Capítulo - 83
Chegar à constatação que éramos alvos marcados para ser eliminados, depois que tivessem êxito em seus planos, faz com que um ódio cresça ainda mais dentro de mim, principalmente por me lembrar das palavras do meu irmão dizendo que a Débora só estava interessada em meu dinheiro.
Mas ouvir a versão do Edgar sobre como aquela mulher o manipulou para que ficasse contra mim e dessa forma pudesse continuar usando a nós dois, deixa-me enojado. E, sinceramente, se eu estivesse no lugar dele, ouvindo tudo que ela dizia a meu respeito, não teria agido de outra forma e também alimentaria o ódio que ele nutriu por mim por todo esse tempo.
Agora entendo a sua mudança repentina de comportamento, as suas palavras jogadas sem sentido, a implicância sem necessidade e sua insistência em tentar me tirar do sério para que eu começasse uma discussão, pois até então, eu era considerado um homem abusivo, controlador e chantagista, que foi capaz de agredir uma mulher, obrigá-la a ir para cama comigo, filmá-la e ameaçá-la. Que eu fui capaz de obrigá-la a se submeter a um aborto, apenas porque o bebê seria portador de Síndrome de Down, causando assim a morte de ambos.
Deus! Como uma mulher tão jovem, que passava a imagem de inocência, fragilidade e humildade, conseguia ser tão fria e calculista, a ponto de ser cruel e usar dois homens puramente por interesse e ainda ter a intenção de acabar com eles? Pois a minha teoria se firmou no momento que Edgar havia dito com todas as letras a afirmação de Débora, que suportaria tudo o que estava passando somente mais alguns meses e então se livraria de mim.
- Você realmente acredita que o plano deles seria mesmo nos matar, Christian? - Edgar me questiona ainda cético, mas assinto.
- Débora afirmou para você algumas vezes, que continuaria comigo apenas por mais alguns meses, Edgar, pois logo se livraria de mim e agora eu entendo a insistência dela para que nos casássemos. - Nego com a cabeça me sentindo um imbecil, por perceber isso somente agora. - Sendo minha esposa, caso eu viesse a morrer, ela seria minha única herdeira, tendo em vista que eu estava magoado com os meus pais e meus irmãos. Dessa forma ela estaria livre para continuar com você depois e ainda ganharia tempo, pois ninguém iria procurar por mim, pelo menos não tão cedo.
- E, considerando que era a rainha da manipulação, faria com que eu voltasse com ela e sendo assim, poderia fazer o mesmo comigo. - Ele afirma, mas em modo automático eu assinto. - Mas há uma falha nessa sua teoria, Christian, eu não era apaixonado por ela e não aceitaria ser a segunda opção, depois que você supostamente a deixasse.
- Aquela mulher conseguiu tirar dinheiro de você, mesmo estando namorando comigo, Edgar. - Falo sarcástico com uma sobrancelha arqueada, e ele assente, dando-se por vencido. - Ela continuaria com os seus joguinhos até conseguir o que queria. Mas uma coisa não faz sentido. - Ele me encara e dá uma risada sem humor.
- E alguma coisa que diz respeito àquela mulher faz sentido, Christian?
- Não, mas... Você disse que ela chegou ao seu apartamento com hematomas, para dizer que eu estava a obrigando a morar comigo, porém ela nunca me apareceu com hematoma nenhum. - Ele fica confuso e quem dá uma risada sem humor agora sou eu. - Ela era tão dissimulada que deve ter usado maquiagem para ser convincente com o seu teatro.
- Faz sentido, pois ela não queria que eu a tocasse para passar nenhum remédio para aliviar suas "dores", mas me pediu dinheiro dizendo que compraria e cuidaria sozinha, quando você não estivesse em casa.
- Você deveria ter me confrontado Edgar, ainda mais porque aquela víbora era a sua namorada e não ter agido como um babaca por todo aquele tempo, quando eu não sabia absolutamente nada do que estava acontecendo e muito menos das coisas que eu estava sendo acusado. - Falo irritado e ele me olha da mesma forma.
- Se você fosse o traído na situação, mesmo que mantivesse o relacionamento limitado a um apartamento porque até então, a sua suposta namorada não gostava de chamar atenção, sairia espalhando para a Universidade inteira que era um corno e ainda faria um show com o seu colega de classe que contribuiu para esse novo título? - Respiro fundo e nego com a cabeça, pois ele tem razão nisso, afinal, fora a minha família, apenas Oliver e Aleksander sabiam o que aconteceu e que o bebê não era meu.
- Poderíamos ter evitado muita coisa, Edgar, mas infelizmente não podemos voltar e mudar o passado. - Pressiono minhas têmporas e me levanto. - Mas eu posso consertar a merda que esse passado causou, deixando a minha namorada muito irritada comigo. - Ele assente e me olha intensamente.
- Você está mesmo apaixonado pela Anastásia, não está?
- Não, Edgar! Eu não estou apenas apaixonado, eu amo a Anastásia, como jamais imaginei que poderia amar alguém.
- Aquela menina realmente é especial e confesso que se eu tivesse chegado primeiro a vida dela, eu faria de tudo para mantê-la ao meu lado. - Olho irritado para ele, que levanta as mãos em rendição e nega com a cabeça. - Não se preocupe Christian, se eu não aceitei dividir a Débora, intencionalmente, com você, mesmo com várias tentativas por parte dela, não seria com a mulher que me disse com todas as letras amar outro homem que eu tentaria alguma coisa. - Não respondo nada por um momento, fico apenas encarando seus olhos que não desviam dos meus.
- Como você ficou sabendo que eu estava em um novo relacionamento? E, por que você se aproximou da Anastásia, Edgar? - Ele desvia o olhar por um momento dos meus e passa a mão em seus cabelos. - A sua intenção era fazer o que eu supostamente fiz? Iria usá-la para dar o troco a uma suposta traição, não era? - Pergunto duramente e ele se levanta, passando novamente a mão em seus cabelos.
- Antes de conhecer a Anastásia, a imagem que eu tinha dela era de uma mulher muito pior que a Débora, Christian, e não vou negar que eu tinha sim a intenção de me divertir, mas porque eu acreditava que ela estaria disposta a isso, só pelo prazer de vê-lo humilhado, sabendo que o homem no qual enganou no passado, seria o responsável por fazer o mesmo com você.
- Então você a conheceu e percebeu que era totalmente diferente e decidiu mudar de ideia. - Afirmo e ele assente, mas continuo confuso. - Mas... Isso não responde como você ficou sabendo que eu estava em um relacionamento com ela.
- Você transou com a Vanessa Parker e depois a dispensou, estou certo?
- Não sei qual a relevância dessa informação no momento. - Respondo entredentes e ele sorri, negando com a cabeça.
- Christian, uma mulher rejeitada é capaz de trazer o inferno para a terra apenas para conseguir o que quer e naquele momento, ela queria você. - Continuo não associando uma informação a outra e ele nega com a cabeça. - Foi a Vanessa que me disse sobre o seu relacionamento com a Anastásia e queria a minha ajuda para tirá-la do seu caminho e ciente do ódio que eu tinha de você, estava disposta a usar todas as cartas que pudesse ter na manga.
- Então foi você quem falou da Débora para a Vanessa, para que ela pudesse usar isso na intenção de mexer com a cabeça da Anastásia?
- Sim, mas pelo visto o plano dela saiu pela culatra, pois a sua namorada é mais inteligente do que ela julgava ser e não somente, pois além de não ter conseguido separar vocês dois, ainda perdeu a única coisa que ela tinha na vida, que era a sua Empresa. - Dou de ombros e sorrio de lado.
- São consequências de ações impensadas e geralmente cumpro minhas promessas, mas Vanessa sabia que Anastásia era zona proibida, ela pagou para ver, não posso fazer absolutamente nada sobre isso. - Ele assente e recosta na mesa, cruzando os braços. - Mas se você recuou no plano da Vanessa, porque ainda insistia em se aproximar da Anastásia? - Novamente ele desvia o olhar dos meus e tenho a minha resposta. - Você se apaixonou por ela, Edgar? - Questiono entredentes e cerro minhas mãos e punhos, mas ele volta a me encarar.
- Eu não diria que me apaixonei, Christian, mas sim, eu fiquei encantado por ela e muito intrigado para saber o porquê dela parecer tão especial. Eu queria sim, descobrir a razão para que ela me fizesse sentir em paz comigo mesmo, apenas trocando algumas palavras e a prova disso foi hoje, no momento que fui ao Escritório dela, quando sem o mínimo esforço, ela simplesmente me fez desabafar tudo que havia guardado em mim. - Ele balança a cabeça e sorri de verdade, sem provocações ou insinuações. - A Anastásia com a sua pureza, transparência e doçura é como se fosse um catalizador de almas nebulosas, pronta para purificá-las, sem cobranças, sem julgamentos e sem pedir nada em troca. - Mesmo me sentindo desconfortável e irritado por ele admitir isso na minha frente, eu não posso negar.
- Eu sei, foi exatamente assim que aconteceu comigo. - Volto a me sentar e respiro fundo, baixando novamente a guarda. - Anastásia enxergou o pior que havia em mim, mas conseguiu fazer com que eu desejasse resgatar o lado bom, aquele que eu fiz questão de trancar, apenas para ser o melhor para ela e por ela, mas também para quem estivesse a minha volta e não merecia o tratamento que recebia, apenas porque eu fui um ingênuo, imaturo e idiota que se permitiu ser manipulado no passado. - Ele também volta a se sentar e assente.
- Você tem sorte de ter encontrado alguém como a Anastásia. - Ele fala melancólico, mas não pergunto o porquê disso, no entanto ele volta a balançar a cabeça, como se estivesse expurgando pensamentos ruins e sorri de lado. - Você percebeu que uma mulher nos afastou, mas está sendo justamente por causa de uma mulher que estamos os dois aqui, tendo uma conversa civilizada depois de tanto tempo?
- De fato, tenho que concordar quanto a isso.
Falo a contragosto, mas não sentindo mais a raiva que eu tinha sempre que olhava para ele, pois sei reconhecer que ele também foi uma vítima dos planos ardilosos daquela mulher, mesmo que tivesse optado em agir como um completo babaca, ao invés de me confrontar e procurar saber a verdade sobre os fatos.
- Eu quero ajudar, Christian. - Volto a encará-lo, analisando sobre o que ele esteja falando.
- Em quê exatamente? - Ele suspira e mais uma vez passa a mão em seus cabelos.
- Eu não sei o conteúdo do seu envelope ainda, mas devido a sua reação homicida, tem a ver com a integridade física da Anastásia, e eu quero ajudar a protegê-la. - Faço uma carranca e sem conseguir controlar, meu sangue começa a borbulhar em minhas veias.
- A minha namorada estará segura comigo e meus irmãos, Edgar, não preciso da sua ajuda. - Falo friamente, mas ele nega com a cabeça e dá uma risada.
- Deixe de ser ignorante e orgulhoso, Christian, eu sei que ela é sua namorada, da mesma forma que eu sei que ela te ama, mas apesar de ter nos falado apenas duas vezes, além de ter o dedo dela perfurando o meu peito para defendê-lo, ela é importante para os meus irmãos, então passou a ser para mim também. - Não falo nada, mas ele novamente suspira antes de voltar a falar. - E, eu não vou negar, pois quero sim manter uma amizade com a Anastásia e já percebi que se ela quiser isso também, não será você quem irá impedi-la.
Ouço o sarcasmo em sua voz, mas também não posso negar a este fato, afinal, Anastásia sempre acreditou que Edgar era uma boa pessoa e que foi tão vítima quanto eu nas mãos daquela miserável, além do mais, se estiver empenhada em fazer algo, eu sei que ela não hesitará em fazer.
- Eu vou chamar o Richard para ver o que ele pensa sobre o conteúdo dos envelopes. - Ele assente e eu me levanto, caminhando na direção da porta, mas paro por um momento, engolindo em seco. - Você... Poderia fazer um resumo do que me contou sobre a Débora para o meu irmão, até que eu volte? - Ele arqueia uma sobrancelha e sorri de lado por me ouvir fazendo-o um pedido, mas não fala nada, apenas assente e eu saio da sala reuniões do Centro de Comandos.
(...)
- Christian! - Quase sou atropelado por meu irmão gêmeo, assim que chego à sala de casa, recebendo seu abraço apertado, que retribuo mesmo sem entender nada. - Você está bem? - Vejo Richard revirar os olhos, mas sem deixar o sorriso de lado em seus lábios e me afasto para encará-lo.
- Estou sim, Caleb, mas... Que porra! Por que você fez isso? - Fico irritado e levo a mão ao peito onde ele deu um soco, fazendo-me dar um passo para trás e vejo que ele também está irritado, diferente do seu comportamento habitual.
- Eu deveria socar era a sua cara, seu filho da puta, desgraçado! - Ele volta a me abraçar e Richard nega com a cabeça, deixando-me ainda mais confuso com a bipolaridade momentânea de Caleb. - Eu quase tive um infarto, literalmente. Você não atendeu a porra do celular, depois as ligações caiam direto na caixa de mensagem, não estava na GNIH, fez-me sair do Hospital mais cedo por não conseguir me concentrar e só fala que está tudo bem, com toda essa tranquilidade? - Caleb fala num fôlego só e volto a afastá-lo do aperto sufocante e sorrio de lado, entendendo tudo agora.
- Você sentiu, não é? - Ele assente e a raiva não está mais evidente em seus olhos. - Eu não sabia que era você que estava ligando, Caleb, numa péssima hora, devo ressaltar e o meu celular... Bem, deve estar só os pedaços numa lixeira agora. - Dou de ombros, lembrando-me desse detalhe. - Mas não se preocupe apesar dos pesares, eu estou bem.
- Como se fosse fácil eu não me preocupar. - Ele resmunga e respira fundo e só então percebo que ele ainda está usando o jaleco do Hospital, mas numa completa bagunça com os cabelos desgrenhados. - Mas agora pode me dizer o que foi que aconteceu? - Olho para Richard que nega com a cabeça, afirmando que não disse nada ainda.
- Eu direi sim, mas antes... - Volto a olhar para nosso irmão mais velho. - Richard, o Edgar está no Centro de Comandos e lhe contará algumas coisas e...
- Espera! O Edgar está aqui na nossa casa? - Caleb me interrompe com os olhos arregalados e assinto. - Por quê?
- Vamos para o Centro de Comandos, Caleb, assim você fica ciente do que está acontecendo e libera o Christian que está querendo se acertar com a namorada dele. - Richard se aproxima e passa o braço nos ombros do nosso irmão que resmunga novamente. - Você está mesmo bem, Christian?
- Estou sim, Richard, ainda confuso com muita coisa, mas no momento só preciso conversar com a Anastásia.
- Tudo bem, estaremos esperando por vocês. - Ele começa a se afastar, levando o nosso irmão e eu faço o mesmo, mas ele chama a minha atenção novamente. - Christian! Aleksander voltou para a GNIH e pediu para avisar que o Raymond ligou para falar sobre a interrupção na construção da plataforma. - Eu assinto e gemo interiormente, sabendo que ainda tenho esse problema para resolver.
- Tudo bem, obrigado.
Eles saem da sala e eu corro, subindo as escadas de dois em dois degraus e penso por um momento, o que poderia estar passando na cabeça da Anastásia, sobre aquela situação desagradável que ela presenciou entre mim e o Edgar em relação à Débora. Eu sei o quanto ela é compreensiva e empática, mas se eu estivesse em seu lugar, também não estaria satisfeito com toda essa situação.
Respiro fundo e abro a porta do nosso quarto, encontrando-a sentada a escrivaninha, digitando algo em seu laptop, mas que cessa seus movimentos assim que entro e fecho a porta, porém ela não me olha. Percebo que ela tomou banho e está parecendo uma menininha, usando uma calça jeans preta e um suéter cinza gola alta, com seus cabelos presos num rabo de cavalo, deixando seu lindo pescoço a mostra.
Não ter seus olhos azuis brilhantes em minha direção ou o seu sorriso que é sempre tão iluminado e contagiante está me matando, mas eu sei que fui um idiota, fazendo-a presenciar aquela cena patética como se a Débora fosse alguém que ainda significasse algo para mim, quando isso está muito longe de ser a verdade.
- Baby! - Ela suspira e não fala nada, mas se levanta e caminha na direção da sacada. - Não fique irritada comigo.
- Eu não estou. - Sorrio por sua resposta curta e direta, o que prova o oposto as suas palavras, mas continua de costas para mim, fazendo-me aproximar e envolvê-la em meus braços.
- Desculpe-me!
- Exatamente pelo o quê eu deveria desculpá-lo, Christian? - Ela pergunta retoricamente, pois não me deixa responder. - Seria por continuar agindo como um jovem com o ego ferido e ficar discutindo com o Edgar por causa da sua namorada morta, que não se importava com nenhum dos dois? Ou seria por que claramente aquela mulher ainda significa bem mais para você do que pretende admitir? - Viro-a em meus braços e seguro o seu rosto entre minhas mãos, para que ela entenda de uma vez por todas o que irei dizer.
- Primeiro que a minha namorada está bem viva e estou olhando para ela nesse momento, mesmo que esteja irritada comigo por eu ter sido um idiota. - Acaricio o seu rosto com os polegares, mas ela continua séria. - E, segundo, aquela mulher não significa mais nada para mim e não sinto absolutamente nada por ela a não ser desprezo.
- Não foi o que pareceu. - Ela fala mal-humorada, e eu suspiro, negando com a cabeça, ainda acariciando o seu rosto.
- Seria impossível ter uma conversa franca com o Edgar sem relembrar o passado, Anastásia, até porque a menção da Débora seria a única razão existente para que precisássemos sentar e colocar as cartas ainda fechadas sobre a mesa.
- Pelo menos se resolveram? - Sorrio de lado da sua tentativa em parecer indiferente, quando claramente a curiosidade está brilhando em seus olhos.
- Agora eu sei de toda a verdade e ele também, mas se resolver seria algo um pouco forte para a ocasião. - Ainda mais por eu saber que ele alimenta certa afeição por você, eu completo apenas em pensamento, mas ela assente. - Eu te amo, Anastásia, como eu nunca amei ou acreditei ser possível amar alguém. E, se hoje eu tenho forças para lidar com esse assunto é justamente porque ela vem de você. É por você que consigo falar do passado em detalhes que nunca pensei conseguir falar e que não me envergonho mais por tudo que aconteceu, porque agora eu sei que não há motivos para eu me sentir assim ou me culpar por atitudes tomadas por outras pessoas. Então nunca, jamais pense que eu sinta ou pense naquela mulher de qualquer forma que não seja com desprezo e indiferença. - Ela olha fixamente em meus olhos e assente, dando um suspiro antes de me abraçar, o que faz com que eu a aperte em meus braços e volte a respirar, aliviado.
- Eu sei Christian. Eu também te amo e é por te amar tanto, que não foi fácil vê-lo falando daquela mulher como se ainda fosse alguém importante em sua vida. - Eu assinto por compreendê-la e beijo os seus cabelos. - Imagine se fosse eu quem estivesse falando com tanto ardor sobre um ex-namorado que estivesse morto, mesmo depois de tudo que ele me fez passar, mas ainda assim eu precisasse tirar satisfações com alguém que também fez parte da vida dele, como você se sentiria?
- Eu ficaria extremamente irritado e o traria do inferno apenas para fazê-lo pagar por tudo que poderia ter feito você passar, antes de mandá-lo de volta em pedaços. - Falo entredentes só em pensar nessa possibilidade e a ouço dar uma risadinha.
- Conhecendo-o como conheço, era exatamente isso que você faria. - Ela se afasta do meu peito para olhar em meus olhos e suspira. - Eu não vou negar que vê-lo naquelas fotografias ao lado daquela mulher, onde você parecia tão feliz, parecendo mesmo um jovem vivendo um grande amor e sem a intensidade que hoje existe em seu olhar, para depois presenciar aquela discussão entre você e o Edgar, justamente por causa dela, não tenha me deixado chateada. - Ela volta a suspirar. - Mas eu entendo que eram outros tempos e que a tensão entre vocês dois, foi justamente por causa daquela mulher e que de fato precisavam colocar tudo sobre a mesa para deixar o passado de uma vez por todas.
Sorrio de lado e acaricio o seu rosto, apreciando ainda mais por ela optar em falar o que a incomoda, mas também pela facilidade que ela tem em entender as situações sem ficar fazendo joguinhos desnecessários. Mesmo que a minha intenção em discutir com o Edgar não fosse exatamente por causa da Débora, mas sim por causa das suas atitudes dos últimos anos e a insistência em se aproximar da minha namorada, quando eu ainda tinha dúvidas que ele poderia ser o mentor do envio daquele envelope.
- O que você viu naquelas fotografias, Anastásia, não foi um jovem que estava vivendo um grande amor, mas sim um jovem que estava sendo manipulado, envolvido numa teia para que pudesse acreditar num falso sentimento. - Ela assente, sem desviar o olhar dos meus. - Por outro lado, não vou dizer que me arrependo de tudo que aconteceu, pois foi isso que me fez ser mais forte hoje e saber distinguir o que é amor de verdade, pois esse sentimento, eu só descobri o que era e passei a senti-lo quando eu conheci você. - Ela sorri tímida, ficando com as bochechas coradas, não parecendo em nada com o furacão que se transforma em nossos momentos íntimos.
- Tudo bem, desculpe-me se eu exagerei um pouco. - Ela faz uma careta, deixando claro que não se arrepende em absoluto do que havia dito naquela sala.
- Você quer mesmo se desculpar por ter dito aquilo? - Arqueio uma sobrancelha e ela sorri, negando com a cabeça.
- Não. Tudo que eu disse foi o que eu pensava de fato. - Dou risada e nego com a cabeça, antes de selar rapidamente os seus lábios. - Mas... O Edgar contou a versão dele? Sobre o porquê de ele ter agido daquela forma com você durante esses anos? - Meu sorriso se fecha e assinto.
- Sim, agora eu sei tudo que aconteceu e de certa forma não tiro a razão dele, mas agora precisamos voltar para o Centro de Comandos, pois teremos atitudes a tomar quanto ao conteúdo daqueles envelopes. - Ela assente e penso por um momento. - Se você quiser, pode... - Ela nega com a cabeça e me beija rapidamente.
- Não! Eu quero ouvir e participar se não houver problema, é claro. - Eu dou um suspiro profundo e nego com a cabeça.
- Eu nunca omitirei ou esconderei nada de você, Anastásia, por mais difícil que seja a situação. - Ela assente e sorri, acariciando o meu rosto.
- Então vamos, pois está ficando tarde e eu sei que você está cansado, porque eu também estou.
De fato eu sinto como se um caminhão tivesse passado sobre mim, mas apenas assinto e saímos do quarto, afinal, esse dia infernal ainda não acabou e temos assuntos pendentes dos quais precisam ser resolvidos, mesmo que ainda eu não consiga encontrar uma solução para os problemas que parece nunca ter fim.
(...)
- Filho, aconteceu alguma coisa? - Meu pai se aproxima preocupado, assim que Anastásia e eu chegamos à sala. - Observei uma movimentação no Anexo dos Seguranças e eu sei que os seus irmãos estão nesse momento com aquele rapaz que foi seu colega de Universidade.
- Não aconteceu nada, Pai, estamos apenas discutindo sobre a Segurança da GRS, não precisa se preocupar. - Ele arqueia a sobrancelha e cruza os braços de forma intimidante.
- Tente de novo, Christian Grey, porque você é um péssimo mentiroso. - Ana abafa uma risadinha com a mão e eu suspiro, sabendo que não conseguirei escapar dos olhos de águia do meu pai.
- Pai, eu prometo que depois o Senhor e a mamãe irão ficar sabendo de tudo, mas por enquanto, não precisa se preocupar.
- O assunto envolve aquela mulher que quase acabou com a sua vida, não é? - Ele volta a ficar preocupado, mas eu apenas assinto, fazendo-o suspirar. - Tudo bem, meu filho, eu não irei me intrometer porque sei que o Richard está à frente disso, mas depois teremos uma conversa séria sobre o fato de você querer ocultar isso de mim e da sua mãe. - Eu balanço a cabeça, tentando dizer que não iria ocultar, mas ele não permite que eu diga nada. - Não tente negar, pois a sua fama o condena e suas atitudes passadas não poderia dizer o contrário, mas agora vá resolver seus assuntos e depois conversaremos. - Ele dá um tapinha no meu rosto, beija a testa da Ana e sobe as escadas, deixando-me estarrecido com a sua atitude.
- O seu pai é muito tranquilo, mas ele às vezes consegue ser intimidador. - Ana dá outra risadinha e eu sorrio, não podendo discordar mais quanto a isso. - Você e Caleb se parecem muito com ele fisicamente, mas não dá para negar que o Richard também tenha algumas das atitudes do seu pai. - Saímos de casa e caminhamos para o Anexo dos Seguranças.
- Eu diria que meu pai pegou os genes dele e dividiu igualmente entre meus irmãos e eu. - Nego com a cabeça e é impossível não sorrir por pensar sobre isso. - Ele é dramático como o Caleb, tem o seu lado sério como eu, e o senso de obrigação e responsabilidade em excesso do Richard, enquanto a minha mãe é a apaziguadora, capaz de administrar tudo isso em quatro homens.
- Causando assim um equilíbrio perfeito. - Ana resumiu tudo em simples palavras, mas antes que eu fale mais alguma coisa, ouvimos a voz de Richard na sala de reuniões.
- Eu não consigo acreditar que fui tão estúpido e não percebi que havia câmeras no apartamento do Christian. - Franzo o cenho, pois como assim câmeras? E, é essa pergunta que eu faço, assim que entro na sala.
- Do que você está falando, Richard? Câmeras no meu apartamento? - Ele suspira e vejo que estava andando de um lado para o outro, mas para assim que ouve a minha pergunta.
- Você não sabe o que havia no envelope do Edgar, mas ele já sabe o conteúdo do seu, então se sente e veja, mas eu sugiro que a Ana não veja a filmagem que está no laptop. - Ele olha para ela que parece perdida e sorri de lado. - Desculpe-me, Pequena, mas é melhor que você não veja.
- Tudo bem, Richard. - Ela me olha rapidamente e se afasta, sentando-se ao lado de Caleb e vejo Edgar sorrir para ela, que retribui de forma tímida.
Eu respiro fundo e me sento onde Richard apontou e vejo as fotografias do envelope do Edgar, não me surpreendendo com as imagens dele com a Débora e outras semelhantes as que eu recebi. Pego a carta e começo a lê-la e a cada palavra, sinto a raiva crescer em meu peito, pois ele estava certo ao dizer que, baseado em tudo que me contou sobre a Débora, realmente parecia que eu havia escrito cada palavra contendo naquela folha de papel.
Aceito o headset que Taylor me oferece e o coloco, enquanto ele o conecta no laptop e dou play no vídeo que está na tela. A princípio fico confuso, até perceber que quem está protagonizando o espetáculo pornô sou eu e a Débora. Sinto o meu estômago se revirar quando imagens alternadas aparecem e vejo que há também o Edgar e ela, mas o que me deixa ainda mais enojado é a forma que Débora encara a câmera. Um olhar tão perverso, um sorriso de zombaria como se estivesse satisfeita em fazer aquilo, sendo admirada por quem estivesse assistindo.
Fecho os meus olhos e retiro o headset, colocando sobre o laptop e sinto que alguém o retirou da mesa, mas sei que foi o Taylor que ficou ao meu lado por todo esse tempo. Sinto-me um completo idiota, mas também incrédulo por imaginar o quanto isso é nojento e doentio. Sinto uma mão delicada na minha e abro os olhos, vendo olhos azuis me encarando com preocupação e sem pensar duas vezes, afasto minha cadeira, apenas o suficiente para sentá-la em meu colo e aspirar o perfume suave de seu pescoço, enquanto sinto seus carinhos em meus cabelos.
- Christian! - Olho para o meu irmão que está sério. - A situação é muito pior do que imaginávamos, pois quem fez isso tanto com você quanto com o Edgar, não foi apenas uma coincidência de ter conseguido se aproveitar de dois jovens ricos e ingênuos. - Eu assinto e vejo que Edgar faz o mesmo. - Quem fez isso, faz parte de algo muito maior, algo doentio e que para eles, além da diversão, estavam habituados a fazer isso. Brincavam com os escolhidos, faziam acreditar que estavam apaixonados para conseguir tirar tudo que podiam, para depois eliminar suas vítimas como se não fossem nada.
- Mas... Não faz sentido, Richard. - Nego com a cabeça, não conseguindo encaixar essas peças soltas. - A Débora só tinha 21 anos quando a conheci e tecnicamente não me conhecia ainda. - Ele nega com a cabeça e suspira.
- Christian, você lembra eu falar que ela havia dado em cima de mim, dois anos depois que você e Caleb haviam chegado a Boston? - Eu assinto, pois quando ele disse isso, eu não acreditei e hoje me arrependo amargamente em não tê-lo escutado. - Ela tinha apenas 19 anos, mas parecia decidida no que queria e arrisco dizer que ali, ela estava começando a entrar nesse mundo de golpes milionários.
- Mas... Como isso é possível, Richard? Como eles escolhiam as vítimas deles? - Edgar faz a pergunta que eu também queria fazer e novamente o meu irmão respira fundo.
- Não é a primeira vez que me deparo com uma situação como essa. - Ele faz uma troca de olhar com Taylor, Jay e Samantha e eu entendo o que ele está querendo dizer. - Eles avaliam as vítimas, estudam sobre elas antes de se aproximarem e são tão ardilosos que conseguem o que querem sem o menor esforço. - Ele nega com a cabeça e dá uma risada sem humor. - Vocês não perceberam, mas ela se envolveu com vocês dois, exatamente quando estavam sendo avaliados pela Marinha para saber qual projeto seria o escolhido e o que viria junto com essa escolha?
- Dinheiro. - Edgar e eu falamos ao mesmo tempo, com a mesma amargura.
- Exatamente isso. Ela tinha que continuar envolvendo vocês dois, mentindo ser tímida e que tinha vergonha de ser julgada por ser uma simples atendente de Loja de Conveniência, enquanto vocês dois vieram de famílias abastadas, limitando ao encontro de vocês, como e onde ela queria que acontecesse, até que a decisão foi feita e o projeto do Christian foi o escolhido.
- E quando eu terminei com ela, eu caí exatamente no plano dela, afinal, aquele dia seria o nosso aniversário de namoro e ela sabia que eu iria vê-la com o Christian, facilitando para ela continuar com o seu plano com o novo jovem Bilionário. - Edgar afirma e Richard assente.
- Exatamente, Edgar. Pois ela precisava continuar a envolvê-lo em seus planos, mas para isso ela precisava criar uma história, fazendo com que você sentisse ódio do Christian, porém sem confrontá-lo por ter prometido a ela não se envolver, desde que ainda pudesse continuar arrancando de você o que ela precisava e quando queria: que era o seu dinheiro, como ela fez por diversas vezes.
- Certo. Essa parte nós conseguimos entender, mesmo que seja absurdo como fomos idiotas, mas por que só agora estão tentando novamente nos colocar um contra o outro? - Faço à pergunta que não para de martelar minha cabeça e Richard se senta, apontando para Anastásia.
- Por causa dela.
- O quê? - Ana arregala os olhos e aperta meu ombro, por continuar sentada em meu colo, fazendo-o suspirar.
- Como ele disse nas cartas, ele usou a fraqueza dos dois, sendo a capacidade de autopunição do Christian por tudo que aconteceu e a crença da verdade absoluta do Edgar e enquanto vocês continuassem sozinhos e infelizes, para ele estava ótimo, pois ele acreditava que o Christian uma hora ou outra iria desistir e acabar com a própria vida em algum momento, mas então a Anastásia apareceu e fez com que você... - Ele aponta para mim. -... Mudasse completamente e se apaixonasse. E por alguma coincidência, ou nem tanta, o Edgar também resolveu se aproximar da sua namorada Christian.
- Mas a questão é por quê? Qual é a relação que Anastásia poderia ter com a Débora, Richard, sendo que ela nem mesmo a conheceu?
- Christian, ele tratava a Débora como uma mercadoria de acordo com as palavras descritas na sua carta, mas o que vocês não perceberam é a forma que ele fala sobre o "seu bem mais precioso". - Continuamos confusos e ele suspira. - Havia um vínculo além do "comercial" entre eles, por essa razão ele quer que você sinta o que ele sentiu quando a Débora morreu e para isso, ele usaria também o Edgar, para continuar com o seu jogo mental, sujo e doentio, pois de alguma forma, o Edgar também se interessou por sua namorada. - Travo minha mandíbula, por saber disso e meu irmão suspira. - Mas a questão que temos que nos ater agora é que ele quer substituir o seu "produto".
- Você está querendo dizer que... - Richard interrompe o que Edgar iria falar e assente.
- Sim, ele quer usar a Anastásia para fazê-los sentir o que ele sentiu quando perdeu a Débora e assim poderá repor o seu "produto", além de conseguir que vocês se destruíssem acreditando que um estava atacando o outro.
- Nem se o inferno congelar ele irá se aproximar da Anastásia! - Falo entredentes e a aperto ainda mais em meus braços.
- Concordo plenamente com o Christian. - Edgar reforça o que digo e meu irmão pressiona suas têmporas.
- Isso nem sequer é uma possibilidade. - Richard fala convicto. - Mas agora há outra questão que vocês não perceberam ou não deram tanta importância.
- O que mais de bizarro poderia ter nessa história agora, meu Deus? - Caleb que até então estava calado, fala dramático e arranca uma risadinha da minha namorada pela forma exasperada que ele falou. - Por que sinceramente é tudo muito surreal. Uma mulher que não valia nada, não é apenas uma mulher interesseira e pelo visto faz parte de uma quadrilha caça-fortunas e extermínio de jovens bilionários e ainda pode ter mais? - Richard assente, sem perder sua seriedade.
- Além das câmeras que estava no apartamento tanto do Christian quanto no do Edgar, alguém está trabalhando todo esse tempo próximo a eles, vigiando-os de perto.
- Eu havia pensado nisso. - Edgar se pronuncia pensativo. - Mas até então não havia conseguido imaginar quem poderia ser.
- Há pessoas por perto, vigiando cada passo de vocês, a ponto de tirar fotografias próximas e nem ao menos perceberem, além de ouvir a conversa de vocês. - Richard olha para Edgar e imagino que seja sobre o seu "encantamento" quanto a minha namorada. - Porém, vocês não irão demonstrar que sabem quais são as intenções dessas pessoas.
- O que você quer dizer com isso, Richard? - Ele me olha e sorri de lado.
- Esse doente não sabe que justamente por causa da Anastásia, vocês dois conversaram e se abriram quanto ao passado, por isso ele ainda acredita ter esse trunfo na mão, enquanto continua brincando com a cabeça dos dois e colocando-os ainda mais um contra o outro.
- Então...
- Vocês vão continuar a fazer o jogo dele.
Ah, Senhor Gelo, ops, Furacão, deixe de ser orgulhoso e aceita a ajuda do Senhor Sarcástico para proteger a Borboletinha 🤭🤭🤭! Logo você vai saber que o sentimento dele será apenas fraternal 🤭🤭🤭!
Eita que Caleb ficou bravo, mas sem deixar de ser dramático, não é 🤭🤭🤭?
Minha nossa Senhora dos diabetes atacados, Christian e Ana me deixam tão soft 🤧🤧🤧.
E, esse plano do Richard, hein? Será que é uma boa ideia 🤔🤔🤔?
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