Capítulo - 86
Se há algo que eu deveria ter me dado conta é que minha vida nunca seria monótona e isso acontece desde que era criança, ainda mais quando se tem a Thaís como irmã. Só que nunca deixei me abalar com tudo que ela fazia – certo, algumas vezes eu ficava triste, não posso negar –, e eu acabei me acostumando com esse fato.
Quando comecei a trabalhar para a Vanessa, não foi diferente, pois todos os dias era um novo desafio. Mas quando eu perdi o Padre Lutero e o Tio Marco, as coisas passaram a ser um pouco mais complicadas, com todas as revelações que começaram a surgir sobre a minha vida e mais uma vez eu precisei me manter firme.
E, agora, depois que estou mais forte e sei o quanto a vida é delicada, que basta um piscar de olhos para tudo mudar, não deixarei que essas ameaças de um doente psicopata, que está querendo mais uma vez brincar com a cabeça do Christian e do Edgar, interfiram em minha vida ou na das pessoas que eu amo.
Não estou subestimando ou não querendo dar importância sobre a situação, mas eu cheguei à conclusão que o que tiver que acontecer, acontecerá independente de tudo que tentarmos fazer para evitar. Porém eu tenho a ciência que devemos sim ter cautela e nos manter sempre vigilantes, mas deixar de viver, tentar fugir e ficar paranoico com isso, não é a decisão certa a se tomar.
Agirmos dessa forma apenas nos deixará com os nervos a flor da pele e poderemos perder as oportunidades que a vida está nos dando de viver e ser feliz, aproveitando cada momento que temos – pois não sabemos o que será no dia de amanhã –, ao lado das pessoas que amamos, pelo constante medo que alguma coisa possa dar errado.
Por essa razão, eu aceitei sem hesitar o pedido do Christian para que possamos pensar em ter uma casa apenas nossa, pois não sei quanto tempo ainda teremos para poder ficar juntos. E, isso não é apenas por causa desse doente que está tentando nos prejudicar ou por alguém que está atrás de mim há 20 anos, mas sim porque não sei se o nosso destino é realmente permanecer juntos, ou se uma doença possa acometer algum de nós dois ou até mesmo um acidente ao atravessar uma rua ou quem sabe, um descuido e cair das escadas.
A vida é inconstante, mas não porque não a valorizamos e sim porque só Deus sabe o que será do nosso presente e como será ou não o nosso futuro. Por pensar dessa forma, que eu não perco meu tempo com mágoas, guardando ódio em meu coração ou deixar as oportunidades que estão a minha frente passar. Apenas viverei cada dia como se fosse o último e desejando com todo o meu ser que outros possam vir, para que eu consiga também aproveitá-los.
Claro que eu também tenho medo e sempre terei, mas não o deixarei me dominar. Não deixarei que defina os meus dias, a minha vida e muitos menos que decida o fim do meu destino, apenas administrarei e dosarei na medida certa que precisar, e se em algum momento for preciso recuar por causa disso, eu também não hesitarei em recuar, mas deixar de fazer o que quero ao lado das pessoas que amo, isso jamais.
– Baby! – Sorrio e olho para Christian que está sentado ao meu lado, enquanto seguimos para a GRS. – Ficou pensativa de repente. – Nego com a cabeça e aperto a sua mão, que segura a minha.
– Apenas me distraí um pouco, não se preocupe. – Por um momento ele avalia meus olhos e assim que percebe que estou falando a verdade, sorri de lado.
– Você disse que queria falar algo Comercial, mesmo que não quisesse levar o assunto para a nossa casa, mas acabamos nos distraindo e... – Dou risada e nego com a cabeça.
– Será por que nos distraímos, não é, Christian?
Mordo meu lábio para não falar em voz alta, mas simplesmente fui atacada, depois de aceitar o seu pedido sobre a nossa casa. Não que eu esteja reclamando, é claro que não! Mas ele apenas sorri perverso e me lança um olhar quente, antes de se aproximar para falar em meu ouvido.
– Eu não ouvi você reclamando enquanto gemia o meu nome, Baby. – Ele beija o meu pescoço e morde o lóbulo da minha orelha.
– Christian! – Tento repreendê-lo, contendo um gemido, por estarmos dentro do carro, tendo Taylor e Samantha a nossa frente, mas ele dá risada, fazendo-me arrepiar, antes de se afastar.
– Certo. – Ele pigarreia e volta a falar. – E qual seria o assunto? – Reviro os olhos da sua tentativa de ser sério.
– Se você tiver um tempo, gostaria que tivéssemos uma reunião para que eu pudesse lhe mostrar alguns relatórios e, adianto que o assunto não será muito agradável, mas que deve receber a devida atenção. – Ele verifica a hora e devido ao nosso "atraso" para sair de casa, está quase na hora do almoço.
– Poderemos fazer isso agora e aproveitamos para almoçar juntos. – Assinto e pego o meu celular da bolsa para avisar a Melissa que adiante a pauta.
– Seria ótimo, mas quanto ao almoço, você se importaria de fazermos isso na GRS?
– Em absoluto, Senhorita Steele. – Ouço seu tom provocante e sedutor e estreito os meus olhos para ele.
– Agradeço a consideração, Senhor Grey. – Pronuncio as duas últimas palavras da mesma forma e sorrio por ver seus olhos em brasa, mas seguro sua mão, quando tenta subir por minha coxa. – Comporte-se, Christian!
– Tudo bem.
Nego com a cabeça e dou risada da sua carranca, pois sei o quanto ele detesta ser contrariado, mas estou acostumada com sua mudança de humor, por isso selo rapidamente seus lábios, dando vários em seguida, apenas para fazê-lo sorrir e assim seguimos o restante do caminho, mas me preparando para o assunto que precisaremos discutir.
(...)
Depois de passar uma hora mostrando para o Christian a situação financeira que nos encontramos com alguns Fornecedores e Melissa nos entregar alguns recebimentos de protestos que estavam guardados em uma gaveta no financeiro – o que a levou a fazer uma auditória com a responsável anterior pelo departamento, ontem depois que eu saí da Empresa – chegamos à conclusão que a situação é mais crítica do que pensávamos, além de não ter mais nenhum saldo nas contas Empresariais.
Por outro lado, com o estoque atual que temos na Loja – o que é muita coisa, fato que não entendemos como a Vanessa continuava fazendo compras dos mesmos itens que já tínhamos em estoque, principalmente de joias –, fizemos uma projeção financeira, baseada no fluxo de vendas e entregas futuras que temos agendado, logo conseguiremos sair do vermelho. E, mais alguns meses poderemos inclusive recuperar o Capital que Christian investiu para adquirir a Empresa.
– Além dessa projeção, o que você pretende fazer para aumentar o faturamento da Empresa Anastásia? – Christian pergunta sério, ainda analisando as projeções em suas mãos, logo depois que terminamos de almoçar e voltarmos ao trabalho.
– Apesar de ser um ponto que pode ser considerado um risco, eu pretendo colocar o Ateliê para funcionar. – Ele tira a atenção do papel em sua mão e me encara. – Contratar um Estilista que ainda não seja conhecido para ser exclusivo da GRS e criar a nossa própria marca, sem deixar de ter as marcas conhecidas em Loja, é claro. Obviamente que isso é um projeto audacioso e que demandará tempo, o que não seria o viável para a situação atual da Empresa, mas acredito que os clientes ficariam satisfeitos em ter opções, que contenha qualidade e também exclusividade nas peças a serem compradas. – Melissa alterna o olhar em nós dois, enquanto Christian pensa por um momento, até que vejo a sombra de um sorriso em seus lábios, mas sem deixar sua postura profissional de lado.
– De fato isso é audacioso, começar algo do zero realmente não é fácil, mas também satisfatório se houver sucesso. – Sinto meu rosto esquentar, mas me mantenho firme, tendo seu olhar intenso sobre mim. – Acredito que você tenha alguém em mente para começar esse projeto?
– Sim, eu tenho. – Só falta Eloise aceitar o meu convite, concluo em pensamento.
– E quanto ao espaço físico? Porque eu acredito que apenas aquela sala que foi liberada, não será suficiente.
– Desculpe-me interrompê-los, mas essa é outra questão que eu queria tratar. – Melissa chama a nossa atenção. – Dentre os documentos que encontrei nas gavetas, há um contrato de locação do galpão que fica nos fundos, que não foi renovado e os pagamentos estão atrasados há quase seis meses e pelo que andei averiguando, o Locatário não se encontra no local, tendo apenas dois Seguranças cuidando do lugar, mas a questão é que esse imóvel também é propriedade da GRS. – Franzo o cenho e Christian faz o mesmo.
– Você está certa dessa informação, Senhorita Vitalli? – Reviro os olhos pela formalidade dele, mas mordo meu lábio para reprimir um sorriso, por vê-lo arquear a sobrancelha para mim.
– Sim, os dois imóveis foram construídos no mesmo terreno, tendo apenas o desmembramento físico executado, mas não foi feito de forma legal para que fossem considerados imóveis distintos, então consta como uma única propriedade. – Christian assente.
– Continue tentando falar com o Locatário, caso não consiga, Senhorita Vitalli, encaminhe esse contrato para o Oliver, para sabermos como poderemos reaver o imóvel de forma legal. – Ela assente e Christian me encara. – Tudo bem para você, Anastásia? – Apenas assinto, pois isso ele não precisaria me perguntar nada, afinal, ele é o proprietário da GRS. – Depois que reavermos o imóvel, poderemos analisá-lo e estudar as possibilidades para implementar esse seu projeto, de acordo?
– De acordo. E, quanto aos protestos e as duplicatas que estão vencidas?
– Levarei as projeções e os protestos e deixarei para que Oliver resolva a situação Jurídica, mas quanto as que estão prestes a vencer e as vencidas que ainda estão em tempo de pagamento, façam-me o levantamento financeiro de quanto precisarão, que assim que as novas contas e acessos forem disponibilizados, transferirei o saldo necessário.
Apenas assinto presa em seu olhar que não desvia dos meus, até que seus lábios tomam a minha atenção, ainda mais quando ele os umedece com a ponta de sua língua, que sei muito bem o que é capaz de fazer, e que está pedindo para ser beijado, ainda mais agindo dessa forma "Eu sou um homem de negócios", deixando-me quente, fazendo-me sentir uma devassa, como diria o Pietro.
– Certo, providenciarei isso o mais rápido possível. – Melissa se levanta e pega os documentos, colocando-os na pasta. – É... Estou indo para a minha sala Ana.
– Obrigado, Senhorita Vitalli. – Christian a dispensa, e ela assente, olhando-me com um sorriso malicioso saindo rapidamente da sala, deixando-nos sozinhos. – Eu percebi que você reprovou a minha forma de tratamento para com a sua funcionária, Senhorita Steele. – Ele se levanta e caminhando como um felino dá a volta na mesa, girando a minha cadeira, fazendo-me levantar e envolvendo-me em seus braços.
– Em absoluto, Senhor Grey. – Abraço o seu pescoço e começo a acariciar os cabelos da sua nuca, fazendo-o suspirar e me olhar como se quisesse me devorar.
– O seu revirar de olhos e sorriso zombeteiro me disseram o contrário. – Uma de suas mãos acaricia o meu rosto, antes de tê-la em minha nuca, segurando firme em meus cabelos para ter a cabeça inclinada e receber seus lábios em meu pescoço.
– E, o que você pretende fazer sobre isso? – Sinto sua ereção em meu ventre, quando tenho meu corpo ainda mais pressionado no seu, fazendo-me ofegar. – Christian! Não podemos. – Lamento num gemido contido, e ele se afasta do meu pescoço, ainda segurando meus cabelos.
– Não vejo a hora de a sua sala ficar pronta.
– O que...
Antes que eu consiga perguntar o que ele quer dizer com isso, tenho os meus lábios tomados pelos seus com voracidade. Sua língua envolve a minha numa dança sensual, deixando-me desejosa por ele. Sinto a sua ereção pulsar em meu ventre, fazendo-me pressionar minhas coxas e gememos na boca um do outro, sentindo-me molhada e quente, mas como começou, o beijo terminou e fico perdida em êxtase e confusão, vendo-o se afastar recompondo-se, como se não estivesse me devorando agora a pouco.
– Esta sala não tem isolamento acústico e tenho certeza que não queremos chamar atenção da sua Secretária.
– O quê? – Pergunto ainda perdida, fazendo-o sorrir e se aproximar novamente, dando-me um beijo rápido nos lábios.
– Em casa, Baby. – Recebo outro beijo, antes dele pegar a pasta e caminhar na direção da porta. – A reunião foi ótima, Senhorita Steele, eu sabia que não iria me decepcionar, mas agora, tenha uma boa tarde.
Ele me dá uma piscadela e sai da minha sala como se não tivesse feito nada, fazendo-me sentar novamente na cadeira, pensando o que foi isso que acabou de acontecer? Onde está o homem de negócios que estava todo sério na nossa reunião? E, ele acabou de me dar uma piscadela? Céus! Christian ainda vai me matar com essas mudanças de humor dele, não que eu esteja reclamando, é claro que não!
(...)
– Júlia! – Ela se assusta, assim que entro na copa e me dá um sorriso. – Vamos nos encontrar com a sua mãe?
– Apenas irei trocar de roupas e poderemos ir. – Eu assinto, vendo-a sair da copa, para seguir para o vestiário.
Pensei que ela mencionaria alguma coisa sobre o seu reencontro com o Edgar, mas isso não aconteceu e apesar de ver que ela estava triste, achei melhor não invadir a sua privacidade, pois sei que ela irá se abrir quando se sentir confortável. Mas confesso que eu fiquei intrigada sobre isso e alguma coisa me diz que a história sobre a forma que a Avó do Edgar as tratou antes de colocá-las para fora, não foi apenas da forma que ela me contou.
– Ana?
– Estou aqui, Marta!
Sorrio e saio da copa para encontrá-la, acompanhada de duas mulheres, uma de estatura mediana, muito bonita com os cabelos castanhos, pele clara e olhos verdes, além de ter um sorriso discreto nos lábios. A outra, tão bonita quanto, alta, pele negra, olhos castanhos escuros, cabelos castanhos e ondulados, tenho a impressão de conhecê-la de algum lugar e acredito que para ela também não foi indiferente por me ver, pois está me olhando como se tivesse visto um fantasma. E, também um homem alto, cabelos castanhos escuros, olhos castanhos esverdeados, com uma barba que caiu muito bem para seu tom de pele amorenada, o que acredito serem os candidatos selecionados para começarem a trabalhar na Loja.
– Que bom que ainda conseguimos encontrá-la. – Marta sorri e direciona a sua atenção para as duas mulheres. – Meninas, essa é a Anastásia Steele, a CEO da GRS. – Olho rapidamente para Marta, pelo título recebido, mas aceito a mão que me é estendida. – Ana, esta é a Jenna Lira e ocupará o cargo de Vendedora.
– Seja bem-vinda a Equipe, Jenna.
– Obrigada, Senhorita Steele, fico muito feliz em poder integrar a Equipe desta Empresa. – Assinto e sorrio, pegando na mão da outra mulher, que está bem gelada.
– Está é a Luma Flores, também ocupará o cargo de Vendedora. – Marta segue as apresentações.
– Seja bem-vinda, Luma, espero que goste de trabalhar conosco. – Penso por um momento e acabo soltando a pergunta. – Já nos conhecemos? – Ela assente e tira a sua mão da minha, mas vejo que ficou envergonhada.
– Obrigada, Senhorita Steele. E, bem... Eu sou uma amiga da Thaís, a sua irmã. – Franzo o cenho e acabo me lembrando dela, voltando a sorrir, apesar de serem lembranças não tão boas, mas Marta continua.
– E, este, é Eric Price, ele havia sido contratado para substituir uma funcionária que saiu, apesar da qualificação dele ser outra, mas logo ocorreu a mudança de Gestão e as contratações ficaram suspensas. – Assinto, sabendo que Marta está falando que ele foi contratado quando eu saí da Parker Dress For Less. – Mas agora ele ficará responsável em me ajudar com o Departamento de Pessoal, já que fui promovida a Gerente, além de ficar com o Departamento de Recursos Humanos. – Marta sorri satisfeita por ter seu trabalho dividido e cumprimento o Eric.
– Seja bem-vindo, Eric, você não faz ideia do quanto a Marta desejou por ter alguém dividindo a carga de trabalho com ela.
– Obrigado, Senhorita Steele, espero conseguir atender as expectativas que estão sendo depositadas em meu trabalho e agradeço pela oportunidade em poder desempenhar na minha área de atuação.
– Não me agradeça. Se vocês estão aqui foi por mérito e porque estão qualificados para integrar o quadro de funcionários da GRS. – E, porque foram verificados pela Segurança do meu namorado paranoico, penso em silêncio. Eles assentem e vejo Júlia se aproximando. – Bom, novamente sejam bem-vindos e nos veremos na próxima segunda e, Marta, eu estou saindo com a Júlia e não voltaremos mais hoje.
– Tudo bem, bom descanso, Ana. – Ela chama os novos contratados e eu saio com Júlia e Samantha da Loja, ansiosa para vê-la novamente aberta e recebendo seus clientes.
– Júlia, está tudo bem?
Não contenho a pergunta, enquanto estamos em silêncio dentro do carro, e mesmo que a Bonanza fique próxima a Loja, Samantha insistiu para que não fossemos caminhando, o que agradeci por meus saltos estarem me matando.
– Está sim, Ana. – Eu assinto, mas ela resolve mudar de assunto. – Eu estava pensando em voltar a estudar.
– Essa é uma ótima notícia, Júlia! – Pego em sua mão e dou um aperto, fazendo-a sorrir verdadeiramente agora. – E, qual curso você pretende fazer? – Ela me olha um pouco envergonhada e não entendo a sua reação.
– Eu preciso terminar o ensino médio, pois parei no último ano. E... Depois eu estava pensando em fazer um curso técnico em Gastronomia, não sei ainda. – Ela dá de ombros, como se isso não fosse de fato importante.
– Júlia, não precisa se envergonhar por não ter concluído o ensino médio, pois você não o fez para poder ajudar a sua mãe, e isso só prova o quanto você tem um bom coração, que pensou primeiro nela, para depois pensar em você. – Ela assente, mas não fala nada. – Agora, fazer o curso técnico é uma opção sua ou você não pretende tentar entrar na Universidade por outra razão? – Ela suspira e dá de ombros novamente.
– O bacharelado é muito caro, além de demorar quatro anos para eu poder concluir o curso, enquanto o técnico é mais acessível financeiramente e tem duração de apenas dois anos.
– Mas você pode tentar uma bolsa, podendo consegui-la parcial ou integral, dependendo das suas notas. – Ela me olha atentamente, e me lembro da minha mãe. – Minha mãe tem um Instituto que disponibiliza bolsas, inclusive para a Universidade de Seattle.
– Não sei, Ana.
– Júlia, o não você já tem, basta correr atrás do sim, mas primeiro, foque em retomar os seus estudos e depois você pensa no que fazer e não se esqueça de que logo a sua mãe será uma mulher famosa, por fazer a Bonanza Bistrô e Delicatessen um verdadeiro sucesso. – Ela dá risada e nega com a cabeça.
– Você está bem otimista e confiando muito na capacidade da minha mãe, não que eu não esteja, é claro, porque modéstia a parte, a minha mãe é a melhor cozinheira que eu já conheci.
– Então não vejo porque eu não estar otimista e confiar na minha Sócia. – Dou de ombros, mas sem deixar de sorrir e saímos do carro, entrando no imóvel que logo será um grande estabelecimento.
– Mãe! – Júlia chama por Amélia, que sai da cozinha com um sorriso.
– Olá, Meninas! – Recebemos seu abraço apertado e vejo o quanto Amélia está animada. – Obrigada, por ter vindo, Ana, eu não senti confiança em tomar qualquer decisão sozinha. – Nego com a cabeça e me sento em uma das cadeiras, da única mesa, disposta no ambiente.
– Amélia, eu estou aqui apenas porque você insistiu, mas eu quero que tudo seja escolhido por você, pois é você quem dará a cara e a identidade para esse negócio.
– Boa tarde! – Uma voz masculina nos interrompe e franzo o cenho por tê-lo visto na Boate, no dia da confusão entre o Christian e o Edgar, acompanhado de uma mulher muito elegante.
– Boa tarde! – Respondemos em uníssono e me levanto, assim como Amélia e Júlia, mas vejo que Amélia ficou pálida de repente, encarando o rapaz que não me recordo o nome.
– Eu sou Heitor Salazar, Arquiteto da S&C Arquitetura. E, esta é a Jamilly Salazar Costello, minha Sócia e Design de Interiores. – Vendo a falta de reação da Amélia, apresso em me aproximar e nos apresentar.
– Eu sou Anastásia Steele, e elas são Júlia e Amélia Lopes, que foi quem te ligou, Senhor Salazar. – Ele sorri e aperta a minha mão, assim como a sua acompanhante.
– Acredito que a Senhora Lopes tenha falado com um dos meus funcionários, mas devido a um imprevisto, achei por certo vir pessoalmente com a minha irmã e Sócia. – Assinto e olho para Amélia, que parece ter se recomposto e os cumprimenta, e isso me deixou bem intrigada, não vou negar.
– Claro, Senhor Salazar, não vejo problema nesta substituição, mas eu havia adiantando o que tinha em mente para quem me atendeu, mas acredito que será melhor para que possamos discutir pessoalmente, tendo em vista que a proprietária está presente, para aprovação.
– Trouxemos uma prévia do que foi conversado, mas faremos como acharem melhor, mas, por favor, chame-nos apenas por Jamilly e Heitor.
Jamilly quem responde e assentimos, para em seguida Amélia começar a falar o que havia pensado para transformar este imóvel vazio na Bonanza Bistrô e Delicatessen e quanto a esta reação da Amélia, bom, essa é uma história que não é minha e não cabe a mim, perguntar o que aconteceu, pois sei que logo ela será contada.
(...)
– Filha, que saudade eu estava de você! – Recebo o abraço apertado da minha mãe, assim que recebo os meus pais na sala, o que retribuo, pois só agora me dei conta que também estava com saudade.
– Desculpe-me, Mamãe. De fato estou em falta, mas prometo passar um dia inteirinho com vocês.
– Sua mãe tem razão, minha filha! – Meu pai me envolve num abraço de urso, beijando a minha testa, antes de acariciar o meu rosto. – Sentimos sua falta todos os dias e queríamos você junto a nós, mas entendemos que conciliar o trabalho com a Universidade, não deve ser fácil.
– Mas não justifica eu estar ausente, Papai, desculpe-me. – Ele sorri negando com a cabeça, e Christian se aproxima com os seus pais.
– Podemos começar a reunião, Raymond? – Christian segura em minha cintura e meu pai assente.
– Podemos sim, você virá conosco, Querida? – Meu pai pergunta para minha mãe, que nega com a cabeça, dando-lhe um sorriso.
– Não, prefiro ficar aqui e conversar com a Grace. – Ele assente e sem demora, seguimos para o Anexo dos Seguranças, onde encontramos Richard e Jay, que digita freneticamente em seu computador, na sala de reuniões.
E, depois dos cumprimentos, o primeiro assunto abordado foi a paralização provisória da Plataforma Petrolífera, que está sendo executada no Estaleiro do México, mas quando Richard deu a ordem e Jay começou a projetar fotos e uma filmagem – o que eu imagino que seja do local –, em um telão, o meu pai ficou tenso e estranhamente calado.
Christian ficou irritado por ver claramente que um dos seus funcionários colaborou para que o projeto fosse sabotado, assim como a suspeita que outras pessoas possam estar envolvidas, mesmo que ninguém conseguisse imaginar quem poderiam ser o homem e a mulher que aparecem nas imagens ou a motivação para prejudicar o meu namorado.
Entretanto a revelação do meu pai, alegando que a intenção da sabotagem não era para prejudicar o Christian, mas sim a ele, e que o meu Tio já estivesse ciente desse caso e preferiu manter isso em sigilo, deixou-me um pouco decepcionada, pois eu não consigo acreditar que o Tio Marco preferiu deixar que pessoas inocentes corressem perigo a dizer a verdade, tudo isso para me proteger de algo ou alguém que não sabemos ser real ou apenas superproteção dele.
Eu entendi, é claro, que o meu tio não tinha como saber que algo assim pudesse acontecer, mas talvez se ele tivesse dito a verdade antes, algumas coisas poderiam ser evitadas e meu pai poderia inclusive, ter descoberto quem foi o responsável que motivou o meu afastamento deles por tanto tempo, assim como quem está se aproveitando da sua Empresa para poder ganhar dinheiro.
Por um momento, os ânimos começaram a se exaltar, principalmente quando meu pai disse que minha mãe está organizando um jantar para que eu possa ser reconhecida oficialmente como uma Steele e sua única herdeira – o que devo admitir ser desnecessário, apesar de entender as razões deles –, fazendo com que Christian ficasse muito irritado, mas vi também culpa em seu olhar por acusar o meu pai de estar me expondo, colocando um alvo em mim, quando o meu tio teve todo o trabalho de me manter escondida do mundo.
– O quê? Como assim mais um? Do que você está falando, Christian? – Meu pai pergunta muito irritado e suspiro, sentindo a atmosfera do ar mudar, por ver a culpa ser substituída por raiva nos olhos do Christian, pelo tom de voz do meu pai.
– É, Raymond, você não está sendo o único ímã que atrai coisas ruins para a sua filha, pois eu, por ter sido um cego e idiota manipulável no passado, agora tenho um maníaco psicopata atrás da minha namorada para me prejudicar.
– Christian! – Richard repreende a forma sarcástica e irritada do irmão, mas parece que nem ele e nem o meu pai estão dispostos a ouvi-lo.
– Você está me dizendo, que um doente está atrás da minha filha. Da minha única filha que acabei de encontrar, por causa do seu passado? – Meu pai fala entredentes e Christian dá uma risada debochada.
– Você vai mesmo querer me julgar, Raymond? – Ele arqueia uma sobrancelha e cerra os punhos sobre a mesa. – Pois até onde eu sei você se julga ser inocente, não ter feito inimigos ou irritado alguém a ponto de querer matar a sua filha, que ainda era um bebê e que só não conseguiu o que havia planejado porque o Marco teve coragem suficiente para protegê-la. Então, não tente me colocar como o culpado, porque eu também não tenho culpa, porra! – Christian se levanta e dá um soco na mesa, assustando-me. – Além de ter sido uma vítima de um plano onde a intenção era me matar para ficar com o meu dinheiro, eu não faço ideia de quem seja esse desgraçado que está querendo machucar a mulher que eu amo.
– Não estou dizendo que você é culpado, Christian, mas não deixa de ser, afinal, a minha filha é apenas um meio para chegar a um fim, mas eu não irei permitir isso. – Christian encara meu pai com fúria em seus olhos, ponderando as suas palavras.
– Raymond! Christian! Mantenham a calma, por favor, pois precisamos nos manter unidos e não brigar quando deveríamos ser uma família e pensar nas soluções e não causar mais problemas. – Richard se levanta e se aproxima do irmão, que está tremendo de raiva, mas novamente é ignorado.
– O que você está querendo insinuar, Raymond?
– Eu não estou insinuando, Christian, eu estou dizendo que a minha filha não será instrumento de vingança para ninguém. – Meu pai também se levanta e encara Christian de igual para igual, enquanto eu continuo sem reação, não entendo como uma simples reunião chegou a esta proporção.
– Você não está... – Meu pai o interrompe.
– Anastásia vai embarcar amanhã mesmo com a mãe dela para Alemanha, pois não quero a minha esposa e muito menos a minha filha, que passou tanto tempo longe de nós, correndo perigo, ainda mais por não ter nada haver com os seus problemas por ter sido ingênuo e caído nas armações de uma mulher.
– Vai porra nenhuma! Você é o pai dela o que? Há 5 minutos? – Christian dá uma risada debochada e se aproxima ainda mais, se isso é possível, do meu pai e me levanto, no momento que Richard tenta mantê-los longe um do outro. – E, não fale como se você soubesse o que de fato aconteceu ou o que está acontecendo agora, quando na verdade não parou nem mesmo para ouvir toda a história. Então, esqueça, pois a Anastásia. Não. Vai. A. Lugar. Nenhum! – Ele fala pausado e entredentes.
– Você não decide por ela!
– E NENHUM DOS DOIS DECIDE POR MIM! – Acabo gritando, chamando a atenção deles, que se afastam, mas respiro fundo, pois eu não sou assim. – Eu não vou assistir o meu pai e o homem que eu amo discutindo e tentando decidir a minha vida, quando eu sou perfeitamente capaz de fazer isso.
– Anastásia...
– Calado, Christian! E o Senhor também, Pai! – Interrompo qualquer tentativa dele falar algo e novamente eu respiro fundo, segurando a vontade que estou de chorar. – Vocês dois já falaram tudo que queriam, agora sou eu quem vai falar. – Christian engole em seco e dá um passo atrás, pois eles conseguiram me deixar muito irritada. – Durante 20 anos eu tive a minha vida decidida por outras pessoas, quando fui afastada dos meus pais a ponto de ter dia e hora marcada para eu reencontrá-los, justamente por causa de alguém que quer prejudicar a família Steele... A minha família e por quê? Por causa de dinheiro, por causa de ambição. – Novamente eu respiro fundo, sentindo-me ofegante pela adrenalina do momento. – Depois, mais uma vez meu tio queria me afastar, mandando-me para outro País por eu estar perto da minha família biológica e por medo que eu fosse descoberta, mas eu decidi pela primeira vez desobedecê-lo, justamente porque havia chegado a hora de eu controlar a minha vida, de eu mesma decidir o que fazer com ela.
– Filha, por favor... – O interrompo também, pois estou farta disso.
– Há um psicopata tentando me pegar para atingir o Christian? Pode ser! Mas como pode ser também apenas pressão psicológica para deixá-lo desestruturado, então não podemos afirmar nada. – Passo as mãos em meus cabelos, fazendo um coque bagunçado e respiro fundo. – Há um maluco atrás de mim há 20 anos? Mesma situação, pois não sabemos se de fato a intenção é me matar ou apenas me usar para conseguir o que quer e que vem conseguindo ao longo dos tempos, mas independente de quem seja, ou de onde esteja ou o que está tentando fazer para me prejudicar, eu não irei a lugar nenhum, pois não irei fugir. Não irei me afastar das pessoas que são importantes para mim, dos meus pais e do homem que eu amo, por medo de algo que nem mesmo possa vir a acontecer. – Paro de falar por um momento e encaro meu cunhado, que está com um sorriso de lado nos lábios e os braços cruzados. – Richard, você consegue me proteger se for necessário?
– O que estiver dentro do meu alcance, Pequena, eu farei até mesmo o impossível para que isso aconteça. – Eu assinto.
– Ótimo! Isso para mim é o suficiente. – Sento-me novamente na cadeira e cruzo minhas pernas, olhando para os dois homens que me encaram como se eu tivesse perdido a razão ou que talvez não valorizasse a vida que tenho. – Bom, já que decidimos que eu não vou a lugar nenhum, a menos que eu queira, será que poderemos nos sentar, para conversar como a família que deveríamos ser e pensar em soluções? Ou vamos ter que fazer um ringue para ver qual dos dois tem mais força para decidir quem vai ficar com o prêmio? Mas já adianto que esse prêmio não serei eu.
Christian e meu pai se entreolham, ainda irritados, mas acabam se sentando e depois de soltar um suspiro cansado, Richard faz o mesmo – e só então percebo que Jay saiu da sala –, retomando a palavra e contando a história do passado do Christian e que não envolve apenas a ele, mas também o Edgar.
Não falo mais nada, mas também não me aproximo de nenhum dos dois, pois eu não irei fugir ou escolherei entre o meu pai e o homem que eu amo, então, ou eles aprendem a controlar seus temperamentos, ou viveremos em guerra dentro da nossa própria casa, quando deveríamos estar nos precavendo contra ameaças externas.
Eu só espero que pelo menos por um momento, consigamos viver em paz!
Gente 😱😱😱! Christian e Anastásia são dois safados 🔥🔥🔥! Minha nossa Senhora das brasas descontroladas, a Melissa é virgem e carente, então controlem-se, por favor 🤭🤭!
Eita! Será por que a Amélia ficou sem reação com a presença do Heitor e sua irmã Jamilly 🤔🤔? Bom, logo saberemos isso em Destinos Entrelaçados, o Spin-off da Série Destinos 😏😏😏.
E, puta que pariu 😱😱! Raymond e Christian estão achando que são quem? Rock Balboa x Apollo Creed? Ainda bem que Ana conseguiu botar esses dois para sossegar o rabo, não é mesmo 😏😏😏?
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