Capítulo - 42
Olá, Pessoas!
"Oia" eu aqui de novo 🤭🤭🤭! Será que tem alguém esperando por mim? Eu espero que sim viu 🤭🤭🤭!
E só para reforçar, as postagens continuam como antes, todas terças e sextas-feiras (segundas e quintas às 00h00). Se houver mudanças, eu avisarei.
Por enquanto NÃO teremos nenhum capítulo extra (nem mesmo os de Aniversariantes do Mês), mas no decorrer dos próximos meses - tudo vai depender dos meus planos se derem certo -, isso poderá mudar. Então não fiquem bravos (as) comigo, pois farei de tudo para manter a regularidade das postagens de dois capítulos semanais.
No mais, desejo a vocês um 2021 repleto de bênçãos com muita saúde e perseverança para conseguirmos enfrentar os dias e acordar sempre para um novo amanhã.
E agora, chega de ladainha já logo no início e vamos ao capítulo, não é mesmo 🤭🤭🤭?
Conversar com Raymond e Carla de certa forma foi a minha decisão mais acertada, mesmo que a minha intenção inicial indo até o local que eles estavam com a Anastásia, fosse apenas para evitar que eles revelassem a verdade antes que eu tivesse a oportunidade de conversar com ela. No entanto eles têm razão em querer se aproximar da filha – mesmo que ainda seja necessário fazer o Exame de DNA –, afinal foram 20 anos sem saber notícias ou ainda ter que conviver com a incerteza que ela ainda pudesse estar viva.
Porém não vou negar que um sentimento incômodo se apodere de mim em pensar nessa aproximação deles – o que eu sei ser direito de Raymond e Carla, estarem com a filha –, mas... Eu simplesmente não consigo nomear com exatidão o que eu estou sentindo sobre isso, mas que por enquanto, eu sei apenas que não conseguirei encarar aqueles olhos azuis tão vivos e brilhantes sem revelar a possibilidade – que é uma certeza para mim – que ela irá encontrar os seus pais.
Taylor me observa durante todo trajeto pelo retrovisor interno do carro, desde que saímos daquela Delicatessen, mas não fala nada, mantendo a sua discrição de sempre, porém estou me sentindo sufocado e preciso expurgar essa frustração e, sem pensar muito, eu pego o meu celular e disco para o número do culpado dessa situação um tanto quanto precipitada.
– Christian, aconteceu alguma coisa? Você está bem? – Ignoro as suas perguntas e sua voz preocupada, fazendo outra pergunta por eu estar muito irritado.
– Onde você estava com a cabeça que apresentar a Anastásia para Raymond e Carla, antes de fazer o Exame de DNA, seria uma boa ideia? – Meu irmão fica em silêncio por um momento, mas ouço o seu suspiro do outro lado da linha.
– Christian, qual é o problema afinal de contas?
– O problema, Richard, é que estou acabando de sair de uma Delicatessen onde os dois estavam com a Anastásia, e se eu não tivesse falado para Taylor colocar alguém para fazer a Segurança dela a distância, eu não saberia, e eles poderiam ter revelado toda a verdade, antes que eu pudesse conversar com ela. – Falo irritado num fôlego só e novamente ele suspira.
– Eu sei que você está preocupado com os sentimentos da Ana, mas eles tinham o direito de saber que a filha estava mais perto do que eles poderiam imaginar, Christian, você mesmo sabe o quanto essa situação estava sendo dolorosa para os dois.
– Eu sei. – Respondo a contragosto, mesmo sabendo que ele tem razão.
– Qual é o real problema, Christian? Pois pelo que eu entendi você chegou a tempo, antes que eles pudessem contar a ela. – Eu fico em silêncio, pois sinceramente eu não sei qual é o meu problema. – Você está com medo, não está?
– Do que você está falando? – Engulo em seco e ouço a sua risada ao telefone.
– Eu te conheço, meu irmão e, eu sei que está preocupado que no momento que a Ana souber quem são os seus pais, ela possa se afastar para recuperar o tempo perdido com eles. – Eu não respondo nada, mas sinto o meu coração pesar em pensar nessa possibilidade, mas ele continua. – Não se preocupe quanto a isso, Christian, você precisa parar de ser inseguro e acreditar nos sentimentos que aquela menininha sente por você, pois se não se lembra, ela conhece o Caleb há dois anos, me conhece há sete meses, no entanto foi em seus braços que ela foi buscar proteção e a certeza que precisava para desobedecer a uma ordem do homem que ela amava como um pai.
– Eu sei.
Ficamos em silêncio por um momento e fecho os meus olhos, jogando a cabeça no encosto do banco do carro. Suspiro resignado por saber que mesmo através de uma ligação telefônica, o meu irmão consiga me conhecer tão bem, porém além de não querer que Anastásia seja magoada – o que acredito que o Raymond e Carla jamais fariam isso com ela –, eu realmente não quero pensar na possibilidade dela se afastar de mim, ainda mais agora que eu sei o que é de fato estar apaixonado por uma mulher e receber a sua reciprocidade.
Envolver-me com aquela... Com a Débora fez com que o meu psicológico e confiança ficassem fodidos, no entanto a Anastásia não é como ela e nunca será. O seus olhos são transparentes e não escondem o que ela realmente sente, da mesma forma que seu toque e os seus sorrisos são verdadeiros e, devo admitir que eu pudesse estar um tanto quanto mal acostumado em tê-la em meus braços todas as noites, proporcionando-me as melhores noites de sono que eu sequer poderia imaginar em ter, no entanto se ela... Não! Não irei ser leviano em precipitar o que eu não sei o que virá a acontecer.
– Christian! – Richard me tira das minhas divagações e respiro fundo.
– Estou aqui.
– Você irá conversar com a Ana quando?
– Hoje à noite, assim que chegarmos depois que eu buscá-la em seu trabalho.
– Você quer que eu...
– Não, Richard, eu mesmo irei conversar com ela, não se preocupe. – Sinto o carro parar e abro os olhos, vendo que estamos no estacionamento da GNIH. – Richard, eu vou desligar, acabei de chegar à minha Empresa, mas... Obrigado.
– Não precisa me agradecer meu irmão, nunca! No entanto, eu fiquei feliz que você tenha me ligado e saiba que sempre estarei aqui para você e o Caleb. – Engulo em seco e não sei o que responder, pois essa nossa reaproximação ainda é nova para mim, depois de tanto tempo me isolando, mas o meu irmão novamente parece me entender. – E não fique colocando dúvidas e alimentando as suas inseguranças e, não se esqueça do que eu te disse que tudo acontece do jeito e quando tem que acontecer, por isso não se preocupe com incertezas.
Ele desliga o telefone por saber que não irei falar mais nada e eu suspiro, pois ele tem razão em dizer que eu penso demais e nem sempre os meus pensamentos são positivos, no entanto se Anastásia apareceu na minha vida quando eu estava disposto a não confiar mais em nenhuma mulher e invadiu não só a minha mente como também o meu coração, foi porque esse era o momento certo para acontecer.
(...)
Desde que retornei para Seattle depois de ter acontecido... Enfim, depois que voltei de Boston há quase três anos, o trabalho tem sido a minha válvula de escape, o meu refúgio onde eu conseguia fazer minha mente desligar de tudo o que havia acontecido e confesso que cheguei a trabalhar mais de 20 horas por dia, apenas para não ter que pensar. Apenas para não ter que confirmar o quão miserável psicologicamente eu estava, no entanto hoje, não estou conseguindo focar num simples relatório financeiro, tendo os olhos apreensivos de Aretha Lawson, a minha Gestora Financeira, sobre mim, como se eu pudesse explodir com ela a qualquer momento.
– Aretha, eu irei analisar estes relatórios depois, mas eu preciso que você faça uma Projeção de DFC (Demonstrativo de Fluxo de Caixa) para os próximos seis meses. – Ela assente tomando nota e volta a sua atenção para mim.
– E quanto ao DRE (Demonstrativo do Resultado do Exercício) trimestral?
– Analisarei depois junto com o DFC, mas eu preciso também que você finalize o Balancete e me entregue no início da próxima semana.
– Sim, Senhor Grey, mais alguma coisa?
– Não. Pode se retirar.
– Sim, Senhor, com licença.
Aretha organiza seus documentos e sai da minha sala rapidamente. Eu respiro fundo e vejo que a hora parece não passar e massageio minhas têmporas sentindo minha cabeça latejar. Quem diria que eu, um homem que só pensava no trabalho e que passava os seus dias evitando as pessoas, se isolando cada dia mais em minha própria miséria, estivesse contando as horas, os minutos e até mesmo os segundos para retornar para casa.
Balanço a cabeça em negação e abro a gaveta, pegando o frasco de analgésicos tomando logo dois para amenizar essa dor insuportável e mais uma vez eu respiro fundo, assim que ouço uma batida na porta e Laura entrando em seguida, desconfiada. O que deu nos meus funcionários hoje para estarem agindo como se eu fosse jogá-los pela janela?
– Senhor Grey, o Senhor James Cavaliere está o aguardando. – Não me lembro de ter agendado nada com o CEO da Cavaliere Aerospace e parece que a confusão está estampada em minha cara, pois Laura trata logo de se explicar. – Ele não tinha horário marcado, mas estava por perto e disse que se o Senhor não puder atendê-lo, retornará depois.
Há um mês, quando eu voltei do México – irritado por ficar mais de sete horas dentro de um avião, ter que fazer escala e ainda passar por toda burocracia no Aeroporto –, eu solicitei um projeto de um jatinho particular a Cavaliere Aerospace e pelo visto, eles anteciparam a entrega para que eu pudesse avaliar e aprovar, só não imaginava que o CEO viria pessoalmente.
– Não. Está tudo bem, Laura, faça-o entrar. – Ela me olha por um momento sem reação, mas logo volta ao seu profissionalismo.
– Sim, Senhor, com licença. – Ela se retira e eu me levanto, vestindo o meu paletó abotoando-o e não preciso esperar muito, pois ela retorna acompanhada de um homem elegante e de passos firmes.
– Boa tarde, Senhor Grey.
– Boa tarde, Senhor Cavaliere. – Aceito seu cumprimento apertando firme a sua mão e indico a cadeira a minha frente para que ele possa se sentar e assim o faz.
– Desculpe-me a ousadia em aparecer sem horário marcado, no entanto eu aproveitei que estaria fazendo a entrega de dois helicópteros para um cliente e arrisquei a sorte em entregar o seu projeto pessoalmente. – Ele me entrega uma pasta e em seguida abre um laptop colocando sobre a minha mesa, voltando a sua atenção para mim com um sorriso enigmático. – A propósito, o meu cliente era Richard Grey.
– O meu irmão?
– Sim, o seu irmão é um cliente antigo, digamos assim, a frota de helicópteros dele foram todos desenvolvidos por minha Empresa e hoje entreguei mais dois blindados e, devo admitir que vocês dois tivessem gostos similares de acordo com o seu pedido. – Eu apenas assinto e ele continua. – No entanto, eu trouxe alguns esboços do interior do jato, além do que foi solicitado, poderíamos analisa-los agora?
Eu novamente assinto e ele vira a tela do seu laptop para que eu possa ver e pela forma que ele detalha o seu trabalho, eu consigo perceber que assim como eu, James ama a profissão que escolheu e a faz com maestria, devo admitir. Ele retratou exatamente o que eu havia solicitado, porém analisando os outros projetos, eu não quero mais algo apenas pela praticidade de voar de um País para outro, eu quero algo mais confortável não apenas para mim, mas para quem estiver comigo em algumas viagens.
Antes eu visava algo apenas para facilitar a minha vida e evitar os transtornos de voos comerciais, porém hoje, além de ter a minha família, eu tenho também a Anastásia e mesmo que seja algo precipitado, o garoto sonhador que almejava uma família está mais vivo em mim do que eu gostaria de admitir e pensando dessa forma, elimino os designers práticos e opto por algo mais requintado, com capacidade para até 17 passageiros – fora a tripulação –, com autonomia de voo sem escalas para mais de 10 mil quilômetros com velocidade média de 950 km/h.
A cabine será dividida em três ambientes, contando com uma suíte com um closet e chuveiro – além do banheiro privativo do jato –, poltronas reclináveis que viram camas, uma cozinha e mesas de trabalho, com telefone via satélite e conexão à internet. O seu interior é revestido de couro bege com detalhes em preto e acabamento de madeira na cor imbuia e o exterior optei por algo mais simples, sendo completamente branco combinado com detalhes em azul e cinza.
– E quanto ao prazo de entrega, Senhor Cavaliere? Acredito que devido às modificações, o prazo se estenderá.
– Não se preocupe quanto a isso, Senhor Grey, devido à demanda, nós temos aeronaves em processo de montagem, o que seria considerado à pronta-entrega pelas Empresas Automobilistas, no entanto eu consigo entrega-lo em 60 dias.
– Tão rápido assim? O processo de construção dura em média o quê? Entre seis e doze meses? – Ele sorri e assente.
– Sim, geralmente o processo demoraria esse prazo mesmo, no entanto a montagem básica da fuselagem e das asas é igual para todos os modelos, o que influência no prazo final é apenas a customização de cada cliente, por isso nós temos capacidade para deixar os blocos prontos apenas para montagem que demora em média 3 a 5 dias.
– Impressionante! – E de fato estou mesmo, pois os meus navios demoram mais que o dobro do processo inicial de um avião para ser construído.
– Se houver a possibilidade, sinta-se a vontade para fazer uma visita a minha Empresa e o levarei ao hangar onde é feito a montagem, como um aficionado da área naval, eu acredito que irá se encantar assim como eu, vendo uma aeronave ser construída.
– Agradeço o convite e assim que possível, o aceitarei com toda certeza. – Ele pega o seu laptop e os projetos sobre a minha mesa e, após guardar tudo dentro de sua pasta se levanta e eu faço o mesmo.
– Obrigado por me receber, Senhor Grey. – Ele estende a mão que aceito de imediato, voltando a falar em seguida. – No início da próxima semana mandarei o projeto oficial através do meu Assistente e se estiver tudo de acordo, eu priorizarei a sua aeronave.
– Tudo bem, eu estarei no aguardo.
Ele assente e logo se retira da minha sala, eu volto a me sentar em minha cadeira e deixo um sorriso escapar por ver que mais um sonho está sendo realizado, tudo bem que isso irá me custar alguns milhões de dólares, mas que com toda certeza valerá a pena o investimento.
(...)
A espera com toda certeza não é uma das minhas virtudes, no entanto eu devo confessar que o tempo a mais que precisei esperar até que Anastásia saísse da Loja, foi bom para que eu pudesse pensar na melhor forma para conversar com ela sobre seus pais. Porém eu cheguei à conclusão que para esse caso, não há uma melhor forma de dizer, a não ser falar de uma vez, mesmo que isso possa mudar completamente o rumo do meu relacionamento com a Menina-Mulher que descongelou o meu coração em tão pouco tempo. Eu respiro fundo – mesmo permanecendo calado durante todo o trajeto até chegar a casa –, sentindo apenas o toque suave de sua mão na minha, enquanto olho para o lado de fora do carro, apreciando a noite e vendo as ruas movimentadas de Seattle.
Eu sinto o peso sobre meus ombros aumentar no momento que Taylor para em frente à porta de entrada e mesmo que eu esteja determinado em ter essa conversa com ela, a minha vontade é de protelar um pouco mais, porém eu sei que não ficarei tranquilo enquanto encaro seus olhos azuis brilhantes, sabendo que estou escondendo algo dela. No entanto antes que eu possa acompanhá-la até o andar de cima, vejo o meu irmão dormindo de qualquer jeito no sofá e respiro fundo me aproximando para acordá-lo.
– Caleb! Acorda Caleb! – Ele apenas resmunga e empurra a minha mão que estava balançando o seu ombro. – Caleb, eu vou te deixar dormir no sofá se você não levantar agora.
– O que é? Eu quero dormir. – Suspiro irritado, pois Caleb me tira do sério toda vez que preciso acordá-lo.
– Se quer dormir, vá para o seu quarto, o sofá não é lugar de dormir, Caleb.
– Que saco, Christian, eu estou cansado. – Ele senta no sofá e abre apenas um olho para me olhar. – Eu fiz um plantão de doze horas hoje, sabe o que é isso? Foram doze horas em pé correndo naquele Hospital, será que alguém poderia avisar aos proprietários daquele lugar que eu sou filho deles? – Nego com a cabeça e ele volta a fechar o olho jogando a cabeça no encosto do sofá.
– Bem-vindo ao mundo dos que trabalham, agora vá para o seu quarto. – Ele suspira e abre os olhos me encarando.
– O que aconteceu, estou te achando nervoso. – Eu suspiro e me sento ao seu lado, mas o folgado que chamo de irmão deita a cabeça no meu ombro.
– Eu vou conversar com a Anastásia agora, sobre os pais dela. – Ele levanta a cabeça num rompante completamente desperto e me encara de olhos arregalados.
– Merda! Você quer que eu chame o Richard? Nós podemos... – Eu nego com a cabeça o interrompendo.
– Não! Eu mesmo quero conversar com ela. Acho que é o mínimo que eu posso fazer depois de ter revirado a vida dela como fiz, mesmo que os motivos para nos levar a essas descobertas não me orgulhem no momento, porém eu prefiro fazer isso sozinho. – Ele assente e continua me analisando.
– O que mais está te incomodando? Eu sei que essa conversa não será fácil para Ana digerir tudo, mas tem algo a mais. Cuspa esse caroço antes que te sufoque. – Respiro fundo e encaro o meu irmão.
– Você por um acaso usa essa forma de falar no Hospital? – Ele dá de ombros e sorri debochado.
– Hoje foi o meu primeiro dia, por isso precisei manter a pose de Médico sério e dedicado, mas o depois só a Deus pertence. – Eu nego com cabeça e ele me empurra com o ombro. – Agora para de me enrolar e fala logo e não adianta negar, pois eu estou sentindo que você está incomodado com alguma coisa.
– Não é nada, só estou preocupado com a reação da Anastásia quando souber quem são os seus pais. – Ele arqueia uma sobrancelha e mais uma vez eu suspiro me esquecendo do quanto o meu irmão gêmeo é irritante. – E talvez, só talvez eu possa estar com receio dela... Bom, dela querer ir embora. – Ele fica me olhando por um momento e solta uma gargalhada me deixando irritado.
– Desculpa, irmão, mas é tão estranho te ver assim. – Ele fala entre os risos e eu me levanto para sair da sala, mas ele faz o mesmo e para na minha frente. – É sério, me desculpa, mas eu acho que você está se preocupando sem necessidade, apesar de que pensando bem, uma hora ou outra ela iria voltar para a casa dela, você não acha?
– Não se eu puder convencê-la a ficar aqui. – Ele me olha confuso e eu suspiro. – Caleb, aquela casa não é segura e aquele bairro muito menos, sem contar que ela ficar com a Thaís na mesma casa só faria mal a ela.
– E você não teria mais o conforto daqueles braços para dormir, não é mesmo?
– Isso também, mas... O quê? – Eu paro de falar e arregalo os olhos por ver o sorrisinho convencido do meu irmão. – Caleb, para de falar besteiras, eu vou tomar banho que quero conversar com a Ana ainda hoje. – Sigo para a cozinha, mas antes que eu entre, encontro Lola na porta. – Lola, você poderia, por favor, pedir para colocarem dois lugares no balcão da cozinha e aquecerem o jantar?
– Claro que sim, Querido. – Ela sorri e volta para cozinha. Eu olho para o meu irmão que me encara com divertimento.
– Você não estava cansado, Caleb? – Começo a subir as escadas e ele me acompanha.
– Estava não! Eu estou morto de cansaço e isso porque foi apenas o primeiro dia, não quero nem pensar o que sobrará de mim até o fim dessa semana. – Eu nego com a cabeça por ouvir o seu drama e antes que eu siga em direção ao meu quarto, ele coloca a mão no meu ombro, fazendo-me encará-lo. – Agora é sério, irmão, não fique preocupado sem saber o que vai acontecer, mas não vou negar que há uma grande possibilidade da Ana querer voltar para a casa dela ou ficar com os pais, afinal, foram 20 anos afastados e aqui, ela pode não se sentir tão confortável como gostaríamos que ela estivesse.
– Eu sei.
– Mas talvez, só talvez possa ter uma grande possibilidade de você não perder os braços que te ninam durante a noite.
– Idiota.
Ele dá risada e segue para o corredor que leva ao seu quarto e eu faço o mesmo negando com a cabeça, mas mesmo conversando com o meu irmão e sabendo que tanto ele, quanto o Richard possam ter razão sobre eu precipitar as coisas, não posso deixar de ficar ansioso e nervoso para o que virá depois da nossa conversa e pesando nisso, entro no banheiro para tomar um banho rápido e buscando as melhores palavras para amenizar o impacto da situação.
(...)
– Christian, está tudo pronto na cozinha para vocês jantarem. – Lola chama a minha atenção entrando na sala e eu abro os olhos para encará-la. – Você precisa de mais alguma coisa?
– Não, Lola, obrigado. Agora vá descansar que está tarde.
– Tudo bem, mas qualquer coisa é só interfonar que logo estarei aqui.
– Não se preocupe e boa noite.
Ela sorri e retorna para cozinha, enquanto eu volto a fechar os olhos jogando a cabeça para trás, pensando em como a minha vida deu um giro de 360 graus em tão pouco tempo. Anastásia chegou à minha vida como um furacão, fazendo com que as muralhas que eu construí nesses quase três anos desmoronassem como se tivessem sido construídas sobre areia.
Mas não vou negar que algumas ainda continuam a insistir em permanecerem intactas principalmente as que se tratam das minhas inseguranças e receios, me impossibilitando de contar a ela tudo o que passei e o porquê de ter me tornado esse homem frio e sem coração, capaz de afastar até mesmo quem me amava. Porém, contradizendo o que a minha mente faz questão de me relembrar de tudo que eu passei, o meu coração que não está mais vazio como eu acreditei que permaneceria se aquece, apenas por sentir o toque suave de sua mão acariciando o meu rosto.
Abro os olhos para observá-la com um sorriso doce nos lábios e inspiro o ar, sentindo a fragrância suave que emana de sua pele enquanto mantenho o meu olhar fixo na imensidão azul dos seus e apenas isso, é o suficiente para acalmar um pouco o meu coração e a minha mente barulhenta que não se cala nem mesmo durante o silêncio que estamos compartilhando nesse momento e, sem pensar em mais nada, eu a trago para o cativeiro dos meus braços, ouvindo o som de sua risada enquanto se aconchega ainda mais em mim.
Eu sempre fui um leitor ávido e um tanto quanto sonhador durante a minha adolescência, mas depois que aquela mulher quase conseguiu me destruir psicologicamente e emocionalmente, isso acabou me afastando desses clichês impostos pela literatura e hoje, eu vejo que o meu clichê estava sendo escrito, apenas para me mostrar que a vida de certa forma imita, sim, a arte, ou vice-versa, e estou começando a vivê-lo, ou melhor, eu comecei a vivê-lo desde o momento que fui confundido na porta daquele Hospital.
Conversar com uma mulher nunca foi tão fácil ou prazeroso quanto está sendo agora, enquanto desfrutamos o nosso jantar, porém a ansiedade começa novamente a me dominar, sabendo que não poderei mais protelar a nossa conversa e isso só se confirma no momento que Anastásia recolhe os pratos levando-os para a pia, revelando-me suas costas nuas, fazendo com que eu veja a sua marca de nascença e é nesse momento que eu tenho absoluta certeza que ela é a filha de Carla e Raymond Steele.
Ouvir o seu pranto e presenciar as suas emoções ao ouvir sobre os seus pais, me fez perceber que eu não sou tão frio quanto eu pensei que ainda seria, pois eu consegui sentir os seus sentimentos em cada palavra que eu verbalizava. Desde a euforia por saber que, o que ela sempre desejou está prestes a se concretizar, até a sua insegurança, medo e receio de não ser amada por aqueles que lhe deram a vida.
Anastásia é de fato muito transparente, não conseguindo ocultar o que se passa em sua cabeça ou em seu coração, pelo menos não de mim. E assumo isso como presunção da minha parte, levando em conta o curto espaço de tempo que estamos juntos e talvez, o que eu sempre fui cético na literatura, sobre o reencontro de vidas passadas e o encaixe perfeito de duas almas que se completam voltando a ser apenas uma, seja mesmo verdade, pois é assim que me sinto, tendo-a em meus braços: completo.
– Está mais calma?
Acaricio o seu rosto, assim que ela levanta a cabeça que estava em meu peito e tento secar com meus dedos, as suas lágrimas que insistem em deslizar por suas bochechas coradas, mas ela assente e me encara por alguns minutos, antes de respirar fundo e começar a falar.
– Como você pode ter tanta certeza que eles são os meus pais? Pode ser apenas... Apenas uma coincidência essa marca que eu tenho. – Nego com a cabeça e sorrio, antes de tocar os seus lábios com um selar rápido.
– Um Exame de DNA fundamentará o que já é uma certeza. – Ela não fala nada, apenas continua me olhando, fazendo o meu coração errar suas batidas pela intensidade do seu olhar nos meus. – Antes eram apenas suspeitas, mas depois de ver a semelhança física que você tem com eles, principalmente com o seu pai e saber parte da história do Raymond, passou a ser quase uma certeza, mas... – Eu paro de falar, por não saber se prosseguir irei falar algo que possa ferir a imagem que ela tem do seu Tio Marco, mas tento continuar por um caminho neutro. – Você se lembra das fotografias que há na estante da sua casa? Quando você era bebê?
– Sim, mas o que elas têm a ver com toda essa história? – Ela pergunta confusa e beijo novamente os seus lábios.
– O Raymond... O seu pai recebeu uma idêntica há 18 anos, como prova que a filha deles estava viva. – Ela pondera as minhas palavras por um momento e volta a me olhar e, eu posso ver as dúvidas rondando em sua cabeça, mas infelizmente eu não poderei saná-las, afinal, esse direito não é meu.
– Como assim uma prova que a filha deles estava viva? Quem enviou essa fotografia a eles? Eles... Eu... Quer dizer, eu não fui abandonada? – Eu sabia que essas seriam suas próximas perguntas, o que me faz suspirar.
– Não, Ana! Você não foi abandonada.
– Então, por que... – Sua voz embarga e seus olhos marejam novamente, mas a interrompo, abraçando-a.
– Eles irão te contar o que aconteceu e todas as suas dúvidas serão respondidas, Ana, mas eu não posso respondê-las agora, por isso vamos dormir e amanhã você decide o que quer fazer, tudo bem? – Ela assente e suspira, se afastando para olhar novamente em meus olhos.
– Eu... Eu quero conversar com eles. – Eu assinto e pego a sua mão trazendo-a aos meus lábios, pois eu tinha certeza que ela diria isso. – Eu preciso saber Christian, pois se eu não fui abandonada, então por que... Por que eu não estou com eles se são de fato os meus pais. – Porque você foi sequestrada no dia que nasceu pelo homem que você ama como um pai, eu penso, mas não verbalizo. – Eu preciso encontrá-los, você... Você poderia...
– Sim, eu a levarei até eles amanhã se essa for a sua vontade. – Ela me dá um sorriso triste e uma lágrima desliza por sua face, enquanto acaricia o meu rosto.
– Obrigada, por estar comigo nesse momento e por ser você a me contar sobre os meus pais. – Sinto um nó se formar em minha garganta pela intensidade e sinceridade de suas palavras e engulo em seco antes de conseguir falar.
– Não precisa me agradecer Ana, e eu espero... Espero que você possa sempre contar comigo para o que precisar. – Ela assente e eu levanto-me do sofá com ela em meus braços, que esteve todo esse tempo em meu colo, a coloco na cama e deito-me ao seu lado. – Mas agora vamos dormir um pouco, que amanhã será um novo dia. – Ela assente e eu apago as luzes ouvindo apenas o silêncio do quarto, até que sinto ela se aproximar.
– Boa noite, Christian. – Ela deita a cabeça no meu peito e eu a aconchego melhor em meus braços.
– Boa noite, Baby.
Dou um beijo em seus cabelos e arregalo os olhos ao me dar conta do que acabei de falar, mas sorrio em seguida, assim que ouço a sua risadinha e isso acalma o meu coração sabendo que ela, sendo a guerreira forte e destemida que é, enfrentará mais essa tormenta em sua vida, pois mesmo que ela não saiba, no meio de todo esse turbilhão de revelações e emoções, ela se tornou a minha calmaria.
Eu sou um disco arranhado? Com toda certeza! Mas eu não me canso de falar o quanto amo a conexão desses irmãos 🥰🥰🥰! Eles são só bebês, gente 🤭🤭🤭!!!
E ai meu Deus, eu fico muito soft com esse Senhor Romântico e extremamente Fofo 🤧🤧🤧!
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