Capítulo - 53
Foi difícil me concentrar nas aulas, ainda mais com Pietro me provocando com a sua mente pervertida. Eu não nego que ele conseguiu me tirar várias risadas na mesma medida que me deixava envergonhada, mas acabei concordando em ir ao Shopping depois de sermos liberados logo após o intervalo, assim que terminamos a prova de Microeconomia e Eloise simplesmente resolveu que perder as próximas aulas não iria fazer mal algum.
Aproveitei e liguei para Melissa nos encontrar para almoçarmos e o convite foi bem-vindo por Pietro e Eloise, mesmo que eles tivessem ficado afastados por um tempo, eles foram amigos e queriam fortalecer novamente esses laços. Liguei também para Júlia, mas ela disse que não poderia por ter tido um problema em casa, porém ela não aprofundou no assunto e disse que me contaria depois e isso me deixou um pouco preocupada, pois sua voz parecia de alguém que havia chorado.
- Ei, que carinha é essa? - Pietro me tira dos meus pensamentos e percebo que estava ainda encarando a tela do celular já apagada.
- Eu convidei uma amiga para que vocês pudessem conhecê-la, mas ela disse que havia acontecido alguma coisa e mesmo que não tenha me dito o que era me deixou preocupada, mas que me contaria depois.
- Não se preocupe Ana. Se fosse algo grave essa amiga te diria, você não acha? - Eloise fala enquanto desvia o olhar do trânsito rapidamente, me olhando pelo retrovisor interno do carro e eu assinto.
- Então ânimo, pois hoje você irá jogar todas as suas calçolas fora e começará a provocar aquele gostoso do seu namorado. - Pietro bate palmas, dando pulinhos no banco do passageiro, arrancando risadas da irmã.
- Pietro, eu não uso calçolas e de onde você tirou que eu quero provocar o Christian? - Ele se vira para mim novamente e revira os olhos.
- Ana, eu tenho certeza que você dorme com um pijama de algodão com mangas longas e calça comprida, parecendo uma Santa pronta para ser canonizada. - Eloise gargalha e sinto minhas bochechas queimarem, pois é exatamente assim que eu durmo, mas por serem muito confortáveis e ele arqueia uma sobrancelha. - Viu?! Não precisa responder nada, esse rostinho corado já me deu a resposta que eu queria. Ah! Se eu dormisse todos os dias com um homem daquele ao meu lado, ele acordaria sempre nu e comigo entre as pernas dele, isto é, se eu deixasse que ele pelo menos colocasse uma boxer para dormir, pois isso dificultaria minhas peripécias noturnas.
- Pietro, o fato de você ser um pervertido desde que era um adolescente não quer dizer que a Ana também deve ser. - Ele coloca língua para irmã, num gesto totalmente maduro, devo ressaltar, mas ela o ignora e volta a falar. - Mas eu tenho que concordar com o Pietro em partes, Ana, no entanto você não deve fazer nada porque alguém está dizendo que deve fazer, só estamos brincando com você.
- Quem está brincando? Só se for você, Eloise, pois eu falo muito sério. - Ele procura ficar mais confortável no banco da frente para voltar a me olhar. - Mas eu admito, que você não precisa se comportar como uma vadia para ter a atenção do seu namorado, Ana, mas alimentar a imaginação dele, ah, com toda certeza você deve fazer sim. - Mesmo envergonhada eu assinto e ele volta a fazer sua cara safada. - Você já percebeu a forma que aquele homem te olha? Minha nossa senhora, naquele dia no aniversário do Richard, eu pensei que ele iria te devorar mesmo a distância e olha que vocês nem haviam se declarado ainda. Eu sinto calor só de me lembrar. - Ele se abana com as mãos e eu nego com a cabeça, pois não é assim como ele pensa.
- O Christian é um verdadeiro Cavalheiro, Pietro, ele nunca ultrapassou nenhum limite comigo.
- Isso eu não duvido, mas eu tenho certeza que durante os beijos ele já deve ter ficado bem excitado e eu aposto que ele se controla ao máximo para não te atacar, por medo de ser indelicado e te magoar. - Novamente sinto o meu rosto esquentar por já ter percebido que ele tenha ficado excitado, sou virgem, mas não sou boba como todos pensam e muito menos ignorante sobre esse assunto, apenas nunca aconteceu o momento certo. - E convenhamos, Ana, desde que vocês se conheceram, a sua vida sempre foi cheia de reviravoltas e surpresas e sabemos que nem todas foram agradáveis. - Eu suspiro, pois por mais que isso seja doloroso, é mesmo verdade. - E sendo o Cavalheiro que você afirma que ele seja não irá ultrapassar seus limites, até que perceba que você esteja pronta, mas isso não quer dizer que você não possa dar um incentivo no processo, isso é claro, se você também estiver com vontade, não é mesmo? Ou você irá me falar que nunca sentiu vontade de sentar naquele homem que nem mesmo um guindaste conseguiria te tirar de cima dele? - Eloise volta a gargalhar, enquanto estaciona e eu arregalo os olhos.
- Pietro, para de falar essas coisas ou você irá traumatizar a Ana, antes mesmo que ela possa perder a virgindade. - Eloise desliga o carro e abre a sua porta. - Agora vamos, pois não teremos tanto tempo quanto gostaríamos já que Ana precisa trabalhar para a Mocreia da Vanessa. - Ela sai do carro fazendo uma careta e Pietro chama a minha atenção antes de sair também.
- A Eloise está dando uma de irmã mais velha e amiga responsável, mas é uma verdadeira safada. - Eu seguro o riso e saio do carro, parando ao seu lado. - La garce prend feu dans la pièce (A vadia pega fogo no quarto). - Ele fala em francês num tom de voz baixo, mas não o suficiente para que Eloise não escutasse.
- O que você disse Pietro?
- Eu? Eu não disse nada. Nadinha, Maninha! - Ele fala inocentemente, me dando uma piscadela e agora quem gargalha sou eu, enquanto os acompanho entrando no Shopping.
(...)
Onde eu estava com a cabeça em aceitar ir ao Shopping com três consumistas? Sinceramente eu não sei! Eu sei apenas que Pietro, Eloise e Melissa - que depois de terem matado a saudade, nem parece que ficaram um tempo sem se encontrarem - me arrastaram para tantas lojas como a Victoria's Secret, La Perla, Kiki de Monteparnasse e Calvin Klein que cheguei a ficar tonta.
Não que eu não goste de fazer compras, pois isso seria uma mentira, caso eu dissesse, mas estou tão habituada a comprar apenas o essencial quando saia com a Tia Ângela que quando eu vejo um conjunto de lingerie de renda - lindas devo admitir - custando mais de $ 500,00 (Quinhentos Dólares), penso seriamente em voltar para casa e desistir dessa ideia maluca de renovar minhas peças íntimas e, por um momento eu me esqueço do quanto os meus amigos são ricos e não se preocupam em gastar essa quantia.
Meu Deus! As peças são perfeitas, não posso negar, mas as minhas servem para mesma finalidade e custam bem menos que isso, com toda certeza, mas quando eu disse isso em voz alta, os três quase tiveram uma síncope, alegando que eu estava difamando as peças que são últimos lançamentos da La Perla. Apenas revirei os olhos e peguei algumas, obviamente que com valores mais acessíveis, porém igualmente bonitas e senti a minha conta bancária chorar por ser desfalcada como estava sendo e o meu cartão de crédito reclamar que estava sendo abusado.
Exagero? Pode ser! Mas por muito tempo vivi com a simplicidade e nunca me senti inferior a ninguém por esse fato... Ah sim, teve uma exceção que foi no dia que fui ao Restaurante almoçar com o Christian e eu me senti sim, insegura com as minhas roupas, mas ele me fez perceber que se eu estava me sentindo bem, não deveria me preocupar com a opinião dos outros. No entanto, mesmo sem perder a minha simplicidade - e isso nunca irá acontecer -, eu consigo entender que sou namorada de um homem muito rico e extremante elegante, será que posso dizer lindo também?
Ah, Anastásia! Foco que o assunto aqui é outro, mas enfim... Eu percebi que posso ser elegante sem perder o meu jeito simples de ser e isso me deixou satisfeita, mas segundo a tríade da moda que me acompanha, quando se trata de lingerie, tenho que optar pelas melhores e mais lindas peças, ainda mais quando se tem um namorado quente como o meu - essas palavras só poderiam ter sido ditas por Pietro, é claro - e, que as mais básicas e confortáveis eu poderia deixar para o dia a dia, como ir a Universidade e trabalho.
Além das cores e seus significados que sinceramente, eu nem lembro mais de todas elas, mas com toda certeza, não me esquecerei do que eles falaram sobre o tom bege, aquele natural mesmo que é ótimo para usar com roupas brancas, pois não marcam, que apesar de ainda ser estigmatizado por muitas mulheres, por já ter sido considerado "broxante" no ponto de vista de alguns homens, hoje existem cores como o castanho e a bonina que são elegantes e sexys sem deixar de ser básicas.
E depois de revirar os olhos por vezes que nem consigo contar mais e entre calcinhas, sutiãs, camisolas e baby-dolls, Pietro resolveu que deveríamos ir a uma última Loja para encerrar as nossas compras com chave de ouro, mas quando nós entramos na Agent Provocateur, eu quis sair correndo por ver as peças extremante provocantes e muito ousadas.
- Pietro eu não vou comprar isso? - Olho para os diversos modelos de espartilhos, corseletes e corpetes, assim como alguns bodys e ele revira os olhos.
- Na verdade, você vai comprar aquelas peças ali do lado. - Ele aponta para alguns manequins que estão usando meias 7/8 e cintas-liga e confesso que eu gostei. - Esses aqui eu irei comprar.
- Pietro, não me diga que você tem fetiche em usar... - Ele faz uma careta e volta a revirar os olhos.
- Claro que não! Você está louca? Eu hein! Se eu quisesse usar roupas femininas ou retirá-las do corpo de alguém com toda certeza que eu não iria gostar de homens e sim de mulheres. Cruzes! Isso me dá urticária só em pensar. - Ele começa a se coçar e a Vendedora segura o riso, diferente de Melissa e Eloise. - Ah! Não tem nada mais sexy do que ver um belo pacote numa boxer trabalhada no luxo e sinceramente, o máximo que eu posso usar é uma Jockstrap bem ousada para provocar o meu parceiro, tirando isso, nada de calcinhas para gays como eu, porém há os que gostam e não julgo, mas não é o meu caso com toda certeza.
- Então o que viemos fazer aqui, Pietro? - Melissa pergunta, já que Eloise não consegue parar de rir e eu sinto o meu rosto ainda mais quente pelas coisas que ele fala sem vergonha nenhuma.
- Eu vou comprar um presentinho para a Ana, afinal, o primeiro corselete com meias 7/8 e cinta-liga ela nunca irá esquecer, ainda mais depois de fazer aquele Adônis enlouquecer de prazer.
- O quê? - Engasgo com a saliva e ele sorri de forma maliciosa.
- Calma Mon Chéri! Você só irá usá-lo quando aquele Adônis fizer o seu marcador sair de 0Km e começar a corrida da perversão.
- Meu Deus, Pietro! - Melissa tem uma crise de risos que nem mesmo a Vendedora se aguenta. - Onde você arruma essas pérolas? Eu havia me esquecido o quanto você é criativo com as palavras.
- Ah, Melzinha, posso garantir que a minha criatividade não se limita em apenas palavras não, mas os meus outros dotes criativos, eu estou guardando para usar com o amor da minha vida, o Apolo que enquadrou meu coração, porém ele só precisa saber desse pequeno detalhe antes. - Ele olha para suas unhas, mas bate palmas em seguida nos assustando. - Mas vamos deixar de enrolação, que temos compras para fazer. Andiamo, Ragazze! (Vamos garotas!)
Ele nos empurra e passamos os próximos minutos comprando mais algumas peças enquanto eu ouvia as sugestões de combinações, cores e ocasiões que eu poderia usar cada uma delas. E mesmo que eu tivesse ficado envergonhada algumas vezes - e sair com três caixas como presente bem ousados -, eu me divertir muito na companhia deles que apesar de serem três malucos, são meus amigos afinal de contas.
(...)
- Céus! Os meus pés estão me matando! - Melissa reclama assim que sentamos a mesa do Restaurante escolhido, para almoçarmos.
- Eu não gosto de ser mensageiro de maus presságios, mas você ainda terá que suportar até a noite com esses sapatos. - Pietro fala sem tirar os olhos do cardápio, mas depois olha para Melissa. - E por falar em maus presságios, por que você está trabalhando na Loja daquela Boneca Plastificada? - Eloise que estava bebendo um gole de água, engasga quase molhando o irmão que faz cara feia para ela.
- Para falar a verdade, eu não pensei muito quando aceitei o emprego, eu queria apenas sair de casa e para isso acontecer eu precisei provar para o meu pai que seria capaz de me sustentar sem que ele ficasse controlando cada passo que eu desse. - Ela dá de ombros e ele assente em compreensão.
- Desculpe-me a sinceridade, Melissa, mas os seu pai parece ser bem controlador mesmo. - Eloise fala e ela assente, suspirando.
- Controlador não seria o suficiente para nomeá-lo e agora que estou ficando mais velha, ele não desiste de querer me arrumar um casamento milionário, como se eu precisasse disso. - Ela fala com amargura, apesar de perceber que fica triste quando toca nesse assunto.
- Eu não posso falar que entendo o que você deve passar com os seus pais, Mel, pois nem eu ou os meus irmãos temos esse tipo de problema em nossa casa, pelo menos não com os nossos pais, apesar do Pietro ter que suportar a Vovó com o preconceito dela. - Pietro faz um cara de desgosto, mas assente.
- Isso é verdade, minha Avó parece que ficou estagnada no século XIX, mas eu não me importo, desde que os meus pais e os meus irmãos me aceitem, posso conviver com as caras feias dela.
- E por falar em irmãos, o Edgar já voltou de viagem? - Melissa pergunta animada e tanto Eloise quanto Pietro abre um imenso sorriso.
- Sim, ele retornou no sábado a noite, mas só voltou a trabalhar ontem, pois ele teve uma reunião que não pôde ser cancelada, mas ele achou melhor retornar logo para Empresa, pois o nosso pai estava no lugar dele todos esses meses. - Pietro fala com tanta empolgação, demonstrando o quanto ama o irmão.
- Você fala com tanto carinho do seu irmão. - Lembro-me de Christian com os seus irmãos e não contenho as palavras e ele olha para mim sorrindo, assim como a irmã.
- O Edgar é o melhor irmão do mundo, Ana. - Eu sorrio e assinto, mas ele se cala por um momento, quando o Garçom aparece para pegar os nossos pedidos, mas continua em seguida. - Ele teve sua fase rebelde e ainda continua sendo um pouco encrenqueiro e sarcástico às vezes, mas é uma ótima pessoa. Para vocês terem uma ideia, mesmo quando ele teve a sua pior fase, bebendo praticamente todos os dias e sem querer pensar no futuro, ele nunca deixou de nos defender, principalmente quando eu era vítima de homofóbicos sem noção. Ele nunca permitiu que alguém me diminuísse ou menosprezasse por eu ser gay. Ele sempre me disse que eu deveria enfrenta-los de cabeça erguida e permanecer com a minha personalidade espontânea sem ter que me importar com a opinião dos outros, nem mesmo com a de nossa Avó.
- Isso é verdade, Ana. - Eloise começa a falar e prestamos atenção nela. - Quando o Pietro se assumiu gay para a nossa família, mesmo de ressaca o nosso irmão estava ao lado dele, segurando a sua mão, que tremia tanto por medo de ser rejeitado, que eu conseguia ouvir seus dentes batendo, por tamanho nervosismo.
- O Edgar foi a primeira pessoa, a saber, que eu era gay e confesso que por ele ser o mais velho e sempre ter tido aquele jeito de bad boy, eu fiquei com medo da sua reação, mas foi o oposto do que eu imaginei. Lembro-me das palavras dele até hoje, quando ele fez com que eu levantasse a cabeça para encarar seus olhos, morrendo de vergonha e medo. Ele simplesmente me disse "Independente da sua orientação sexual, ou se você irá para cama com um homem ou uma mulher, você sempre será o meu irmãozinho, Pietro, e nunca deverá ter vergonha de ser quem você é. Você precisa ter apenas cuidado com as pessoas lá fora, que podem não ser tão evoluídas, entender e respeitar as diferenças e decisões de cada um. E eu quero que você se lembre de que sempre poderá contar comigo". - Pietro se emociona, assim como nós e bebe um gole de água antes de voltar a falar. - Depois daquele dia, quando eu fiz 15 anos eu me assumi e deu tudo certo.
- Credo! Esse almoço é para ser divertido e não nostálgico. - Eloise seca rapidamente uma lágrima de seu rosto e sorri. - Mas, você queria falar com o Edgar, Melissa?
- Na verdade, eu tinha falado com ele alguns meses, sobre entrarmos na Boate, pois como vocês sabem, temos uma menor de idade entre nós. - Ela aponta para mim e pisca um olho. - E ele disse que assim que chegasse, poderíamos ir que ele liberaria a nossa entrada.
- Por Santa Afrodite, Ana! Você vai ficar ensandecida em conhecer a Dolce Pecatto. - Pietro se anima a ponto de conseguir me contagiar também. - O meu irmão e o sócio dele fizeram um excelente trabalho naquele lugar, sem contar que tem uma área exclusiva para sócios, com entrada do outro lado, que prefiro nem mencionar. - Ele faz uma cara maliciosa e repenso a minha animação de segundos atrás.
- Bom, eu confesso que nunca imaginei ir a uma Boate, mas vocês estão lembrados que eu tenho um namorado, certo? - Arqueio uma sobrancelha para eles e Pietro faz uma careta. - Eu acredito que da mesma forma que eu não gostaria de saber que ele poderia ir ao um lugar desses, sozinho, ele também poderia não gostar se eu fosse.
- Hum! O casalzinho é ciumento? - Melissa bate o ombro no meu e eu reviro os olhos, mas não deixo de sorrir. - Mas isso é fácil de resolver, é só levá-lo e problema resolvido. - Ela dá de ombros e eu penso por um momento, enquanto o Garçom coloca os nossos pratos sobre a mesa.
- Hum, vamos ver depois sobre isso, mas agora vamos almoçar que você e eu, temos que trabalhar. - Ele faz uma cara triste e eu seguro uma risada.
- Ana, pelo visto você irá com a Melissa, para a Loja, correto? - Eu afirmo com a cabeça, por estar com a boca cheia e Eloise continua. - Então deixe as sacolas conosco, que Pietro e eu levaremos para a casa do seu namorado, dessa forma você não precisa chegar ao trabalho parecendo que assaltou um Shopping. - Faço uma careta e eles sorriem.
- Tudo bem, obrigada! Eu não irei recusar essa gentileza, Eloise. - Ela faz um gesto com a mão, como se isso não fosse nada. - É só vocês entregarem para a Lola que ela leva para o meu quarto, apesar de eu não querer dar esse trabalho para vocês.
- Fica tranquila, Ana! Que isso não é trabalho nenhum, você só não pode nos esconder os detalhes sórdidos depois.
Pietro me dá uma piscadela com seu sorriso malicioso nos lábios e eu nego com a cabeça e dessa forma, continuamos o nosso almoço entre risadas e conversa fiada, afinal, ter Pietro num ambiente e não ficar envergonhada, não seria a mesma coisa, com toda certeza.
(...)
- Oi, Marta! Está tudo bem? - Encontrei-a na copa, assim que resolvi fazer uma pausa, sentada com as mãos entre seus cabelos enquanto permanecia de cabeça baixa, mas assim que levanta o olhar, vejo que ela estava chorando. - O que aconteceu?
- Está tudo bem, não se preocupe. - Ela se levanta e tenta sorri. - Como está o inventário das joias, Ana? Pelo visto a Vanessa recobrou a sensatez e percebeu que não era possível você fazer sozinha. - Ela muda de assunto e decido não insistir, mesmo que eu esteja vendo o quanto ela está triste.
- Sinceramente eu não sei como isso aconteceu, mas com a ajuda da Melissa, conseguiremos entregar amanhã no fim do expediente, como a Senhorita Parker queria. - Faço uma careta e ela sorri verdadeiramente agora. - Mas mudando de assunto, a Júlia avisou o que aconteceu para não vir trabalhar? Eu estou preocupada com ela, Marta.
- Ela ligou sim, mas não disse o motivo, disse apenas que era um assunto pessoal que não poderia resolver em outro momento. Ela pediu folga para amanhã também. - Assinto, mas eu sei que ela está com algum problema, eu percebi pelo seu timbre de voz quando liguei pela manhã.
- Tudo bem, depois eu tento falar com ela, mas agora, voltarei ao trabalho, antes que a Senhorita Parker resolva pedir para eu fazer inventário da Loja inteira. - Ela dá uma risada e nega com a cabeça, mas me chama, assim que eu começo a sair da copa.
- Você poderia subir e entregar esses documentos para a Belinda, a Secretária da Vanessa, por favor?
- Claro, levarei agora mesmo.
- Obrigada, Ana!
Eu sorrio e pego a pasta que ela me entrega e caminho na direção do elevador, entrando em seguida, enquanto penso o que poderia ter acontecido para ela estar chorando. Será que o resultado dos seus exames e do Otávio, o seu marido, deram algum problema? Eu espero que não, pois a Marta quer tanto engravidar que não seria justo com ela. E a Júlia? O que será que pode ter acontecido também? Espero que ela esteja bem.
- Oi, Belinda! - Ela arruma seus óculos sobre o nariz e sorri. - A Marta pediu para eu entregar esses documentos a você.
- Ah, sim! Obrigada, Ana! A Senhorita Parker precisa desses documentos com um pouco de urgência.
- Belinda, vá até a sala da Marta... - Ouvimos a porta se abrir e a voz da Vanessa a minhas costas, que para de falar de repente. - Oh, como vai Anastásia? - Viro-me para encará-la e ela me analisa com um sorriso forçado.
- Estou bem, Senhorita Parker. - Entrego a pasta para Belinda que ainda estava em minhas mãos e percebo que o olhar de Vanessa recai sobre a minha aliança, onde mantém o olhar fixo nela. - Eu irei voltar para continuar o Inventário, eu vim apenas entregar essa pasta para Belinda, a pedido da Marta. - Ela se aproxima e pega a minha mão e a minha primeira reação é tentar recolhê-la, mas permaneço quieta.
- Linda joia. Essa peça é de muito bom gosto. É um Tiffany, não é? - Ela me encara com seus olhos azuis frios e eu retiro a minha mão da sua delicadamente.
- Eu acredito que sim, Senhorita Parker.
- Você tem muito bom gosto, Anastásia. Principalmente por ser um dos últimos lançamentos da marca. - Ela me encara de uma forma que eu não consigo decifrar, mas que me incomoda um pouco, porém nego com a cabeça.
- Ah, não! Não fui eu quem comprou. Na verdade foi um presente do meu namorado. - Não sei por qual motivo, mas vejo seus olhos mudarem e praticamente sair faíscas enquanto me encara, fazendo-me engolir em seco ficando desconfortável por seu escrutínio.
- Do seu namorado? - Não falo nada, até mesmo porque ela não me deu oportunidade, continuando em seguida. - Obrigada, por trazer a pasta, Querida, mas você pode voltar para o Cofre agora, eu preciso desse Inventário amanhã sem falta. - Ela pega a pasta das mãos de Belinda e entra para sua sala, depois de me lançar um sorriso frio, que me deixou sem entender absolutamente nada.
Olho para Belinda que dá de ombros, não dando muita importância, afinal, Vanessa Parker tem um temperamento bipolar às vezes, e ela, está mais do que acostuma com isso, no entanto eu sorrio um pouco sem graça e volto para o elevador. E por um momento me lembro no dia que Vanessa me falou que o Christian seria seu futuro marido e eu ainda não sei o motivo para ela dizer isso e muito menos a razão para que Christian demonstre não gostar dela, mas isso eu irei perguntar para ele depois, sem sombra de dúvidas.
(...)
Fecho mais um expositor e o coloco dentro da gaveta do hack central, fecho a tranca e retiro as minhas luvas, suspirando aliviada, pois agora falta pouco para terminarmos. Verifico mais uma vez se não deixei nada aberto e pego as chaves, mas antes que eu saia, Melissa aparece com olhos arregalados e me empurra de volta para o cofre.
- O que foi isso, Melissa? O que aconteceu?
- Não sei, mas parece que alguma entidade demoníaca se apossou do corpo da Bruxa Má do Oeste.
- O quê? Como assim? Do que você está falando? - Pergunto de olhos arregalados e ela olha sobre o ombro para ter certeza que estamos mesmo sozinhas.
- Exatamente isso que você ouviu. - Continuo encarando-a sem entender e ela revira os olhos. - Quando eu subi para entregar o convite daquele jantar Beneficente que minha mãe mandou para a Vanessa e eu entrei em sua sala, estava tudo revirado. - Saímos do cofre, o tranco e caminhamos rapidamente para o vestiário, onde começamos a trocar de roupas. - Havia papéis para todos os lados, copos quebrados e até a mesinha de centro do canto da sala estava quebrada. Parecia mais que um furacão passou pela sala dela e causou um verdadeiro caos, inclusive ela estava totalmente desalinhada, quando gritava com alguém no telefone "Você precisa dar um jeito naquela maldita! Eu não tenho mais paciência para esperar o seu momento, apenas por querer causar boa impressão, então trate de agir logo ou eu agirei". - Ela afina a voz para parecer a Vanessa e se o assunto não fosse sério, eu riria da sua imitação. - Não faço ideia de quem estava no outro lado da linha, mas quando ela percebeu a minha presença, mudou rapidamente de postura.
- O que será que aconteceu? - Fico pensativa, pois tirando a forma que ela me olhou, aparentemente estava bem calma, para de repente mudar assim.
- Eu não sei Ana, mas confesso que me deu um pouco de medo a forma que ela falava. Ela ditava cada palavra com tanto ódio, que senti até um arrepio na coluna. - Ela estremece e eu sorrio do seu exagero. - Só sei que eu não queria estar na pele da pessoa que irá receber todo aquele ódio gratuito por parte da Vanessa. E quando eu falo que ela é maluca, uma doida bipolar, ninguém acredita.
- Bom, eu também não faço ideia do que pode ter acontecido. Eu sei apenas que se fizermos o nosso trabalho bem feito, estaremos livres da mira das palavras ácidas dela, mas por hora, vamos embora que eu ainda tenho que estudar para a prova de amanhã.
- Vamos sim e você tem razão. Deve ser algo relacionado à sua vida pessoal, ou alguém aqui da Loja já teria sofrido as consequências pela irritação dela.
Eu confirmo com a cabeça e após terminarmos de nos arrumar, saímos da Loja e depois de nos despedir, eu abro um sorriso, ao ver Christian do lado de fora do carro, com Taylor ao seu lado e assim que me aproximo, vejo seu sorriso de lado e logo estou em seus braços, recebendo um beijo delicado em meus lábios.
- Como foi o seu dia, Baby? - Ainda fico envergonhada quando ele me chama assim, mas confesso que eu gosto muito.
- Foi ótimo, apesar de cansativo. - Faço uma careta por me lembrar do quanto, aqueles consumistas me fizeram andar de uma Loja para outra. - Eu fui ao Shopping com os meus amigos, mas por alguma razão eu sei que você já sabia disso. - Ele sorri culpado e eu nego com a cabeça.
- Eu disse que havia Seguranças fazendo a sua proteção à distância, Ana, mas eu tenho certeza que você não os viu e nem sentiu que sua privacidade estivesse sendo invadida, por isso não irei me desculpar por isso. - Ele fala decidido e eu reviro os olhos sem perceber, mas dou um beijo em seus lábios novamente.
- Tudo bem, eu falei que não iria criar caso com isso, Christian. E para falar a verdade, não é como se eu os tivesse percebido de qualquer forma. - Dou de ombros e ele assente satisfeito e acaricia o meu rosto.
- Vamos para casa? Noite passado nem você e nem eu dormiu direito, confesso que estou um pouco cansado.
- Vamos sim, pois eu ainda tenho que estudar para a prova de amanhã. - Falo assim que entramos no carro e ele logo pega a minha mão. - Eu senti falta disso. - Falo sem perceber e mesmo na penumbra que está no carro, eu sei que ele está me encarando.
- Eu também senti.
Ele entrelaça os dedos nos meus e mesmo que eu saiba que preciso colocar o cinto, apenas me aproximo dele e sou envolvida por seus braços e recebo um beijo em meus cabelos. O que me faz suspirar, pois de alguma forma, eu me sinto que aqui, nesses braços eu encontrei não apenas o meu lugar, mas sim o meu lar.
- Eu amo você, Christian. - Sinto a necessidade de falar e ele suspira ao me apertar ainda mais em seus braços.
- Eu também te amo, Anastásia. Como jamais pensei ser capaz de amar alguém.
Eu sorrio ao ouvir suas palavras tão sinceras que aqueceram o meu coração e seguimos para casa num silêncio confortável, apenas sentindo um ao outro, sem nem mesmo ter percebido que enquanto estávamos em nosso próprio mundo do lado de fora do carro, estávamos sendo alvos de dois pares de olhos extremamente raivosos nos observando.
A cada 10 palavras do Pietro, 11 são pervertidas 🤣🤣🤣🤣! E minha nossa senhora dos gays sem filtro, purificai essa criatura pela bem das bochechas coradas da Ana, Amém 🙏🏻🙏🏻🙏🏻!
E o surto da Vanessa, hein! O que será que aconteceu? Eu só sei que eu não sei de nada 😏😏😏!
E quem serão as duas pessoas que estavam olhando o Senhor Romântico e a Borboletinha 🤔🤔🤔? Eu também não faço ideia 😏😏😏!
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