06 | O COLAPSO DO FRANGO
— Manda! — A voz de Archie soou alta. Ethan, que estava sentado em uma cadeira de madeira, com um controle na mão, disparou o lançador de disco. Archie ergueu a espingarda, tentando acertar o objeto. Ele cometeu um grande erro, perdendo o sinal por muito, e se afastou reclamando — Ah, pelo amor de Deus! Perdi dez seguidas, Ethan. Deve haver algum problema de peso nessa merda aí — ele apontou para a máquina — Os discos estão voando muito rápido.
— Desta vez, você não atira diretamente no alvo. Você atira um metro à frente dele, Archibald.
— É exatamente isso que estou fazendo, Ethan — ele reclamou, abaixando a voz e ficando irritado.
— Bom, dessa vez tente errar na frente então — disse o mais velho, como se fosse simples. Archie revirou os olhos e olhou para frente novamente, ajustando a arma nas mãos e gritando "Manda!" absurdamente alto. O tiro foi direto e Archie acertou o disco pela primeira vez naquela manhã. Ethan não esboçou nem mesmo um sorriso, mas ele bateu palmas — Você tem talento para matar, senhor.
— Muito bom, Archieden — a voz de Eden ecoou pelo campo, e Archie se virou, vendo sua irmã saindo de casa e andando pela grama para se sentar ao lado de Charlotte, ao redor da pequena mesa redonda onde o café da manhã foi servido. — Lottie... — ela cumprimentou a cunhada.
— Eddie — a mais velha sorriu gentilmente.
— Eu pensei... — Archie se aproximou da irmã com a arma na mão — Achei que você ainda não tinha chegado... hm... — ele pigarreou, desconfortável, e então ajeitou o roupão que usava com a mão esquerda, a mão livre — Como foi com Jonathan?
Archie ainda estava de pijama, um conjunto de tecido azul, com uma blusa branca por baixo da camisa de botão. Ele estava vestindo um roupão cinza por cima e calçava galochas. Archie também usava uma boina ridícula virada para trás. Eden olhou para o irmão e depois cruzou uma perna sobre a outra, apoiando as mãos no colo. Ela sorriu sem mostrar os dentes.
— Recebi meu dinheiro de volta.
— O quê? — o mais velho se surpreendeu — De que maneira?
— Ele nunca fez a aposta, Archieden.
— O que você quer dizer com ele nunca fez a aposta?
— Quer dizer, ele nunca fez a aposta.
— Ah... — Archie virou o rosto, olhando para o nada e apertando os lábios em irritação — Que cuzão.
— Mas o Sr. Raine concordou em perdoar quatro, o que significa que estamos bem para amanhã — assegurou Eden.
— Bem... droga, uau, ok. Como você fez isso? Quatro milhões por oito? Que loucura, cara... eu chuparia o pau dele por quatro milhões.
— É bom saber, disse Archie — disse Eden — Porque há, porém, uma pequena condição para que o valor atinja realmente os quatro milhões.
— O que você quer dizer com "pequena condição"? — Archie apontou a arma na direção da irmã, balançando-a, sem realmente perceber o óbvio.
— Desmonte a arma. Vá, Archie — ordenou a mais nova. Archie revirou os olhos, mas fez o que ela pediu e apontou o cano da arma para o chão depois de a descarregar. Eden assentiu e continuou — Ele quer que você diga que é um idiota.
— Ele quer que eu... — o mais velho se interrompeu. Ao lado de Eden, Charlotte, que estava lendo alguma revista de decoração, ergueu os olhos e olhou para o marido pelo canto do olho. Archie percebeu, mas tentou fingir que não. Então ele se endireitou e sorriu, porque queria dar a impressão de que, mesmo com aquilo, parecia bem — Ok, sou um idiota — ele deu de ombros — É fácil pra caralho, então sem problemas.
— Que bom — Eden sorriu sem mostrar os dentes.
— Todo mundo pensa que sou idiota, certo? Raleigh pensa assim. Jonathan pensa assim. Papai definitivamente pensava assim, ou não teria me excluído de seu testamento — ele disse — E você, Eddie? Você acha que eu sou um idiota?
— Bem, você foi um pouco idiota, Archie — ela assumiu — O que não significa que você seja sempre um idiota.
— Certo, ok — ele riu sem achar graça — Bem, isso é péssimo... Mas e você Ethan? Você acha que eu sou um idiota? — o inglês virou-se para o homem do outro lado, e Ethan até se inclinou para falar, mas permaneceu em silêncio, porque não achou a maneira certa de responder aquilo. A partir daí, Archie entendeu a resposta — Obrigado, Ethan... muito obrigado. E você, Charlotte? Eu sou um idiota na sua visão?
— A maioria dos homens são idiotas, querido — ela murmurou, mantendo a atenção na revista que fingia ler.
— Ok — ele balançou o rosto negativamente — Tanto faz. Algo mais? — Archie voltou a olhar para a irmã.
— Sim, sim... ele quer que você dance e cante o pedido de desculpas — ela enfiou a mão no bolso do casaco e tirou o papel que havia recebido naquela manhã, o entregando a Archie. Então, ela pegou o celular, que estava no mesmo bolso, e passou o vídeo que Taylor havia enviado, com a dança que Archie deveria fazer — Está bem aqui.
O mais velho se inclinou para ver melhor a tela do celular, e acabou erguendo as sobrancelhas, um pouco incrédulo com o que estava assistindo. Ele se endireitou novamente e Eden pausou o vídeo e guardou o celular.
— Ele está vestido como um galo — observou Archie — O cara do vídeo.
— Uma galinha, na verdade — Eden corrigiu — Mas sim, também tem isso.
— Ok... — ele apertou uma mão na outra — Eu sou uma galinha. O que mais?
— Ele quer filmar a performance.
— Não — Archie foi rápido em responder a isso. Ele não disse zangado, por mais zangado que estivesse, e não fez isso porque também estava tentando ser tolerante com a coisa toda. Mas Archie suspirou, pensando em manter a cabeça no lugar, e voltou a falar — Eu não estou fazendo isso. Eu não vou fazer isso.
— Espere aí... há dois minutos você estava disposto a chupar o pau dele.
— Sim, mas em particular, Eddie — ele falou, tentando fazer aquilo soar como o óbvio — Sem câmeras.
— Ele vai filmar, Archie — afirmou Eden. De modo algum foi uma questão. Ela estava colocando aquilo como tinha que ser — Você vai dançar, e ele vai filmar.
— Ele não vai filmar, Eddie! — Archie falou, pausando cada nova palavra. Ele quase aumentou a voz no fim da frase, mas ganhou um olhar como resposta da irmã que o fez dar um passo para trás.
— Sim, ele vai — ela reforçou, e se mexeu no próprio lugar, endireitando o corpo e levantando o dedo indicador, como se estivesse tentando explicar um ponto — Você pediu minha ajuda e eu estou ajudando você. Não porque você me tirou de um lago quando eu tinha três anos, mas porque você é meu irmão, e é isso que os irmãos fazem uns pelos outros. Como resultado, você tem que fazer tudo o que eu digo de agora em diante — ela se levantou, ficando de frente para Archie. Os dois tinham a mesma altura, mas Eden tinha uma postura melhor, no passo que Archie parecia tão ridículo e acuado. Somado a isso, ele estava no limiar de começar a chorar, com os olhos tão vermelhos que a impressão era de que, na mínima palavra errada, desabaria. Eden realmente não estava se importanado com isso — E se isso significa dançar como uma galinha, você dança como uma galinha. Você não dança como uma stripper, um urso ou como a porra de uma bailarina. Você dança como uma galinha. Está claro?
— Ué — ele limpou a voz, e então virou o rosto, apenas para tentar disfarçar os olhos vermelhos, mas não funcionou muito, então logo ele estava encarando a irmã mais uma vez, enquanto tentava controlar a voz trêmula — Você tirou tudo de mim. Por que não tirar o que resta da minha dignidade também, não é?
— Está claro, Archie? — ela repetiu, ignorando por completo o que o mais velho tinha dito.
— Sim — ele assentiu a contragosto — Ficou mais do que claro, Vossa Graça.
*
— Eu sei que você gosta de THC mais baixos e níveis mais altos de CBD, mas continuamos sendo questionados sobre como aumentar o THC. Os jovens de hoje em dia querem viajar e não voar — Taylor falou — Essas coisas me dão dor de cabeça apenas estando na mesma sala.
Danny soltou fumaça pelo ar, tomando cuidado para que passasse longe de Taylor. A loira estava no escritório de Eden, ocupando uma poltrona ao lado da janela, a apenas alguns passos da enorme cadeira atrás da mesa de mogno. Danny estava logo ali do lado também, no sofá de estofado mostarda que, apesar da cor, era muito bonito.
Era sexta-feira, e Taylor tinha chegado bem cedo em Birch, tendo deixado Londres nos primeiros raios de sol da manhã. Ela tinha um encontro marcado com Raleigh, e o homem deveria estar já no caminho. De qualquer forma, enquanto Taylor esperava ali no escritório, depois de ser recebido por Danny - que tinha desviado um pouco da própria rotina e parado para um café da manhã em família, no jardim de trás da casa -, Eden estava apressando Archie em algum canto da casa.
— Eu ouvi que os caras de Southampton estão fazendo a coisa ficar mais forte — Danny comentou.
— É, mas não estamos falando de força — ela disse — E não somos os caras de Southampton, Danny. Estamos preocupados com a qualidade. Então o que fazer... você já pensou nisso?
— Bem, eu não gosto de ver coisas que não estão lá quando eu estou fumando, de qualquer maneira. Este problema de psicose é real. Um amigo da faculdade teve problemas e continuou vendo coisas, coisas assustadoras, alucinações. Ele estava tendo conversas consigo mesmo — o garoto divagou — Eu sempre tento não chegar lá.
— Estamos todos conversando com nós mesmos.
— Mas não em voz alta, chefe.
— Bem, se ele tem uma predisposição para problemas de saúde mental, eu sugiro que ele coloque a maconha de lado e deixe isso para trás.
— Eu falei para ele — Danny deu de ombros.
— Você sabe, todos nós conhecemos algumas pessoas que podem beber, algumas pessoas que não podem. Algumas pessoas deveriam beber mais, algumas pessoas deveriam beber menos. O mesmo acontece com isso aí... — ela apontou para o cigarro entre os dedos de Danny — Algumas pessoas podem ganhar dinheiro, outras pessoas podem gastá-lo. Na verdade, mais pessoas morreram por causa de dinheiro do que por causa das drogas, você sabia disso?
— É um dado real? — Danny disse.
— Hm... — Taylor deu de ombros — Não acho que seja.
Danny aceitou isso. Ele não tinha realmente nada para discutir, e então o ambiente caiu em silêncio. Um minuto ou dois, até que a porta do escritório foi aberta. Eden entrou, trazendo Archie, de barba feita e cabelo penteado, usando uma camisa polo verde, junto com um cardigã azul escuro. Ele vestia calça reta, numa cor que quase pendia para o vinho, e nos pés tinha um par novo de mocassim.
Eden comentou que Ethan tinha avistado o carro de Raleigh entrando na propriedade, e que ele estava seguindo pelo caminho da frente. Taylor revirou os olhos, e logo ela estava se levantando, enquanto murmurava que estava indo receber o Scouse.
Raleigh chegou em um sedan prateado. Ele mesmo dirigia, mas tinha companhia. Taylor estava esperando na porta, segurando um guarda-chuva, porque caía uma chuva fina do céu. Ela desceu o breve degrau de entrada, e então caminhou até parar do lado do carro. Raleigh desceu o vidro, e encarou a loira com um sorriso no canto dos lábios.
— Que casa chique — ele comentou.
— Raleigh — Taylor falou o nome dele, pronta para a advertência seguinte, com um toque de ironia na voz — Eu disse para você usar a porta dos fundos. Entrada dos funcionários. Afinal, você é um trabalhador.
— O acordo que eu estou fazendo me fez perdoar quatro milhões em dívidas, então acho que isso significa que posso entrar pela porta da frente se eu quiser.
Taylor se conteve para não voltar a revirar os olhos. Ela encarou o mais velho, e então murmurou um "vamos entrar", antes que qualquer outra coisa deixasse seu pensamento. Depois, ela e Raleigh caminharam pelos corredores da Birch Manor, até chegarem no escritório de paredes amarelas e sofá mostarda.
Eden se levantou primeiro, assim que viu Raleigh. Archie acompanhou, muito mais por medo do que qualquer outra coisa. O Hadfield mais velho passou a mão pelo cabelo e suspirou apreensivo, enquanto tentava sustentar um sorriso. Ali, no escritório, eram apenas eles. Danny tinha ido embora minutos antes, na justificativa de que não conhecia nenhum Raine, e preferia continuar assim.
— Boa tarde, Sr. Raine — Eden disse, em pé atrás da mesa, com as mãos no bolso da calça e uma expressão que era, no mínimo, gentil. Ela viu Taylor se sentar na poltrona perto da porta, e por alguma razão reparou nela mais do que deveria. Mas então, Raleigh começou a falar e Eden precisou fingir prestar atenção. Ela pegou o fim da sentença, com Raleigh comentando sobre o título dela. Mas a mulher passou por isso — Obrigada por fazer a viagem — ela agradeceu — Sabemos que você é um homem muito ocupado.
— Ah, foi um passeio muito bonito — Raleigh disse — Lindo campo. A paisagem é realmente agradável — Eden levantou os cantos dos lábios, na tentativa de um sorriso, e Raleigh mal reparou. Ele olhou para o lado, para a poltrona vermelha de frente para Taylor, que estava preenchida por dois sacos de dinheiro — Isso é para mim, né?
— Como prometido — Taylor respondeu — Você gostaria de contar?
— Não, vou deixar Jethro fazer isso — ele deu um passo para o lado e se virou para trás, encarando o garoto com fones de ouvido e agasalho azul, que estava encostado ali no arco que dividia uma parte do escritório da outra — Ei, Jezza, sua vez, cara! — Raleigh aumentou o tom de voz, mas não chegou a gritar. O que não adiantou de muito, porque o garoto dos fones não o escutou — Aí! Acorda, otário! — ele acenou na direção do garoto, e dessa vez foi eficiente. O mais novo tirou a mochila que carregava das costas e apoiou no chão, puxando uma máquina de contar dinheiro de lá de dentro — Está tudo bem se ele se sentar nessa mesa ai? — Raleigh apontou para a mesa de mogno.
— Sem problema — Eden assentiu — O espaço é dele.
— Ele tem TOC, nosso Jethro. Ele demora um pouco para engatar. Mas depois que isso acontece, não tem como parar — Raleigh sorriu, e então mudou de assunto de uma hora para outra. Ele juntou as mãos batendo uma palma na outra e isso fez Archie se assustar por um momento. A intenção parecia ter sido realmente aquela — Certo. Vamos começar então?
— Uh, sim, escute, Raleigh — Archie se aproximou do mais velho, com as mãos ansiosas, esfregando uma na outra sem nem reparar — Sobre toda a coisa da galinha, olha... estou feliz em vestir a fantasia e tal, e estou feliz em fazer a dança, obviamente, só para mostrar como estou profundamente arrependido por tudo isso. Mas... você tem seu dinheiro, você vai ter se divertido me vendo assim e eu terei calçado os sapatos da humildade. Então... não sei... você não precisa filmar... precisa?
— É por isso que concordei em ficar com os quatro em vez dos oito milhões — ele falou — Você está pensando sobre isso tudo da maneira errada. Sua participação neste filme vai render quatro milhões de libras. Isso é um milhão de libras por minuto. Você será o ator mais bem pago do mundo. Você deveria estar comemorando, não negociando essa merda. Foram quatro milhões perdoados.
— Ouça, cara, essa merda poderia me seguir para sempre — Archie continuou tentando, e de canto de olho, Raleigh viu Jehtro se ajeitando e arrastando a cadeira de frente para mesa, para se sentar. O mais velho estava calmo, mas Archie se inclinou, quando viu que tinha perdido parte da atenção dele, e tentou apoiar uma das mãos em seu ombro. Raleigh terminou o lançado um olhar irritado — Tire sua mão de mim. Eu não sou seu amigo. Então não confunda nossos papéis aqui. Hoje você trabalha para mim. Eu dirijo e você atua. E eu quero obter valor nessa merda de dança, pela porra do dinheiro que estou perdendo.
— Vamos, Archie — Eden chegou por trás do irmão, apoiando as mãos em suas costas e o arrastando para sair da sala — É apenas uma música. Vamos fazer isso.
— A fantasia está ali no chão — Raleigh indicou para onde a fantasia tinha sido deixada, depois de Jehtro a arrastar pela casa inteira. Ela tinha sido jogada ao lado da porta, e era enorme — Eu estou esperando.
— Eu só- — Archie se interrompeu — Eu só preciso de um minuto para, uh... me preparar.
Archie tirou as mãos da irmão de si mesmo, e saiu atordoado, arrastando a fantasia pelo corredor em direção ao banheiro que ficava na sala de descanso ao lado. Eden encarou Raleigh, e então desviou o olhar para Taylor, e ninguém pareceu realmente confortável em dizer qualquer coisa.
Na sala ao lado, Archie estava despejando cocaína na mesa, e contribuindo para estragar tudo outra vez, como ele vinha fazendo repetidamente. Primeiro, ele tinha quase perdido dois milhões de libras em uma aposta falsa no boxe, e agora estava ali, ficando chapado porque sabia que não conseguiria aguentar os próximos minutos se não estivesse daquele jeito.
Quando ele saiu do banheiro, vestido como uma galinha, saiu muito mais animado do que deveria estar. Raleigh percebeu que ele não parecia exatamente "normal", mas também era difícil não perceber. E foi a partir de dali que as coisas começaram a dar realmente errado.
Já era história velha que Raleigh tinha exigido um pedido de desculpas na forma de música, com Archie cantando uma canção insultuosa sobre si mesmo ao som de "Old McDonald" enquanto dançava naquela fantasia idiota de galinha. Mas nos próximos quinze minutos, depois do início da dança, tudo se seguiu como um thriller policial misturado com uma comédia assustadora, como aquela cena de Alfred Molina em Boogie Nights. Foi difícil até para Eden tentar entender o quanto de estranheza ela conseguia suportar perto de um indivíduo extremamente perigoso como Raleigh. Em contrapartida, Taylor parecia imperturbável ao lado da duquesa, enquanto Archie gritava de maneira horrivelmente desafinada que era um "idiota chique, ia, ia, iô".
Raleigh realmente queria levar Archie ao limite, e para Archie, a resposta a isso era apenas ultrapassar o limite imposto, independente de qual fosse. Durante uma segunda pausa para ir ao banheiro, o mais velho dos irmãos Hadfield ficou ainda mais chapado do que já estava - o que, se não parecia tão claro, era bem chapado. Ele deixou o banheiro, saindo na sala de descanso, onde havia essa estante enorme de armas, com metade das que Herbert sustentava como coleção. Nenhuma estava carregada, com exceção da espingarda antiga exposta no topo do estante. O caminho seguinte foi apenas seguido da pior decisão que Archie poderia ter tomado.
O "idiota chique" que tinha sido preterido, e em um espaço de poucos dias, perdido sua herança, caminhou pelo corredor suando frio, com os olhos vermelhos e as pupilas dilatadas. Ele foi suando mais do que tinha suado por toda a vida, por conta daquela fantasia estúpida, e se irritou rasgando parte dela, a parte de trás que estava se arrastando no chão. Raleigh estava parado no mesmo lugar de antes quando Archie voltou a entrar no escritório, e tudo aconteceu muito rápido na verdade. Antes que Eden pudesse fazer qualquer coisa, Archie estava com a arma apontada para Raleigh, explodindo sua cabeça enquanto repetia a música que havia sido forçado a cantar incansavelmente por todos aqueles minutos anteriores.
O sangue de Raleigh voou pelo rosto de Archie, e também acertou o quadro atrás do traficante, mesclando parte do que, aparentemente, era o cérebro dele, com as folhas do Drinkstone Park - o quadro pintado por Thomas Gainsborough.
A bala atravessou o cérebro de Raleigh mais rápido do que qualquer outra coisa. Então, o projeto empurrou tudo no caminho, esticando a parte de dentro da cabeça além do seu ponto de ruptura. Quando o tiro saiu, ele não pôde fazer nada - porque, obviamente, estava morto.
— Hm... isso não é ótimo — Taylor comentou.
Ela estava parada ao lado de Eden. Na verdade, estava um passo atrás dela, com os corpos praticamente se encostando. No meio da sala, Archie colocou a espingarda sobre o ombro, como se segurasse o mastro de uma bandeira.
— Archie — Eden uniu as mãos no rosto, tentando conter o quão irritada estava realmente. Ela deu passo adiante, mas foi o único passo que deu, porque sentiu a mão de Taylor em sua cintura, e parou ali, murmurando, porque se aumentasse a voz, terminaria gritando — Eu acreditei que você conseguiria fazer isso, porque você é um adulto e essa era a porra da condição para o perdão da dívida. Que. Merda. Foi. Essa?
— Ele se atirou na frente da minha arma — Archie tentou se justificar, o que na verdade era ele apenas tentando não assumir a culpa total do que tinha feito, como sempre. Se fosse ser honesto, o arrependimento estava começando a bater, mas também, ele estava tão cheio de droga que não tinha tanto espaço para raciocinar a coisa toda direito — Nada que eu pudesse fazer também, mas foi um acidente.
— Isso parece bastante extremo para um acidente — Taylor falou.
— Bem, sim... claro — Archie deu de ombros — Mais como uma morte realmente, mas um acidente.
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