Capítulo - 87
Raiva, vergonha, frustração, arrependimento, aversão e medo são sentimentos conflitantes duelando dentro de mim nesse momento, ainda mais pela distância que Anastásia fez questão de manter tanto de mim quanto de seu pai.
Não vou negar que eu ainda esteja tentando controlar toda a raiva que Raymond me despertou, fazendo com que eu voltasse a sentir aversão de mim mesmo, por saber que eu estava sendo o responsável por colocar um psicopata doente atrás da Anastásia, mas também me deixou frustrado por entender que eu não sou o culpado pelas ações de outras pessoas, quando nem as minhas eu consigo controlar direito, deixando a impulsividade sobressair ao racional.
Então vem a vergonha de estar enfrentando o homem que me viu nascer e no qual tenho tanto respeito, além de ser o pai da minha namorada, fazendo-me sentir arrependido, ainda mais por ter visto os olhos azuis que tanto amo admirar, encarar-me com decepção e mágoa - além de vê-la irritada numa proporção que eu ainda não cheguei a presenciar - por ter dado a entender que eu queria controlar a sua vida, mesmo que esta não fosse minha intenção, pois tudo que eu quero é mantê-la segura, mesmo estando comigo.
Contudo, toda essa situação me causou medo de ter que me afastar da mulher que eu amo, mas também de vê-la sendo prejudicada e se machucar por permanecer ao meu lado. E, se for pensar bem, se eu não fosse tão egoísta, diria que Raymond tem razão em querer afastá-la de toda essa situação, não apenas causada por meu passado, mas também o dele, o que motivou o Marco a se arriscar tanto para protegê-la a ponto de afastá-la de sua família durante 20 anos.
Porém, surpreendendo não apenas a mim, mas ao seu pai também, Anastásia nos mostrou a sua determinação e obstinação em defender seus ideais, deixando claro que mesmo sendo tão jovem, sabe exatamente o que quer e que mais ninguém tomaria qualquer decisão por ela. E, sinto-me ainda mais orgulhoso da mulher que tenho ao meu lado, mas não posso negar que eu também fique receoso, justamente por não saber até que ponto essa obstinação dela seria capaz de alcançar ou o quanto isso seria perigoso para a sua segurança.
Por um momento, enquanto Richard relata ao Raymond o conteúdo que Edgar e eu recebemos naqueles envelopes, eu penso que por mais que possamos tentar, nunca conseguiremos ter o controle de tudo, ainda mais quando não fazemos ideia de quem possa ser o responsável por todo aquele absurdo e mais uma vez, tenho que concordar com a Anastásia ao dizer que não podemos ser fracos e ceder a chantagens psicológicas, fugindo na primeira dificuldade que ameaçar a cruzar nossos caminhos.
Devemos de fato viver o agora, sem pensar o que aconteceu ontem ou o que poderá acontecer no amanhã, pois as incertezas da vida é que nos motiva a sempre buscar sermos pessoas melhores, fazendo até mesmo o impossível para não repetir os erros cometidos, mas sem deixar de lutar por aqueles que amamos. E, é isso que irei fazer, eu viverei o momento, aproveitando as possibilidades que a vida está me dando de ser feliz ao lado da minha família e da mulher que eu amo, mas sem ficar lamentando o que aconteceu, e assim como a minha namorada, irei retomar as rédeas da situação.
- Mas vocês não fazem ideia de quem possa ser esse homem? - Raymond questiona, assim que Richard conclui o breve resumo, fazendo-me retornar para o momento e negar com a cabeça, antes de respondê-lo.
- Não, Raymond. Por mais que Edgar e eu tentássemos buscar na memória tudo que aconteceu no passado, algo que pudesse nos remeter a um possível suspeito, nós não conseguimos chegar a nenhuma conclusão. - Direciono o meu olhar rapidamente para Anastásia, que não mantém contato visual comigo, fazendo-me suspirar.
- Raymond, trouxemos este assunto em pauta, justamente porque você é pai da Ana e tem o direito de estar ciente de tudo que possa envolvê-la. - Richard é incisivo, fazendo-o assentir. - Mas eu acredito que não devemos focar nas razões ou quem possa ser essa pessoa no momento, e sim o que iremos fazer para não permitir que nada chegue até ela, e sobre isso, quero dizer tudo que envolva o passado do Christian e o seu também.
- Você tem razão e peço desculpas por ter me excedido, mas... Apenas Carla e eu sabemos o que passamos durante o tempo que ficamos sem a nossa filha. - Assentimos, por compreender a sua posição de pai. - E, agora, pensar que algo do passado está sendo arrastado para o presente, ameaçando novamente a segurança dela, fez-me perder completamente a razão.
- Pai, mas se formos pensar dessa forma, podemos dizer que eu só estive em segurança porque tecnicamente eu estava morta. - Anastásia se pronuncia novamente, mas agora com o seu tom de voz doce e suave, mesmo sendo nítido que ela ainda esteja chateada. - Eu sei que vocês podem estar me achando uma inconsequente que não está tendo noção da dimensão do problema, mas vocês estão focando apenas nisso e deixando de pensar nas possibilidades que podemos ter para tentar capturar os responsáveis, não só a quem está tentando prejudicar o Christian, mas ao Senhor também, Pai. - Raymond e eu a encaramos, mas ela está focada em meu irmão, como se ele já soubesse o que ela tem em mente, e sinceramente não estou gostando do rumo que essa conversa está tomando.
- Isso pode ser arriscado, Ana, ainda mais por não sabermos de fato o que essas pessoas querem ou quem possam ser, mas independente de qualquer situação, eu quero que você saiba que faremos até mesmo o impossível para protegê-la e mantê-la segura, assim como o Marco fez nesses 20 anos. - Meu irmão afirma e só então ela direciona seu olhar rapidamente para mim e seu pai, antes de assentir.
- Sim, eu sei Richard e confio em vocês, mas como o meu pai disse, eu sou um meio para chegar a um fim, só que isso não quer dizer que devemos esperar e ser pegos desprevenidos, quando podemos estar um passo a frente de seja lá quem for essas pessoas. - Ela para por um momento, encarando-o, e arqueia uma sobrancelha para ele. - Não foi isso que você disse para o Christian e o Edgar fazer? "Ter a cabeça fria e saber a hora certa de agir?" - Meu irmão assente dando um sorriso de lado, mas eu nego com a cabeça, aproximando-me de sua cadeira para pegar em sua mão, que não se afasta do meu toque, deixando-me aliviado.
- Anastásia, eu entendo que você é capaz de tomar suas próprias decisões e, eu respeito e admiro isso, mas não posso e não permitirei que você se coloque nessa posição, nem por mim e nem por ninguém. - Ela suspira, mantendo seus olhos fixos nos meus.
- Christian, se para podermos viver em paz, eu seja a chave para que esses doentes psicopatas possam ser encontrados, não vejo o porquê não tentarmos de tudo que estiver em nosso alcance para que isso seja feito, além do mais, eu estarei com você a maior parte do tempo e quando não estiver, terei a Samantha, o Mark e o Ryan fazendo a minha segurança. - Nego com a cabeça, enfaticamente, e Raymond pigarreia, chamando a nossa atenção.
- Filha, o Christian tem razão. E, da mesma forma que ele não quer arriscar a sua segurança, eu também não posso permitir isso. - Ele levanta a mão no momento que a filha tenta retrucar. - Isso não tem nada a ver com querer tomar decisões por você, mas é algo fora de cogitação.
- Eu entendo o seu receio, Pai, na verdade dos dois. - Ela alterna o olhar entre mim e seu pai, dando um suspiro cansado. - Mas eu acredito que essa situação esteja ficando desgastante demais, principalmente por ficarmos horas a fio discutindo entre nós, entrando no jogo dessas pessoas que estão empenhadas em nos aterrorizar. E, se para poder viver tranquilamente com vocês e a minha Tia, que são a família que eu amo tanto, eu precisar deixar de ser a menininha frágil que todos imaginam que eu seja, além de ter ficado escondida por todo esse tempo, eu não pouparei esforços para fazer o que achar necessário para isso acontecer.
- A sua determinação é indiscutível, Anastásia, mas o medo do seu pai não é diferente do meu, pois nenhum de nós quer correr o risco de perdê-la por uma conta que não deveria ser cobrada, ainda mais sobre você que não tem nada a ver com nenhuma das situações.
- Da mesma forma que vocês não querem me perder, eu não pretendo perder nem um de vocês, mas não vamos nos preocupar tanto com isso agora, estamos falando nesse momento sobre situações hipotéticas, de algo que vocês estão querendo antever sem saber se um dia poderá de fato acontecer.
- Desculpe-me, minha filha, mas não vamos permitir isso e não é negociável. - Anastásia encara o pai intensamente, mas ele continua. - E, se para continuar te mantendo segura e longe do radar de quem teve a intenção de atentar contra a sua vida, quando você nasceu, ou desse doente que está querendo se vingar do Christian, eu precise cancelar o jantar que a sua mãe está organizando e continuar mantendo-a reclusa, não hesitarei em fazê-lo.
- Quanto ao jantar para apresentar a sua herdeira, Raymond, não vejo como um problema nesse momento. - Richard se pronuncia, quando a tensão entre pai e filha começou a ficar desconfortável, fazendo-me desviar a atenção deles para encarar o meu irmão.
- Como não, Richard? Você enlouqueceu?
- Christian, a questão não é anunciar que a herdeira Steele está viva e que foi encontrada, porque isso uma hora ou outra viria a público, tendo em vista que pessoas fora do círculo familiar já tenham ciência desse fato, mas devemos nos ater ao por que do Marco ter ressaltado tantas vezes que ela deveria aparecer apenas quando fizesse 21 anos.
- Se viesse a público por meio de terceiros, seriam apenas especulações, Richard, diferente dos próprios pais fazerem o anúncio. - Ele não fala nada, apenas aguarda que eu continue. - Você não acha que assim, quem acreditava que ela estivesse morta, poderia retomar o plano inicial, antecipando o prazo, que deve ter uma razão para o Marco esperar que ela completasse 21 anos para entregá-la aos pais, e tentar usá-la para chegar até o Raymond para alcançar o objetivo que não conseguiu há 20 anos?
- Sim, Christian, isso é uma possibilidade, mas faríamos também com que essa pessoa que permaneceu inerte por todo esse tempo, aguardando o cumprimento desse prazo, saísse das sombras.
- Mas que porra! Não vamos usar a Anastásia como chamariz, Richard! - Falo irritado, mas respiro fundo quando ela segura a minha mão, fazendo o meu irmão suspirar e passar a mão em seus cabelos.
- Não iremos Christian, mas novamente, você e o Raymond estão pensando apenas nos pontos negativos dessa situação. - Novamente ele suspira, buscando as palavras certas para dizer. - A Anastásia hoje não é mais um bebê indefeso, que tinha apenas o Marco para mantê-la segura. Hoje temos ciência de muita coisa que ele mesmo não poderia afirmar nada, além de termos Profissionais capacitados para lidar com situações como essas, mas o que vocês não estão percebendo é a razão para tudo isso ter começado, focando apenas no patrimônio atual do Raymond.
- O que você quer dizer exatamente, Richard? - Anastásia faz a pergunta, e meu irmão alterna o olhar entre nós três.
- E, se houver algo a mais que só poderá ser revelado quando a neta de Lorenzo Steele fizesse 21 anos? E, possa ser justamente isso que fez com que os responsáveis ficassem inertes, por acreditarem que a bebê estava morta, precisando esperar apenas o cumprimento desse prazo? - Penso por um momento, porque essa é uma questão que não consigo encontrar a resposta, a não ser que...
- Raymond, por um acaso quando foi feito a Leitura do Testamento do seu pai, todos os bens dele foi de fato incluído na partilha? - Raymond franze o cenho, mas responde após alguns minutos.
- Os bens que eu tinha conhecimento sim, Christian, mas... No dia da Leitura do Testamento, o melhor amigo, que era considerado como um irmão para o meu pai, também foi convocado e assim que foi concluído, o Advogado pediu para que ele permanecesse na sala, pois havia algo que precisavam conversar. Além de ter sido nomeado como o responsável por todo o meu patrimônio, que deveria ser dissolvido e doado para Instituições de Caridade escolhidas pelo Estado, caso algo acontecesse comigo. - Meu irmão me encara e seus olhos dizem muito mais do que palavras poderiam dizer, embasando as suas suspeitas.
- Raymond, durante esses 20 anos, alguém fazia depósitos em uma conta em nome da Ana e, acreditávamos que quem o fazia, era o Marco, mas os depósitos continuaram até mesmo depois que ele... - Richard para de falar e olha para Anastásia, prosseguindo em seguida. - Enfim, até depois que a conta do Banco de Portland foi encerrada e a transferência do saldo foi feita para o Vitalli Bank de Seattle...
- O quê? Como assim? - Anastásia pergunta assustada, interrompendo-o, e eu franzo o cenho ponderando essa informação, mas meu irmão prossegue.
- No dia que vocês vieram de Portland, Ana, e o Christian mencionou que o valor que havia na sua conta era superior ao saldo anterior que constava em nossos levantamentos, eu pedi para que o Jay continuasse monitorando a conta, no caso de haver movimentações atípicas, o que aconteceu, pois houve mais dois depósitos.
- Isso não faz sentido, Richard. - Raymond se levanta e começa a andar de um lado para o outro. - Quem poderia estar fazendo esses depósitos, se nada saiu das minhas contas ou da Empresa?
- Não poderia ser esse amigo do seu pai, Raymond, o responsável pelos depósitos? - Ele nega a minha pergunta, voltando a se sentar.
- Impossível Christian! Que o meu pai sabia que a Carla estava grávida e que era uma menina, isso era fato, pois na carta que ele deixou para o Marco ficou bem clara esta questão, mas como ele deixaria instruções para Otto Gallagher fazer depósitos se o nome dela seria Aurora Miller Steele e não Anastásia Steele, sendo que esse nome foi escolhido pelo Marco?
- De fato não faz sentido, mas a questão é saber o porquê que era tão importante esperar que a Ana fizesse 21 anos. - Richard fala pensativo, mas sinto que algo o deixou desconfortável.
- Quando eu era criança, o meu tio sempre dizia que quando o momento de eu "voar sozinha" chegasse, eu tinha que estar preparada e ser forte e resoluta, pois as coisas poderiam não ser tão fáceis num primeiro momento, mas que depois tudo se resolveria e, a sua fala sempre terminava com ele me pedindo perdão, porém eu nunca entendia quando ele me fazia esse pedido.
- Sinceramente o meu pai e o Marco poderiam ter sido mais diretos, invés de ficarem fazendo enigmas para serem desvendados. - Raymond fala frustrado, não diferente de como nos encontramos nesse momento. - Primeiro o meu pai ordenou que Marco protegesse a minha família, deixando claro em seguida que não poderia "entrar em detalhes sobre aquele assunto", do qual Marco sabia qual era e que seria perigoso, pois tratou de me alertar não apenas isso, como também que há infiltrados na minha Empresa, além de ter alguém a usando para ganhar dinheiro superfaturando minhas notas e possivelmente usando os meus navios petroleiros para transportar algo ilegal.
- Na última carta que o Marco lhe enviou, Raymond, ele alegou ter chegado muito perto do responsável, além de afirmar que o culpado não estava trabalhando sozinho, mas que havia recebido ameaças por isso. E, o Lorenzo disse que teria certeza sobre "aquele assunto" quando retornasse de Boston, o que me leva a crer que...
- Meu pai e o Marco haviam descoberto quem era a pessoa responsável por tudo isso, mas não queriam falar nada sem provas concretas por ser alguém próximo. - Raymond interrompeu o meu irmão, completando a sua linha de raciocínio.
- Possivelmente, Raymond!
- Mas se eles sabiam quem poderia ser, por que optaram pelo silêncio? - Anastásia faz a pergunta, confusa, deixando-nos pensativos. - Por que ter que esperar 21 anos para revelar sobre tudo isso? Porque se eu não tivesse vindo para Seattle, se não tivesse feito amizade com o Caleb e o Christian mandado investigar o meu passado, continuaríamos na ignorância, e eu permaneceria longe dos meus pais, enquanto o culpado, ou os culpados, nem sei mais, continuaria agindo nas sombras, se aproveitando do meu pai indiretamente e prejudicando pessoas no processo. - Não temos respostas para essas questões, mas meu irmão franze o cenho.
- Raymond, eu sei que isso faz tempo e talvez você nem possa se lembrar, mas quando o Lorenzo faleceu quem ficou responsável pelo caso?
- Qual é a relevância para isso no momento, Richard? - Questiono confuso, mas ele suspira e nega com a cabeça.
- O Lorenzo sabia sobre a gravidez da Carla e tinha suspeitas de que algo poderia acontecer a sua neta, falecendo em seguida num suposto assalto, o que por pouco não vitimou também a Alana. O Marco foi ameaçado quando chegou próximo aos culpados e logo sofreu aquele acidente, sendo encontrado como vocês já sabem, além de ter alertado que o perigo estava mais próximo do que poderíamos imaginar. - Ele suspira, pensando se deve ou não expor seus pensamentos. - Isso não é uma coincidência, Christian, e sim queima de arquivo, ou como Raymond disse no início da nossa conversa, um meio para chegar a um fim.
- Você está querendo dizer que o meu pai não foi apenas vítima de um Latrocínio, mas sim que ele já estava marcado para morrer, pois estava mexendo onde não deveria, assim como sabemos que o Marco foi assassinado? - Raymond questiona espantado e meu irmão assente.
- Tudo indica que sim, Raymond, por isso eu preciso saber se o responsável pelo caso do seu pai foi o Policial Augusto Loretto, hoje o atual Capitão de Polícia, no qual Marco disse que você poderia confiar apenas nele?
- O Marco que ficou responsável para resolver essas questões, pois nem eu ou minha mãe estávamos em condições para isso, mas se eu não me engano, foi sim o Capitão Augusto Loretto que foi o Policial que estava com o caso do meu pai na época. - Raymond responde depois de alguns minutos de silêncio.
- Richard...
A forma que meu irmão me encara, foi o suficiente para eu saber que não devo fazer perguntas agora, então apenas assinto, mas percebi que Ana viu nossa troca de olhar, porém não disse nada, vendo que seu pai ficou preso em pensamentos, com todas as revelações de hoje.
- Quanto ao jantar, Raymond, não acabe com a felicidade da Carla, deixe que prossiga com os planos, mas podem ficar tranquilos, que cuidarei da Segurança do evento, mas... Eu peço que me envie a lista de convidados. - Raymond assente em modo automático, e o meu irmão continua. - Eu preciso também que você me envie novamente uma lista atualizada de todos os seus funcionários ativos, inclusive dos Oleodutos de Alberta, Michigan e Texas, pois começaremos a verificá-los, mas continue agindo como se não soubesse de nada, porém enviarei novos Seguranças, que integrarão na sua Equipe.
- Certo. Eu enviarei tudo que você precisa, mas eu gostaria de pedir que tudo que foi conversado aqui, ficasse apenas entre nós. - Raymond faz o pedido e suspira. - Não gosto de omitir as coisas da Carla, mas eu prefiro que ela não se preocupe com nada por enquanto e... Quanto a minha filha, eu confio em vocês para mantê-la em Segurança, pois eu sei que ela não irá se afastar do namorado. - Ele olha para a filha com uma sobrancelha arqueada, deixando-a com as bochechas coradas, mas que sorri tímida para o pai. - Mas eu peço também que não me escondam nada, quero estar ciente quanto a tudo.
- Não se preocupe Raymond, a Anastásia é a sua filha, mas ela é a minha vida e não pretendo ocultar nada que possa colocar a integridade física dela em risco. - Pego a mão dela, trazendo aos meus lábios, mantendo meu olhar fixo nos seus, que está ainda mais vermelha, mas não deixa de sorrir, deixando-me aliviado em ver que ela não está mais irritada.
- Certo. - Raymond pigarreia, fazendo-nos voltar a encará-lo. - Ainda tenho que me acostumar com a ideia de ter a minha bebê, tendo esses momentos de carinho com um marmanjo na minha frente.
- Pai! - Anastásia o repreende e sinto o meu rosto arder, quando meu irmão e Raymond gargalham, dissipando um pouco a tensão que essa conversa trouxe.
E, assim encerramos essa reunião que demorou mais do que planejávamos e discutimos assuntos que não estava em pauta, mas invés de esclarecer algumas situações trouxe ainda mais dúvidas quanto os pontos levantados por Richard, mas uma coisa ficou clara, que independente das divergências que possamos vir a ter, nós estaremos juntos como uma única família, para enfrentar qualquer desafio que vier a surgir.
(...)
Enquanto Anastásia estava focada em suas aulas e a reinauguração da GRS na próxima segunda, Aleksander e eu focamos em resolver sobre a sabotagem do projeto do Estaleiro no México, para retomarmos a construção da plataforma, e com isso a semana passou tão rápida que nem percebemos. O que agradeci muito, porque não tivemos nenhuma surpresa desagradável.
Na quinta-feira, James Cavaliere compareceu a nossa reunião para agendar a entrega antecipada do jatinho e na próxima semana será entregue no hangar do meu irmão, e isso não poderia ter sido mais oportuno, facilitando a viagem de Aleksander até o México.
Falando no meu irmão, desde que Raymond mencionou o amigo de seu pai e o Capitão de Polícia, Augusto Loretto, Richard tem estado pensativo, tanto que decidiu fazer uma viagem, alegando que responderia as minhas perguntas depois, e isso faz dois dias. Nossos pais e Caleb acharam estranha a atitude dele e essa viagem de "negócios" repentina, e isso está me matando, tendo que guardar esse "segredo" deles, principalmente do meu irmão gêmeo, que tem conhecimento de parte de nossas conversas.
Verifico a hora e respiro fundo, sentindo o cansaço me dominar, mas ainda terei uma reunião, que havia sido marcada há alguns dias, sem a possibilidade de reagendar, por ser um dos meus primeiros clientes, desde que retornei para Seattle, há quase três anos.
- Christian, o Otelo acabou de chegar e pedi para a Laura encaminhá-lo para a sala de reuniões 2. - Encaro Aleksander por um momento, decidindo se irei reclamar ou não, por ele entrar sem bater na porta, mas opto por ignorar. - Mas ele não está sozinho. - Franzo o cenho, pois não faço ideia de quem possa ser e detesto imprevistos, mas sei que Taylor está nesse momento fazendo uma verificação do nosso novo convidado.
- Você conseguiu fazer a prévia do veleiro que ele havia pedido? - Ele assente e suspira, e vejo que está tão cansado quanto eu.
- Sim, mas esse projeto é diferente do primeiro catamarã que ele havia pedido, um pouco mais simples, apesar de também ser para uso familiar. - Assinto, pois conhecendo um pouco o Otelo, que gosta de ostentar luxo, também achei diferente de algo que ele pediria. - E, precisamos treinar pelo menos dois dos Estagiários, pois está ficando complicado tendo apenas nós dois para desenvolver os projetos desses clientes exclusivos, Christian.
- Assim que você retornar do México, selecionaremos dois Estagiários entre a Equipe, mas agora vamos atendê-los logo, pois quero pegar Anastásia e ir embora para casa. - Levanto-me e visto meu paletó, estalado meu pescoço para tentar dissipar a tensão, e ele, faz o mesmo.
- Você falou com o Oliver hoje? - Suspiro e nego com a cabeça, enquanto saímos da minha sala.
- Não, só no dia que ele ligou avisando que o jantar de noivado foi adiado. - Ele suspira e entramos no elevador.
- Estou preocupado com aquele cabeça-dura, Christian, ontem me ligaram de um Bar, para que eu pudesse buscá-lo, pois estava caindo de bêbado. - Ele fala frustrado e eu nego com a cabeça, dando um suspiro. - Você faz ideia o que é ver o Oliver que é todo certinho e sempre responsável, numa situação deplorável, que não estava conseguindo nem mesmo se manter em pé sozinho?
- Eu sei Aleksander, mas infelizmente apenas ele é capaz de mudar a situação que se encontra. - Ele assente, sabendo que eu tenho razão. - O que podemos fazer é apoiá-lo, seja qual for à decisão que ele tomar. - Ele respira fundo e encerramos o assunto, assim que chegamos à sala de reuniões. - Boa noite, Senhores! - Otelo se levanta e seu acompanhante faz o mesmo.
Otelo Rice é um Empresário do ramo Automobilístico e um Investidor da Bolsa de Valores. Ele tem 59 anos, e hoje leva a vida viajando o mundo com sua Esposa, deixando os negócios a cargo dos filhos. Ele sempre diz que trabalhou muito, agora é a vez dos filhos cuidarem de tudo, enquanto descansa e aproveita a aposentadoria. É um homem de corpo atlético e saúde invejável, contrastando com seus cabelos grisalhos.
- Boa noite, Christian! Aleksander! - Aperto a mão que me é estendida e Aleksander faz o mesmo. - Este é o meu amigo, Lúcio Grives. - Fazemos o mesmo, cimprimentando-o, recebendo seu aperto de mãos firme. - Lúcio, estes são Christian Grey, Presidente e Proprietário desta Empresa e Aleksander Wright, Vice Presidente, mas também os grandes responsáveis por realizar sonhos de velhos como nós. - Ele dá risada e Lúcio nega com a cabeça, sorrindo de lado.
- Otelo tem falado muito bem sobre você, meu rapaz, tanto que me convenceu a sair da minha Cidade para vir conhecê-lo e ver o seu trabalho.
- Ora, meu caro amigo, você que decidiu que queria um veleiro, quando eu disse que Christian é o Engenheiro Naval mais jovem e brilhante que eu conheci, assim como Aleksander e que juntos, formam uma bela equipe.
- Agradeço pela confiança, Otelo, mas apenas fazemos o nosso trabalho. - Indico as cadeiras a eles e nos sentamos. - Mas então devo presumir que a prévia do veleiro seria para você, Senhor Grives? - Decido ser direto, e ele assente, então começamos a falar sobre o que de fato interessa nesta reunião.
Gosto de conhecer um pouco da personalidade dos meus futuros clientes, para tentar entender o que eles realmente precisam, não apenas o que querem e descobri que Lúcio Grives tem 59 anos, um filho que não tem uma boa convivência e ficou viúvo a pouco mais de dois anos. É proprietário de uma Empresa de Transportes e Logística em Tacoma, na qual se dedica totalmente depois que sua esposa faleceu.
Lúcio é mais reservado, gosta de coisas mais simples, apesar de prezar por conforto e boa qualidade, o que é bem diferente do amigo, pois Otelo gosta de luxo, tem a fala mansa e é muito espontâneo, o que eu diria que por vezes até demais. A prévia do projeto que Aleksander fez o agradou muito, precisando fazer apenas algumas alterações sugeridas por nós, depois de conhecê-lo um pouco mais, e que foram muito bem aceitas por ele.
- Agora eu vejo o porquê Otelo ter falado tanto, que a sua Empresa seria perfeita para desenvolver o meu projeto, Christian. - Deixamos as formalidades, a pedido dele, e o vejo dar um sorriso pela primeira vez, mesmo que seus olhos castanhos continuem sérios. - Você e Aleksander realmente fazem uma boa equipe, muito obrigado por terem disponibilizado esse tempo para nos receber.
- Não nos agradeça ainda, Lúcio, deixe para fazer isso quando o seu veleiro for entregue.
- Não seja modesto, meu rapaz. - Otelo chama a nossa atenção, com seu sorriso fácil nos lábios. - Sabemos o quanto você é competente e dedicado ao seu trabalho, o meu catamarã é prova suficiente quanto a isso e devo dizer que estou muito satisfeito. - Eles se levantam e fazemos o mesmo, mas vejo que seu olhar está fixo na minha aliança. - Ora, não me diga que uma bela dama conseguiu domar esse coração?
- Otelo, o meu amigo não apenas foi domado, mas também domesticado. - Aleksander fala com um sorriso debochado, sabendo que Otelo gosta de uma conversa fiada, fazendo-me encará-lo seriamente, mas sou ignorado quando ele e Otelo dão risada.
- Bem que eu desconfiei, esses olhos estavam muito brilhantes, bem diferentes da última vez que eu lhe vi, Christian. Esses são olhos de um homem que está muito apaixonado. - Dou um sorriso de lado, com vontade de matar o Aleksander por dar conversa ao Otelo, mas Lúcio se interpõe a inconveniência do amigo.
- Você está mais do que certo em aproveitar sua juventude, Christian, independente do que aconteceu no seu passado que tenha apagado o brilho dos seus olhos, tudo pode ser superado, com exceção da morte. - Sinto o peso de suas palavras e vejo seus olhos nublados em tristeza, mas há algo a mais neles também. - Aproveite cada minuto que você tiver ao lado dessa mulher, pois nunca sabemos quando será o último que teremos ao lado de quem amamos. - Apenas assinto, por não ter o que dizer no momento.
- Lúcio, está certo, meu rapaz, a vida é uma incógnita, às vezes parece que temos o domínio sobre tudo e de repente, nada mais é como antes. - Por um momento o silêncio se fez presente, mas Otelo volta a sorrir. - Bom, ocupamos muito do tempo de vocês, mas nos veremos em breve. - Apertamos as mãos e saímos da sala de reuniões, caminhando na direção do elevador.
- Lúcio, nós enviaremos as plantas finalizadas e após aprovação, daremos início à construção do seu veleiro. - Aleksander retorna o assunto profissional, fazendo-o assentir.
- Ficarei no aguardo, obrigado. Boa noite!
- Boa noite! - Aleksander e eu respondemos ao mesmo tempo e assim que as portas do elevador se fecham, encaro esse idiota que chamo de amigo. - Sério, Aleksander?
- O quê? - Ele se faz de desentendido e respiro fundo, caminhando na direção do meu elevador privado. - Eu não tenho culpa se a sua cara entrega o quanto está apaixonado por aquela bela morena de olhos azuis.
- Aleksander, não teste a minha paciência, já basta você dar conversa para o Otelo.
- Não falei nada demais, meu amigo, apenas o óbvio, pois você está domado e domesticado. - Ele segura a risada, fazendo-me encará-lo. - Não me olhe assim, amorzinho, que desse jeito, sinto vontade de ser devorado por esse olhar. - Ele força um timbre de voz afeminado e desliza o dedo por meu peito, fazendo-me empurrar a sua mão, irritado.
- Idiota!
Ele gargalha e nego com a cabeça, mas tenho que concordar com Lúcio e Otelo, pois a vida é mesmo uma incógnita e nunca sabemos o que podemos esperar do amanhã, mas agora, eu quero apenas encerrar meu expediente, buscar a minha namorada e aproveitar cada minuto que poderei ter com ela, o que espero que seja para sempre.
Recadinho e agradecimento!
Eita! Que demorei, mas voltei! Espero que não tenham desistido de mim e minhas maluquices! O capítulo atrasou um pouquinho (para não dizer muito), mas foi proposital, tudo bem que era para ter sido às 00h00, mas tudo bem, pois hoje dia 18/08/2021 está fazendo exatamente 1 ano que saí de apenas Leitora e Parceira, publicando em conjunto com outra Autora, para dar início a esta história, tendo o seu primeiro capítulo postado no Wattpad, por isso quero agradecer a todas que sempre tiraram um pouquinho do tempo de vocês para ler os meus bebês. Eu sempre digo que primeiro escrevo para mim, mas a verdade é que sem vocês para ler o que escrevo, comentar e votar, incentivando-me a continuar, não faria muito sentido eu passar horas a fio escrevendo, se não terei a quem ler. Então mais uma vez, obrigada 🥰🥰🥰🥰!
Mas e essa reunião hein? Depois da Ana ficar brava, os ânimos foram acalmados, mas mais mistérios apareceram para ser desvendados 😏😏!
Pelo menos, Christian e Raymond entraram em comum acordo que Ana não irá a nenhum lugar, mas perceberam que juntos são mais fortes, não é mesmo 🤭🤭🤭? Ainda mais com Richard tomando conta da família!
Richard meu lindo, o que você está escondendo que precisou viajar sem contar nada para ninguém, hein 🤔🤔🤔?!
Obs.: Próximo capítulo que pode sair amanhã ou depois, será no Spin-off, Destinos Entrelaçados! Espero vocês lá 😉😉😉.
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