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Brooke

A agulha passando na sua carne era mais agonizante do que poderia imaginar.

Ela estava deitada, apenas sentindo mesmo que antes tivesse tomado uma pequena dose de anestesia a dor ainda estava lá, mas permaneceu quieta, se lembrando de tudo e então desejou que a dor fosse mais forte e insuportável. Não diria isso em voz alta.

— Pelo jeito você deve estar acostumada com a dor... Quase não se move. — Natalie tenta fazer uma gracinha, seu rosto esbanjando maquiagem, tão linda.

Quando termina, Brooke apoia sobre seus cotovelos vendo a perfeita costura na sua pele, tentando não dobrar muito sua barriga ela estica um pouco seu tronco.

Jason olha para o machucado sem desviar o olhar, pareceu vidrado a medida em que a pequena agulha entrava e saía, costurando a parte aberta da sua pele.

Não tenho certeza sobre o que ele está chocado, a forma em que Natalie fazia com cuidado como se não fosse a primeira vez, ou a forma que Brooke não reagia, ao menos chiava de dor ou qualquer outra coisa. Nada vinha dela, como se estivesse deitada em sua cama com Neit ao seu lado.

Provavelmente ninguém sentiu sua falta naquela mansão, mas Jason teria que dar explicações.

— Terminou? — Pergunta.

— Não, fique quietinha aí, vou colocar um curativo ai, você vai ter que limpar e higienizar todos os dias. — Ela liga a TV, da pequena sala escondida da boate, e avisa a Jason: — Você pode usar o telefone da boate pra ligar pra alguém, se quiser.

Ele assente, seu olhar se desviando por um segundo de Brooke e voltando, passando rapidamente suas irises pelo seu corpo quase nú na parte de cima. Ela teve que retirar a blusa e ficar apenas com um sutiã sem bojo e de renda preta, destacando na sua pele ainda pálida e um pouco suada.

Jason provavelmente agora tinha certeza, por causa da luz, que não tinha visto coisas naquela festa. Era difícil não ver o piercing em um se seus mamilos, a protuberância no tecido quase transparente era muito visível.

Provavelmente Brooke nunca esteve assim na sua vida.

Jason se retirou, ficando apenas as duas.

— Não vai me contar como vocês dois conseguiram ficar assim? — Aponta para o corpo dela.

— Não.

— Ok. — Dá de ombros. — Vai me contar quem é ele? — Se vira para pegar um curativo grande.

—  Não.

— Ok. Vou te passar uns remédios pra ajudar na dor, provavelmente vão pedir receita, mas não é como se eles fossem impedir você de comprar.

— Não posso ir na farmácia.

— Oh! Ok, então depois do meu expediente eu vou, pode me passar onde estão ficando?

Brooke fica meio indecisa se deve ou não, ela pode ser qualquer pessoa com objetivos ainda não descobertos, mas sente que pode confiar, poucas as vezes em que o instinto de Beaufort estava errado.

— Ok.

— Quer uma roupa emprestada?

No momento exato em que ela pergunta, a TV chama   a atenção de ambas, o nome da Brooke Beaufort aparecendo como a suspeita de uma chacina em uma fábrica sem uso e antiga.

Um vídeo roda, de uma das câmeras, uma garota aparecendo, logo uma parte sendo destocas apela imagem forte, era obviamente Brooke, ela sabia, mas não tinha como ver seu rosto, estava e costas e no momento que se virou a sombra cobria seus traços. A má qualidade também a ajudava.

Mas era óbvio que seu nome estaria ali, queriam incrimina-la para a acharem e acabarem com o trabalho que começaram.

Agora sabia, um arrepio subindo sua coluna, que estando na TV seu pai também estaria atrás dela.

— Fudeu. — Natalie disse exatamente o que Brooke gostaria.

(...)

Com ajuda de Rose, pareciam amigas de anos, vestiu uma roupa mais limpa, da própria Natalie.

Uma calça de couro sintético justa e minimamente mais larga na barra, uma blusa de manda comprida e moletom branco. O suficiente pra passar alguns dias em um motel de estrada.

Ela também pegou umas roupas para Jason, praticamente o mesmo que Brooke, mas tudo na cor
preta.

— Tenha cuidado. — Natalie deseja.

Brooke e Jason com o capuz sobre suas cabeças entram no carro, ela já imaginando como teria que despachar o automóvel o quanto antes.

— Como a gente vai fazer? — Jason pergunta enquanto dirigi, toda sua atenção na estrada e a da Brooke nele.

— Não sei.

Ele poderia ir embora, não estavam o procurando. Mas talvez, Brooke só queria que ele ficasse.

Queria se convencer que ele era uma testemunha e também o queriam, apesar de seu nome não aparecer no jornal ou algum vídeo seu.

Eles queriam Brooke para descobrir coisas sobre Héctor, agora a queriam por vingança pelas mortes que causou.

— Precisamos de um plano.

— Eu sei.

O carro foi preenchido pelo silêncio.

— Eles estão me procurando, Jason. Não só os que nos sequestraram, mas a polícia.

— Como você sabe? — ele vira um pouco a cabeça na sua direção e volta para a estrada.

— Vi na TV. — Pisca, colocando uma das pernas em cima do banco e deitando um pouco relaxada.

Sabia que seu pai não a deixaria ser presa e o que saiu na TV nunca mais apareceria ali e em nenhum outro canal, mas sua maior preocupação era com Héctor, o que ele faria.

— Preciso me entregar até o fim da semana. Não acho que tenham provas o suficiente.

— Mas se tiverem? Você não vai, Faith.

— Não posso ficar fugindo, não por muito mais tempo, prefiro que a polícia me ache ao invés dele. — murmura.

— E se você for presa?

— Eu não vou.

O caminho até o motel foi silencioso, ambos exaustos e só querendo um tempo para pensar onde se enfiaram, mas em dado momento, quando estavam quase chegando Brooke Beaufort tinha um plano, já tinha em sua mente todos os prós e contras e estava decidida, com ou sem a ajuda de Jason.

Ela não voltaria atrás.

— Jason...

— Hm... — ele estaciona o carro, se virando para ela, atento.

— Preciso da sua ajuda pra fazer meu pai cair.

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