso, mas no fim terminou com uma camisa branca de botão, em linho, com um terno de duas peças, em um tom de roxo escuro, que combinou bem com um sobretudo de mesma cor. Os acessórios não fugiram do costume, com tudo muito dourado. Ela deixou o cabelo solto, dessa vez caindo bem mais liso do que quando sustentava sua textura natural.
Perto de uma tarde, Taylor estava saindo de South Bank e seguindo para Berkeley Street. Com tudo o que aconteceu no dia anterior, ela conseguiu uma nova propriedade para expandir a operação - as terras dos Bassington -, e um novo espaço para frequentar junto do mesmo pessoal da academia. Scott havia feito questão de recompensar o chef do restaurante na parte de baixo do Park Chinois, e agora era um investidor. O lugar todo estava sob a guarda-chuva do Swift mais velho, então a situação toda, no fim, parecia muito boa.
Austin chegou não muito tempo depois, e foi cumprimentar alguns conhecidos que tinham se sentado perto do bar. Taylor se acomodou numa das mesas perto de um dos aquários, onde a luz era mais alta que em outros pontos, e depois de pedir alguns aperitivos, ela também pediu uma garrafa de huangjiu, um vinho amarelo chinês.
Quando Eden desceu a escada do Park Chinois, para encontrar Taylor no restaurante chinês, ela deu de cara com a mesma atmosfera do dia anterior, com o ambiente talvez um pouco mais amigável. E Taylor estava lá, do outro lado do salão de jantar, sentada em uma mesa redonda, vestindo uma camisa de botão branca, com a parte de cima do terno, junto ao sobretudo, apoiados no encosto da cadeira em que estava.
Eden puxou a cadeira ao lado dela, e acenou para o chef que observava tudo do bar, perto da cozinha. Ele acenou de volta. Sorrindo, Eden desviou a atenção para Taylor, que a encarava também com um meio sorriso nos lábios.
— Dormiu bem? — Taylor perguntou.
— Dormi pouco — Eden respondeu — Demorei para realmente pegar no sono depois da conversa com a minha mãe.
— Conversa? — ela levantou a taça da mesa, e sorveu parte de sua bebida.
— Ela encontrou um espaço para que você possa expandir. O Sr. Rokes. O vizinho do lado.
— Oh... — Taylor deixou sua expressão surpresa transparecer — Sabe, respeito muito a sua mãe. Cuida bem de si mesma. Bom senso de humor. Um pouco excêntrica, mas quem não é?!
— Só um pouco — Eden murmurou — Mas então, você vai falar com meu vizinho?
— Eu aceito a reunião. Para ver se é seguro — ela deu de ombros, e continuou, sem perder a oportunidade de alfinetar a mais velha — Pelo menos alguém da sua família fez a devida diligência.
— Apesar de, uh, alguns pequenos problemas que tivemos nos últimos dias, você realmente saiu por cima — Eden contrapôs — No fim, tudo deu certo.
Taylor a encarou por um longo momento, talvez por muito mais tempo do que Eden realmente gostaria. E ela não parecia exatamente confortável. Depois, Taylor suspirou cansada, e se controlou para não terminar revirando os olhos.
— Eu não gosto de levar tiros, Eden — ela disse, se lembrando do que aconteceu com Max. A situação toda em Dorset Hall não tinha sido nada agradável — Na verdade, e isso pode ser um choque para você, dada a carreira que escolhi, mas eu faço questão de evitar levar tiros o tempo todo. Tendo dito isto, admito que você se mostrou útil no final.
Eden deixou um meio sorriso chegar até seus lábios por menos do que um segundo. Logo em seguida, ela estendeu a mão em direção a taça de Taylor e a arrastou para si, levando até sua boca e bebendo parte do vinho chinês. Ela reparou como o gosto era muito menos forte do que gostava, mas não disse realmente nada. E, apesar disso, mesmo que se mostrasse disposta a dizer qualquer coisa, Austin chegou até a mesa, cortando o momento.
— Ei, ei, pombinhas — ele falou — Não se importem comigo.
— E aí cara — Eden acenou na direção dele.
— Será que eu posso...? — ele puxou a garrafa de bebida para mais perto, e encheu o copo ainda limpo que estava no meio da mesa — O cara ali do lado disso que isso é aqui é muito bom. Mas, hm... — Austin sorveu parte da bebida, e antes de voltar a falar, enfiou um bocado de bolinhos na boca — Eu tenho que entender isso direito, porque Blanket não estava fazendo sentido algum enquanto me contava. Segundo ele, você lutou com o masterchef ali — ele apontou para o chefe chinês observando o salão direto do bar — E explodiu um monte de nazistas com uma maldita granada antiga.
— Nazista — Eden corrigiu — Singular.
Taylor a encarou, sem realmente tentar disfarçar, mas a duquesa não desviou o olhar de Austin, e o Swift mais novo continuou falando.
— E agora temos uma coleção de arte rara e duas fazendas para montar embaixo da propriedade em Kent — ele disse — Eu retiro tudo o que disse. Tay, ela é uma verdadeira G.
— G? — Eden olhou para Taylor, apenas esperando um esclarecimento do que aquilo poderia significar.
— Gângster — Taylor disse, e desviou o olhar para o irmão — E você é um idiota, Austin.
— Um idiota — Austin falou, com a boca cheia de ainda mais bolinhos — Mas, de qualquer forma, um idiota divertido. E vejam, deveríamos brindar — ele falou levantando seu copo, depois de puxar a taça vazia perto de si e encher de ainda mais vinho chinês, arrastando a bebida na direção de Eden — Para Eddie, a duquesa que faz a merda acontecer.
— Hm, não, não, não — Taylor balançou a cabeça negativamente — Não estou brindando por isso.
— Tudo bem — Eddie deixou o olhar cair na direção dela — Por que não brindamos... a olhar no envelope?
— Ok... — ela devolveu o sorriso, dizendo bem mais do que tinha realmente dito, com apenas aquele olhar — A olhar no envelope.
— Olhar no envelope — Austin reafirmou — Seja lá o que isso signifique.
Mais tarde, no segundo em que Taylor dispensou o irmão e suas seguranças, Eden entendeu o caminho que elas estavam tomando pelo resto daquele dia. Elas terminaram a tarde dentro do carro em direção a um apartamento praticamente vazio com a vista de Piccadilly Circus. O lugar pertencia a Taylor, mas estava sem uso, e era o mais próximo de "casa" que ela parecia interessada a apresentar para Eden. Mas, independente, era um bom espaço. Durante a noite, todas as luzes da cidade davam o tom perfeito, e tudo quase soava familiar, com as duas sentadas no chão da sala, perto da janela de vidro que ia do chão ao teto, vendo os anúncios iluminados enquanto dividiam uma garrafa de vinho.
Eden não era o tipo de pessoa que ansiava pelo poder, e a vida dela não tinha sido pautada em cima disso. Na verdade, por todo aquele tempo, ela estava apenas tentando passar despercebida, vendo a narrativa dos outros se desenrolar enquanto ela mesma levava um dia de cada vez. Mas o poder parecia correr atrás dela, com a promoção no exército e a mudança no testamento de seu pai. Por outro lado, Taylor era exatamente o tipo de pessoa que gostava de se sentir no controle de toda situação em que se colocava. Mas com Eden, as coisas eram um pouco diferentes, elas sempre estavam em uma disputa própria. Ainda assim, por mais que não parecesse, na maior parte do tempo, Eden achava fascinante como Taylor poderia comandar uma sala com um único olhar, e como, no mesmo passo, ela poderia deixá-la de joelhos com um único suspiro.
Naquele passo, depois de tantos dias juntos, havia muito pouco que Taylor não pudesse pedir que Eden não fizesse sem nem mesmo pensar. E a duquesa começou a se perguntar se ela parecia ter noção disso.
E talvez ela tivesse.
Naquela noite, depois de mais algumas taças de vinho e alguns beijos trocados, Taylor recebeu ajuda para tirar a própria roupa, ficando com o conjunto de lingerie em tom vinho como as únicas peças cobrindo sua pele. Ela passou as pernas no colo de Eden, e deixou escapar um suspiro quando sentiu as mãos dela pousarem em sua cintura. E então Eden pensou que ela estava tão linda com a meia luz a iluminando. O apartamento inteiro estava apagado, mas as luzes da cidade entrando pela janela faziam um bom trabalho. Taylor cheirava ao perfume Tom Ford que sempre usava, mas também ao aroma do vinho que tinha acabado de beber. E a coisa toda era inebriante. Foi ainda mais inebriante quando Eden arrastou sua boca pelo pescoço dela, enviando arrepios de desejo por sua barriga.
Depois, ela descansou o rosto no peito da mais nova, e aquilo foi provavelmente o momento mais doce entre elas desde que tudo aquilo tinha começado. E as duas queriam aquele momento. Na verdade, uma queria a outra, e elas queriam que aquela sensação durasse para sempre.
— Eu gosto muito de você — Eden disse com voz rouca, seu hálito quente na pele de Taylor. Ela se moveu então, levantando o rosto, nariz com nariz, e seus olhos brilharam quentes e intensos.
Taylor se mexeu por cima dela, cortando ainda mais o espaço, como se fosse possível. O movimento seguinte foi arrastando seus quadris para se juntar ainda mais a Eden, sentindo o aperto em sua cintura. Seus dedos passaram pelos cabelos dela, e então ela suspirou com calma, pensando como a mulher diante de si era perfeita.
— Eu gosto muito de você também — ela balbuciou contra os lábios da duquesa.
Seu coração disparou um pouco. Eden usou uma de suas mãos para puxar ainda mais os quadris de Taylor, e o toque era tão bom contra a pele. Os lábios de Eden voltaram a encontrar o pescoço de Taylor. E então ela a beijou, lambeu e beliscou todos os pontos que já sabia que Taylor amava. Seguindo uma linha clara, ela terminou trilhando suas mãos para baixo, e então fez o que queria fazer. E foi glorioso.
Quando Taylor recuperou o fôlego que tinha perdido no meio do caminho e se recostou contra o ombro de Eden, não fez isso por muito tempo. Logo a mais velha estava usando sua mão livre para puxar o rosto de Taylor com cuidado, e depois tirando os dedos de dentro dela. Ela empurrou com suavidade os dedos na própria boca, e um gemido quase escapou dos lábios de Taylor observando a cena. Os dedos de Eden mal saíram de sua boca quando Taylor a puxou para um beijo.
Elas eram um casal ferozmente independente, nos seus próprios termos. Ainda sem rótulos. Nenhuma das duas dependia da outra para sobreviver, mas eram explosivas quando estavam juntas. E era realmente difícil não ceder diante disso. Taylor reconheceu assim que separou aquele último beijo, encarando Eden com a pouca luz a iluminando.
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