Capítulo - 47
Seattle – Janeiro/2014
Quinze anos! Esse é o tempo que não vejo mais os olhos da minha Esposa brilharem e que não vejo mais o seu sorriso sincero e radiante. Da mesma forma que não sinto a tranquilidade e o alívio que venho tentando buscar para o meu coração e mente cansada. Apesar de estarmos seguido em frente, um dia de cada vez, não perdemos a esperança que esse martírio irá enfim acabar. No entanto, eu sei que isso só poderá acontecer no dia que encontrarmos a nossa filha e a termos na segurança e proteção de nossos braços.
Durante todos esses anos, contratei mais de dez Investigadores e sempre tenho a mesma resposta passado um tempo depois que eles estão tentando encontrar a minha filha. E cada vez que eu ouço, "Desculpe-me Senhor Steele, mas não há nada que eu possa fazer, pois não encontrei nada que pudesse nos levar até a sua filha", é como se mais um pedaço da esperança que alimento em meu peito, fosse quebrada.
– Raymond! – Levanto o olhar do meu copo e encaro a minha mãe que entrou na minha casa como um furacão, fazendo-me suspirar. – Você pode me explicar por que dispensou o Rossetti sem me consultar? – Olho para a entrada da sala e vejo Marco, aguardando o desfecho do drama da minha mãe.
– Oi, Mãe! Eu estou bem também, obrigado por perguntar. – Ela revira os olhos e coloca a bolsa sobre o sofá, cruzando os braços enquanto me encara e novamente eu suspiro, levantando e caminhando até o bar para encher o meu copo, antes de focar a minha atenção nela. – Eu não preciso da sua autorização para dispensar ou remanejar os Seguranças, Mãe. E o Marco havia me avisado que precisaria ir para Portland, visitar o Tio, pois eles têm um compromisso que não podem faltar.
– Era só o que me faltava! – Ela joga as mãos para o ar e eu apenas a encaro. – Os Empregados têm privilégios com os seus compromissos antes dos seus Empregadores.
– Mãe, a Senhora está lembrada que dia é hoje? – Ela me olha confusa e eu bebo todo o conteúdo do meu copo, sentindo o meu coração se apertar. – Hoje, faz exatamente 15 anos que o meu pai faleceu e que a minha filha foi sequestrada, então eu acredito que o dia de folga do seu Segurança é o menor dos meus problemas agora, não acha não? – Ela suspira e se senta ao meu lado, pegando a minha mão, me surpreendendo com o seu ato.
A minha convivência com a minha mãe nunca foi ou será igual a que eu tinha com o meu pai, pois ele sempre foi o meu melhor amigo e companheiro. Aquele que eu poderia contar sempre, com tudo e para tudo, diferente da minha mãe que sempre foi mais reservada em relação as suas emoções e sentimentos.
No entanto, com o passar dos anos depois da morte do meu pai, ela ficou ainda mais reclusa e eu acredito que ela não tenha de fato superado a forma que perdeu o marido, vendo-o morrer em sua frente, sendo que ela ficou um tempo, ainda muito abalada. E é por essa razão que quando ela demonstra se importar com os meus sentimentos, eu estranho um pouco as suas atitudes.
– Eu jamais me esqueceria de que dia é hoje, meu filho, mas você não acha que está na hora de superar isso? – Encaro seus olhos castanhos e analiso as suas palavras. – Eu nunca vou me esquecer do seu pai, mas ele se foi e a vida continua, por essa razão não podemos simplesmente nos prender a quem não está mais conosco. – Ela acaricia o meu rosto e me dá um sorriso complacente. – E isso serve também para a sua filha, pois você nem sabe se ela ainda está viva, ou se... – Afasto a minha mão do seu toque e me levanto a interrompendo, voltando para o bar.
– Não diga isso, Mãe, pois eu tenho certeza que ainda encontrarei a minha filha e eu sei que ela está viva. – Decido não beber mais e coloco o copo no bar, pois preciso ficar bem para quando Carla acordar e não demonstrar que estou me rendendo, por falta de pistas. – E eu nunca irei desistir de procurar por ela, nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida. – Vejo Marco baixar a cabeça e minha mãe suspira se levantando para se aproximar de mim. Levo a mão ao rosto e seco as lágrimas que sem perceber deslizaram por minha face e acredito que bebi além do que deveria ter bebido.
– Tudo bem, Raymond, se você acredita que irá encontrar a sua filha, não sou eu que farei com que desista dessa ideia, mesmo achando ser quase improvável para isso acontecer. – Novamente ela suspira e pega uma de minhas mãos nas suas. – Mas isso não está te fazendo bem, filho. Você está se acabando por permanecer nesse ciclo sem fim. Não está vivendo, apenas trabalhando e cuidando da sua mulher e esquecendo completamente da sua saúde e bem estar. Olha só para você. – Ela aponta para mim e imagino que devo estar uma merda hoje. – Bebendo a esta hora da manhã? Francamente! – Eu respiro fundo e ela se afasta, voltando a ser a mãe que eu estou habituado que ela sempre foi. Altiva e reservada, sem muitas demonstrações de carinho. – Eu preciso que você deposite mais dinheiro na minha conta, aquele valor que você depositou não foi suficiente. – Eu assinto, pois não irei discutir com ela sobre isso. – Vamos, Rossetti, tenho compromisso antes do almoço e não posso me atrasar.
– Mãe, o Marco está de folga, chame outro Segurança. – Ela se vira novamente para mim e revira os olhos.
– Eu quero outro Segurança, pois o Rossetti sempre tem uma desculpa para ir para Portland ver o Tio e não cumpre com as suas obrigações e prioridades. – Olho para Marco e vejo a sua tensão, mas trabalhar para a minha mãe não é a coisa mais fácil do mundo, com toda certeza.
– Tudo bem. – Ela me encara com um sorriso satisfeito achando que irei ceder, mas não dessa vez. – Irei designar outro Segurança para ficar com a Senhora e a partir de amanhã, o Marco ficará responsável pela Segurança da Carla. – O seu sorriso se fecha e ela me olha com raiva.
– Mas isso é um absurdo. Não vejo necessidade para Carla ter um Segurança com a experiência do Rossetti, pois além de perder tempo indo para aquele Instituto, ela apenas fica em casa. – Faço uma troca de olhar com o Marco e ele dá de ombros, como se dissesse, "Você decide e eu acatarei" e vejo o quanto a minha mãe é contraditória. Nego com a cabeça, pois dessa vez estou compadecido do meu amigo, pois sei o quanto a minha mãe é exigente.
– Eu já decidi Mãe. Irei conversar com o Marco e ele colocará outro Segurança em seu lugar.
– Tudo bem, afinal a decisão final é sempre sua, não é mesmo, Raymond? – Ela pega a bolsa sobre o sofá e sai da sala a passos firmes e eu respiro fundo, sentando-me novamente.
– Ray, eu fico com a sua mãe hoje, mas eu preciso mesmo ir para Portland à noite. – Marco se aproxima e senta ao meu lado, mas não olha em meus olhos.
Desde o dia que o meu pai faleceu, Marco e eu nos aproximamos muito e posso dizer que nos tornamos amigos, mesmo às vezes eu o encontrando com um olhar distante e semblante triste, quando olha para mim ou a Carla. Eu vejo que ele carrega um fardo – ou pode ser um trauma por ter sido um Fuzileiro Naval e fica compadecido com a nossa situação, por viver conosco por todo esse tempo, mas isso eu não posso afirmar com certeza –, porém ele sempre diz que está tudo bem.
– Se você acha que não irá atrapalhar o seu compromisso de hoje, Marco, eu agradeceria se pudesse fazer isso, afinal você está acostumado a lidar com a minha mãe. – Ele sorri de lado e assente. – Você poderia verificar quem seria capaz de fazer a Segurança dela, sem precisar de terapia depois? – Ele dá uma risada e assente novamente, mas ainda de cabeça baixa. – Pois, sinceramente, hoje eu não estou com cabeça para resolver nada e estou tão cansado de tudo. Cansado de não ter nenhuma pista. Cansado de todos os Investigadores desistirem, antes mesmo de começarem a investigar sobre o paradeiro da minha filha. Eu só queria que esse pesadelo acabasse. – Desabafo colocando para fora o que venho guardando sozinho por todo esse tempo e ele levanta a cabeça e me encara de uma forma que não consigo decifrar.
– Ray, eu sinto muito. – Sinto a sinceridade em sua voz e algo a mais que não consigo entender no momento, talvez por estar sobre o efeito do álcool em meu organismo, mesmo que não tenha sido em grande quantidade.
– Obrigado, meu amigo. – Levanto-me do sofá, pois preciso me recompor antes que Carla veja que por pouco eu não esmoreci, e ele, faz o mesmo parando a minha frente.
– Raymond, me perdoe, mas eu preciso te contar que...
– Bom dia! – Damos um sobressalto quando somos interrompidos pela voz animada do William, que entrou na sala e Marco suspira, deixando-me sem entender a sua reação.
– Bom dia, Filho, tudo bem?
William é filho do irmão mais velho da Carla e está morando conosco há dois anos, desde que veio do Kansas para cursar Medicina na Universidade de Seattle. Ele é um ótimo rapaz e apesar de ter apenas 20 anos, é muito responsável, dedicado e amoroso. Ele tem um carinho e ligação muito forte com a Tia, pois ela é a figura materna que ele conhecia, além da avó, pois foi abandonado por sua mãe ainda bebê com o pai.
Pensar nisso me causa uma indignação tão grande, mesmo não sabendo os motivos que a mãe dele teve para tomar essa atitude, mas eu penso o quanto isso é injusto e que nada justifica uma mãe abandonar o seu próprio filho, pois tanto eu quanto a Carla daríamos tudo para ter a nossa filha conosco e aquela mulher que teve a chance de ver o seu filho crescer e se tornar o homem que é hoje, simplesmente não o quis.
– Estou bem sim, Tio Ray, só um pouco cansado. – Ele fala e sorri, mas alterna o olhar entre o Marco e eu, ficando envergonhado. – Eu atrapalhei a conversa de vocês, não atrapalhei?
– Está tudo bem, William, estávamos apenas conversando. – Ele assente e suspira aliviado, mas eu viro-me para o Marco que continua em silêncio. – O que você estava dizendo, Marco? – Ele nega com a cabeça e se afasta um pouco.
– Não era nada, não se preocupe. Eu irei verificar o Segurança para a sua mãe, conforme você me pediu e a partir de amanhã fico a disposição da Carla. – Eu assinto e vejo que ele de fato queria falar algo, mas não irei força-lo. – Estou indo, qualquer coisa, me ligue. E Ray? – Aguardo que ele fale e me dando um sorriso triste, ele me deixa confuso com suas palavras. – Não desista, pois na hora certa tudo irá se resolver e você irá encontrar a sua filha. Tenham um bom dia.
Ele sai da sala fechando a porta que minha mãe deixou aberta e olho para William que ficou tão confuso quanto eu, mas ele dá de ombros e segue para a sala de jantar para tomar o café da manhã e eu balanço a cabeça, cansado demais para tentar imaginar o que ele quis dizer com isso. Porém eu vou me apegar as suas palavras que soaram tão sinceras, pois eu sei que irei sim encontrar a minha filha e junto com a mãe dela, iremos dar todo o carinho, amor e proteção que nos foi privado de dar a ela.
Com a esperança renovada em meu peito – mesmo que o dia de hoje seja lembrado por tristezas –, eu subo as escadas com a certeza que esse pesadelo irá sim acabar.
(...)
Agosto/2018
– Como você está meu amigo? – É a primeira pergunta que ouço de Carrick, assim que se senta a mesa do Restaurante que marcamos de nos encontrar, mas vejo que ele também não está nada bem.
– Na medida do possível, eu estou bem Carrick e você? Estou te achando preocupado. – Ele chama o Garçom pedindo uma bebida e eu faço o mesmo. Ele respira fundo antes de me encarar com seus olhos cinzentos que estão além de cansados, tristes.
– E estou mesmo, Ray. Estou preocupado com o meu filho, pois o Christian a cada dia que passa está mais distante da família, se afundando apenas na sua Empresa. – Ele para de falar quando o Garçom se aproxima para entregar nossos pedidos, retomando o assunto em seguida. – Pode parecer exagero da minha parte, mas para ter uma ideia, a última vez que vi o meu filho, foi na semana passada, quando ele estava saindo de casa pela madrugada coincidentemente no mesmo horário que eu, quando precisei ir mais cedo para o Hospital. – Ele dá um gole em sua bebida e retira a gravata, colocando-a no bolso.
– E o Caleb e o Richard? Como eles estão com tudo isso? – Eu sei o quanto esses irmãos eram unidos e apesar de não saber exatamente o que aconteceu com o Christian para mudar dessa forma, eu sinto a dor do meu amigo, por ver um filho sofrer e não poder fazer nada.
– Eles também sentem muito esse afastamento do irmão, principalmente o Caleb que sempre teve uma ligação muito forte com o seu gêmeo, apesar de saber disfarçar bem com o seu bom humor. O Richard é mais sério e reservado, mas por sempre achar que era responsável pelos irmãos, mesmo depois deles terem crescido e virado homens, ele se sente culpado, por achar que poderia ter feito mais para evitar tudo o que aconteceu com o irmão. – Ele bebe o restante da sua bebida e me encara. – Mas isso é uma situação que eu infelizmente não posso fazer nada. Eu posso apenas aguardar o tempo dele e quando ele se sentir pronto, eu sei que irá superar tudo isso. – Eu assinto e ele suspira mudando de assunto. – Mas e você, vai se encontrar com o Christian quando para falar sobre a sua plataforma petrolífera?
– Nos encontraremos amanhã. – Ele assente e sorri orgulhoso do filho. – Quem diria que um dos seus filhos, seria o responsável para executar um projeto para mim? Isso é claro, se ele aceitar pegar o meu projeto. – Talvez ele não aceite por ter que se ausentar de Seattle por um tempo, completo em pensamento.
– Sei que posso parecer um pai babão falando isso, mas o meu filho é muito talentoso e acredito que ele irá sim aceitar em pegar o seu projeto. O Christian não recusaria nenhum desafio. – Ele sorri e eu assinto. – Desde a adolescência ele fazia seus desenhos com uma perfeição que me espantava, mas o que eu poderia esperar, ele puxou todo o seu talento de mim, é claro. – Ele levanta o seu copo num brinde em minha direção com o seu sorriso debochado de sempre, o que me faz rir e negar com a cabeça da sua falta de modéstia. – Na verdade, sou muito orgulhoso dos meus três filhos, cada um dentro da sua área e logo terei o Caleb trabalhando comigo e a Grace no Hospital e não vejo a hora para isso acontecer, pois estou ficando velho, meu amigo e saber que o meu legado será continuado por um dos meus filhos, me deixa muito feliz.
– O tempo passa tão rápido, não é mesmo, Carrick? – Ele assente, mas não me interrompe. – Lembro-me como se fosse ontem, a Grace grávida dos gêmeos e o Richard correndo deixando a Lola desorientada atrás daquele espoleta e hoje, são homens formados. Do mesmo jeito que me lembro da primeira vez que vi a Carla e me apaixonei no mesmo instante. – Sinto o meu coração se apertar por ter perdido a gravidez dela e consequentemente termos perdido a nossa filha. – Só de pensar que vai fazer 20 anos que sou pai e não pude ter a minha filha em meus braços, me faz enxergar o quanto o tempo não para e se deixarmos, ele irá nos consumir sem nem mesmo percebermos.
– Isso é verdade, Ray. O tempo passa mesmo muito rápido, mas não desista, meu amigo, pois eu sei que você irá encontrar a sua filha e poderão recuperar o tempo perdido e ser a família que deveria ter sido desde o início. – Eu assinto e encaro o fundo do meu copo vazio.
– Eu fico pensando, se ela tem outra família, se quem a levou de nós a tratou e a trata bem. Se ela é feliz ou se pelo menos sabe que tem uma família que espera por ela, que deseja tê-la nos braços e dizer o quanto a amamos. – Encaro o meu amigo e vejo empatia em seus olhos, me fazendo suspirar. – Eu quero apenas pensar que ela esteja bem, pois eu não posso imaginar que ela esteja sendo maltratada, passando por privações ou coisa pior. Não quero pensar nessas possibilidades, Carrick, ou irei enlouquecer, pois eu sei que ela está viva. Algo dentro de mim me diz que ela está sim, viva e bem.
– Eu sei que não é fácil, mas você não pode e nem deve pensar apenas na negatividade da situação, mesmo que ela não seja agradável em nenhum aspecto, pois eu não me imagino no seu lugar e nem sei o que você está sentindo. Eu tenho certeza que ficaria louco se perdesse um dos meus filhos. – Eu assinto engolindo o nó que se formou na minha garganta, pois não desejo isso para ninguém. – Mas pense que tudo nessa vida acontece da forma que tem que acontecer, por mais cruel que isso possa parecer, pois vejo o quanto isso está acabando com você e a Carla, mas tudo tem um motivo e eu acredito que em breve você vai saber qual é o propósito para tudo isso ter acontecido.
– Assim eu espero meu amigo. Assim eu espero.
(...)
México – Janeiro/2019
– Eu queria que você estivesse aqui comigo, Carla. – Suspiro e sento-me na cama do quarto de Hotel, estando tão longe da minha Esposa nesse dia de hoje.
– Eu sei Ray, mas eu não poderia deixar o Instituto por todo esse tempo sozinho, além do mais eu ficaria sem fazer nada enquanto você estivesse com o Christian resolvendo as questões do seu projeto. – Ouço sua voz triste pelo telefone e meu coração se aperta, mesmo eu percebendo que ela está tentando ser forte. – E como o Christian está? Você disse que ele realmente está bem diferente do adolescente que lembrávamos.
– Ele é um excelente profissional, leva tudo com a maior dedicação e os seus funcionários o respeitam muito, mas aquele adolescente sonhador que tinha um brilho sem igual nos olhos, apesar da seriedade que sempre teve, não existe mais. – Hoje eu entendo o que o Carrick quis dizer quando falou sobre ele estar se afastando cada vez mais. – Em todo esse tempo que estive com ele, eu nunca o vi dar um sorriso. Hoje ele exala uma frieza que me assusta em ver isso num rapaz tão jovem, mesmo eu não tendo conhecimento dos seus motivos, mas isso me entristece, principalmente por Carrick e Grace, que estão tão preocupados com ele.
– Talvez ele só não tenha encontrado a motivação que precisasse para perceber que nem tudo está perdido, que independente do que passamos, não devemos nos entregar a dor e ao sofrimento. – Dou um sorriso triste, pois Carla sempre procura ver o lado positivo nas situações, sem perder a esperança que tudo um dia irá melhorar. – Quando ele perceber que há motivos para voltar a sorrir, motivos para voltar a viver sem o peso do que quer que tenha acontecido, ele se dará uma chance e vai superar seja o que for que o atormenta.
– É verdade, concordo com você, Amor, mas vê-lo imerso no trabalho e depois buscando alívio no Bar e saindo acompanhando de mulheres aleatórios me deixa preocupado, pois dessa forma ele não irá superar os seus traumas e medos, apenas está amortecendo com prazeres momentâneos e se afundando cada vez mais.
– Ele é um homem, Ray, uma hora ou outra ele irá perceber isso. Eu sei que você se preocupa com ele, da mesma forma que se preocupa com os irmãos dele, pois você imagina se fosse a nossa filha numa situação como essa e gostaria de fazer alguma coisa para ajuda-lo, mas conhecendo a personalidade dele, de quando era um adolescente, sabemos que apenas ele será capaz de superar e mudar o que ele achar que está errado.
– Eu sei. Você está certa. – Levanto-me da cama e caminho até a janela do meu quarto, vendo a noite nublada, semelhante à forma que está o meu coração. – E como você está Amor? Está sozinha? – Ouço seu suspiro do outro lado da linha e fecho meus olhos, querendo estar com ela nesse momento.
– Eu estou bem, não precisa se preocupar. O William está comigo. – Ela para de falar e pelo tom da sua voz, eu sei que ela está se segurando para não chorar e me deixar ainda mais preocupado. – Ele ficou o dia todo comigo. Hoje era aniversário de uma amiga da Universidade, mas ele se desculpou por não poder comparecer e não saiu do meu lado. – Agradeço muito por William morar conosco, pois ele faz muito bem para Carla e confesso que para mim também.
– É impossível não me preocupar, ainda mais por estar tão longe nesse momento, mas na próxima semana eu retorno para casa.
– Não se apresse! Eu estou e ficarei bem. Nós dois ficaremos bem, certo?
– Sim, Amor. Nós dois ficaremos bem. – Assim que encontrarmos nossa filha, completo apenas para mim. – Eu vou deixar você dormir que já é madrugada. Eu te amo, Carla.
– Eu também te amo, Ray.
Desligo o telefone e depois de pensar por um momento, decido ir para o Bar do Hotel, sabendo que não conseguirei dormir tão cedo e acabei me assustando com a presença de Christian, sentando-se ao meu lado e por um momento, conversar com ele parcialmente dos meus problemas me fez sentir bem. E eu pude comprovar o quanto esse rapaz carrega uma amargura que está o consumindo a cada dia que passa, mas eu sei que dei a ele o que pensar com as minhas curtas palavras, da mesma forma que ele acendeu um pouco mais a esperança que alimento em meu peito, quando disse para eu procurar o seu irmão, Richard, para que ele pudesse analisar o caso da minha filha.
Christian ainda é muito jovem e irá perceber que dores e sofrimentos sempre acontecerão em nossas vidas. Umas mais leves, enquanto outras nos darão a sensação de que nunca conseguiremos superar, mas que devemos ser fortes e nunca desistir, pois uma hora ou outra encontraremos o alívio que tanto almejamos para nossas almas cansadas e corações fragmentados.
Somos humanos e faz parte da nossa natureza querer se render ao primeiro obstáculo que encontrarmos no caminho, mas devemos respirar fundo, erguer a cabeça e tentar fazer o impossível para não sucumbirmos ao abismo que insiste em querer nos devorar. E para que isso aconteça, precisamos encontrar apenas uma motivação para querermos melhorar, mudar e superar o que tanto nos atormenta e no meu caso, isso só irá acontecer quando eu encontrar a minha filha e fizer a minha Esposa novamente sorrir, então estarei novamente completo.
(...)
Seattle – Abril/2019
Quando menos esperamos somos surpreendidos pela vida e estou vivendo isso desde que retornei do México, mas nem sempre as surpresas são agradáveis. Há pouco mais de um mês, Marco sofreu um acidente onde o seu carro foi parar no lago Washington e além do seu tio ter falecido, ele ainda está desaparecido.
A Carla ficou muito chateada, principalmente por pensar na sobrinha dele – que eu nem sabia que ele tinha, pois para mim, ele era filho único –, imaginando o quanto ela deve estar triste por perder duas pessoas dessa forma. E por falar na sobrinha dele, não me esqueço do dia que ela me ligou com uma animação em sua voz que eu não ouvia há muito tempo, quando disse que conheceu essa mocinha na Loja da Vanessa Parker, quando esteve no local com a minha mãe e se não bastasse às surpresas, descobrimos que ela é amiga do William da Universidade.
Eu ainda não tive a oportunidade de conhecê-la, pois no dia que isso iria acontecer, no almoço de aniversário de 30 anos do Richard, recebi uma ligação desesperada da Governanta da minha mãe, dizendo que ela passou mal ficando desacordada e precisamos ir até a sua casa para leva-la ao Hospital, mas quando chegamos, ela estava melhor por não ter passado de uma queda de pressão e não foi mais necessário. No entanto não havia mais clima para comparecer ao almoço e retornamos para casa, fato que na próxima semana eu teria que voltar para o México, ver como está o andamento da construção da Plataforma que o Christian desenvolveu.
Eu não queria me ausentar de Seattle, ainda mais agora que Richard está empenhado em encontrar a minha filha e depois de me encontrar com ele, eu senti uma nova chama de esperança maior se acender em poucas horas de conversas do que durante todo esse tempo de buscas frustradas, deixando-nos ainda mais apreensivos com as negativas recebidas, mas alguma coisa agora me diz que dessa vez será diferente, seja de forma negativa ou positiva, o que desejo do fundo do meu ser que seja a segunda opção.
– Você tem certeza que não quer ir comigo, Carla? – Pergunto enquanto ela termina de se arrumar para me acompanhar até ao Aeroporto. Ela me olha pelo espelho enquanto faz uma trança em seus cabelos e sorri.
– Eu gostaria muito, mas não posso me ausentar por quase um mês do Instituto, você sabe disso, Amor. – Eu assinto resignado, pois eu sei o quanto ela se dedica ao seu trabalho.
O Instituto Alvorecer foi criado dez anos depois que tudo aconteceu em nossas vidas, sendo de certa forma uma homenagem a nossa filha, Aurora, dando o significado do seu nome para algo que viria a ser uma válvula de escape para ela não se afundar ainda mais na tristeza por não termos a nossa filha conosco. Depois que a Carla se formou em Administração na Universidade de Seattle – o que foi uma tentativa bem sucedida para distraí-la um pouco dos que estávamos passando –, ela queria ajudar as pessoas de alguma forma. E tendo isso em mente, decidimos fundar o Instituto para fins Filantrópicos e Educacionais.
Por meio da SCP criamos o Instituto totalmente independente de Órgãos Governamentais e sem fins lucrativos. Tendo todo e qualquer lucro adquirido convertido em Bolsas Estudantis, sendo parcial ou total para Universidades, Cursos Profissionalizantes e Colégios Particulares, visando ampliar a Educação para pessoas de baixa renda, dando-lhe a oportunidade de ingressar no Mercado de trabalho futuramente.
Carla ainda faz um trabalho para causas sociais, auxiliando famílias que passaram ou passam por situações como a nossa, ajudando-os a encontrar seus filhos que foram subtraídos do seu convívio, além de fazer constantes doações para Instituições menores que promovem várias ações de auxílio aos menos favorecidos e devo dizer que estou muito orgulhoso da força e determinação que minha Esposa tem.
– Eu sei meu Amor, apesar de não querer ficar longe de você por todo esse tempo, eu entendo. – Ela se levanta pegando a sua bolsa e eu me aproximo, envolvendo-a me meus braços. – Você conseguiu resolver o problema da divergência financeira das Bolsas dos Estudantes da Universidade de Seattle? – Dou um beijo em seus lábios e ela sorri, mesmo que a tristeza nunca abandone os seus olhos.
– Sim, na verdade não chegou a ser um problema exatamente, mas a Catherine fez uma auditória nas contas e identificamos o erro, mas já foi repassada a verba para a Universidade.
– Catherine Johnson foi uma grande aquisição para te ajudar no Instituto, não é mesmo?
– Sim, ela estava entediada em casa e quando conversamos naquele Jantar Beneficente sobre o Instituto Alvorecer ela se prontificou imediatamente em se voluntariar. – Ela me abraça e respira fundo e eu sei que está sentindo o meu cheiro. – Vou sentir saudades.
– Eu também, Amor. – Dou um beijo em sua testa e me afasto vendo a hora. – Vamos? Eu ainda preciso passar na Empresa para pegar os documentos que preciso levar para o México, antes de irmos para o Aeroporto. – Ela assente e saímos de casa em direção a minha Empresa.
Eu só não imaginei que dentre esses documentos, eu iria receber uma carta que mudaria completamente a nossa vida, fazendo com que estejamos a um passo de encontrar a nossa filha, que sempre esteve tão perto e ao mesmo tempo tão longe de nós, precisando aguardar a confirmação de um Exame de DNA para termos a certeza que realmente seja ela.
(...)
– Raymond, fique calmo, assim você irá passar mal. – Carla me abraça depois de tirar o telefone das minhas mãos, após eu encerrar a ligação com Christian, avisando que logo estaria aqui com a nossa filha.
– Eu estou tentando, mas foram tantos anos em busca de uma única pista que fosse e o culpado por todo o nosso sofrimento esteve o tempo todo ao nosso lado. – Me lembrar do Marco me deixa furioso, ainda mais por ele ter presenciado tudo que passamos e nunca ter dito uma única palavra.
– Eu sei. Mas não podemos nos precipitar, você ouviu o que a Anastásia nos contou, o quanto ela o amava e admirava. E eu não consigo ver o Marco como uma pessoa ruim. – Ela se afasta e vejo seus olhos com lágrimas não derramadas e eu respiro fundo.
– Mas então por que ele fez isso, Carla? Por que ele levou a nossa filha de nós? E ainda teve a capacidade de permanecer conosco, trabalhando para nós por todo esse tempo. Eu sinceramente não consigo entender.
– Vamos manter a calma e conversar com a nossa filha, pois eu não tenho a menor dúvida que ela seja a nossa filha. Para mim, não há necessidade de fazer exame de DNA, eu sinto que é ela, como nunca senti antes. – Eu assinto e ela sorri, permitindo que suas lágrimas deslizem por sua face. – Você viu o quanto ela se parece com você? Ela tem os seus olhos, os seus cabelos e até mesmo o sorriso dela se parece com o seu.
– Sim, mas ela tem a sua doçura e o que eu pude perceber a sua força e determinação também. – Ela assente ainda com um sorriso nos lábios. – Vamos descer, eles devem estar chegando a qualquer momento.
Ela assente secando o seu rosto e saímos do quarto, descendo para a sala e aguardando o que parece ser uma eternidade até que os Seguranças nos informam que eles chegaram. Sinto o meu coração bater tão descontrolado a ponto de me sufocar, no entanto eu respiro fundo algumas vezes, tentando me controlar, pois diferente das duas últimas vezes que nos encontramos, ela não sabia quem de fato éramos, mas agora é diferente. Ela sabe que possivelmente somos os seus pais e o medo de sermos rejeitados por ela, nos assombra desde o momento que descobrimos quem poderia ser a nossa filha.
Á medida que os carros estacionam eu sinto Carla apertar a minha mão e percebo o quanto ela está trêmula e gelada. Tento passar tranquilidade para ela, da mesma forma que a minha vontade seja correr e tomar Anastásia em meus braços e dizer o quanto sonhei com esse momento, mas preciso manter a calma, pois posso imaginar o quanto isso está sendo assustador e surreal para ela.
– Bom dia, Carla, Raymond! – Richard nos cumprimenta assim que desce do seu carro.
– Bom dia, Richard. – Ele aperta a minha mão e Carla o abraça, se afastando em seguida mantendo a sua atenção no carro de trás, assim como eu.
– Fiquem tranquilos! A Ana só precisa de alguns minutos. – Olho para ele, que alterna o olhar entre Carla e eu, mantendo-se sério. – Ela está insegura, pois durante todos esses anos, ela acreditava que havia sido abandonada, mas mesmo acreditando nisso, ela sempre desejou conhecer os pais e agora que isso está se concretizando, ela tem medo que vocês não a aceitem.
– Podemos imaginar a confusão que está na cabecinha dela, mas se ela soubesse o quanto desejamos tê-la em nossos braços. – Carla fala com a voz embargada, mas se mantém firme e Richard assente.
– Daqui a pouco uma Equipe do Laboratório dos meus pais virá para coletar o material para o Exame de DNA, mesmo não tendo dúvidas que vocês sejam os pais dela, mas de qualquer forma esse exame será necessário para legalização dos documentos dela.
– Obrigado, Richard.
Não falamos mais nada no momento que vemos Christian sair do carro, enquanto o seu Segurança abre a porta, revelando a nossa filha. Engulo o nó que insiste em sufocar a minha garganta e isso aumenta à medida que acompanhamos os seus passos incertos em nossa direção, enquanto se mantém ao lado de Christian, como se ele fosse o seu escudo contra tudo que pudesse fazê-la mal e vejo a forma protetora que ele segura a sua mão.
Por breves segundos, lembro-me do dia que estive a primeira vez em sua Empresa, há oito meses e eu disse que eu sentia que aquele não seria o nosso único contato, porém eu jamais poderia imaginar que seria ele junto com os seus irmãos que iriam trazê-la para nós, acabando com toda a dor e sofrimento que nos consumia, fazendo com que esse encontro que está acontecendo hoje, fosse algo irreal, apenas fruto das nossas mentes que se negavam a aceitar que não a encontraríamos.
Controlando a vontade que tanto eu quanto a Carla estávamos sentido de abraça-la e confirmar que ela é mesmo real, seguimos para a sala depois dos rápidos cumprimentos e antes de iniciarmos a conversa que mudará em definitivo as nossas vidas, William aparece, pronto para ir para a Universidade, mas eu não poderia privá-lo de ouvir toda a história, afinal, ele é da família sendo como mais um filho para mim.
E estando todos atentos e um tanto quanto ansiosos, eu começo a contar toda a nossa história, sem que eles me interrompessem, estando cada um dos presentes imerso em suas emoções à medida que as palavras eram ditas. Reviver tudo desde o início machuca não apenas a mim, mas a Carla também que ainda se culpa por não ter me contado sobre a gravidez. Ela acredita que se tivesse me contado, nada disso teria acontecido, mas eu jamais irei julgá-la ou condená-la por isso, pois ela teve os seus motivos, mesmo que eu não concordasse com eles.
Depois de falar tudo que passamos todos esses anos, o silêncio tomou conta do ambiente, sendo quebrado apenas pelos soluços da Carla e da Anastásia, que esteve a todo o tempo, abraçada ao Christian, que parece pronto para levá-la para longe de tudo que está a machucando por conhecer também o seu passado, mesmo que indiretamente.
– Você entende agora, Filha, que nunca, jamais abandonamos você e que estivemos todos esses anos a sua procura? – Ela assente e olha para Christian, que lhe dá um sorriso reconfortante, antes dela focar a sua atenção entre mim e Carla novamente. Porém cansado dessa distância que está entre nós, eu levanto-me e estendo a mão para ela, que demora alguns segundos antes de pegá-la e se levantar também. – Eu não acompanhei a sua mãe quando estava grávida de você, mas desde o momento que eu soube que você estava a caminho, o meu coração foi dividido de imediato, pois uma parte sempre pertenceu a sua mãe e a outra já estava preparada para acolher o bebê que mesmo a distância, tinha todo o meu amor. – Levo uma mão ao seu rosto e o acaricio, sentindo que é real, que a minha filha está mesmo diante de mim. Eu viro-me e estendo a mão para Carla que vem de imediato ficando ao nosso lado. – Mesmo que nós ainda teremos que fazer o Exame de DNA e que ele seja de fato necessário, eu sei que isso será apenas para formalidades burocráticas, pois você é a nossa Princesa, a nossa filha que tanto desejamos e amamos com todo o nosso coração. – Ela solta um soluço intensificando o seu choro e eu a envolvo em meus braços, junto com a sua mãe e me sinto pela primeira vez nesses 20 anos, novamente completo, pois estou com o meu mundo inteiro em meus braços, as duas mulheres da minha vida e que farei de tudo para protegê-las.
– Perdoe-me, minha filha. Perdoa-me por não ter contado para o seu pai sobre a gravidez, pois toda essa distância e esse sofrimento teriam sido evitados. – Carla fala entre suas lágrimas e Anastásia se afasta dos meus braços, para olhar em seus olhos.
– Eu... Eu não tenho que perdoá-la. – Ela para de falar e respira fundo, tentando controlar suas emoções pegando na mão de Carla, que a aperta como se fosse para confirmar que a nossa filha está mesmo aqui, conosco. – Eu sei que vocês sofreram por todos esses anos e eu desejei muito saber o que havia acontecido para que eu não tivesse os meus pais comigo, mas eu acredito que tudo acontece do jeito que tem que acontecer, mesmo que não aceitemos o que Deus tem preparado para nós. – Ela fala com sua voz doce e suave, mesmo estando embargada. – Mas e se o DNA não for positivo? E se eu não for à filha que vocês estavam procurando? – Ela faz as perguntas e vejo o medo em seus olhos, mas antes que eu responda que não há dúvida nenhuma quanto a isso, ouvimos um pigarrear e olhamos para Richard, que está com uma pasta na mão.
– Ana, não há dúvida que você é a filha deles, pois a carta que o Marco enviou para você é praticamente um complemento da que foi enviada para Raymond e você reconhece essa foto? – Ele entrega a fotografia para ela que a analisa e assente.
– Sim, esta sou eu, alguns dias antes de fazer dois anos, mas por que você tem essa fotografia, Richard? – Ela faz a pergunta confusa e ele olha para Christian antes de respondê-la.
– O Raymond recebeu essa fotografia há 18 anos, como prova que a filha deles estivesse viva e agora temos certeza que quem a enviou foi o Marco. – Ela fica em silêncio por um momento, mas logo se afasta nos olhando de forma intensa.
– Vocês por um acaso estão insinuando que foi o meu Tio Marco que me sequestrou?
– Filha, não há dúvidas que ele seja o culpado por tudo que passamos. Que ele teve cúmplices durante todos esses anos para te manter afastada de nós e que todos os envolvidos devem pagar por isso. – Eu tento pegar em sua mão, mas ela se afasta novamente e Christian se levanta rapidamente do sofá.
– Não! – Ela nega com a cabeça e lágrimas voltam a deslizar por sua face. – Se ele fez isso, alguma razão ele deveria ter, pois ele sempre falou que tudo que fez e fazia era para me proteger e a minha Tia Ângela não é cúmplice de nada. Vocês não vão culpar o meu Tio e muito menos o Padre Lutero, que nem aqui estão para se defender e não irão fazer nada contra a minha Tia. Eu não vou deixar.
– Filha, por favor... – Interrompo o que iria dizer, com o olhar que Christian direciona a mim e eu apenas abraço a Carla, que voltou a chorar por ver o estado da nossa filha.
– Ana, fique calma. – Christian se aproxima rapidamente e a toma em seus braços. – Ninguém vai fazer nada contra a Ângela, mas precisamos conversar com ela e saber o que ela sabe sobre isso, tudo bem?
– Você pode me prometer que nada vai acontecer com a minha Tia? Pois eles não são culpados, Christian.
– Sim, eu te prometo que nada irá acontecer com ela, mas de qualquer forma teremos que ouvir a versão dela e entender o que aconteceu. – Ela assente e volta a abraça-lo e eu vejo o quanto à conexão desses dois é forte, pela forma que ele conseguiu acalmá-la e a confiança que ela tem nele.
O silêncio novamente tomou conta do ambiente e Carla me olha com seus olhos verdes que estão vermelhos por conta das lágrimas e eu assinto a sua pergunta muda, pois se a nossa filha ama tanta essas pessoas que a criaram, eu não seria capaz de fazer algo que pudesse magoá-la, mas eu preciso entender o porquê de tudo isso.
Eu preciso pelo menos tentar entender o motivo que levou o Marco a nos separar da nossa filha, pois a confirmação para isso eu não terei, tendo em vista que ele não está mais entre nós, mas saber que a nossa filha está conosco, bem e saudável me dá a paz que eu venho buscando ter por todo esse tempo e por enquanto, isso para mim já basta.
Eita que a Borboletinha ficou brava hein 😱😱😱?!
E aqui nos despedimos do Raymond e sua história, agora vamos deixar para Ana e Christian continuarem a prosseguir com o show, não é mesmo 🤭🤭🤭?
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