01 | INÍCIO... TUMULTUADO
Taylor realmente admirava seu pai. Não era difícil a imaginar no auge de seus 6 anos, descendo as escadas, ouvindo as reuniões de negócios de Scott, no escritório da casa que tinham em Kensington, o observando se comportar e vendo como ele controlava as pessoas ao seu redor. E embora ela não tivesse medo do mundo em que nasceu, dominado pelo crime, ela definitivamente tinha muito medo de Scott. Ou talvez fosse muito mais respeito do que medo.
De qualquer forma, ela queria fazer um bom trabalho. Ela queria provar a ele que poderia manter o navio funcionando pelo tempo em que ele se mantivesse distante. E foi exatamente isso que a colocou na complicada situação de lidar com a morte do 12º Duque de Birch, porque ela tinha um acordo com o Duque - e a família Swift administrava uma maldita fazenda de maconha embaixo da propriedade Hadfield. Com a morte de um Duque, era mais do que evidente que haveria um herdeiro - fosse um filho, ou um primo. No caso de Herbert Hadfield, ele tinha um filho homem, seu primogênito, apenas esperando, até que pudesse assumir o lugar do pai.
Mas antes de chegar ao novo herdeiro, a história começa um pouco antes. Na verdade, dois dias antes da morte do 12.º Duque de Birch, quando a sua segunda filha, Eden Hadfield, estava na Turquia. Uma capitã estoicamente encantadora do Exército Britânico, Eden e a sua equipe realizavam fiscalizações na fronteira com a Síria.
— Precisamos terminar o isolamento até às 14h. Fora isso, bom trabalho — disse Eden, direcionando a frase a um de seus subordinados. Ela estendeu uma prancheta para ele, terminando uma verificação por conta própria, e ganhou um aceno de cabeça do homem, que pela aparência parecia ser apenas alguns anos mais novo que ela.
— Ok, chefe.
Eden virou as costas e continuou caminhando pela estrada fechada. Ela e toda a sua unidade estavam numa encosta, com vista para o Mar Mediterrâneo, num pedaço de terra tão remoto que apenas alguns pequenos agricultores viviam ali, utilizando a estrada diariamente. Honestamente, não era exatamente o que Eden teria escolhido fazer naquela tarde de sábado. Mas as coisas eram como eram.
— Não, não, não, não, não, não, escute. Ouça-me — um dos sargentos estava tentando manter uma conversa com dois cidadãos locais, usando um terceiro homem, mais jovem, como tradutor. O primeiro homem tinha bigode branco e cabelos cheios cobertos por uma boina preta, e parecia não entender metade do que o cabo britânico dizia. E com o outro não era diferente, um homem que também era mais velho, mas tinha um curativo no olho esquerdo, como se tivesse passado por um procedimento recentemente — Diga a eles que não me importo de quem são as cabras, apenas tire-as da estrada.
— Relaxe, Sargento — Eden pousou a mão no ombro do homem, por um momento, dando-lhe um tapinha amigável. Então, ela se posicionou entre ele e o senhor de cabelos brancos — Não queremos causar um incidente internacional — ela murmurou, para que apenas o inglês ouvisse, e então virou-se para o senhor de cabelos brancos — Tamam bıyıklı efendim, o tarafa doğru devam edin lütfen. Göz bandı takan beyefendi, kafası ters yönde (Ok, senhor com o bigode, continue nessa direção, por favor. Cavalheiro com tapa-olho, siga na direção oposta) — Eden virou o rosto na direção do sargento, e diminuiu a voz — Se não conseguirmos resolver isto amigavelmente, deixaremos que as cabras decidam.
— Sim, senhora — o sargento assentiu, e Eden deu alguns passos para trás, começando a se afastar.
— Não estrague isso — disse ela, antes de se virar e seguir pela estrada, parando alguns metros à frente, onde outro oficial do exército verificava a carteira de motorista de um homem que dirigia um carro já muito velho — Bobby! Você está bem?
— Os papéis deste homem estão desatualizados — respondeu Bobby.
— Deixa eu dar uma olhada — Eden se inclinou um pouco, só para ficar na altura da janela — Merhaba (Olá).
— Merhaba — respondeu o homem dentro do veículo. E ele não estava sozinho. Havia uma mulher ao lado dele, assim como três crianças no banco de trás, e Eden terminou acenando para todos, antes de se endireitar novamente e tirar a carteira da mão de Bobby.
— Estão realmente desatualizados... — disse ela enquanto examinava o documento — Mas são só três dias de atraso.
— É o que é, senhorita — Bobby encolheu os ombros, e Eden ergueu os olhos para poder olhar para ele.
— Diga a ele que desta vez pode passar, mas só desta vez — disse ela — Faça-o resolver o problema para que possa voltar.
— Chefe — Bobby balançou a cabeça para cima e para baixo. Ele viu Eden se afastar e se abaixou para poder continuar a conversa com o homem no carro.
Eden deu mais alguns passos, onde Smithy verificava a carteira de motorista de uma mulher que dirigia um SUV.
— Tudo certo por aqui? — ela perguntou.
— Está tudo bem — garantiu Smithy, pronto para liberar a mulher do SUV quando viu um sedan se aproximando logo atrás do carro dela. Como tudo parecia completo, Smithy se apressou em continuar seu trabalho — Vou verificar o carro atrás...
— Não, não — Eden o parou ali mesmo — Eu vou resolver isso. Você fica aqui e termina com calma o que começou.
— Chefe — Smithy assentiu e voltou sua atenção para o que estava fazendo.
Eden continuou andando e, quando parou ao lado do sedã – um Audi A3 – bateu duas vezes na janela.
— Merhaba, pencereyi aşağı yuvarlayın lütfen (Olá, abaixe a janela, por favor) — Eden levantou a voz, mas pouco mais do que habitual. Ela terminou apoiando a mão no teto do carro, e viu quando o vidro desceu por completo. Mas o vidro do motorista não foi o único que se arrastou para baixo. O vidro traseiro fez o mesmo caminho, e a atenção de Eden caiu por ali, apenas para ver uma figura conhecida, enfiada em um terno bem cortado, a olhando atentamente. Eden deu um passo adiante, ainda mantendo a mão apoiada no teto do carro, e terminou suspirando um pouco cansada — Osman... presumo que isso não seja você trazendo uma boa notícia.
— Receio que não — Osman transmitiu em pesar.
Naquele ponto, Osman Iqbal já sabia bem a posição do Eden diante do exército. Ela era capitã dos Queen's Dragoons, um regimento de cavalaria do exército britânico, e estava trabalhando diretamente para a ONU, fazendo patrulha de fronteira. Eden era afável, amigável, apreciada por suas tropas – uma mulher contida. Uma mulher que estava há quase seis anos sem pisar em casa.
Osman era o advogado da família Hadfield, mas além de um advogado especializado em questões relacionadas ao direito da família, ele também era um velho amigo que mantinha o olhar atento nos irmãos Hadfield, a pedido de Herbert - o que não era realmente tão difícil. Archie ainda vivia com os pais, bem como Danny, que agora ocupava a casa de hóspedes, perto do curral coberto das ovelhas. Grace estava em Londres, mas era uma viagem de pouco mais do que uma hora de carro, e ela mantinha contato, mesmo que fosse com suas ligações semanais - às vezes quinzenais.
Eden, por outro lado, era mais difícil de se manter no radar. Ela sempre estave em um lugar diferente, e a última mudança tinha sido justamente a de que estava se estabelecendo na Túrquia. Antes, tinha passado um ano em Gales. Mas sem visitas a Inglaterra, sem mensagens, ou qualquer outro tipo de contato.
— Foi uma queda feia, meses atrás — Osman comentou depois que Eden o acomodou na parte de trás de um caminhão de pequeno porte, militar, pintado com a identificação da ONU. Os assentos eram espaçados na parte traseira, e ela estava de frente para o advogado — E ele já não é nenhum garoto. De lá pra cá, a situação apenas piorou.
— Bem, você poderia simplesmente ter me ligado.
— Sim, senhorita — ele assentiu — Tentamos fazer isso muitas vezes, mas a senhorita parece estar realmente muito ocupada. No final das contas, seu irmão decidiu, como filho mais velho, que era necessário me despachar para que eu pudesse lhe mostrar a gravidade da situação.
Eden encarou o lado de fora do carro, vendo a linha de carros e dos oficiais. Havia uma fila extensa de veículos a ser liberada, mas naquele momento, isso ficou de canto. Eden se ateve ao próprio silêncio por um momento, mas mesmo isso não durou muito.
— Meu pai vai morrer, Osman?
— A condição de Sua Graça é... — Osman se interrompeu no meio da sentença, parecendo ponderar sobre o quanto poderia dizer — Grave. A coisa é que minha instrução é levá-la imediatamente ao aeroporto. Tudo foi esclarecido com seus superiores.
A resposta que, talvez, Osman estivesse esperando, não veio de imediato. Muito pelo contrário, quando Eden escutou o que ele tinha para dizer, ela voltou a encarar o absolutamente nada. Então balançou a cabeça e suspirou de maneira pesada, num tipo de suspiro que de tão longo parecia uma palavra completa. Por fim, ela voltou a encarar o advogado.
— Certo — foi tudo o que a inglesa falou.
*
Estava chovendo! Mas era óbvio que estava chovendo.
Quando Eden pousou no aeroporto de Heathrow, descendo do avião fretado que Osman tinha conseguido, havia essa garoa fina pela cidade de Londres. Então, ela entrou no banco de trás de um sedan muito parecido com o que Osman estava, ainda na Túrquia. Mesma marca, mas modelo diferente - um A5 totalmente preto, dessa vez.
O carro estava sendo dirigido por um motorista da família, e Eden reconheceu quando o viu. Não era um costume dos Hadfield trocarem o staff com frequência. Eles tinham mais de quarenta funcionários cuidando de toda a propriedade em Chelmsford, e os que estavam por lá quando os filhos de Herbert e Mary eram crianças, eram os mesmos que permaneciam, quase três decadas depois.
Mas voltando a chuva - era óbvio que ela cairia. Na verdade, por todo o caminho de Londres até a propriedade dos Hadfield, ela apenas se tornou mais espessa, até voltar a se transformar em breves chuviscos, que tocaram o casaco que Eden estava usando, quando ela desceu do carro minutos depois, bem em frente à porta principal da Birch Manor. Seguindo por um caminho um pouco mais fechado, a entrada direta levava a frente da casa - se é que se poderia colocar dessa maneira. O lugar era realmente um palácio, com paredes altas, três andares, torres que subiam adiante, janelas enormes - muitas janelas enormes -, e a aparência de que, pelo menos ali, o tempo tinha parado um pouco.
A frente da Birch Manor era tão opulenta, que quase parecia difícil imaginar que uma família tinha se estabelecido por entre aquelas paredes. Era como uma casa tirada das histórias aristocráticas inglesas. Mas no fim, todas aquelas histórias eram verdadeiras.
O sedan contornou a frente, e então o motorista fez uma monobra acertada para que pudesse parar apenas alguns metros da entrada. A porta esquerda do banco de trás, onde Eden estava sentada, acabou direta a porta de entrada da casa, e antes que ela pudesse alcançar a maçaneta, o mordomo foi mais rápido, abrindo a porta e estendendo o guarda-chuva um pouco mais alto, para que Eden deixasse o carro sem se molhar.
— Bem-vinda ao lar, senhorita — ele disse.
— Sentiu minha falta, Sr. Lawrence? — ela brincou, carregando um sorriso no canto dos lábios, como se a resposta fosse determinante diante da situação. Não era. Mas Eden estava ali, depois de tanto tempo imaginando que não voltaria.
— Terrivelmente — o mordomo garantiu, e ganhou a risada anasalada de Eden como resposta.
Ele a deu espaço, e ela deixou o carro debaixo da guarda-chuva, mas seu casaco não ficou livre de algumas gotas de chuva, que encostaram quando deu o primeiro passo adiante. Sr. Lawrence se manteve ao lado, segurando o guarda-chuva, e por todo aquele caminho - que não durou nem cinco segundos -, Eden apenas tentou imaginar o passo seguinte, que era, justamente, entrar em casa.
E o passo seguinte veio, quando ela colocou os pés dentro de casa, dando de encontro com o Hall Norte, o salão de entrada, de piso branco com pequenos quadrados pretos, paredes num tom de azul claro, adornadas em branco, com móveis de madeira e quadros antigos enormes que carregavam molduras douradas.
Archie estava logo ali, saindo do corredor direito. Ele vestia uma calça em veludo cotêle, num tom terroso que quase se aproximava do cinza. Além disso, estava usando um suéter de tricô azul da Ralph Lauren. O complemento era o blazer marrom, que era no tom exato do Mocassim aveludado que estava em seus pés. O cabelo de Archie era em um tom de castanho claro muito característico, mas agora ele estava com o cabelo descolorido, cortado nas laterais, e carregando um topete que o fazia ficar absurdamente ridículo.
— Olá, Archie — Eden parou alguns metros do irmão, e o viu abrir os braços, acenando para si mesmo.
— Ed, Eddie, Edwina, Deny, Den — Archie usou todos os apelidos que poderia usar, e Eden quase revirou os olhos, se lembrando de como as coisas não eram diferentes quando ela colocou os pés para fora de casa — Você conseguiu chegar. Venha até mim. Muito bem, querida — o mais velho caminhou na direção da irmã, e Eden também deu seus passos na direção dele. Os dois se encontraram no meio do caminho, e Archie abraçou Eden, deixando um beijo no lado direito de seu rosto, antes de se afastar e segurar seu rosto com as duas mãos — Bom te ver.
— Como ele está? — Eden perguntou, sorrindo um pouco enquanto se afastava do irmão, claramente incomodada. Os dois caminharam juntos, e pararam diante da porta que levava ao corredor. Archie passou uma das mãos no rosto, e terminou com ela apoiada na cintura.
— Na merda, para ser honesto — ele confessou — Sim... Quero dizer, ele está mal. O Doc disse que será hoje à noite, no máximo amanhã de manhã.
— E você? Como você está?
— Eu... não vou mentir, não tenho absolutamente nenhuma ideia. Quer dizer, eu realmente estou, você sabe... — ele balançou a cabeça, e parou por um momento, se interrompeu, como se fosse difícil demais falar qualquer coisa sem terminar caindo em lágrimas. Eden reparou nisso, mas não soube dizer o quanto daquilo era um sentimento verdadeiro e o quanto era apenas um show próprio.
— Como está a mamãe? — ela mudou o assunto.
— Sim... claro — Archie acenou para a irmã — É nela que precisamos ficar de olho. Tenho certeza de que ela está mergulhando o bico nos remédios do papai. Ela tem olhos que parecem... Completamente maníacos.
— Espere...
— E você sabe — ele interrompeu a irmã — Olheiras fundas.... Mas de qualquer modo, vamos passar por isso juntos, eu tenho certeza.
Se Eden estivesse disposta, e oferecesse o mínimo de espaço, Archie continuaria falando sobre como a situação de Mary era preocupante - o que, não era exatamente verdade. Ela estava muito menos mal do que como o filho estava pintando. De qualquer modo, Eden cortou Archie, e logo comentou que gostaria de ver o pai, antes que pudessem conversar sobre qualquer outra coisa.
O mais velho assentiu, e em seguida estava acompanhando a irmã por aquele mesmo corredor que tinha passado minutos antes. Eden sentiu que talvez devesse estar muito nervosa, mas a verdade era que ela estava muito bem, levando em conta a situação. Ela e Herbert nunca tiveram um relacionamento próximo, e depois que ela cresceu, e alcançou idade o bastante para cuidar de si mesma, o pai tinha virado um completo estranho.
Foi Archie quem segurou na maçaneta e abriu a porta do quarto do pai, mas ele deu espaço para que Eden pudesse passar, e a primeira pessoa que ela viu foi a irmã. Grace parecia triste, e tão diferente. O cabelo estava maior, e ela parecia mais alta também. E ali, usando uma combinação de jeans, suéter e blazer, estava muito parecida com sua mãe, Mary.
— Olá, Chuckles... — Eden abaixou a voz, puxando a irmã para um abraço — Você está bem?
— Sim — Grace sorriu com pesar quando se afastou, mas fez o melhor para que não parecesse tão triste.
— Como ele está? Ele está lúcido? — Eden perguntou.
— Ah, às vezes — Grace respondeu — Ele está um pouco... entrando e saindo da própria mente. Quando ele está lá, dentro de si, ele está... definitivamente lá.
Eden assentiu, e sorriu compreensiva. Ela passou a mão direita no braço da irmã, como um breve carinho, antes de se afastar, e então deu as costas, caminhando até Mary, que estava ali ao lado da cama de Herbert.
— Oi, Mãe.
— Eddie, Querida... — Mary puxou a filha para um abraço extremamente apertado, e quando se afastou, juntou as mãos ao resto dela. Pela segunda vez naquela tarde, Eden murmurou desconfortável com um contato, mas não disse nada — Graças a Deus. Ele ficará feliz por você ter vindo, mesmo que não demonstre — ela acenou na direção do marido, e beijou o rosto da filha antes de se afastar, apontando para Archie e Grace, murmurando que eles deveriam dar espaço para Eden, para que ela pudesse ter um momento sozinha com o pai.
Archie foi quem mais se demorou, mas eventualmente ele seguiu a mãe e a irmã, e deixou o quarto, encostando a porta com cuidado, para que não causasse barulho algum. Ali dentro, Eden se sentou na cadeira que antes Mary ocupava, ao lado da cama. Ela encarou o pai com atenção, e mal soube o que dizer. Ele parecia tão diferente do que Eden tinha se habituado a ver enquanto crescia que, estranhamente, as palavras, elas quais fossem, acabaram presas em sua garganta.
— O primeiro Duque de Birch era duro como ferro em sua teimosia — Herbert murmurou, ainda fraco, surpreendendo a garota por um instante. Ela se inclinou para mais perto, e sua mão se apoiou adequadamente na cama — E construiu este lugar sozinho. Cada pedra disso. Com suas mãos.
— Pai... — Eden tentou dizer qualquer coisa, mas Herbert continuou falando.
— Arrancou as pedras do antigo mosteiro...
— Sou eu, Eden — ela emendou, e justamente ali, como que tomando consciência da presença diante de si, Herbert abriu um pouco mais os olhos e estendeu a mão na direção da Eden, ali na cama, apoiando uma sobre a outra.
— Por que você nos deu as costas, minha garota? — ele suspirou cansado — Você acha que é certo sair por aí bancando a durona com seus amigos? Não é — Herbert levantou as sobrancelhas, como se tentasse focar a própria visão, e deixou uma tosse escapar no final da sentença. Então, como se fizesse todo o sentido, o mais velho mudou de assunto — A propriedade não deve ser vendida. Está claro?
— Não se preocupe com isso — Eden murmurou, e trocou o aperto, colocando sua mão por cima da mão de Herbert — Apenas descanse um pouco.
— E cuide do seu irmão mais velho... — o Duque pediu, sua voz ficando ainda mais baixa — Ele não sobreviverá sem você. Você entende?
— Eu entendo, pai.
— O terceiro duque... — ele divagou — Velho bastardo malvado, matou 15 franceses antes do almoço. Ele estava se preparando para travar um duelo. Ele deu um tiro no próprio pé. Ha! — Herbert levou a mão direita até o rosto, limpando um dos olhos, e sua tosse ficou mais forte.
Em um cenário extremamente dramático, o 12º teria morrido ali mesmo, diante de sua segunda filha, divagando sobre o terceiro Duque de Birch e suas idiotices, mas não. Eden reuniu-se junto ao pai por pelo menos mais uma hora completa, o ouvindo dizer coisas que não faziam sentido. Depois, ela deixou o quarto e foi se habituar ao lugar que, por tanto tempo, tinha chamado de casa, mas que, depois de anos, parecia completamente estranho a si.
Naquela noite, logo após o jantar, foi quando a notícia de que Herbert tinha falecido chegou à biblioteca, onde Eden tinha se acomodado, observando a chuva que caía lá fora enquanto sorvia uma taça de vinho tinto. Mary foi quem ficou sabendo primeiro, e depois a notícia correu para Archie, que foi justamente a pessoa a ir avisar a irmã.
Herbert morreu sozinho, e sem muitas complicações. Ele fechou os olhos para descansar, e na segunda rodada de ronda de uma das enfermeiras, durante aquela noite, a mulher apenas reparou como o monitor multiparâmetro estava estático.
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