09 | GOTAS DE CHUVA
notes.
parando aqui só para deixar um aviso. depois da segunda quebra de tempo, chegando na terceira (e última) parte do capítulo, se vocês puderem ir até a playlist dessa história e escutarem as músicas à partir de "tu t'en lasses" do la femme, seria muito bom. a sequência é tu t'en lasses, drops, are you all good e por aí vai até terminar em entertainment do thomas azier. mas, é só uma sugestão... prometo que a leitura ainda é ótima sem música alguma, mas eu escutei essa parte da playlist enquanto escrevia os momentos finais do capítulo, então achei que poderia ser um toque legal. mas tendo dito isso, e me demorando mais do que deveria... vejo vocês o mais breve possível! (se tudo der certo, amanhã mesmo). aaaah, e estou deixando o link da playlist logo aqui no quote, para quem não viu lá no capítulo de apresentação dos personagens.
⋆ ⋆ ⋆
danny: jethro disse que é o apartamento 12, sexto andar
danny: o passaporte está na gaveta de meias do quarto
danny: terceira gaveta, de cima para baixo, atrás de algumas calças (?)
eden: só para deixar claro, ele não divide o apartamento, certo?
danny: disse que vive sozinho
eden: ok, eu estou saindo de casa agora.
— Foi um dia agitado... tanta gente — Mary comentou, chamando a atenção de Eden, fazendo-a desviar o olhar do celular, antes de colocá-lo no bolso da calça. Mary chegou calmamente ao hall norte. Eden estava conversando com o Sr. Lawrence minutos antes, pedindo-lhe que avisasse ao motorista que ela estava saindo, mas faria isso sozinha. O mordomo se apressou em espalhar a notícia, e logo o Jeep Grand Wagoneer preto, com estofamento interno cor caramelo, comprado meses antes, naquele mesmo ano, estava estacionado em frente à casa — Esperamos mais alguém?
— Não — Eden respondeu — Mas estou saindo agora — a mulher olhou para sua mãe, e percebeu como havia uma conversa pronta para ser marcada entre elas. Mary queria muito falar sobre a agitação do dia e o que parecia estar acontecendo ali, mas Eden mal tinha tempo para isso. Ela suspirou e se aproximou da mulher mais velha, apoiando a mão em seu braço — Eu sei que tem sido difícil ter pessoas indo e vindo, mas, uh, não vai durar para sempre, eu prometo.
— Não diga isso — Mary riu um pouco, embora muito pouco engraçada a situação, a risada foi muito mais como se estivesse saindo por puro descontentamento com o comentário recente.
— Por que você está rindo?
— O seu pai disse algo parecido, querida. Mas não havia nada que ele pudesse fazer sobre isso.
— Certo... — Eden afastou sua mão — Então você sabia.
— Hm-hmm — Mary assentiu.
— Se você sabia esse tempo todo, por que não me contou?
— Porque eu também sabia que eles iriam dar um jeito de envolver você nisso, e agora acho que você precisa se decidir. Seu pai não achava que houvesse algo de errado com isso. O dinheiro, você sabe... Todos nós nos beneficiamos. Mas isso o envenenou. Isso envenenou sua alma. Não quero ver a mesma coisa acontecer com você.
— Não vou deixar isso acontecer — Eden tentou dar uma garantia, por menor que fosse. Ela abraçou sua mãe e depois se virou, parando uma última vez em frente à porta — Neste momento, tenho que lidar com uma situação particular.
— Envolve Archie?
— Sim — ela confirmou — Archie. Mas quando isso for resolvido, e será resolvido... retirarei o interesse deles nesta propriedade, eu prometo.
— Bem, apenas me prometa também que você terá cuidado.
Eden sabia que era difícil fazer aquela promessa em questão, algo como aquilo, especialmente quando sabia exatamente no que estava se metendo. Mas ela queria transmitir tranquilidade, mesmo que as palavras fossem mentiras. A mulher murmurou algo concordando, deixando claro que tomaria cuidado, e quer Mary tivesse acreditado nela ou não, não deixou nada claro.
Minutos depois, Eden estava saindo da propriedade em direção a Londres. Ela pegou a estrada, demorando quase uma hora, e depois seguiu para o leste da cidade. A direção exata era Hackney, numa parte mais perigosa de Londres, onde tinham sido construídos diversos conjuntos de prédios pequenos, complexos residenciais para pessoas de classe baixa. Como já era fim de tarde, desde o momento em que Eden saiu de casa, até quando chegou ao apartamento de Jethro em Hackney, o céu já estava completamente escuro. O interior do apartamento também, sem qualquer luz interna. Totalmente escuro, com apenas a luz externa iluminando parte do espaço.
Seguindo as instruções que recebeu de Jethro, Eden foi direto para seu quarto, procurando seus documentos na gaveta das calças. Mas ela abriu a terceira gaveta, de cima a baixo, e não encontrou nada, então tentou mover todas, em alternativa a ter um pouco de sorte. Sem sucesso. Um minuto depois, Eden estava tirando o celular do bolso e ligando para Danny.
— Daniel, sou eu.
— Olá, irmã — Eden pôde "ver" o sorriso de Danny, só pela entonação de sua voz.
— Diga ao Jethro que o passaporte não está onde ele disse que estava — ela falou, e ouviu Daniel repassar a mensagem. Ela também quase podia ouvir a voz de Jethro, mas não entendia nada do que ele dizia.
— Cara, ele está dizendo que está onde disse que estava — Daniel disse — Hm, ele está perguntando se você checou a gaveta de meias.
— Verifiquei a gaveta de meias.
— Ele disse que está na gaveta de meias.
— Já verifiquei a gaveta de meias — disse Eden, começando a ficar impaciente — Dá a porra do celular para ele.
— Eu faria isso... — começou Daniel — Mas, Bruv, tenho instruções específicas da chefe para não deixar ele usar nenhum telefone. Porque se eu fizesse, ele poderia ligar para alguém. Ele é um prisioneiro, não é? Ela disse que ele era, e você amarrou as mãos dele-
— Então pergunte novamente onde está a porra do passaporte dele.
— Ele está dizendo que está na gaveta de meias — Daniel insistiu, porque do outro lado, Jethro também insistiu. Mas os dois pararam no mesmo momento, e então Eden ouviu a voz abafada de Jethro, seguida por um esclarecedor "aaah" vindo de Danny — Ele disse que está embaixo do teclado, na sala. Na gaveta da estante onde está o teclado. Você toca teclado? — Eden ouviu a pergunta do irmão, e quase pôde ouvir a resposta de Jethro — Ele está dizendo que é muito bom no teclado.
— Isso era tudo que eu precisava saber — Eden murmurou, e não esperou uma resposta, nem mesmo deu um último aceno. Ela desligou a chamada e enfiou o celular no bolso.
A duquesa abriu a porta do quarto, mas não deu nem mesmo um passo adiante. Havia um homem sentado de costas para ela, com fones de ouvido, ouvindo uma música alta o bastante para que Eden conseguisse reconhecer como uma batida compassada de hip-hop. Ela tentou voltar para trás, mas não havia realmente muito o que fazer, então diminuiu a intensidade dos passos e foi se esgueirando pela parede até o teclado apoiado na estante baixa encostada na parede, que por uma sorte de coisas estava atrás do homem no sofá.
Eden abriu com cuidado a primeira gaveta, mas não achou nada, e então fez a mesma coisa com as três gavetas seguintes. Seguindo de baixo para cima, foi apenas na última que ela achou o passaporte, e teria saído dali sem fazer alarde, se não tivesse enroscado o botão da manga da camisa que usava no cabo do fone de ouvido conectado a mesa de mixagem ao lado do teclado. Claro que, por alguma razão, Jethro tinha deixado algo rolando, e o som de uma batida acelerada soou pelo apartamento todo, uma música do duo escocês Silibil N' Brains saindo pelos alto-falantes apoiados no chão. Eden fechou os olhos, mas os abriu a tempo de ver o homem sentado no sofá se virar lentamente. Ele tirou os fones que usava, e virou o rosto, encarando uma pistola que estava na mesa do centro.
Dentre os quatro irmãos, Eden era definitivamente a menos inconsequente, mas às vezes as coisas apenas aconteciam. Então ela viu o homem se agitando para pegar a pistola, e não pensou duas vezes - fez o que, talvez, não devesse fazer. Pulou no encosto do sofá, ganhando impulso, e terminou pousando nas costas do homem, com as pernas presas na cintura dele, enquanto envolvia seu pescoço, numa tentativa de o derrubar de qualquer jeito.
*
— Boa noite, senhorita — um dos valet de Owen Huard disse quando abriu a porta do Jeep de Eden, e ela desceu deixando um sorriso contido, mas gentil, na direção dele.
— Obrigada.
Eden seguiu pela linha do tapete vermelho estendido na entrada da casa, marcado pelo caminho das luzes. Ela subiu os breves degraus da varanda, e antes mesmo de pisar dentro do castelo que Owen chamava de lar, viu Taylor caminhar até si, vindo de dentro do hall.
A mulher mais nova estava usando um vestido longo Fendi, cor de vinho e com ombros frios. O detalhe dos ombros, inclusive, era o que fazia parte de seu vestido ser incrivelmente chique, e a combinação com sapatos Christian Louboutin e joias Bulgari deixavam Taylor deslumbrante.
Ela e Eden não tinham combinado nada anteriormente, mas a paleta de cores trabalhou da maneira certa, de qualquer forma. Do outro lado, Eden estava usando um conjunto quase todo preto. Ela estava vestida com um grande casaco que por muito pouco não chegava aos pés, e por baixo, sustentava uma regata branca canelada Prada, com o patch da marca como detalhe central do peito, mesmo que um detalhe pequeno. Eden tinha combinado ambas as peças com calças que se alargavam levemente na parte inferior, adicionando um fluxo gracioso e orgânico à sua silhueta. As peças eram realmente fascinantes, especialmente considerando que Eden tinha seu visual estilizado com o par mais perfeito de botas Christian Louboutin.
— Bem, olhe para você — Taylor sorriu — Vestida como uma princesa. Você conseguiu o passaporte?
— Consegui — Eden assentiu.
— Alguma complicação? Você parece um pouco... merda.
— Apenas me lembre porque estamos aqui mesmo? — Eden ignorou o comentário anterior, e Taylor se controlou muito para não forçar uma resposta sobre aquilo. Ela decidiu que seria "legal", e deixou passar.
— Queremos saber por que o tio Stan está disposto a pagar o dobro do valor na nossa propriedade — a mais nova respondeu, e Eden levantou as sobrancelhas por um momento. "Nossa propriedade", não passou despercebido pelos ouvidos da duquesa, mas ela não disse nada.
— Tio Stan? — Eden perguntou, e ganhou como resposta o olhar levemente incrédulo de Taylor, como se ela tivesse se focado no ponto errado — Quero dizer, como em "Tio Stan" em referência a The Office?
— Eu estou falando de Gravity Falls — Taylor disse, usando aquele mesmo tom óbvio que Eden tinha se acostumado a ouvir. A mais nova se colocou ao lado da duquesa, e enganchou o braço no dela, a puxando pelo hall — Você precisa expandir seu repertório, o homem é a cara do desenho, com aquele chapeuzinho ridículo e tudo mais.
— Eu tinha 23 anos quando isso começou a passar — ela murmurou.
— E eu também — Taylor devolveu — Qual sua desculpa?
— Ok, ok, não vamos falar de um desenho que acabou há uma década, só- — ela se interrompeu — Primeiro, quando você o conheceu? E segundo, a coisa toda da propriedade...
— Eu não o conheci — Taylor deixou claro — Mas ele é bem falado nos Estados Unidos, não foi difícil encontrar algumas boas fotos dele pela internet, em todo tipo de evento. O homem anda por todos os cantos. Ah, e claro, bem, quanto a propriedade... eu não acredito que seja na casa que ele esteja interessado — ela disse — Então, acho que o problema é mais meu que seu.
— Certo, e qual é a coisa dele?
— Metanfetamina. Ele ganhou bilhões com isso nos últimos vinte anos — ela deu de ombros — Ele conhece o mercado, mas metanfetamina... não, não. Isso é "demais".
— O que é você, Alison... uma traficante de drogas com coração? — Eden parou um garçom, e alcançou uma taça do que parecia ser vinho branco. Ela acenou, numa pergunta silenciosa, se Taylor também iria querer, mas a mais nova murmurou que não estava bebendo. As duas seguiram andando depois disso, indo pelo caminho de pessoas que tomavam a casa até muito perto do bar.
— Eu gosto de dinheiro tanto quanto qualquer outra pessoa, mas a escolha do com o quê você trabalha... bem, o "equipamento de trabalho" do Sr. Huard tem um preço muito violento. Permanecemos na nossa faixa porque, comparativamente, é mais pacífica. Se o deixarmos entrar no negócio, isso pode virar uma bagunça.
Taylor avistou Owen ao longe, no que Eden o viu também. E o contrário foi recíproco, com o americano as avistando enquanto pedia uma bebida no bar, acenando para que elas se aproximassem. Ele estava acompanhado de uma mulher de cabelos claros, que usava um vestido personalizado Gucci sem alças e com silhueta marcada; o tecido numa cor rosé, com lantejoulas texturizadas e detalhes em veludo que definitivamente exalavam um ar inegável de elegância. Mas Owen não estava menos elegante, com sua escolha para o dia sendo um terno Valentino em Tom Mostarda. Extravagante, como ele se dispunha a ser. E claro, ele estava usando um chapeuzinho ridículo.
— Bem, aqui estamos — Owen sorriu gentilmente. Alguns segundos antes ele tinha pedido um Old Fashioned, e o bartender preparou a bebida com agilidade. Um minuto depois, ele estava arrastando o copo pelo balcão, com um guardanapo ao lado. O americano murmurou um "obrigado" e pediu que suas convidadas aceitassem algo. Mas Eden ainda estava com a taça meio cheia na mão, e Taylor fez questão de reafirmar que não estava bebendo.
— Desculpe, estamos atrasadas — Eden comentou — Encontrei um amigo no caminho para cá.
— Mas você está aqui, Vossa graça, e é um grande prazer — Owen levantou seu copo por um momento, e sorriu. Logo em seguida, o homem se virou para encarar a loira que o acompanhava — Hm, me permita apresentar-lhes a Princesa Ellender.
— Olá, Blake — Eden falou, e disse de tal maneira que pareceu muito difícil não entender como havia certa conexão por ali. Ela sorriu suavemente no meio do caminho.
— Eddie — a mais velha sorriu de volta, e a troca não passou despercebida pelo olhar de Taylor. Owen também não ficou de fora da clara familiaridade, e parecia confuso o bastante, tentando entender tudo.
— Rosie, Eddie, Vossa Graça, Vossa Alteza — ele murmurou, dividindo o olhar entre as duas.
— Costumávamos passar os verões em Birch Manor quando eu era pequena — Blake explicou.
— Há muito tempo atrás — Eden completou.
— Ah, eu deveria saber — Owen deixou uma meia risada escapar — É um mundo pequeno, vocês... os nobres. Mas de qualquer modo, devo dizer que a princesa Ellender é descendente direta do rei Leopoldo III. Ela é a décima primeira na linha de sucessão ao trono belga. E uma grande amiga que fiz no último ano.
— A última vez que ouvi algo sobre, você era a décima segunda — Eden desviou o olhar para a princesa — Quem perdemos, Blake?
— Papai caiu do cavalo — ela deu de ombros, e ofereceu a resposta como se o pesar não fosse realmente algo presente.
— Ah, eu sinto muito.
— Não diga que sente muito — a princesa sorriu — Você nunca gostou dele.
— Ele tinha seus méritos — Eden disse — O principal, definitivamente você.
Não havia sugestão de flerte no espaço, pelo menos não que Eden estivesse fazendo diretamente. Blake também não parecia pender para aquele ponto, mas Owen mexeu em seus óculos de grau, um pouco desconfiado, e Taylor dividiu o próprio olhar entre a princesa e a duquesa, tentando entender exatamente a raiz do que quer que aquilo fosse.
— Lamento saber do seu pai — Blake disse.
— Como todos nós lamentamos — Taylor murmurou, numa falsa ideia de que não queria ser ouvida, quando a verdade era o oposto disso.
— Você conheceu o falecido duque? — Owen disse, num fingimento claro sobre a conexão, porque ele, mais do que ninguém, sabia bem quem era Taylor.
— Sim, hm, a Tay trabalhou com meu pai durante vários anos — Eden respondeu pela mais nova, sem nem mesmo reparar como tinha deixado o apelido da garota cair pelos seus lábios.
— Em que capacidade? — o americano se interessou.
— Eu negocio antiguidades.
— Que coincidência — ele sorriu — Talvez você possa nos ajudar a resolver uma disputa que estamos tendo.
— Bem... — Eden chamou a atenção para si — Acho que vou colocar o assunto em dia com a princesa enquanto vocês dois lustram as antiguidades.
A duquesa ofereceu o braço para Blake, e Taylor observou as duas seguindo pelo salão, virando para a direita e então sumindo por um arco de porta. Owen também acompanhou o olhar, mas não por muito tempo. Logo o americano estava acenando para alguém, e chamando a atenção de Taylor sobre isso.
— Esta é a Srta. Claudia Jones — ele disse, assim que uma mulher de longos cabelos escuros, usando um vestido amarelo, se aproximou dos dois — Srta. Jones, conheça... — o americano acenou para a inglesa, e Taylor estendeu sua mão na direção da outra mulher.
— Taylor Swift — ela disse — Prazer.
— A Srta. Jones me aconselha sobre aquisições. Recentemente comprei um relógio muito específico. A Srta. Jones insistiu que eu fizesse uma cópia. A pergunta que tenho para você é se você consegue perceber a diferença — Owen levantou um pouco as mangas, pouca coisa, apenas para mostrar o relógio que usava.
— Bem, vi que é um Patek Philippe 1518 — Taylor comentou.
— Não é qualquer Patek Philippe 1518 — Claudia disse — Este é o relógio usado por Winston Churchill quando assinou o documento definitivo da rendição alemã, o acordo assinado pelos grandes chefes de estado daquele período, e redigido em Inglês, Alemão e Russo.
— O que você acha, Taylor? Quanto vale isso? — Owen perguntou.
— Um Patek Philippe deste período costuma valer entre dois e três milhões, mas com a procedência adicional de ter sido usado no pulso que assinou o papel que pôs fim à guerra... eu diria que vale entre nove e dez milhões — Taylor respondeu, com propriedade do que conhecia. Ela não trabalhava negociando antiguidades, ainda que caminhasse pelos mercados adicionando boas peças à coleção de seu pai. Na verdade, Taylor tinha um diploma em história da arte, de seu tempo em Cambridge. Era uma ótima fachada para a coisa toda.
— Dez pontos por isso — Owen sorriu animado.
— Você pode ver por que insisti que ele fizesse uma cópia — Claudia falou.
— Agora, Srta. Swift, você poderia nos dizer se esse é genuíno? — Owen estendeu sua mão — Se você estiver disposta a me fazer feliz, claro.
— É verdadeiro — Taylor disse assim que encostou a mão na peça, não mais do que um segundo depois de fazer isso — Você deve estar um pouco irritada por ele estar usando isso aqui — ela olhou para Claudia.
— Isso foi rápido — Owen disse — Como você soube?
— Uma falsificação é quente ao toque — Taylor explicou — Um cristal autêntico é frio por causa da menor condutividade — ela deixou escapar um pingo de ironia pelo canto dos lábios — Ou talvez tenha sido apenas um palpite.
— Bem, de qualquer modo, eu não lido com falsificações — Owen foi direto — No meu mundo, eu não preciso. Você descobrirá que uma boa imagem, impondo respeito, resolverá todos os problemas de segurança. Se eu deixar este relógio neste bar, Eu sei que ainda estará aqui quando eu voltar — o americano tirou o relógio do pulso, querendo provar um ponto qualquer — E isso é tempo suficiente para você e eu compartilharmos um charuto.
Owen estendeu o braço para Taylor, e os dois caminharam juntos em direção à varanda. O tempo estava frio, e Owen foi gentil o bastante para que pedisse a um de seus mordomos que trouxesse uma echarpe, fina o bastante para combinar com a cor do vestido de Taylor. Ela agradeceu por isso, e eles terminaram sozinhos, com a porta de vidro que dava a vista da varanda, fechada, enquanto o barulho da perturbação de dentro soava abafado. Owen acendeu um charuto, mas Taylor passou direto por isso, deixando claro que não fumava.
— Vamos direto ao assunto, Srta. Swift. Não vamos fingir que você e eu somos como eles. Eles vivem em um zoológico, enquanto nós vivemos na selva.
— Ótimo — Taylor sorriu sem humor algum — Por que então você não me conta o que está fazendo farejando na minha parte da floresta?
— Seu pai fez um trabalho admirável mantendo a empresa que ele construiu extremamente lucrativa por todos esses anos — Owen elogiou — E você se saiu bem para evitar conflitos e disputas. Nos últimos anos... eu ouvi que você fez o que parecia impossível, e triplicou os ganhos. O mercado de cannabis aqui no Reino Unido movimenta £2,55 bilhões ao ano, e eu sei que metade disso é parte dos negócios de sua família no interior. Inteligente, se você me perguntar... mas temo que esta fórmula não pode continuar.
— E por que você acha isso?
— Se ao menos ainda fossem os velhos tempos... mas as coisas mudaram, você vai precisar de um parceiro, eu digo isso como um conselho.
— O que você é, hein? Um maldito oráculo? — Taylor disse, sem mudar, por um segundo que fosse, o tom de voz que estava usando — O que você acha que sabe que eu não sei?
— Você está absolutamente correta — Owen falou, prestando atenção em suas pausas e mantendo o olhar fixo ao de Taylor — Eu vejo o futuro. E se você quiser que os negócios permaneçam como estão, algumas outras coisas terão que mudar.
Dizer que aquilo tinha soado como ameaça, talvez fosse simples demais para como as palavras chegaram aos ouvidos de Taylor. Mas havia algo sobre ela que Owen definitivamente não sabia, e era que pouquíssimas coisas a assustavam, e a tentativa dele em parecer ameaçador, não surtiu tanto efeito.
— Bem, obrigada por me avisar — ela falou, irônica — Com certeza lembrarei disso.
— Eu te ligo, para garantir que o faça — Owen reforçou.
— Não me ligue — Taylor foi direta, virando o corpo para o caminho que levava a saída para o salão de onde viera — Eu vou te ligar.
— Na sua saída... — o americano chamou a atenção dela, uma última vez — Não se esqueça do seu presente.
— Meu presente?
— O relógio — ele esclareceu — É para você.
— Os relógios são para a aposentadoria — a mais nova murmurou, mas no silêncio da varanda, Owen escutou perfeitamente bem — E eu tenho certeza de que seu tempo sobre mim está errado.
Taylor tinha ido para o castelo que Owen chamava de casa, "sozinha". Claro que ela não estava realmente sozinha, porque seu motorista estava esperando do lado de fora e Blanket estava parado perto do bar, observando tudo de longe. Mas, independente do arranjo, Taylor decidiu que não iria embora sem um último aceno para Eden, apenas para dizer que se ela tinha alguma dúvida sobre os interesses de Owen, então essas tinham acabado de vez. Mas Eden não estava em canto algum para ser encontrada e, na verdade, foi Blanket quem se aproximou de Taylor e comentou com ela que a duquesa tinha ido para o andar de cima, acompanhada da princesa Ellender - ou Blake, se você fosse um amigo antigo da mulher. Ele tinha visto no outro cômodo, mas elas passaram por ele, em direção a escada, pouco tempo depois que Taylor sumiu pelo corredor junto de Owen.
Depois do aviso, Taylor subiu as escadas, apenas para dar de encontro com um corredor de quartos, e seguir por ele, de porta em porta, até encontrar a única aberta. Eden estava lá dentro, com a regata levantada, e a cintura da calça levemente abaixada, dando a visão de seu abdômen, tomado por sangue. Blake parecia estar ajudando, mas era definitivamente apenas uma solução temporária para o problema.
— Olá, Alison — Eden ofereceu um sorriso sem mostrar os dentes, vendo Taylor enfiar apenas o rosto pela fresta da porta, apoiando as mãos na madeira.
— Tudo como deveria estar? — a mais nova perguntou, encarando a duquesa mais do que talvez devesse.
— Apenas tapando um buraco — a duquesa deu de ombros, e estremeceu quando sentiu Blake forçar o aperto do esparadrapo. De última hora, Eden tinha tampado a ferida recente com gaze seca e então enrolado o esparadrapo pela cintura, mas não tinha prendido bem, então sua regata acabou manchada de sangue, e a situação só não parecia pior porque ela não tinha tirado nem por um momento o casaco que usava, então do lado de fora ninguém tinha visto.
— Feito — Blake murmurou se afastando. Eden estava de pé na frente dela, e quando a princesa se levantou, elas ficaram na mesma altura.
— O que você fez com ela, princesa? — Taylor perguntou.
— Não sei muito sobre essas coisas, mas... — a mais velha caminhou pelo quarto, e estendeu a mão na direção da porta, a abrindo por completo. Taylor deu espaço para que ela passasse — Parece um ferimento de bala. Então, acho que eu quem deveria perguntar o que você fez com ela, mas também não tenho certeza se quero ouvir a resposta — ela se virou para Eden uma última vez — Me ligue, Ryan adoraria um almoço entre amigos, você sabe.
— Eu farei isso — a duquesa sorriu, e viu a amiga indo embora.
Taylor deu dois passos para o lado, e fechou a porta, encostando as costas na superfície dela. A mais nova encarou Eden, e elas sustentaram os olhares por alguns segundos.
— Eu preciso perguntar o que aconteceu?
— Eu consegui o passaporte — Eden começou o que deveria ser uma breve história, porque na verdade, não havia muito diante da coisa toda — Mas foi um pouco mais... caro do que o previsto.
— Bem-vinda a selva — Taylor murmurou — Preciso ligar para o Matteo?
— Eu liguei para ele, e agora ele está no local com um conjunto muito específico de instruções.
— Você matou alguém...? Só para que eu saiba.
— O cara tentou me matar primeiro — Eden se justificou — Foi legítima defesa. O Gospel deve ter o mandado lá pra esperar por Jethro, e eu não o vi chegando, então... tinha uma arma, e ele iria atirar. Parecia fundamental que eu fizesse algo, então... — ela fez um gesto com a mão, imitando uma arma e "apertando o gatilho" na direção de sua própria cabeça — ... eu "fundamentei".
— Ótima maneira de dizer que você apertou o gatilho — Taylor ironizou — E o ferimento? — ela apontou para o abdômen da mais velha, que agora estava coberto pela regata que ela tinha ajeitado de volta, erguendo a cintura da calça também de volta no lugar.
— Pegou de raspão, e só parece muito pior do que realmente está — Eden acenou para o lugar, e Taylor encarou a mancha vermelha no tecido — De qualquer modo, tudo acabou bem. Quando o irmão de Raleigh encontrar o cara morto no apartamento de Jethro, vai achar que foi ele, e tudo vai fazer sentido. Matteo fez questão de montar a cena.
— Que irônico — Taylor murmurou gentilmente — Você foi salvar a vida de um homem e acabou matando outro.
— A ironia não passou despercebida por mim — Eden devolveu o mesmo sorriso, não tão contido, e definitivamente irônico — Mas pareço o tipo de pessoa que precisa de uma lição?
— Não é uma lição, amor — a mais nova garantiu — É apenas uma observação.
— Certo, hm, vamos embora...? — Eden removeu seu casaco apoiado na poltrona e o vestiu, se certificando de que tinha escondido a mancha em sua roupa — Você vai ajudar uma velha soldada ou vai ficar aí balançando a cabeça?
*
Depois de Taylor dispensar seu motorista, ela seguiu para Birch tomando a direção do carro de Eden. A estrada estava calma, e o caminho acabou ocupando ainda menos tempo quando Taylor acelerou um pouco mais do que, talvez, deveria acelerar. Mas Eden agradeceu. Elas pararam na entrada de casa, e a mais nova ajudou a duquesa a chegar em seu quarto.
Era tão tarde que praticamente todo mundo estava dormindo. Os funcionários já tinham se retirado, e o único movimento parecia ser o de Archie, em seu quarto. A luz estava acesa, e tinha alguma música do Stormzy vindo do ambiente, alto, mas não tão alto, porque ainda era preciso se aproximar da porta para conseguir escutar algo com clareza.
— Eu estou bem — Eden garantiu, quando colocou os pés em seu quarto, depois de subir as escadas e andar pelo corredor iluminado.
Ela tirou o casaco que estava usando, e levantou a barra da regata, antes de sentar na poltrona de frente para a lareira.
— Eu vou te ajudar a tirar os sapatos — Taylor falou, arrastando para o lado os saltos que antes usava. Ela tinha os tirado dos pés, bem como tinha soltado a amarração simples do penteado que tinha recebido de sua hair stylist naquela tarde. Então, seus cabelos ficaram soltos, e Eden não pôde não reparar como eles estavam caindo agradavelmente pelos ombros da mais nova, em sua textura natural, os cachos mais abertos, e a franja suavemente bagunçada.
— Eu consigo fazer isso sozinha — Eden falou, mas não se moveu para provar que conseguia.
Taylor atravessou a sala, até o pequeno carrinho-bar no canto do quarto. Ela encheu um copo com uísque, e caminhou na direção de Eden, estendendo a bebida.
— Aqui, tome uma bebida.
Eden acenou, e pegou o copo, bebendo parte do uísque. Ela apoiou o copo na mesinha ao lado da poltrona, e suspirou cansada, vendo Taylor ir de um canto ao outro do quarto. A mais nova sumiu pelo banheiro, e quando voltou estava carregando uma bolsa de primeiros socorros. Mary mantinha uma daquelas em todos os quartos, e não era como se Taylor soubesse - mas ela imaginou.
— Você descobriu o que Owen queria com você? — disse a duquesa. Taylor acenou para que ela levantasse mais a regata, e abaixasse a cintura da calça, e assim ela fez.
— As pessoas são engraçadas, você sabe — Taylor murmurou — Criaturas sensíveis, e parece que o Sr. Huard não é exceção — ela levantou o olhar, tirando o curativo que Eden tinha feito de maneira improvisada, e depois limpando a parte machucada da pele. O espaço parecia realmente muito pior do que estava, mas uma vez que o sangue foi limpo, dando a visão clara do ferimento, dava de ver que não tinha sido nada demais. Eden definitivamente não iria morrer, mas ganharia um bela cicatriz — Ele quer entrar no negócio.
— Eu imagino que ele tenha oferecido dinheiro.
— Não falamos de números, mas não duvido que ele insista um pouco mais até, forçadamente, chegarmos nisso.
— E o que você achou da coisa toda?
— Bem, não estou à venda — ela deu de ombros, e se inclinou para cobrir a ferida com gaze seca, a prendendo com o esparadrapo. Eden precisou se afastar da cadeira para que Taylor fizesse aquilo da maneira certa, mas foi por um único momento — Mas mesmo se eu estivesse à venda, aquele homem e vários zeros não me fariam o escolher. Ele colocaria no chão o que meu pai levou quatro décadas para construir.
— Seu pai... ele começou isso antes de você nascer?
— Mais ou menos — ela falou — Ele estava na faculdade quando começou a vender, mas a coisa só se tornou uma operação maior muitos anos depois.
Taylor não tinha plano algum quanto a falar mais sobre a própria vida, pelo menos não quando a noite tinha começado. Mas falar com Eden era, de um jeito muito estranho, fácil. Ela parecia curiosa, e a mais nova não achou ruim e forçado, como normalmente acharia com qualquer outra pessoa.
— Certo, então... ele estava na faculdade e decidiu vender erva?
— Ele descobriu que era fácil enfiar isso para dentro de Oxford, ainda mais quando os garotos ricos não se importavam em pagar muito mais do que o preço de mercado — ela deu de ombros — A coisa é que, deu muito certo, então quando ele saiu da faculdade, continuou vendendo erva como complemento de renda. Não era muito, mas já era alguma coisa.
— E em que momento você surgiu no cenário? — Eden perguntou.
Taylor se mexeu, se levantou, e acabou sentada a quase um metro de distância de Eden, na ponta da cama de casal.
— Ele tinha 32 anos — ela sorriu gentilmente — Estava com a minha mãe há quase cinco anos, mas eles não tinham planos quanto a filhos. Ele era um americano que pisou nesse país para estudar, e por mais que tivesse se formado em Oxford, a vida enfiado num escritório de advocacia no meio do centro de Londres não dava muito dinheiro, mesmo que ele tivesse o dinheiro da venda de cannabis. As vendas... eram muito poucas. Então... bem, minha mãe contou que estava grávida, e ele pensou que não conseguiria se manter da maneira como estava. Ele tinha um amigo, e esse amigo tinha dinheiro, então ele pediu um pouco emprestado, e investiu em uma propriedade em Sussex.
— Uma fazenda — Eden supôs — Como a que vocês- — ela acenou para longe, deixando claro que estava falando do espaço enorme embaixo das terras dela.
— Quase isso — Taylor disse — O lugar era mais precário, e não era no subsolo. Mas ele começou a caminhar daí. No primeiro ano, foi um bom negócio, no segundo, depois de devolver o dinheiro que tinha pegado emprestado, ele decidiu expandir a coisa toda.
— E como ele fez isso?
— Foi aí que surgiu a ideia de fazer embaixo do chão. Quero dizer, ele reparou que o que esse país mais tem são propriedades enormes que precisam de manutenção, e gente com título que não tem dinheiro algum. Então os acordos eram simples, as pessoas deixavam ele se estabelecer embaixo da terra delas, e em troca ganhavam dinheiro o bastante para continuar tendo a vida aristocrática que tinham se acostumado a ter.
— Estou imaginando que sua mãe saiba disso. Digo, são mais de três décadas-
— Minha mãe sabia — Taylor a interrompeu, e deixou claro o passo das coisas. Eden levantou o olhar, e terminou murmurando um "sinto muito" na direção da mulher.
— Como aconteceu?
— Acidente de carro — ela respondeu — Voltando para casa. Na época, morávamos em Richmond, e ela viajou para visitar a família em Salcombe. Era muito tarde, e ela estava perto da entrada da cidade quando teve a visão ofuscada pelos faróis de dois carros parados no acostamento. Acho que os dois homens dos dois carros tinham se desentendido, e um dos carros parou muito longe de onde deveria parar, ela tentou desviar, perdeu o controle e o carro capotou.
— Seu irmão tinha quantos anos?
— Ele ia fazer seis. Eu tinha onze.
— Então, seu pai precisou assumir dois papéis ao mesmo tempo?
— É, definitivamente não — Taylor riu sem realmente humor algum — Ele se focou de vez no trabalho, e, mesmo sendo sempre muito carinhoso, a relação com as pessoas era mais distante, não só com a gente. Eu... bem, eu assumi o papel de estar lá para o Austin, e as coisas mudaram apenas depois que nós dois crescemos, quando meu pai viu que podia contar com a gente.
— Você começou a trabalhar com ele.
— Eu peguei o jeito da coisa — ela completou — E depois de uma década enfiada nisso, eu vi ele sendo preso. Não pela maconha, é bom deixar claro.
— Ele foi preso pelo quê?
— Evasão e fraude fiscal.
— E você assumiu?
— Eu fiz isso — ela assentiu — Foi quando a coisa toda com os ducados entrou em cena.
— Isso foi ideia sua?
— Nós precisávamos expandir. Esse país tem duques demais, e pelo menos metade deles vivem em propriedades enormes que mal se sustentam — Taylor sorriu, um sorriso honesto, e Eden reparou como ela parecia mesmo orgulhosa de si mesma — Eu apenas vi a oportunidade. Mas... — ela balançou a cabeça, como se dispersasse o assunto — Eu falei mais de mim do que já escutei sobre você.
— Na verdade não tenho muito para contar — Eden disse, tentando apenas fugir do assunto. Ela se levantou da poltrona onde estava e caminhou para o outro lado do quarto, até a entrada do closet, e então sumiu lá dentro. Mas continuou falando, aumentando o tom de voz apenas um pouco, para que Taylor conseguisse a escutar — Eu fui para Oxford, estudar. Não deu tão certo quanto achei que daria, então eu entrei no exército porque um amigo meu comentou sobre e eu queria continuar longe de casa. Fiquei lá pelos últimos... bem, quase quinze anos. E o plano era voltar para a vida que eu conhecia antes disso aqui, mas meu pai tinha um senso de humor estranho.
— É, eu imagino que ele se divertiu muito com a coisa toda da herança — comentou Taylor.
Eden voltou a aparecer. Ela tinha trocado a regata manchada de sangue por uma outra, muito parecida, mas preta. Tinha os braços à mostra, e Taylor acabou a encarando mais do que deveria.
— Você vai passar a noite aqui? — a duquesa disse, com alguma conotação além diante da questão. Mas ela estava também realmente curiosa, e parecia tão tarde que uma hora de estrada, colocaria Taylor em Londres apenas no início da madrugada.
— Eu deveria ir embora, na verdade — a mais nova respondeu — Eu tenho certas questões para resolver pela manhã. Algumas reuniões, outras entregas...
— Você faz entregas?
— Não dessa maneira — ela esclareceu — São pacotes menores, e isso só acontece quando o cliente é realmente importante... então eu sempre apareço para uma conversa ou outra.
— Eu vou pedir para que o motorista te leve então — Eden disse, como uma sugestão.
— Eu dirijo — Taylor garantiu — E peço para o Keith trazer seu carro de volta, amanhã de manhã.
Taylor deveria se levantar, mas não fez isso, porque não queria. E, de alguma forma, Eden também não estava ansiosa para a ver indo embora. As duas se encararam, e ficaram assim por alguns bons segundos.
— Ainda há alguma coisa que você queira? — a duquesa perguntou, quebrando o silêncio.
— Você está tentando me expulsar da sua casa? — Taylor perguntou, como pura implicância, não como uma sugestão séria.
— Você sabe que não.
A resposta foi honesta, e parecia ter algumas implicações. Taylor quis então deixar o espaço menor. Ela se moveu na direção da duquesa, lentamente, testando as águas, e encaixou o indicador em um dos passadores de sua calça. Eden nem mesmo estremeceu, mas seus cílios tremularam quando ela ganhou mais um passo de Taylor em sua direção e sentiu a respiração dela muito perto. Eden a olhou de cima a baixo, e focou em sua boca, apenas pensando sobre como queria estragar o batom vermelho perfeitamente colocado sobre seus lábios. Ela tinha começado aquela noite da pior maneira possível, mas tinha passado grande parte dela ao lado de Taylor, e teve tantas sugestões entre as duas, por todas aquelas horas anteriores. Eden não estava tentando criar expectativas, mas realmente não seria irreal se o fizesse. Tudo parecia tão certo.
— Eu sou uma garota simples... já te falei sobre isso? — Taylor murmurou.
— Não acho que tenha falado. Mas vamos lá, me diga — Eden pediu.
— Você sabe... — a mais nova sorriu suavemente — Apenas me mostre uma mulher que parece quebrada, com olhos escuros e tristes e eu estou de joelhos.
Aquilo não parecia ser completamente verdade, como em um modo geral. Eden entendeu que Taylor estava falando dela, mas também entendeu que não havia ninguém além dela naquela descrição específica. E Taylor não estava comentando, mas na última vez que tinha estado com alguém, seu pai ainda estava do lado de fora da prisão. Depois disso, ela tinha se enfiado em uma sucessão de arranjos que tinham a tirado completamente o tempo, mas à parte da coisa toda, também tinha subido um pouco a régua. Ela achava tão chato todo o processo de conhecer alguém, e ainda mais insuportável a maneira como todo mundo parecia pensar duas vezes antes de falar qualquer coisa na direção dela. Com Eden, isso quase não acontecia.
Na verdade, naqueles últimos dias, tudo se resumia a como elas vinham construindo uma "parceria fácil", cedendo naturalmente uma a outra quando se tratava de fazerem isso. A maneira como Taylor fazia as coisas do seu próprio jeito, como se convidar para conhecer Owen, enquanto Eden apenas se submetia suavemente a ela, sem de forma alguma mostrar estar completamente entregue, porque ela era muito firme quanto as próprias opiniões. Era quase como se suas ações estivessem sempre de acordo, mesmo quando suas palavras não estivessem.
Elas se conheciam a uma semana, e sem dúvida alguma eram mais entrosadas do que a maioria das pessoas que se conheciam há anos. Taylor deveria ter imaginado que aconteceria aquilo, quando recebeu a duquesa sustentando sua posição depois de uma ameaça sútil vinda dela, naquela primeira conversa que tiveram.
— Tentando descobrir se essa mulher sou eu — Eden comentou. Ela notou a forma como a garganta de Taylor engoliu em seco, tentando silenciar qualquer coisa que tivesse pensado em dizer. Foi levemente gratificante para Eden ir exatamente na direção que ela imaginava que estava indo, ganhando aquela reação de Taylor — E tentando entender também em que passo isso foi um elogio ou uma crítica.
— Você sabe que vindo de mim, a resposta é "ambos" — ela quis sorrir irônica, mas o tom foi o bastante para demonstrar isso — Você deveria apenas me beijar, Eden — Taylor se recuperou a si mesma, e recuperou um pouco de compostura também. Depois disso, ela mal teve tempo de respirar, antes que a boca do Eden caísse sobre a sua.
Parecia uma coisa boa, mas então o contato aumentou e o espaço diminuiu, e Taylor acabou levando a mão esquerda para o lugar errado, sobre o machucado de Eden, o que rendeu um resmungo da mais velha, e a distância dela. A duquesa se recostou, mas suas mãos permaneceram onde estavam, no rosto de Taylor. E ela olhou para a mais nova. Apenas olhou para ela. Fez isso, como se quisesse guardar cada característica dela, e como se o fato de que tinha uma única, e pequena, mancha de sangue pintando o curativo que Taylor tinha feito, não fosse nada demais - por mais que fosse. Aquilo ainda estava doendo, e muito mais do que Eden tinha demonstrado.
Eden voltou a tocar os lábios de Taylor. A mais nova agarrou a parte de trás de sua cabeça e a puxou para baixo, no que Eden terminou rindo contra os lábios dela. Elas ofegaram, e então Taylor quem recuou dessa vez, mas Eden não a deixou ir, e o aperto dela em sua cintura foi tão firme que a mulher quase sentiu suas pernas cederam completamente.
Depois, elas estavam indo na direção da cama, e Taylor sentindo as almofadas macias de cor branca contra suas costas. Eden era alta, e bem mais forte do que talvez parecesse. De qualquer forma, seu peso sobre Taylor era emocionante, no que a mais nova não poderia deixar de aproveitar o momento, enfiando a mão por debaixo do tecido da regata que a mais velha usava, dessa vez tomando cuidado com o machucado, mas traçando o espaço definido de seu abdômen. Eden não fez nada além de inclinar a cabeça para frente, enquanto Taylor deixou os lábios da mais velha viajarem pela coluna de seu pescoço.
As duas não tinham dito muito, mas era quase palpável a ideia de que elas queriam tudo o que fosse possível terem pelo fim daquela noite - e o que fosse impossível também. Não havia mais nada para pensar sobre, diante do antes ou mesmo do depois, e como as coisas se encaixariam assim que amanhecesse. Havia apenas uma necessidade no momento, e uma sensação quase avassaladora de que elas precisavam aproveitar onde estavam.
Taylor sentiu a mão macia de Eden em sua perna, enquanto subia, arrastando o vestido. Ela não parou, parecia tão perdida que não fez nada para implicitamente pedir permissão a Taylor, mas a mais nova deu mesmo assim, abrindo as pernas até que Eden se acomodou com mais firmeza entre elas, dando-lhe mais espaço para acariciar, e mais espaço para sentir o contato entre as duas.
A duquesa subiu, e subiu mais um pouco, até parar de vez quando chegou onde queria, e ela reparou como Taylor não usava nada além do vestido. A mais nova logo se convenceu de que não iria conseguir ficar mais entregue do que como estava, mas nada poderia estar mais errado do que aquela ideia, porque Eden a tocou. Tocou nela, e tocou tão intimamente, com tanta ternura que ela teve que aproximar a boca do ombro da mulher, mordendo o espaço para conter um grito que talvez acordasse todos os cantos de Birch.
E então, no minuto seguinte, quando o dedo de Eden deslizou para dentro, Taylor percebeu que naquele momento ela já não poderia dizer que pertencia a ela mesma. Quando aquilo acabasse, ela provavelmente voltaria a si, mas ali, com Eden dentro de si, era difícil pensar que pertenceria a qualquer outra pessoa se não a ela.
O momento pareceu durar mais do que realmente durou. Tudo desacelerou por um instante, e Taylor sentiu que estava perto do fim. Ela tinha que estar, e quis murmurar isso para si mesma. Ela se arqueou para Eden, pressionada contra ela, e sentiu o gemido de dor da mulher quando a pele dela forçou o machucado no abdômen, mas mal conseguiu pensar sobre isso. Naquele momento, tudo soava absurdamente bom, até mesmo aquilo.
As mãos de Taylor encontraram os ombros de Eden, depois desceram para a parte baixa de suas costas em um esforço de puxá-la para ainda mais perto dela. E então, logo ela não tinha ideia do que Eden tinha feito, mas todo o seu corpo ficou incrivelmente tenso. Ela não conseguia falar, nem conseguia respirar sem parecer que tinha corrido uma maratona. Sua boca se abriu em um grito silencioso, que ela suprimiu arrastando as unhas pelas costas da duquesa, por baixo da regata. Taylor estremeceu e se entregou debaixo dela, ofegante e cansada, e tão mole que ela não conseguia se mover sem sentir que estava usando toda sua energia.
A duquesa não moveu sua mão, mas por apenas um momento, logo depois ela estava subindo, segurando sua cintura. A outra então acabou em seu cabelo, numa carícia doce. Ela era gentil, dolorosamente gentil, o que era definitivamente novo para dinâmica entre elas.
Taylor ficou ali deitada, e fechou os olhos por um momento, imaginando se algum dia conseguiria se mover novamente - enquanto também completava mentalmente que a resposta talvez fosse não. Eden estava respirando de maneira compassada, e a respiração estava ali, na têmpora de Taylor. Mas eventualmente a mais velha se levantou, se moveu, murmurando algo que a mais nova não conseguiu entender, e então não havia nada além do espaço entre elas. Quando Taylor olhou para o lado, Eden estava lá, puxando a regata para cima e dando a visão do que ela tinha por baixo, o que na verdade, não era nada. Ela estava de torso nu, e o curativo recente tinha sustentado ainda mais sangue por conta da agitação recente.
A mais nova queria dizer que pensou na dor de Eden, e que também pensou em se levantar e dar um jeito naquilo outra vez, a ajudar com o machucado e tudo mais. Só que, então, se dissesse isso, ela estaria apenas mentindo. Ela pensou em Eden, mas pensou em como a mulher estava linda apenas parada ali, e depois pensou como queria a puxar para si e então repetir o que tinham feito. Repetir uma vez, e então duas, e então talvez mais uma vez.
Ela estava lá, e Taylor tinha que tê-la. E a teve.
Minutos depois, elas estavam de volta para o mesmo lugar. Com Eden beijando a boca de Taylor enquanto a ajudava a deslizar o vestido de seu corpo. Depois, elas se encararam, e a mais velha olhou para uma versão ainda mais clara dos olhos de Taylor, como um céu limpo. Ela passou a mão pela lateral do seio dela, com os nós dos dedos roçando levemente a lateral, enquanto o beijo continuava. A mão de Eden se moveu, até alcançar de vez o seio de Taylor, seu mamilo deslizando entre os dedos. E enquanto ela apertava, gentilmente, se fosse preciso pontuar, ela também mudava o foco dos beijos nos lábios da garota para o pescoço, passando pelo espaço e se demorando por ali.
Mas ela se afastou, quebrando o beijo, e então tomou distância, ignorando o resmungo de Taylor. Ela se ajeitou, colocando sua mão contra ela mais uma vez, e então usando os dedos para separá-la ainda mais enquanto avançava. Ela estava molhada – muito, muito molhada. E Eden apenas deslizou dois dedos direto para dentro, a passagem dela de alguma forma fácil e ainda assim apertada, tudo ao mesmo tempo.
Taylor engasgou o nome dela, e ela engasgou o de Taylor, e então, incapaz de manter o ritmo lento da primeira vez, Eden simplesmente não conseguiu pensar muito adiante. Uma vez que ela começou a se mover, e a escutar os gemidos de Taylor embaixo de si, não havia nada que pudesse fazer para parar.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro