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━━━ capítulo único

QUATRO SÉCULOS DEPOIS DE JAYA SER DIVIDIDA E UMA GRANDE PARTE SUBIR AOS CÉUS DE SKYPIEA, Wyper, descendente de Calgara, continuava a lutar com o mesmo espírito determinado que seu ancestral. Os Shandia mantinham viva a chama da vingança e a promessa de que um dia recuperariam seu lar. A cada batalha que planejavam contra o, agora Deus Enel, o próprio relâmpago em pessoa, seus subordinados aumentavam a raiva de Wyper, que, como seu povo, sentia o peso do passado gravado em sua pele.

Mas algo inesperado aconteceu: um grupo de piratas do Mar Azul, liderados por um homem-peixe — Arlong —, com sua tripulação de nome "Arlong Pirates", cruzaram os céus e tentaram se aventurar por Skypiea. O caos que isso trouxe foi devastador, e Wyper sentiu que mais uma ameaça estava sobre os ombros de seu povo. Porém, todos morreram ao chegarem ao céu.

Entre os destroços de uma tragédia, ele avistou uma única sobrevivente caminhando com dificuldade, parecendo uma completa morta-viva enquanto se afastava dos escombros que estavam perto demais do lugar em que os Shandia se agruparam para a sobrevivência. Wyper preparou sua bazuca, decidido a não deixar que qualquer intruso ameaçasse sua terra sagrada. Porém, quando ela ergueu os olhos suplicantes para ele, algo mudou. A voz da jovem reverberou em sua mente de maneira estranha, e ele hesitou. Ela implorava para não ser morta, dizendo que, assim como os Shandia, ela também tinha perdido seu lar, e por isso se submeteu a tudo e mais um pouco,  tendo que suportar uma tatuagem forçada em seu braço, chorando, ao passo que estava ajoelhada com a bazuca apontada para si, ao longe.

— Minha terra foi roubada — tentou gritar, enquanto lágrimas se formavam em seus olhos. — Eu só queria voltar para casa! Minha terra também foi roubada! Por favor, não me mate! Eu estudei sobre os Shandia!

Essas palavras ecoaram profundamente em Wyper. Seria ela outra vítima da mesma injustiça que havia moldado a história dos Shandia? Ou apenas uma coincidência que parecia grande demais para ser ignorada?

Wyper apertou a arma nas mãos com força, observando cada movimento daquela estranha enquanto se aproximava ao ver que ele baixou a guarda. Ela ainda tremia e esforçava-se para andar e falar, mesmo que sua voz soasse fraca e embargada pelo cansaço. Os olhos de Wyper analisaram-na com um olhar gelado e afiado, sem perder nenhum detalhe. Ele não confiava nela, nem por um segundo. Nunca confiaria.

Depois de uma breve pausa enquanto a esperava, ele soltou um suspiro irritado e colocou a bazuca no chão quando ela se aproximou, , notando a bela diferença de altura deles, assim como o rosto bonito, porém machucado, sem contar da pele branca que estava repleta de ferimentos. Ainda assim, eles formavam um completo contraste.

— Escute bem — disse ele, num tom grave e ameaçador —, eu não vou te matar agora. Mas é só uma questão de tempo, então aproveite o pouco tempo que te resta. Não confio em estranhos, muito menos se forem do Mar Azul.

A garota estremeceu, no entanto assentiu positivamente com a cabeça, tentando se manter de pé com o pouco de força que ainda lhe sobrava. Wyper, ainda desconfiado, tirou de sua bolsa na cintura um cantil de água e uma fruta que tinha guardado, jogando-os aos pés dela sem cerimônia. — Coma e beba. Quero saber exatamente o que você está fazendo aqui e o que sabe sobre o que aconteceu com sua "terra roubada", como você disse. Você  também falou ter estudado sobre os Shandia, então quero saber o que sabe e que terra é essa que deseja  voltar.

Wyper cruzou os braços, mantendo seu olhar firme e sério. Não deixaria de lado o peso do passado e não permitiria que nenhum intruso ou mentiroso o manipulasse. Ele se lembrava de todas as histórias de seu povo, das lutas que seu ancestral enfrentara, da promessa que fizera. E aquela garota? Uma desconhecida de um bando de piratas que ninguém conhecia, que dizia ter perdido sua terra... A coincidência era forte demais para ser ignorada, mas Wyper sabia que, em Skypiea, nem tudo era o que parecia ser.

— Meu nome é Wyper — continuou ele, sem expressar qualquer simpatia assim que pararam por conta de ela não suportar mais nem o próprio peso, bebendo um pouco mais de água e tentando também, por tudo, terminar a fruta que ele tinha lhe dado. — Sou um guerreiro dos Shandia. A terra que você pode ter pisado foi nossa por gerações, e não vou permitir que ninguém, nem você, a contamine. Você tinha muita dela no Mar Azul. Se você tem alguma esperança de sair viva daqui, então é melhor começar a falar. — Ele viu o olhar hesitante da garota, que respirou fundo antes de responder.

Ela contou que tinha sido capturada pelos Arlong Pirates quando fugiu da sua terra por conta de um massacre feito por um dos que crescera consigo, contando, também, a história do Halateez, e que foram eles que roubaram sua terra, além de falar que perdera completamente um sininho, e que desde então vagava com o Arlong Pirates, sem um lugar que pudesse chamar de lar.

— Minha terra... era tudo o que eu tinha, mesmo não tendo nascido lá, eu cresci. Eu... Eu fui salva ao ir para lá... — murmurou ela, evitando o olhar de Wyper. — Você não me conhece... mas... eu sou a Leader. Mais conhecida como Líder das Crianças da Terra do Nunca. Eu sou procurada pelo Halateez. O próprio governo não sabe da minha existência, mas sabe das deles, no entanto, sou procurada por eles. Eles roubaram aquela terra para si, depois do massacre. Quero voltar para casa! Eu nunca quis ser pirata! Fui obrigada a servir para um bando pirata e ainda vi uma das pessoas que mais confiei indo embora, me traindo, me deixando sozinha porque achou que eu roubava ela, assim como roubava seus mapas. Mas eu apenas admirava ela... eu queria ser como ela... mas, diferente dela, que odeia piratas, eu era vista como uma também... embora nunca tenha desejado ser umaa. E agora estou aqui, eles todos estão mortos e eu só quero voltar para casa... porém... a Terra do Nunca... foi roubada.

Apesar de si mesmo, Wyper sentiu uma fagulha de compaixão, a qual rapidamente reprimiu. Ele não era tolo; sabia o quanto as palavras podiam enganar. No entanto, algo nessa garota parecia sincero, e ele reconhecia o peso de perder o lar. Ainda assim, mantinha-se duro.

— Não pense que isso muda alguma coisa — disse ele, com uma voz seca. — Você ainda pode estar mentindo. Os Shandia não são um povo fácil de enganar. — Enquanto ela comia o resto da fruta em silêncio, Wyper continuava a observá-la, o rosto sério e implacável.

Em sua mente, já calculava os próximos passos. Tinha dúvidas, mas, ao mesmo tempo, não podia ignorar a possibilidade de que talvez... ela fosse, realmente, outra vítima de uma perda que ele conhecia tão bem, mesmo que de maneiras tão diferentes.

Naquele momento, Wyper sentiu a carga de séculos de dor e luta pesando em seus ombros. Afinal, ele era um guerreiro, um Shandia. E, se a história dela fosse verdadeira, talvez houvesse mais do que vingança para resolver ali.

×××

— O QUE ESSA GAROTA FAZ AQUI, WYPER!? — Era Aisa.

A pequena Shandia correu até a cabana dele com uma expressão de indignação, apesar da diferença de tamanho entre eles. Afinal, Aisa era só uma criança.

Ela apontou para a desconhecida, que estava sentada e com uma coberta do Shandia por cima de seu corpo. Aisa franziu o rosto, desconfiada. A pequena não suportava ver estranhos em seu território, especialmente alguém que, aos olhos dela, era mais uma invasora.

— Wyper! Por que ela ainda está viva? Ela não pertence ao nosso povo, e você sabe o que o Deus Enel vai fazer se descobrir que estamos ajudando gente do Mar Azul! — Aisa puxou o braço de Wyper, tentando fazer  ele olhar para ela.

O homem se agachou até ficar na altura de Aisa e segurou seus ombros com firmeza, o rosto sério.

— Aisa, eu sei o que estou fazendo. Essa garota... tem uma história parecida com a nossa. Algo aconteceu a ela, algo que a fez perder o lar. Assim como nós perdemos Jaya. — Ele fez uma pausa, buscando as palavras certas para que a criança compreendesse. Não poderia lhe explicar de qualquer maneira. — Eu não vou confiar nela completamente, mas preciso saber o que ela sabe. Ela diz que estudou sobre nós.

Aisa olhou para ele com os olhos arregalados, claramente confusa, mas também intrigada. Ela soltou um suspiro teimoso, como se estivesse aceitando a situação, mas seu rosto ainda mostrava ceticismo.

— Wyper... Vvocê é tão cabeça-dura, sabia? — disse ela, cruzando os braços. — Mas eu não vou deixá-la enganar você! Nem ninguém! Ela é do Mar Azul. Eles sempre vêm e pegam o que querem, assim como fizeram com a nossa terra! — O Shandia assentiu. Ele entendia a raiva de Aisa; ela era uma criança, apenas, mas carregava consigo a dor e a indignação de seu povo, além da raiva por qualquer intruso e ainda pelo Deus que governava aquela terra. Ele sentiu uma pontada de culpa ao ver o quanto ela já sofria por causa do conflito, mas era assim com todos. Mesmo sendo apenas uma criança, Aisa era uma guerreira Shandia, cheia de paixão e coragem, e seu senso de justiça era quase tão implacável quanto o de Wyper.

Pareciam até pai e filha.

— Eu sei, Aisa, eu sei... — murmurou Wyper.  — Fique perto de mim. Se essa garota tentar qualquer coisa, nós dois vamos acabar com ela — Aisa assentiu, mas ainda lançava um olhar feroz para a garota, que apenas encarava o chão. — Eu estou de olho em você, ouviu bem? — disse ela, em um tom ameaçador, apesar da voz infantil.

Leader olhou-a pela primeira vez e recuou um pouco para trás, se encolhendo, assustada, mas Wyper a fitou novamente.

— Escute. Se você tem algo a esconder, agora é a hora de confessar. Não tenho muita paciência, e Aisa... — Ele olhou para a pequena. — Aisa não vai deixar você escapar tão facilmente.

— O que eu sei sobre os Shandia é o que é de se esperar. E eu lamento.

Aisa avançou um passo, com os punhos cerrados, e encarou a garota com um olhar feroz.

— "Lamenta"? — Aisa quase cuspiu a palavra. A sua voz estava carregada de amargura e desdém. — Você nem sabe o que é viver como nós! Não tem ideia do que significa perder tudo! — Ela apontou o dedo para a garota. — Vocês, do Mar Azul, acham que podem vir aqui, tomar o que quiserem e ainda fingir que se importam! Vocês são tipo o nosso deus, só querem saber dele!

A menina desviou o olhar, claramente afetada, mas tentou se manter firme. Respirou fundo, e então, com a voz trêmula, respondeu:

— Eu... eu também perdi a minha terra. Ela foi roubada, assim como a de vocês. Não sei nada dessa coisa de Deus, não acredito, mas de resto, eu compreendo! Eu também perdi! — Aisa soltou uma risada incrédula e deu outro passo à frente, confrontando-a ainda mais de perto. A pequena estava dando tanto medo à garota que, mesmo ela sendo uma mera criança, Leader estava toda encolhida, querendo chorar  mais do que já estava.

— Ah, perdeu, é? — indagou a criança. — E acha que isso te faz entender a nossa dor? — Ela apontou para o chão abaixo deles. — Esse solo é tudo o que nos resta, tudo o que foi deixado para nós nos fazermos à vida, sendo que, sinceramente, estamos escondidos! Você jamais vai entender o que isso significa!

Wyper observava a cena com um olhar impassível, mas atento. A intensidade de Aisa não o surpreendia; ele sabia o quanto ela valorizava o que restava da cultura e da terra Shandia, e o quanto era protetora em relação a isso. A garota, com o rosto enrubescido e os olhos repletos de lágrimas escorrendo, finalmente conseguiu erguer a cabeça e encarou Aisa.

— Talvez eu não saiba tudo o que vocês passaram... mas eu também só queria voltar para casa. Só queria... um lugar para pertencer. — Sua voz soava o mais sincera possível, tentando por tudo não chorar ainda mais. — Não pedi para estar aqui. Não escolhi esta vida. Nunca quis ser pirata! Mas... se vocês sabem o que é perder um lar, sabem como é se agarrar a qualquer esperança de tê-lo de volta! — Aisa mordeu o lábio, ainda desconfiada, mas algo naquelas palavras fez com que ela hesitasse por um instante. Ela trocou um olhar com Wyper, buscando alguma orientação, algum sinal de que ele concordava com aquela situação.

— Aisa — chamou Wyper. — Palavras não bastam. Ela pode ter tido sua vida virada do avesso, mas nós precisamos de provas, não de promessas vazias.

Aisa assentiu, cruzando os braços, mas manteve o olhar duro sobre a garota.

— Se está mesmo falando a verdade — disse Aisa, em um tom duro, porém  menos agressivo —, então mostre com ações. Nós não confiamos em somente palavras aqui. Não confie que vamos te ajudar só por pena. — A garota assentiu, visivelmente aliviada por ainda parecer ter uma chance, mesmo que frágil. Wyper, então, virou-se e fez um sinal com a cabeça, indicando para que ela o seguisse. Leader, então, se levantou.

— Vamos ver do que você é feita — murmurou Wyper, enquanto Aisa continuava ao seu lado, lançando olhares desconfiados para a intrusa. A confiança dos Shandia era algo a ser conquistado, e, se ela fosse sincera, teria que provar isso em cada passo que desse.

×××

MESMO FRACA, A GAROTA ENFRENTOU OS OLHARES DE DESCONFIANÇA E AS PALAVRAS DURAS DOS OUTROS Shandia. Seus joelhos tremiam e seus olhos ardiam, ainda tinha vontade de chorar, mas Wyper a proibiu de mostrar fraqueza. Ela precisava ser forte para suportar os julgamentos, assim como ele estava suportando a pressão para matá-la de uma vez por todas.

— É isso o que você desperta aqui, do Mar Azul — disse Wyper, com a voz fria e implacável. — E foi exatamente isso que nós fizemos com quem roubou nossa terra. Como esses homens querem te ver destruída, quiseram fazer o mesmo com nossos ancestrais. E como você pensa em se render e chorar... nós lutamos, até o último Shandia, sem nunca ceder. — A garota apenas assentiu, engolindo as palavras, quando sentiu um golpe inesperado: um cuspe bem no rosto. Ela ergueu os olhos, assustada, e viu um dos Shandia com o rosto endurecido, cheio de raiva e desgosto, observando-a com desdém.

— Eu não sou burro como você, Wyper! — berrou com desprezo, arrancando a coberta fina que a garota usava e empurrando-a ao chão. — Você sabe muito bem o que eles são.

— Kamakiri! — gritou Wyper, com uma voz que soou mais como um aviso do que uma repreensão.

— Não é porque ela é uma mulher, que não vai te enganar, Wyper! — Kamakiri retrucou, o rosto ruborizado de fúria, enquanto olhava com desprezo para a garota caída. — Você não vê? Vai deixar essa beleza do Mar Azul te manipular? Ela não é digna do seu respeito, Wyper! — Ele apontou um dedo acusador, enquanto os outros Shandia ao redor murmuravam em concordância. — Somos guerreiros Shandia, e o que você está fazendo é um insulto à nossa tribo! — Wyper, em silêncio, mantinha o olhar firme sobre Kamakiri. Havia tensão em sua postura, mas ele não se deixou abalar.

— Eu tratei dela — disse finalmente, com um tom baixo e perigoso. — O que eu faço ou deixo de fazer não cabe a você decidir. — Kamakiri se aproximou de Wyper, estreitando os olhos e ignorando a garota caída, como se ela fosse nada.

— E quem é você, Wyper? Um Shandia, ou só mais um fraco que cede aos do Mar Azul!? Se quer nosso respeito, prove que ainda merece a linhagem de Calgara! — Wyper respirou fundo, contendo a raiva que brilhava em seus olhos. Ele sabia que o que fazia era controverso, mas tinha seus motivos e não recuaria diante de ninguém, nem mesmo de Kamakiri.

— Eu sou descendente de Calgara, Kamakiri! — disse Wyper, a voz cheia de convicção. — E como ele, eu não busco a luta sem sentido. Eu quero respostas. Se ela puder ter informações que nos ajudem a proteger o que é nosso, vou descobrir. Você tem alguma objeção a isso? — Sua voz era gelada, cada palavra carregada de autoridade. — Kamakiri hesitou, mas não baixou o olhar. Ele sabia o peso das palavras de Wyper e o respeito que ele inspirava nos outros. Contudo, a desconfiança ainda queimava em seus olhos.

— Só espero que você não se arrependa quando ela mostrar sua verdadeira face — disse, antes de se afastar. Os murmúrios dos outros Shandia ao redor cessaram, e o silêncio que ficou era quase palpável.

Wyper observou Kamakiri se afastar e então voltou o olhar para a garota, que ainda tremia no chão. Seu rosto estava impassível, mas havia uma determinação feroz em seus olhos. Para os Shandia, Wyper era tanto um guerreiro quanto um líder, e ele não deixaria que ninguém questionasse suas decisões. Se a garota estava ali, ele garantiria que fosse por um motivo, e se ela fosse realmente uma ameaça... ele cuidaria disso.

— Levante-se — ordenou Wyper, sem um traço de gentileza. — Não há espaço para fraqueza entre nós. Se você quer sobreviver aqui, terá que provar que é mais forte do que os julgamentos e desconfiança dos outros.

A garota hesitou por um momento. Em um gesto de orgulho, afastou a mão que Wyper havia estendido para ajudá-la.

— Eu só quero voltar para casa! — ela disse, levantando-se sozinha, seu rosto marcado pela raiva e o desespero, limpando rapidamente o rosto molhado, não aguentando mais. — Eu quero voltar, entende? Não quero nada do que é de vocês! Não mereço e nem quero esta terra! Nada dela!

A expressão de Wyper endureceu ainda mais, e ele deu um passo em direção a ela.

— E como você pretende voltar, se a sua terra foi roubada da mesma forma que a nossa!? — Sua voz explodiu em um grito de raiva. — Acha que é fácil assim!? Se fosse, eu já estaria na minha terra há muito tempo! Já teria reconquistado tudo o que nos tomaram!

Ela vacilou por um instante, encarando Wyper como se finalmente compreendesse a profundidade daquela dor. O desespero dela, por um segundo, diminuiu.

— Eu... — a garota começou, a voz agora vacilante. — Eu sei que não é fácil. Sei o que é ver tudo o que ama desaparecer. Mas... o que mais eu posso fazer? Eu só quero uma chance de recuperar o que é meu. Nem que seja uma pequena parte, só um pedaço que me lembre de quem eu sou. Nem onde eu nasci é algo de mim, apenas aquela terra, entende!? Você nasceu aqui, mas a sua terra é a outra, então você tem que me compreender! São coincidências inacreditáveis a nossa história, mas se você me ajudar... eu agradeceria! Você não está sozinho como eu estou, pense nisso!

Wyper soltou um suspiro, como se o peso daquela verdade o atingisse. Ele também sabia o que era se agarrar a fragmentos do passado, a pedaços de uma identidade perdida.

— Uma chance? — ele murmurou, com a voz mais baixa, porém ainda firme. — Eu te darei essa chance, mas saiba que não confio em você. Nem eu, nem ninguém aqui. O que você tem que entender é que estamos em guerra há séculos. Quatro séculos. Cada passo que damos aqui é para proteger o que resta da nossa história. Se está disposta a enfrentar isso, então prove que vale a pena te deixar viva.

Ela engoliu em seco, sentindo o peso das palavras dele. Não era uma proposta de aliança, mas uma oportunidade rara, e ela sabia que, se falhasse, ele não hesitaria em eliminá-la.

— Eu só quero voltar para a minha terra.

— Então prepare-se — disse ele, agora de costas, caminhando de volta para sua tenda. — A partir de agora, cada segundo aqui será um teste. Se quer provar seu valor, mostre com ações, não com palavras.

— Leve-me para casa, então! Leve-me para o Mar Azul!

— Leve-me você primeiro à minha terra. Eu te dei uma chance. Não vacile.

×××

NOS DIAS QUE SE SEGUIRAM, a garota mergulhou em um ritmo intenso, tentando se adaptar e compreender a vida entre os Shandia. Cada tarefa que lhe era atribuída, ela cumpria sem reclamar, mesmo sob os olhares desconfiados ao seu redor. Para ela, cada desafio era uma oportunidade de provar seu valor, não apenas a Wyper, mas também a si mesma.

Wyper observava à distância, sempre atento, desconfiado. Mas, ao longo dos dias, até ele notou uma mudança nela; a garota tornava-se mais determinada, seu olhar agora carregava uma coragem que nem mesmo ele poderia ignorar. Ela também tentava aprender sobre a luta dos Shandia contra Enel, ouvindo as histórias dos guerreiros e observando o treinamento de Wyper a cada dia, assim como ouvia seus discursos e planejamento de estratégias. O tirano que roubara sua terra também havia roubado a dela. Ele era, de certa forma, um inimigo comum.

Mas uma noite, enquanto o acampamento estava mergulhado em silêncio, ela tomou uma decisão. Não seria apenas uma observadora.

Movida pela coragem e pela vontade de se provar, ela se esgueirou pela floresta em direção ao templo onde Enel residia. Sabia que era um ato impetuoso e perigoso, no entanto, o desejo de lutar era maior do que o medo.

Nas primeiras horas da manhã, Wyper notou sua ausência. Um frio percorreu sua espinha ao perceber que ela havia desaparecido. Partiu imediatamente pela floresta, os olhos varrendo o ambiente à procura de qualquer sinal. Depois de algumas horas, encontrou-a caída, o corpo coberto de ferimentos e exausto. Ela estava fraca, mas consciente. Quando viu Wyper, tentou se levantar, contudo as pernas falharam. Ele se aproximou, a expressão dura, mas com uma preocupação evidente nos olhos.

— Perdeu o juízo? — murmurou, entre irritação e incredulidade. — Tentando enfrentar Enel sozinha? Que tipo de loucura... Nem eu!

Ela sorriu fracamente, o rosto pálido, mas com um brilho de determinação.

— Eu só... queria provar que estou do seu lado, Wyper. Que entendo o que é ver sua terra ser roubada. Enel... ele também é meu inimigo.

Por um momento, Wyper ficou em silêncio, sentindo algo diferente dentro de si. Ela não estava apenas se defendendo. Havia ali um desejo sincero de lutar, uma conexão que ele começava a compreender. Ele a ajudou a se levantar, com o rosto ainda rígido, mas com certa suavidade.

— Você é teimosa, não é? — murmurou, desta vez sem desprezo, com uma leve ironia e um toque de respeito. — Enfrentar Enel sozinha é suicídio. Não se trata de provar nada. Esta é uma luta por nossa terra, por nossa história. — Ela assentiu, o cansaço evidente em seus olhos, mas sem arrependimento.

— Eu sei, eu sei. E se puder ajudar, mesmo que um pouco, quero lutar com vocês. Talvez você não entenda, mas, para mim, isso é uma chance de recuperar o que perdi.

Wyper ficou em silêncio, absorvendo suas palavras. A raiva e o desprezo iniciais começavam a ceder lugar a uma relutante admiração. Ele enxergava nela a mesma determinação que movia os Shandia. E, pela primeira vez, uma conexão real.

— Não faça isso de novo — disse Wyper, a voz firme, porém com um tom mais suave. — Se quer lutar, lute ao nosso lado. Mostre que tem força para estar conosco.

A garota sorriu levemente, agora mais tranquila.

— Eu vou te levar para o Mar Azul quando essa luta acabar. — Ela olhou para ele, surpreendida e grata, mas com um brilho teimoso.

— Não precisa... Eu... eu ainda não sou forte o suficiente. Preciso treinar, me tornar melhor. Preciso chegar ao seu nível.

— Prefiro que seja teimosa, então — ele murmurou, um leve sorriso tocando seus lábios. Mas antes que ele pudesse terminar, sentiu um tremor no ar, e tudo se moveu em câmera lenta. Ela o empurrou com força e, em um segundo, um relâmpago devastador cortou o céu e atingiu-a em cheio. Ela gritou de dor, o corpo estremecendo com a força do ataque.

— O que... você está fazendo? — Wyper gritou, o desespero nítido em sua voz. — Wyper a segurou quando ela finalmente cedeu ao peso do próprio corpo, os olhos ficando vidrados. O silêncio profundo caiu entre ambos. Pela primeira vez, ele sentiu a profundidade do sacrifício dela e o quanto ela realmente compreendia a dor dos Shandia. Ela sacrificou a própria vida para lhe dar uma chance de lutar, de vencer por aquilo que acreditavam.

Com o corpo da garota nos braços, Wyper sentiu uma nova chama de determinação crescer em seu peito. Ele olhou para o céu, a raiva e a dor se transformando em algo mais intenso e implacável. Essa batalha agora era também pelo sacrifício dela. Ele enfrentaria Enel, não apenas pelo que os Shandia haviam perdido, mas também pelo espírito indomável de uma garota do Mar Azul, que ousou lutar pelo que acreditava até o último momento.

Agora, Wyper estava pronto para qualquer coisa, mesmo que fosse necessário desafiar os que roubaram também a terra dela. Nem que fosse para o Mar Azul, afinal, sua terra antes pertencia a lá.

NOTAS FINAIS !
━━━ oi! finalmente estou trazendo a oneshot que falei que possivelmente vocês vão querer bater com panela após lerem tudo, mas quero dizer que estou muito feliz em estar participando deste projeto! O boystyle é o primeiro projeto que vi que aceitam fanfics heterossexuais e mesmo eu escrevendo de tudo, toda a gente sabe e eu sempre falei sobre a minha maior facilidade com conteúdo heterossexual, e bem, com o boystyle, terá imenso conteúdo!
━━━ como alguns de vocês já sabem a Leader é personagem original criada por mim, nascida numa fanfic do ateez (bia is missing, postada aqui e no wattpad) e eu uso ela como minha oc pirata fixa, o que origina muitas vezes ser incluindo a história dela misturada com one piece, então atinys, sim, temos a desgraça do halateez perturbando a coitada KKKKKKK, ela é igual aos mugiwaras, não tem paz
━━━ possui spoilers de skypiea referente ao Deus, à história de Skypiea e tudo envolvente, porém, a quem leu, muito obrigada e espero que tenha tido uma ótima experiência de leitura 🫶🏻 irei amar saber o que você achou, então se puder, deixe um comentário!!
━━━ por último, mas não menos importante, tenho que agradecer gratamente pelo trabalho da capa e betagem que me entregaram, completas perfeições! A capa feita pelu @/hekser e a betagem pelu @/immorqlz (ambos users do spirit)

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