Capítulo - 96
Observo Anastásia se distanciar com as suas amigas e me preparo também para sair da piscina, quando Caleb, Akira e nossos amigos saem, caminhando para o vestiário, mas uma mão segura o meu braço, fazendo-me virar e franzir o cenho ao encarar a Stella, não entendendo o que ela quer.
Eu não sei qual é o tipo de relação que ela tem com o meu irmão - ou se já tiveram -, porém pude observar que independente de qual seja, eles não estão com os mesmos ideais, a julgar pela forma que Richard faz de tudo para mantê-la à distância de um braço, mesmo que tente não ser rude quando ela força uma aproximação.
Acredito que o tempo que me mantive longe de qualquer interação que não fosse profissional - a não ser quando eu procurava alguém para uma foda, é claro -, eu não tenha conseguido recuperar totalmente o meu tato para lidar com as pessoas, por essa razão, sentindo-me incomodado com o seu toque, encaro rapidamente a sua mão e volto a focar em seus olhos, fazendo com que ela me solte.
- Desculpe-me, por minha ousadia, mas... Aconteceu alguma coisa? - Franzo o cenho, confuso com a sua pergunta.
- O que poderia ter acontecido?
- É... Que eu percebi que você e o Rick ficaram um pouco alterados depois daquela nota sobre o aparecimento da Herdeira Steele e agora eu vi que ela estava um pouco preocupada, antes de sair da piscina, por isso achei que... - Sem paciência a interrompo, não entendendo o que isso diz respeito a ela.
- Agradeço a preocupação, mas ela não é necessária. O Richard e eu temos tudo sob controle. - Saio da piscina, mas ela faz o mesmo, voltando a insistir.
- Claro! Mas se precisar de ajuda, eu gostaria de me colocar a disposição para tudo que você precisar. Eu tenho recursos e sou...
- Quais recursos, Senhorita Weiss? - Volto a interrompê-la, encarando-a friamente e vejo que ela engole em seco, assustando-se com o meu tom de voz. - Pelo que eu me lembre, você trabalha para o meu irmão, então acredito que todo e qualquer recurso que julgar necessário, o Richard tem todos a sua disposição.
- Sim, você está correto. Mas eu conversei muito com a Anastásia hoje e percebi que ela não estava tão bem e um tanto quanto frágil, talvez devido às últimas revelações sobre as suas origens, por isso eu pensei que por Rick e eu sermos... - A interrompo mais uma vez, sem conseguir evitar a frieza em minhas palavras.
- Eu não sei qual é a relação que você acredita ter com o meu irmão, mas isso não lhe dá o direito de tentar se envolver em qualquer problema que possamos ter. - Ela continua de olhos arregalados, mas vejo um lampejo de raiva passar por eles. - Tenho certeza que eu saberei a quem devo recorrer, caso vier a precisar de ajuda, para solucionar qualquer situação futura, então não precisa se preocupar Senhorita Weiss. Agora se me der licença, preciso me despedir dos meus amigos. - Não espero a sua resposta, afastando-me sem olhar para trás.
No entanto, eu preciso conversar com o Richard sobre essa mulher, pois não é normal essa abordagem em um assunto, que até então, ninguém estava sabendo se não fosse à nota publicada por aquela revista, que eu nem sabia existir.
Mas respiro fundo e procuro esquecer isso por um momento, assim que me aproximo do vestiário masculino e vejo Oliver, que parece um pouco atordoado, ao lado de Aleksander e Caleb, enquanto Akira voltou para a mesa e está conversando com Nicholas, Tyler, Scott e William.
- Oliver! - Ele me encara e dá um suspiro. - Você está bem?
- Acredito que eu possa ter exagerado um pouco com a bebida, mas estou bem sim.
Aleksander faz uma troca de olhar com Caleb e percebo que eles sabem de alguma coisa, a julgar pela forma que Oliver evita encará-los, mas dou uma olhada em volta, constatando que não tem mais ninguém no deck da piscina.
- Vamos nos sentar um pouco e conversar, Oliver. - Ele pensa por um momento, mas assente. Dou uma olhada no meu irmão, e ele entende que quero ficar sozinho com Oliver.
- Enquanto vocês conversam Christian, eu irei aproveitar esses braços extras e organizar a área Gourmet, antes que aquela peste da Ana comece a gritar ordens no meu pobre ouvido. - Ele fala com seu deboche costumeiro e arrasta Aleksander com ele. - Vocês aí! - Ele grita para Akira e os seus amigos, que o encaram. - Estão pensando que essa bagunça será organizada sozinha? Não mesmo! Então podem levantar esses traseiros e vir aqui me ajudar!
Nego com a cabeça e sorrio da cara de pau do meu irmão, mas volto a encarar o Oliver e indico a mesa no deck, onde nos sentamos, permanecendo em silêncio por um momento, aguardando para que ele se sinta à vontade para começar a falar.
- Você também percebeu Christian? - Assinto, entendendo sobre o que é a sua pergunta.
- Acredito que todos que estavam presentes aqui hoje perceberam. - Ele fecha os olhos e assente. - Oliver, não há nada de errado com os sentimentos que você tem pelo Pietro. - Ele abre os olhos e me encara assustado, por eu ter sido tão direto. - Errado, é continuar a negar a si mesmo o que sente e o que quer, além de persistir em algo que irá se arrepender depois.
- Você não entende Christian.
- Quem não quer entender é você, Oliver. - Ele não fala nada, mas mantém sua atenção em mim. - A intenção desse encontro com os nossos amigos era para que fugíssemos um pouco dos problemas, por mais que eles insistam em nos perseguir, e nos divertir. - Nego com a cabeça e depois de dar um suspiro, continuo. - Mas você não fez nada disso. Você está tão empenhado em negar a sua sexualidade, tentando convencer a si mesmo que o seu pai tem razão e que deve prosseguir com um compromisso que só trará sua infelicidade, que não está percebendo o quanto está apaixonado pelo Pietro.
- Esse é o problema, Christian. Eu não posso estar apaixonado por outro homem.
- E por que não? Amor é amor, Oliver. - Ele não responde, desviando o olhar dos meus. - Então me responda por quantas mulheres você já se apaixonou... Melhor dizendo, com quantas mulheres você já se envolveu? Àquelas contratadas para acompanhá-lo em eventos e festas não contam. - Ele fica constrangido, por não ter argumentos, afinal, Aleksander e eu sabemos tudo sobre ele. - Oliver, você tem 28 anos e ainda é... - Ele arregala os olhos e me interrompe mais vermelho do que já estava, o que imagino o motivo para deixá-lo assim, mas não comento nada.
- Certo. Não precisa continuar, pois estou ciente disso.
- E você não pode negar a si mesmo o que sentiu hoje, Oliver. Faltou muito pouco para quebrar aquela garrafa sobre a mesa, além de ter vigiado todos os passos do Pietro, para onde quer que ele fosse. - Ele fica pensativo, mas não nega, afinal, ele sabe que fez exatamente isso. - Sem contar à vontade que está sentindo de matar o meu primo, que não tem vergonha e muito menos medo de assumir o que quer. E, eu não preciso mencionar que você esperou o dia todo, uma oportunidade surgir para ficar sozinho com ele, como foi o caso de segui-lo até o vestiário, não é?
- Porra, Christian! Assim você não está me ajudando. - Ele fala exasperado, passando a mão em seus cabelos, mas nego com a cabeça.
- Você não precisa de ajuda, Oliver. Você só precisa perceber que passou da hora de retomar as rédeas da sua vida. Que passou da hora de assumir a sua orientação sexual e correr atrás de quem realmente quer. Porque se você continuar a negar a si mesmo, se continuar a insistir no erro de assumir um compromisso com a Juliet, você vai perder o homem que também está apaixonado por você, antes mesmo de tê-lo.
- Eu não sei como fazer isso, Christian! Não sem prejudicar a carreira do meu pai e a minha própria. E, por mais que eu tenha sido obrigado a seguir com a Advocacia, eu amo a minha profissão.
Consigo ouvir o seu conflito interno, através de suas palavras, mas nego com a cabeça por não poder fazer mais nada. Não enquanto ele ainda estiver alienado as palavras do pai, acreditando realmente que perderá o seu prestigio como o excelente Advogado que é. Acreditando que a partir do momento que se assumir gay, será estigmatizado para quem quiser ver. Como se alguém tivesse alguma coisa com a vida pessoal dele ou com quem ele vai ou não para a cama entre quatro paredes.
- Sinceramente, Oliver. Você sabe o que tem que fazer e como deve fazer, mas enquanto você não perceber isso e passar a ouvir o seu coração e as suas vontades, continuará exatamente como agora: sofrendo e vendo a felicidade escapar por entre os seus dedos. Porque o Pietro não vai esperar por alguém que não sabe se um dia vai conseguir se aceitar como é.
Não queria ser tão duro com ele, ainda mais por conseguir fazer uma ideia de como está a sua cabeça nesse momento, pois mesmo que o caso fosse diferente, eu só consegui admitir os meus sentimentos por Anastásia, quando Richard e Caleb me mostraram o quanto eu estava errado. Imerso na miséria que havia transformado a minha vida e que eu não fazia o mínimo esforço para sair dela.
- Eu vou embora, Christian. - Ele se levanta e faço o mesmo, ciente que ele não vai falar e muito menos ouvir mais nada.
- Eu vou pedir para que um dos Seguranças o leve, Oliver. Você não está apto para dirigir depois de ter bebido daquela forma.
- Obrigado, Christian. - Apenas assinto e saímos do deck da piscina.
[...]
Depois de conversar com um dos Seguranças e pedir para levarem o Oliver para casa, dou uma olhada e vejo que Caleb e os rapazes organizaram a área Gourmet, por isso apenas respiro fundo e entro na casa, encontrando Pietro e as amigas da Ana na sala, prontos para irem embora, o que me faz franzir o cenho por não vê-la com eles.
- Onde está a Anastásia?
- Ela disse que iria tomar banho, mas já faz um tempo e quando batemos na porta do quarto, ela não respondeu. - Eloise quem me responde e alguma coisa está errada, pois Anastásia não deixaria os seus amigos sozinhos. - Poderia dizer a ela que estamos indo, Christian, e que nos falaremos amanhã na Universidade?
- Avisarei sim. Obrigado, por terem vindo.
- Nós que agradecemos, pois o dia foi maravilhoso. E, esperamos poder repetir em breve. - Pietro sorri e assinto, dando-lhe um sorriso contido não querendo parecer rude por estar ansioso para estar com a minha namorada.
Despedimo-nos e os acompanho até a porta, mas apresso os meus passos decidido a subir as escadas e ir até o quarto, pois sei que Caleb e Richard encerrarão o dia com os nossos amigos, porque a minha prioridade agora é saber o que aconteceu para Anastásia não ter descido ou atendido os seus amigos quando bateram na porta do nosso quarto. E é dessa forma que abro a porta, encontrando-a na sacada, ainda sem tomar banho, com o celular na mão.
- Amor? - Ela se assusta, bloqueando a tela do celular, e me encara com os olhos arregalados. Mas vejo que ela está pálida, fazendo-me aproximar rapidamente e tocar o seu rosto. - O que aconteceu, Anastásia? - Ela fica me olhando por um momento e nega com a cabeça, dando-me um sorriso, que percebo não ser verdadeiro.
- Não se preocupe, Amor. Não é nada importante, podemos falar sobre isso depois. - Ela se afasta e coloca o celular sobre a escrivaninha. - Vamos tomar banho? Precisamos nos despedir dos nossos amigos. - Ela caminha para o banheiro e mais uma vez franzo o cenho com a sua atitude.
- As meninas e o Pietro já foram e pediram para eu avisá-la, mas que falariam com você amanhã. - Entro no banheiro, vendo-a assentir, enquanto retira o maiô, entrando embaixo do chuveiro. Nego com a cabeça e suspiro, retirando também a minha bermuda e sunga, juntando-me a ela.
- Amanhã irei conversar com a Eloise e o Pietro sobre o Ateliê. - Ela muda de assunto, ainda de costas para mim, enquanto lava os seus cabelos, e eu suspiro, virando-a para mim.
- Você decide o que é melhor para a GRS, meu Amor. Eu confio totalmente em você e a Empresa está sob a sua Gestão. - Ela assente e desvia o olhar dos meus, voltando ao seu banho, fazendo-me suspirar. - O que está acontecendo, Anastásia? - Quem suspira agora é ela, olhando-me.
- Vamos terminar o nosso banho que nós conversaremos depois, tudo bem? - Avalio os seus olhos determinados e acabo assentindo, mesmo que a paciência não seja uma das minhas virtudes.
Começo a tomar banho pensando o que poderia ser, e tudo que se passa na minha cabeça nada pode ser agradável para deixá-la dessa forma. Já não basta aquela nota que foi divulgada sem permissão, que ainda nem contei a ela, agora essa sua atitude estranha, que tenho certeza a ver com algo que viu em seu celular, para me deixar ainda mais preocupado? Eu só espero não ser mais problemas, pois tudo que quero é um pouco de paz e tranquilidade com a minha namorada e a minha família, sem passado invadindo o presente, ameaçando o nosso futuro.
O silêncio está me sufocando, o que é irônico a julgar que há alguns meses era tudo o que eu queria e achava precisar, mas agora... Não mais. Principalmente por não ouvir a voz de anjo que acaricia os meus ouvidos e tranquiliza a tempestade que continua adormecida dentro de mim, quando diversas possibilidades negativas começam a invadir a minha mente.
- Pronto! Tomamos banho, estamos vestidos e você ainda não me falou o que está acontecendo. - Falo impaciente, ainda dentro do closet, e mesmo que ela esteja visivelmente preocupada me dá um sorriso, abraçando-me.
- Você está certo, irei contar o que aconteceu, mas você tem que me prometer que vai manter a calma. - Ela se afasta para fixar o seu olhar no meu e franzo o cenho.
- Não estou gostando disso, Anastásia. Então é melhor você falar logo o que está acontecendo, antes que eu comece a pensar merda.
Ela nega com a cabeça, por eu ter sido um pouco rude, sem se importar com a minha atitude, mas nunca fui muito paciente quando se trata de algo que precisa ser resolvido ou falado. Ela pega na minha mão, puxando-me para o quarto, pegando o celular sobre a escrivaninha em seguida. Desbloqueia a tela e envia uma mensagem, não sei para quem e após receber a resposta, dá um longo suspiro e volta a me olhar, começando a falar.
- Depois que eu deixei as meninas e o Pietro no quarto de hóspedes, eu decidi vir até o nosso quarto para tomar um banho, mas antes peguei o celular para verificar se poderia ter alguma ligação da minha tia ou dos meus pais. - Assinto, apenas para que ela possa continuar. - Não havia nada de nenhum deles, porém... Bom, havia uma mensagem de número desconhecido e acreditando ser algum engano, o que não é difícil de acontecer, acabei abrindo e me deparando com isso. - Continuo confuso, mas ela me entrega o celular e o que vejo faz com que o chão pareça abrir sob os meus pés.
"A Princesinha do Petróleo foi encontrada, mas aproveite o seu curto Reinado, porque o seu fim está bem próximo!".
Poucas palavras! Mas carregadas de um peso que me desesperam, pois se conseguiram o número dela, seja quem for está mais perto do que podemos imaginar. Palavras que contém uma ameaça explícita contra a vida da mulher que significa para mim, muito mais do que eu possa nomear.
- Amor, está tudo bem. São apenas palavras de alguém que está tentando brincar com a nossa cabeça. - Desvio o olhar da tela do celular e olho para Anastásia, que está segurando o meu rosto entre as suas mãos.
- Tudo bem, Anastásia?! Tudo bem?! Como você pode dizer que isto aqui está tudo bem?! - Falo mais alto do que gostaria, apontando para o celular, que parece queimar em minhas mãos.
Afasto-me do seu toque, sentindo que as paredes desse quarto estão tentando me sufocar pela sensação de impotência que está queimando o meu peito. Justamente por não saber o que fazer ou conseguir imaginar quem é essa pessoa e o porquê de estar fazendo isso, ainda mais com alguém tão pura e com o coração tão nobre que nunca prejudicou ninguém.
- Mas fique calmo! Perder a cabeça não nos levará a lugar nenhum Christian. - Ela responde com uma calma que estou muito longe de sentir, e sem me controlar dou uma risada incrédula.
- Como você espera que eu tenha calma, quando há uma ameaça clara em acabar com a sua vida? A sua vida, Anastásia?!
Começo a andar de um lado para o outro, sentindo-me enjaulado, que nem as portas da sacada abertas, conseguem fazer com que o ar chegue até mim, e sinto o seu olhar me queimar, até que ouvimos uma batida na porta, não me importando em ver quem possa ser. Porém faço uma ideia para quem Anastásia enviou a mensagem, antes de me mostrar a ameaça em seu celular, dando-me certeza assim que ouço a voz do meu irmão mais velho entrando no quarto e sei que Caleb está com ele.
- O que está acontecendo aqui?
- Viemos assim que percebemos a urgência da sua mensagem, Ana. - Caleb também se pronuncia, aproximando-se de onde estou me fazendo parar e encará-lo. - O que foi Christian? Por que você está assim?
Nego com cabeça, sentindo um nó em minha garganta, uma ira incontrolável querendo me dominar, dificultando até mesmo que eu consiga respirar, mas entrego o celular para ele, pois se eu abrir a boca para falar qualquer coisa, eu tenho certeza que irei explodir.
- Porra! - Caleb arregala os olhos e Richard toma o celular da mão dele, olhando para Anastásia, após ver o conteúdo que há nele.
- Além dessa mensagem, você chegou a receber mais alguma coisa, Pequena?
Ele pergunta calmamente e apesar da forma carinhosa dirigida a ela, percebo que o meu irmão está em seu modo profissional, mas ela nega com a cabeça e se senta na cama, mantendo o olhar fixo em mim.
- Não, Richard. É a primeira vez que estou recebendo algo parecido. - Ele assente e volta a ler a mensagem.
- Temos que fazer alguma coisa, Richard! Precisamos descobrir quem enviou essa mensagem para a Anastásia! Além de saber quem foi o desgraçado que mandou publicar àquela nota naquela Revista. Temos que falar para o Raymond suspender aquele jantar na próxima semana, pois ele não pode acontecer. E, também reforçar a segurança, porque está claro que...
- Ei, calma! Fique calmo, meu Irmão! - Caleb me prende num abraço, fazendo-me perceber que disparei a falar e andar desgovernado pelo quarto.
- Como você quer que eu fique calmo, Caleb? Como?! - Tento afastar do seu aperto, mas ele não me solta.
- Surtar desse jeito não vai resolver nada, além de fazer apenas com que você pire e não consiga pensar com clareza, então mantenha a calma e respire fundo! - Paro de tentar afastá-lo e aceito o seu abraço, respirando fundo, pois ele tem razão.
- Nosso irmão tem razão, Christian. - Richard, que eu não percebi estar ao nosso lado, como se estivesse pronto para me conter, afirma. - Não vai resolver nada agindo assim. Precisamos nos manter centrados para conseguir pensar numa solução que manterá a Ana em segurança. - Assinto e mais uma vez respiro fundo.
- Amor! - Anastásia se aproxima, fazendo Caleb me soltar para ocupar o lugar dele em meus braços. - Eu sei que a situação parece ruim, mas nada vai acontecer.
- Você não pode afirmar isso, Anastásia. - Aperto-a em meus braços, sentindo um medo que nunca senti antes.
- Realmente eu não posso. Como também ninguém pode afirmar que irá acontecer alguma coisa.
- Como você consegue ficar calma desse jeito? Quando alguém está ameaçando a sua vida? - Afasto-a dos meus braços para acariciar o seu rosto e poder ver os seus olhos, mas ela coloca a mão sobre a minha e sorri.
- Eu estou calma, porque eu tenho você para me proteger. - Suas palavras aquecem o meu coração, fazendo-o bater ainda mais descontrolado, mas não menos preocupado. - E, tenho também os seus irmãos. - Ela olha para eles, que sorriem assentindo. - Então juntos conseguiremos encontrar uma solução para este e qualquer problema que vier aparecer.
- Eu te amo tanto, Anastásia, que enlouqueceria se te perdesse. - Volto a abraçá-la, sentindo o cheiro suave de seus cabelos. Cheiro que me inebria e me acalma na mesma proporção.
- Eu também te amo, Christian. E, você não vai me perder. - Fecho os olhos e assinto, agarrando-me em sua certeza ou realmente irei enlouquecer.
[...]
Queria tanto que tudo fosse realmente fácil como Anastásia me fez acreditar que é, mas infelizmente a realidade é bem diferente do que desejamos. Afinal, as ameaças, os perigos e a maldade das pessoas são reais e sou a prova viva para confirmar o quanto o ser humano pode ser inescrupuloso.
Eu sei que sou temperamental e muito impulsivo, mas quando se trata da segurança da mulher que eu amo, não há a menor possibilidade de eu conseguir manter a impassibilidade diante ao perigo que insiste em nos cercar. Ainda mais quando não sabemos o momento, quem e nem de onde o que está por vir pode nos alcançar, pois há uma grande chance de não serem apenas ameaças vãs.
Tenho ciência que ela estava tentando fazer com que eu mantivesse a calma, apesar de saber que também está preocupada com o que pode acontecer, mas a confiança que ela demonstra sentir na capacidade que meus irmãos e eu possamos mantê-la em segurança me faz acreditar que realmente tudo pode dar certo, mesmo que a negatividade insista em me perturbar.
Sinto-me de mãos atadas por não conseguir fazer nada e nem pensar em quem possa ser essa pessoa, o que me deixa ainda mais irritado por essa impotência que me assola. Também não consigo deixar de me culpar por essa situação, pois se tivesse escutado os meus irmãos e não me envolvido com aquela mulher, nada disso estaria acontecendo.
Por outro lado, pode ser também alguém do passado do Raymond ou até mesmo do Lorenzo, não que isso me faça sentir menos culpado, mas não posso negar que há mesmo essa possibilidade. Céus! Eu realmente irei enlouquecer se não conseguir encontrar uma resposta para tantos questionamentos de tudo relacionado a essas ameaças.
Respiro fundo e resolvo me levantar, sabendo que não irei conseguir dormir, mesmo depois de um dia tão agitado como o de ontem. O que eu não posso negar também que tenha sido ótimo, os momentos que passei ao lado da mulher que eu amo, os meus irmãos, primo e os nossos amigos, mas a realidade não espera e está sempre batendo a nossa porta.
Tentando não acordá-la, dou um beijo em seus cabelos, sabendo o quanto o seu sono é leve e saio do quarto. Desço as escadas sem saber para onde ir exatamente, por não estar com cabeça para treinar agora e muito menos para tentar trabalhar a essa hora da madrugada. Caminho até o jardim, mas antes que me sente, eu ouço a voz do meu irmão no Anexo dos Seguranças e resolvo ver o que está acontecendo para ele também estar acordado.
- Não, Dominic, eu confio em você para localizar o responsável por mandar fazer aquela publicação. - Ele fica em silêncio por um momento. - Exatamente! Connie Helfner, o IP pertence a Magazine Seleta, uma revista pequena que fica em Somerville, Massachusetts, mas qualquer coisa ligue para o Jay, ele tem todas as informações que precisar. - Mais uma pausa e volta a falar. - Certo! Boa viagem e me mantenha informado. - Ele encerra a chamada, alongando o pescoço, dando um suspiro cansado logo em seguida. - Não conseguiu dormir, Christian? - Ele pergunta, antes de se virar e me encarar, o que não me surpreende.
- E, pelo visto você também não. - Afirmo o óbvio, mas ele sorri de lado e aponta a poltrona para que eu possa me sentar, fazendo o mesmo ao meu lado. - O que você descobriu sobre aquela publicação? - Vou direto ao ponto, porque eu sei que era sobre isso que ele falava na ligação que ouvi parcialmente.
- Connie Helfner é a Editora responsável pela publicação. Ela foi recentemente contratada para integrar o quadro de funcionários da Revista Magazine Seleta, com sede em Somerville, Massachusetts... - Interrompo-o me dando conta do local que está situado a Revista.
- Massachusetts? - Ele assente, avaliando-me. - Richard, isso só pode ser coisa daquele psicopata que quer vingança por causa da Débora. - Exaspero-me, mas ele nega com a cabeça, dando um suspiro.
- Pode ser que seja, Christian, mas traçando o perfil da pessoa, que temos certeza ser um homem, que enviou aqueles envelopes, tanto para você quanto para o Edgar, não acredito que mandar publicar aquela nota, seja o tipo de jogo que ele pretende fazer.
- Como assim?
- O responsável pelo envio do conteúdo daqueles envelopes, claramente tem o prazer de brincar psicologicamente com as suas vítimas, fazendo com que entrem no jogo doentio dele sem nem perceber, o que é o caso, colocando você e Edgar para se enfrentarem, usando a Anastásia como incentivador para a rixa que vocês tinham no passado, afinal, tudo começou por causa de uma mulher nada mais justo que terminar por causa de outra, consegue compreender onde quero chegar?
- Sim, mas mesmo que eu não descarte totalmente as possibilidades, conclua a sua linha de raciocínio.
- Se formos analisar o conteúdo daquela nota, conseguimos ver claramente que o teor da publicação é provocativo. Uma insinuação como se dissesse "Não adianta tentar esconder, porque uma hora ou outra todos iriam saber", como se fosse alguém que soubesse do risco que seria para Ana ter a sua imagem associada ao sobrenome Steele.
- Então você quer dizer que quem mandou publicar aquela nota, pode ser realmente alguém do passado do Raymond ou do Lorenzo? Alguém que tenha ligação com o motivo que ocasionou o suposto sequestro da Anastásia quando nasceu?
- Ou alguém que possa ter motivos para prejudicá-la de alguma forma, colocando-a na mira de quem tentou matá-la quando ainda era apenas um bebê. Alguém que tenha conhecimento do que uma notícia como aquela implicaria na integridade física da Ana.
- Mas... Por que escolher um meio de comunicação de Massachusetts e não de qualquer outro lugar? - Isso realmente não entra na minha cabeça, apesar de que tudo que ele está me dizendo, realmente faça sentido.
- Pode ter sido uma infeliz coincidência, que a Revista seja na mesma Cidade onde a situação com a Débora ocorreu, mas acredito que o contratante queria apenas alguém que não tivesse escrúpulos para publicar aquela nota, tendo em vista que o histórico de Connie Helfner não é muito idôneo. Ela carrega vários processos em seus antecedentes, acusada de publicar notícias obtidas de maneira inadequadas; Exposição indevida de celebridades; E, publicação de informações sem apuração precisa dos acontecimentos, chegando a colocar em risco a vida das pessoas envolvidas.
- Não consigo imaginar como ela conseguiu todos esses processos.
Impossível evitar o sarcasmo, porque é exatamente isso que essa Editora fez ao publicar aquela nota. Apesar de que a notícia sobre o reencontro de Raymond com a sua Herdeira é realmente verdadeira, mas expôs a imagem da Anastásia, sem saber que ela já carrega alvos suficientes em suas costas.
- Jay conseguiu derrubar a publicação, mas sabemos que quem contratou Connie Helfner conseguiu o que havia planejado, pois a nota ficou na rede por algumas horas. - Assinto ciente desse fato.
- A ameaça que a Anastásia recebeu tem alguma ligação com a nota publicada? Você conseguiu alguma coisa quanto ao remetente?
- O número usado não era um telefone real. Quem enviou aquela ameaça usou um site gerador de números para envio de SMS online, que fica disponível apenas por 10 minutos. Depois desse período, o número é desativado, como se nunca tivesse existido.
- Então não é possível rastrear de onde veio?
- Infelizmente não. Mesmo sendo um site, não foi possível rastrear o IP usado, justamente por ser um acesso gratuito sem login em conta. E, com o número inexistente, é impossível saber de onde veio. - Apenas assinto, ficando em silêncio por um momento, mas me lembro de outro assunto que preciso conversar com ele.
- Richard, qual é a sua relação com Stella Weiss? - Ele não se surpreende com a minha pergunta, pois acredito que ele sabia que uma hora seria feita.
- Não tenho nenhuma relação com a Stella, apenas cometi um erro em um momento de fraqueza, o que não irei culpar a bebida por estar ciente do que eu estava fazendo.
- Desse assunto eu entendo bem. - Falo com amargura, afinal, erros fazem parte de quem fui por um tempo, até conhecer a Anastásia. - Você realmente confia nela, Richard? - Ele franze o cenho, olhando-me de forma avaliativa.
- O que ela fez para que você me fizesse essa pergunta?
- Ela mencionou o fato da Herdeira Steele ter sido encontrada e a reação que tivemos ao ler aquela publicação, oferecendo ajuda e recursos para solucionar qualquer problema que eu tivesse. Além de claramente insinuar que é mais do que apenas uma Agente contratada da sua Empresa. - Ele passa a mão em seus cabelos e vejo o quanto esse assunto o deixa incomodado.
- Irei conversar com ela sobre isso, mas respondendo a sua pergunta, Stella nunca deu motivos para que eu desconfiasse da sua lealdade, porém, ninguém é totalmente fiel quando acredita haver razões para deixar de ser. - Não respondo nada, pois ele está certo quanto a isso da mesma forma que eu entendi que ninguém é totalmente confiável e que ficará atento a ela. - Vamos tentar descansar um pouco. - Assinto e me levanto, mas antes que eu consiga dar um único passo, ele segura em meu ombro, fazendo-me encará-lo. - Quanto a Ana, você sabe que não adianta tentar forçá-la a mudar a sua rotina por causa daquela ameaça, não sabe?
- Eu sei. - Respondo a contragosto, sabendo o quanto Anastásia é teimosa quando quer.
- A Ana também é importante para mim, Christian. Então não quero que você fique preocupado, como está agora. Porque eu farei até mesmo o impossível para mantê-la em segurança, assim como você e o Caleb.
- Eu sei Richard. E, confio completamente em você. Mas eu sei também que nem tudo fica dentro do nosso controle e é justamente isso que me apavora, porque eu tenho medo por você também. - Ele sorri de lado e passa o braço sobre os meus ombros, fazendo-me acompanhá-lo na direção de casa.
- Não tenha meu irmão. Eu sei muito bem me cuidar. - Apenas assinto, mesmo querendo retrucar dizendo que ele não é impenetrável e muito menos indestrutível.
Entretanto o fato de confiar e ter a certeza que ele fará de tudo para manter qualquer um da nossa família em segurança me deixa aliviado e apavorado na mesma medida, mas irei parar de pensar nisso e em todos os problemas que estão surgindo ou irei mesmo enlouquecer.
Minha nossa Senhora do Iceberg, para quê tanta frieza Senhor Gelo 😱😱? Pobre (SQÑ 😏😏) da tão "prestativa" Stella, acho que perdeu até o rumo de casa depois dessa 😏😏.
Nada melhor que um homem completamente apaixonado, que encontrou os motivos das batidas do seu coração, para dar conselhos, não é mesmo 😏😏? Só espero que Oliver acorde e perceba que Pietro pode estar sim apaixonado, mas que vocação para esperar o resto da vida, ahh aquele desbocado não tem mesmo 😏😏.
Ameaça + Anastásia = Senhor Surtado 🤣🤣! Alguém tinha alguma dúvida quanto a isso 🤔🤔?
Vamos ver se Dominic conseguirá alguma direção para encontrar o (a) contratante pela publicação daquela nota, não é 🤔🤔?
E, Christian tem mesmo razão em estar preocupado, afinal, Richard cuida de todo mundo, mas quem irá cuidar dele 🤔🤔? O Super Homem 😏😏?
PS.: Desculpem-me pelo atraso na postagem, mas manterei o meu compromisso com vocês de quatro capítulos nesta semana, antes do "recesso" de fim de ano. Então ainda teremos mais dois capítulos e tentarei postar o próximo ainda hoje, mas caso não consiga, amanhã de manhã ele sairá, certo 😉😉?
Votinhos (estrelinhas) e comentários? Quero muitoooo! Então não esqueçam e se esqueceram de votar em capítulos anteriores, mim (índio) gostar muito se voltasse e votasse 🤭🤭. Obrigada 😉😉!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro