Capítulo - 59
Após ficar sozinha no quarto, assim que Christian saiu para conversar com o Taylor, eu suspiro e caminho para o closet, na intenção de esvaziar a minha bolsa e mochila com tudo que peguei no armário da Loja. Enquanto faço isso, sinto o meu coração doer por saber o quanto existem pessoas ruins nesse mundo. Não que eu tivesse crescido em uma redoma de vidro, até mesmo porque a tia Ângela e o Padre Lutero sempre me fizeram entender como o mundo real funcionava.
Mas viver sabendo como as pessoas podem ser cruéis e conviver com elas são coisas bem diferentes. Tudo bem que, desde que me entendo por gente, quando ainda era apenas uma criança, aprendi a ver que a maldade pode estar mais perto do que possamos imaginar. Porém, o que aquela Débora fez com o Christian não se compara com as implicâncias e palavras venenosas da Thaís contra mim.
E sinceramente, nem mesmo o ódio gratuito que recebi da Vanessa, durante todo o tempo que trabalhei para ela, se compara à perversidade de uma mulher que usa, manipula, trai e ainda interrompe a vida de um inocente. Tirando dele a oportunidade de conhecer o mundo, assim como acabar com o sonho de um jovem que, mesmo que não se sentisse preparado para a paternidade, estava pronto para amar o serzinho que iria nascer.
Entendo também que cada um tem uma forma diferente de lidar com a dor. Alguns fingem que nunca existiu, outros se martirizam, sofrem e muitas vezes se entregam não tendo capacidade de superá-las, e o Christian se isolou, acreditando que se afastar das pessoas, inclusive da sua própria família, fosse a melhor solução para aplacar a vergonha que ele jamais deveria se envergonhar.
Ele é humano como qualquer outra pessoa e, tal qual, suscetível a errar, mas também tendo a oportunidade de reparar, perdoar-se para ser perdoado, tentar superar — pois esquecer será impossível de acontecer —, e seguir em frente. Sabendo que sozinho até seria possível, mas se estiver ao lado de pessoas que o amam e que estão dispostas a dividir o peso, o fardo com toda certeza será mais fácil de ser carregado.
Por outro lado, sinto também o meu coração mais leve, uma verdadeira dualidade de sentimentos, mas saber que ele confiou em mim para contar o seu passado — mesmo que um pouco forçado, pela ocasião — me fez perceber que ele tirou um peso de seus ombros. E isso é bom, porque martirizar algo que possa nos consumir com toda certeza é a pior decisão que poderíamos tomar. Sendo que isso acaba nos tornando uma bomba-relógio emocional que, uma hora, temos a certeza de que irá explodir e nos danificar ainda mais, e talvez, ao extremo de não mais podermos nos consertar.
– Chega de pensar nisso, Anastásia! O futuro não nos pertence, mas podemos aproveitar o presente e este, farei até mesmo o impossível para Christian saber que sempre poderá confiar em mim e que estarei ao seu lado... Sempre que possível. – Murmuro comigo mesma e me levanto, pegando o celular e indo para o quarto, onde me deito na cama e disco o número da minha tia.
– Borboletinha! – Sorrio por ouvir sua voz animada assim que atende a minha ligação.
– Oi, Tia Ângela! Estou com tanta saudade da Senhora.
– Eu também estou, minha pequena, mas amanhã estarei em casa e ficarei o fim de semana inteiro, então teremos tempo para matar essa saudade.
– Eu... Hum... Tia, eu não estou em casa. – Fecho os olhos, imaginando à bronca que poderei levar.
– Como assim, você não está em casa? Onde você está, Anastásia?
– Estou na casa do Christian, Tia. – Ela fica em silêncio por um momento, mas ouço o seu suspiro audível do outro lado da linha.
– Você não havia dito que seria apenas alguns dias, Anastásia?
– E seria, mas... Ah, Tia! Eu me sinto tão bem aqui. – Ela não fala nada, então aproveito para continuar. – Na nossa casa eu me sentia tão sozinha e aqui todos me acolheram de uma forma tão ímpar que me fizeram sentir parte da família, entende? Sem contar que o Caleb e Richard me tratam como se eu fosse à irmãzinha deles. E tem o Christian que eu... Bem...
– Que você está apaixonada por ele. – Ela me interrompe e dá uma risadinha, fazendo-me sorrir.
– Não apenas isso, Tia! Eu amo o Christian e a cada dia que passa esse sentimento cresce ainda mais em meu coração, apenas por estar ao lado dele, sentindo a proteção dos seus braços ao me envolverem, o carinho e o cuidado que ele tem comigo. – Suspiro apaixonada e sinto borboletas em meu estômago apenas por pensar nele.
– Eu entendo, Borboletinha, mas... Você não acha que estão indo rápido demais? – Pondero por um momento, mas nego com a cabeça como se ela pudesse me ver.
– Sinceramente, Tia? Pode até ser que sim, mas eu acredito que não há uma fórmula ou uma cartilha e muito menos um calendário para determinar a velocidade ou o tempo para que os sentimentos possam nascer e evoluir. Ele simplesmente acontece e está sendo assim com Christian e eu.
– Eu entendo, minha Filha, mas eu não quero que você se machuque. – Ela suspira e volta a falar. – Você nunca se apaixonou antes, nunca permitiu se envolver com ninguém, sem contar que é muito novinha, apesar de eu saber que você é maior de idade e madura para pouca idade que tem, mas eu não quero que você sofra por um coração partido futuramente, apenas porque possa estar confundindo sua primeira paixão com amor. – Volto a negar com a cabeça e sorrio com a sua preocupação.
– De fato eu nunca me envolvi com ninguém e muito menos havia me apaixonado, Tia, mas talvez porque o meu coração estivesse esperando a pessoa certa aparecer. E eu sinto que Christian é essa pessoa. – Eu suspiro novamente, buscando as palavras que possam fazê-la entender o que quero dizer. – Com ele, eu sinto que o vazio no meu coração, que eu nem sabia que tinha, foi preenchido e assim fazendo transbordar um sentimento tão forte e profundo que nunca cogitei a possibilidade que seria capaz de sentir.
– Tudo bem, minha Princesa! Por mais que eu queira te proteger de tudo, eu sei que você tem capacidade para discernir o que é o melhor para você, mas eu quero conversar com esse rapaz. – Dou uma gargalhada, imaginando a cara de brava dela.
– Falarei com o Christian, mas tenho certeza que não haverá problemas por parte dele. De qualquer forma amanhã irei para casa passar o dia com a Senhora, e eu preciso também pegar mais algumas roupas. – Fecho o meu sorriso e engulo em seco por me lembrar de que tenho que falar sobre os meus pais com ela, mas prefiro falar pessoalmente.
– Então amanhã farei um almoço bem gostoso para te esperar e a torta de maçã com canela que você tanto gosta.
– Hum! Que maldade, Tia! Agora estou com água na boca. – Ela gargalha e eu sorrio, por ver que ela não está mais brava. – Eu vou desligar agora, Tia, até amanhã.
– Até amanhã, meu Amor!
Desligo o celular e suspiro, pensando na reação dela quando souber que eu encontrei os meus pais e que eles querem conversar com ela, para tentar descobrir mais alguma coisa sobre as razões do Tio Marco para me manter afastada por todos esses anos. Eu fecho os olhos por um momento e me lembro da conversa que eu ouvi do meu Tio com o Padre Lutero na minha festa de 15 anos.
— Eu não posso falar nada por enquanto, Tio Lutero, por que o Senhor não entende isso?
— É claro que entendo, Marco, mas eu não concordo com isso desde aquela noite em que você chegou com ela na Sacristia, prendendo-me nessa história por meio da Confissão.
— Se não fosse dessa forma, o Senhor não me ajudaria e ainda não guardaria esse segredo. Precisei fazer isso.
— Meu Filho, eu entendo que as suas ações foram pensando em protegê-la, mas você parou para pensar que três pessoas estão sofrendo por causa disso? Que três pessoas estão perdendo um tempo que poderiam estar desfrutando juntos, principalmente um dia como esse de hoje?
— Eu sei, Tio Lutero, e isso me mata toda vez que preciso olhar nos olhos de algum dos três, mas eu não posso arriscar em colocá-la em perigo. Não! De jeito nenhum! Eu não posso falar nada, não pelo menos até que ela seja maior de idade.
Agora tudo faz sentido na minha cabeça, sendo que as três pessoas que o meu tio mencionou foram os meus pais e eu. Por isso, o Padre Lutero sempre se esquivava quando eu perguntava sobre os meus pais, mesmo afirmando que eu não havia sido abandonada e que eles me amavam muito. Pensando bem, hoje eu entendo o porquê do Tio Marco sempre me pedir perdão e o porquê de sempre ver tristeza em seus olhos toda vez que olhava para mim, mas eu também via amor, pois eu sei que ele me amava muito, da mesma forma que eu o amo e sempre irei amar.
Porém, mesmo que eu tivesse sentido a falta dos meus pais e desejasse sempre os conhecer, jamais culparia o meu Tio, pois se ele fez o que fez, foi porque achou necessário, e eu o perdoo do fundo do meu coração se isso puder garantir que ele fique em paz. Mas agora tenho a certeza do que parece que eu não queria aceitar por medo de que talvez não fosse verdade, mas, sim, Carla e Raymond Steele são os meus pais e sinto o meu coração acelerar de uma forma que me deixa muito feliz e não vou negar mais isso a mim mesma, pois realmente não resta a menor dúvida, porque eu sou Anastásia Steele e encontrei finalmente os meus pais.
(...)
Mesmo sendo sábado, acordo cedo e acabo pensando que, na próxima semana, sou uma pessoa desempregada. Faço uma careta por pensar nisso, mas não irei me preocupar com esse mero detalhe por enquanto. Pelo menos eu poderei estudar para as provas sem ter que ficar atenta ao horário por estar tarde e ter que dormir para não perder a hora na manhã seguinte.
Viro-me para o lado e vejo Christian dormindo serenamente, o que é um alívio, pois ele teve um sono agitado, apesar de não ter tido nenhum pesadelo, mas acredito que as revelações de ontem fizeram com que o seu subconsciente ficasse repassando os acontecimentos do passado. Um sorriso involuntário se abre em meus lábios por ver o quanto ele é lindo e dormindo assim, nem parece que consegue mudar seu temperamento numa fração de segundos e posso dizer que ele vai do gelo ao fogo em um piscar de olhos.
Seguro uma risada por pensar dessa forma e pego o meu celular sobre o criado-mudo. Vejo que ainda é cedo e deixarei que ele durma mais um pouco, antes de acordá-lo para falar sobre a ida até a minha casa, já que não consegui falar ontem à noite. Decidi levantar de uma vez, pois sei que não irei conseguir voltar a dormir e devagar, saio da cama e corro para o banheiro, fazendo-me sorrir mais uma vez, por ver o cuidado que a Lola teve em organizar meus produtos de higiene junto aos de Christian.
Retiro o meu pijama e me lembro de Pietro falando da forma que eu durmo e acabo pensando nas camisolas — um pouco provocantes — no closet e congelo no lugar pensando se o Christian poderia tê-las visto e se isso aconteceu, sei que ele seria discreto o suficiente para não dizer nada, mas, por outro lado, acredito que ele não iria sair abrindo as gavetas para saber o que há no espaço que me foi disponibilizado, não que eu me importe — ou talvez apenas um pouco, não vou negar —, pois pretendo começar a usá-las quanto antes, só me falta um pouquinho mais de coragem.
Jogo meu pijama no cesto e olho para a banheira absurdamente grande e muito convidativa, mas nego com a cabeça, optando por tomar um banho rápido e abro o chuveiro esperando a água esquentar. E mais uma vez o pervertido do Pietro me vem à cabeça, dizendo sobre a vida sexual de um casal, ainda mais os que dormem na mesma cama. Pensando bem, antes eu nunca tinha sentido vontade de experimentar nada assim, até porque nunca havia me sentido atraída por ninguém antes. Porém, não vou negar que o Christian me causa sensações... Diferentes em meu corpo. E minha cabeça insiste, às vezes — muitas vezes devo ressaltar —, em pensar como seria me entregar a ele.
Sinto o meu rosto esquentar apenas por estar pensando nisso, mas é inevitável e não vou negar que eu esteja de fato curiosa para saber como é, apesar de que o Christian sempre tem se controlado e como eu já disse, sou virgem, mas não ingênua a ponto de não perceber que ele fica excitado com nossas trocas de beijos e carinhos. Até mesmo porque ele não faz questão nenhuma de esconder o seu estado e sempre sorri por me ver envergonhada.
Céus! O que eu estou pensando? Eu nunca fui medrosa e, apesar de nunca ter imaginado como seria a minha primeira vez antes, acho que estou pronta para dar mais esse passo em nosso relacionamento. E talvez, só talvez, o Christian esteja esperando algum sinal que demonstre que eu esteja preparada para isso, então por que não dar o que ele espera? Sim, farei isso, mas não hoje e talvez não amanhã, mas em breve.
Dou uma risadinha por estar fazendo disso um grande evento na minha cabeça e desligo o chuveiro. Após me secar e escovar os dentes, eu saio do banheiro vendo que Christian continua dormindo. Entro no closet e faço uma careta por ver que não tenho muitas opções para me vestir, mas estarei indo apenas para minha casa, por isso após hidratar o meu corpo, decido vestir uma calça jeans branca e uma camisa, sem botões, manga longa, com elástico nos punhos, azul-turquesa e me lembro do tio Marco dizer que essa cor realçava o azul dos meus olhos e sorrio, mesmo sentindo o aperto da saudade no meu coração.
Calço uma sandália de salto médio, penteio meus cabelos deixando-os soltos, passo meu perfume e, após fazer uma maquiagem leve, saio do quarto fechando a porta com cuidado para não acordar o meu namorado e decido ver se mais alguém está acordado a essa hora.
— Bom dia! — Cumprimento assim que chego à sala de jantar, encontrando Richard e Caleb tomando o café da manhã.
— Bom dia, Pequena! — Richard se levanta e me dá um beijo na testa, fazendo-me sorrir.
— Bom dia, peste da minha vida! — Caleb faz o mesmo, mas me abraça em seguida, tirando-me rapidamente do chão, para depois afastar uma cadeira para que eu pudesse me sentar.
— Onde está o Christian? Ainda está dormindo?
— Está, sim, Richard. Ele teve um sono agitado e achei melhor deixá-lo dormir um pouco mais.
— Ele teve um pesadelo? — Ele pergunta preocupado, e eu sorrio, negando com a cabeça.
— Não. Apenas estava inquieto e, como tenho um sono leve, não pude deixar de perceber.
— E como você está? Fiquei sabendo que você discutiu com a Bruxa Má do Oeste? — Caleb pergunta com um sorriso, e eu faço uma careta.
— Nem me lembre disso. — Ele dá risada, e eu suspiro. — Mas tirando o fato de que percebi que ela seja um pouco louca e eu estar desempregada, estou bem.
— Ela te demitiu? — Ele pergunta com os olhos arregalados e quem dá risada sou eu, enquanto nego com a cabeça.
— Não. Eu que me demiti. Sinceramente, percebi que aguentei demais a forma rude com que ela me tratava, apesar de eu precisar trabalhar, mas ontem ela passou de todos os limites da minha bondade. — Novamente faço careta por me lembrar da ousadia dela, e ele assente.
— Bom, precisar trabalhar você não precisa, Ana, mas entendo que você queira ter a sua liberdade e independência financeira. — Richard fala com um sorriso de lado e nego com a cabeça, por saber que ele está falando sobre a situação financeira dos meus pais.
— Mesmo que os meus pais tenham dinheiro, eu vou continuar trabalhando, Richard. Gosto de trabalhar e saber que posso ser útil em alguma coisa me deixa feliz, entende?
— Claro que entendo, Pequena. — Ele alcança a minha mão sobre a mesa e dá um aperto reconfortante. — Mas o que quero dizer é que você não precisa mais aguentar o que aguentava trabalhando com a Vanessa. Eu mesmo, por diversas vezes, senti vontade de pedir para você sair daquela Loja e não se submeter a tudo que ela te fazia, mas eu sabia que não poderia me intrometer na sua vida.
— Faço das palavras do Richard, as minhas, Ana.
— Eu sei e agradeço aos dois por sempre respeitarem as minhas decisões, mas por enquanto vou me dar um descanso, pelo menos nesse período de provas da Universidade, depois vejo o que irei fazer. — Eles sorriem e assentem.
— Você não vai tomar café, Ana?
— Agora não, obrigada, Caleb. Irei acordar o Christian primeiro. — Levanto-me da mesa e vejo o sorriso debochado e malicioso dele, fazendo-me revirar os olhos. — E depois vou para minha casa, a minha tia está me esperando. — Caleb se engasga e Richard me encara na mesma hora, deixando-me sem entender.
— Você vai embora? — Caleb pergunta, após se recuperar, e eu nego com a cabeça.
— Não! Quer dizer, eu preciso ir à minha casa de qualquer forma. Faz dias que não vejo a minha tia e ela quer conhecer formalmente o Christian como meu namorado. — Fico um pouco envergonhada por ver os sorrisos deles, mas continuo. — E eu preciso buscar algumas coisas também, digamos que eu esteja sem opções de roupas.
— Graças a Deus, eu pensei que teríamos que aguentar o humor de cão do Christian por não dormir à noite... Porra, Richard! — Ele salta no lugar, assustando-me, mas franzi o cenho por não entender o que ele quis dizer.
— Como assim?
— Não é nada, Ana. O Caleb, quando está com fome, não faz sentido no que fala. — Richard fala com um sorriso de lado e olho para Caleb, que apenas dá de ombros e continua comendo.
— Bom, se me derem licença, eu vou subir. — Eles assentem, e eu saio da sala confusa com o que Caleb disse, confesso, mas dou de ombros e subo as escadas e sorrio ao ver Grace descendo-a acompanhado por Carrick. — Bom dia, Grace, Carrick.
— Bom dia, Filha! — Eles respondem, ao mesmo tempo, e sorriem.
Continuo subindo os degraus e caminho para o quarto, abrindo a porta, encontrando Christian dormindo. Sorrio e me sento na cama, ao seu lado, e passo a mão no seu rosto, vendo-o suspirar, mas hoje ele está bem preguiçoso, porque continua a dormir. Aproximo-me de seus lábios e o beijo delicadamente uma vez, outra e mais outra, e sinto o seu sorriso sob os meus lábios e me afasto, vendo-o ainda de olhos fechados, mas sei que acordou.
— Bom dia!
— Bom dia, Baby. — Toda vez que ele me chama assim, meu coração se apaixona um pouquinho mais, ainda mais com essa voz um pouco mais rouca pelo sono.
— Hora de acordar, dorminhoco. — Ele abre os olhos e foca em mim, analisando-me ao perceber que não estou mais de pijama. — Tenho um convite para te fazer. — Ele assente, ainda sonolento, e pega a minha mão, levando aos seus lábios. — Preciso ir até a minha casa para buscar algumas coisas e ver a minha tia que está me esperando. — Novamente, ele assente e volto a acariciar o seu rosto. — E ela quer te conhecer formalmente. — Falo um pouco envergonhada, pois será a primeira vez que apresentarei a ela um namorado, e ele sorri.
— Você contou para ela sobre os seus pais. — Suspiro e nego com a cabeça.
— Ainda não. Achei melhor falar pessoalmente.
— Você tem razão. — Ele beija a minha mão e se senta na cama. — Que horas está pretendendo ir?
— Se não tiver problema para você, logo após o café da manhã. Ela nos espera para o almoço. — Ele assente e, após dar um beijo rápido nos meus lábios, se levanta da cama.
— Tudo bem. Tomarei um banho rápido e desceremos. — Concordo com a cabeça, e ele tira a camiseta, dando-me uma bela visão de seu abdômen definido e, após me ver olhando-o descaradamente, me dá um sorrisinho de lado e caminha para o banheiro.
Eu solto a respiração que nem percebi estar segurando e acho que não só eu estou com a intenção de provocá-lo com as minhas novas lingeries, porque ele acabou de me provar que pretende fazer o mesmo, ou talvez seja apenas a minha mente fantasiosa que fica imaginando coisas.
Sinceramente? Pela forma como ele me olhou, duvido muito que seja apenas fruto da minha imaginação, que é bem fértil, devo admitir.
(...)
— Que saudade eu estava de você, Borboletinha! — Minha tia fala enquanto me aperta em seus braços e sinto o meu coração quentinho com o seu carinho.
— Eu também estava, Tia. — Nos afastamos do abraço e ela tem lágrimas não derramadas em seus olhos, enquanto acaricia o meu rosto e me lembro de Christian, que está com um sorriso contido nos lábios, nos observando e pego em sua mão, aproximando-o da minha tia. — Tia Ângela, este é o Christian, o meu namorado, apesar de a Senhora já o ter conhecido.
— Sim. Apesar das circunstâncias, lembro-me de tê-lo visto naquele dia. — Ela pega a mão que ele estende, mas ela o surpreende, puxando-o para um abraço. — Seja bem-vindo, Christian. É bom poder conhecer o rapaz que fez a minha Borboletinha se apaixonar pela primeira vez. — Eles se afastam e vejo as bochechas de Christian coradas e seguro o riso por vê-lo envergonhado.
— Obrigado, Senhora Molina. — Ela sorri e nega com a cabeça.
— Apenas Ângela, meu querido, agora você também é da família e só espero que saiba cuidar do coração da minha filha. — Ela fala séria agora, e eu sorrio por ouvi-la me chamar de filha, apesar de que eu sempre soube que ela me amava como tal.
— Não se preocupe, Ângela, cuidar do coração da Anastásia é minha prioridade acima de tudo. — Ele pega a minha mão e leva aos lábios, fazendo-me sorrir, envergonhada por ver como a minha tia está nos olhando.
— Saber disso muito me alegra, pois você estará cuidando de uma verdadeira joia rara. — Tia Ângela acaricia o meu rosto e sorri ternamente.
— Estou ciente quanto a isso, Ângela.
— Vamos, sentem-se! E me conte as novidades, Ana. Como estão as coisas na Universidade e no trabalho? — Nos sentamos e eu suspiro, começando a contar tudo para ela, deixando de fora apenas o fato de ter encontrado os meus pais. — Eu nunca gostei da forma que aquela Vanessa te tratava, Ana, principalmente quando você chegava triste em casa, mas eu sabia o quanto você é geniosa e não iria me ouvir quando pedisse para sair daquela loja. — Tia Ângela fala brava, e eu dou de ombros.
— Não se preocupe mais com isso, Tia. Apesar de tudo, foi um aprendizado, porque hoje eu sei que conseguirei exercer qualquer função que me for designada. Então, como dizem, há males que vêm para o bem. — Novamente, eu dou de ombros e Christian apenas me olha, mas vejo o brilho de algo passar por seus olhos.
— Você tem razão, mas não deixo de sentir vontade de dar uns tapas naquela mulher para ela aprender a respeitar os outros. — Dou risada dela e nego com a cabeça, pois ela não bateria nem mesmo numa mosca, quem dirá em outra pessoa.
— Está tudo bem, Tia. Agora irei descansar alguns dias e depois procurarei outro lugar para trabalhar. — Christian me olha na mesma hora e sei o que ele irá dizer, mas antes que o faça, dou um selinho em seus lábios. — Eu sei o que você irá dizer, mas depois falaremos sobre isso. — Ele suspira e assente, deixando a minha tia curiosa.
— Do que vocês estão falando?
— Convidei a Anastásia para trabalhar na minha Empresa, tendo em vista que seria uma excelente aquisição para o meu quadro de funcionários, ainda mais sabendo que ela fala quatro idiomas. Isso facilitaria muita coisa e eu não precisaria contratar intérpretes para algumas reuniões. — Christian fala calmamente, acariciando o dorso da minha mão, e minha tia abre um imenso sorriso.
— Deixe-me adivinhar? — Ela faz uma cara pensativa e sinto o meu rosto esquentar imaginando o que ela irá dizer. — Anastásia não recusou o seu convite, mas também não aceitou, dizendo que iria pensar, por que ela quer conquistar o seu espaço profissional por mérito próprio?
— Exatamente isso, Ângela. — Christian responde com um sorrisinho de lado, e minha tia pega a minha outra mão, enquanto nega com a cabeça.
— Tão previsível essa menina. — Ela me dá um tapinha na mão e se levanta. — Vocês fiquem à vontade, que irei preparar o nosso almoço.
— Irei ajudá-la, Tia. — Ela nega com a cabeça, no momento em que faço menção de me levantar e volto a me sentar.
— Não precisa, meu Amor, faça companhia ao seu namorado, aliás, sirva-o algo para beber. Onde estão os seus modos, Mocinha? — Ela fala com as mãos na cintura e dou risada, mas Christian nega com a cabeça.
— Estou bem, obrigado. Não precisa se preocupar, Ângela.
— Tia, sendo que fui descartada da ajuda, irei para o meu quarto, arrumar as minhas coisas. — Falo envergonhada, e ela arqueia uma sobrancelha na minha direção.
— Depois falaremos sobre isso, Borboletinha, mas tudo bem. Faça como achar melhor e, mais uma vez, sinta-se em casa, Christian.
— Obrigado.
Ela sorri e segue para a cozinha, e eu me levanto, acompanhada por Christian, e seguimos para o meu quarto e percebo que está do mesmo jeito que deixei. Pelo menos a Thaís não entrou para quebrar nada meu, apesar de que ela nunca entrou no meu quarto, apesar de tudo.
— Você tem certeza de que não quer beber nada? — Pergunto assim que ele se senta na cadeira, a mesma que havia se sentado à primeira vez que esteve aqui.
— Não, estou mesmo bem. — Ele pega a minha mão e me faz sentar em seu colo e mais uma vez sinto o meu rosto esquentar. — Dormimos na mesma cama todos os dias e você ainda fica envergonhada de sentar no meu colo? — Ele beija os meus lábios e o morde delicadamente, antes de selá-lo novamente.
— Força do hábito, eu não posso controlar. — Respondo sorrindo e beijo novamente os seus lábios, abraçando o seu pescoço.
— Confesso que amo ver o seu rostinho vermelhinho assim e isso apenas aumenta a minha vontade de saber como ficaria todo o seu corpo corado.
— Christian! — Dou um tapa leve em seu braço. — Você está muito assanhado. — Ele dá risada, o que sempre me encanta em ouvi-la, por serem raras às vezes que ele faz isso e me aconchega melhor em seu colo.
— Você ainda não conheceu o meu lado "assanhado", Baby, mas conhecerá... Em breve, pode apostar. — E mais uma vez sinto sensações estranhas no meu corpo quando ele sussurra a última parte em meu ouvido, fazendo-me estremecer, antes de morder delicadamente a minha orelha e me levanto rapidamente do seu colo.
— Eu... Rum... — Engulo em seco por vê-lo me olhar de forma diferente. — Vou arrumar as minhas coisas para voltarmos para a sala. — Ele sorri de lado e assente.
— Por que, invés de você pegar apenas algumas coisas, você... Não pega todas as suas coisas? — Ele se levanta e me abraça pela cintura, fazendo-me apoiar as mãos em seu peito firme e musculoso, enquanto fico encarando-o.
— Christian, eu não sei. — Apesar de me sentir bem estando em sua casa, penso comigo mesma.
— Ana, além de a minha casa ser mais segura, ainda mais que você ficaria a maior parte do tempo sozinha estando aqui, eu me acostumei a tê-la em casa, dormindo na minha cama e acordando todos os dias ao seu lado. — Ele suspira e me abraça mais apertado. — A sua presença me faz bem e sinceramente, não me imagino mais sozinho naquele quarto. — Sorrio e deslizo a mão em seu peito, sentindo o seu coração acelerado.
— Eu também me sinto bem estando com você, na sua casa, mas e se os seus pais... — Ele me interrompe beijando os meus lábios, negando com a cabeça.
— Os meus pais também estão felizes em tê-la em casa, mesmo que eles não falem por nos amar muito, mas tanto eu quanto os meus irmãos sabemos que eles te consideram como a filha que não tiveram e estão mais do que satisfeitos em tê-la conosco, em nossa casa. — Penso por um momento e assinto, dando um selinho nele e me afastando para começar a arrumar minhas malas.
— Então, melhor eu começar logo ou a minha Tia virá ver o porquê de estarmos demorando tanto no quarto. — Faço uma careta, e ele sorri.
— Em que posso te ajudar? — Nego com a cabeça e o empurro para voltar a se sentar.
— Apenas fique sentadinho, enquanto arrumo as malas e prometo não demorar.
Tento me afastar, mas ele me puxa, beijando novamente os meus lábios, fazendo-me dar risada, até que consigo me desvencilhar dos seus braços para arrumar logo as roupas e alguns livros que irei levar. E apesar de ter ciência do passo que estarei dando, o que para muitos poderia ser considerado precipitado, eu não poderia estar mais feliz em poder ficar com o homem que amo e que me faz sentir tão amada.
Ai, ai, esses dois 🔥🔥🚒🚒! Eu digo é nada, só observo 👀👀!!
Será que Christian caiu nas graças da Tia Ângela 😏😏😏?
A segunda parte desse capítulo virá na sexta-feira, até lá 😘😘😘!
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