Capítulo - 37
Desde o momento que desliguei o telefone com o Christian e entrei no táxi a caminho da Empresa do Richard, eu não consegui parar de pensar um minuto sequer no pedido do meu tio Marco, da mesma forma que o meu coração sabe que eu não poderei atendê-lo, mesmo que eu me sinta mal por isso, pois eu sei que havia um motivo para que ele quisesse que eu fosse embora para o Brasil, mas eu não posso. Não agora, depois de ter me encaixado num lugar que eu considerasse a minha casa, de ter feitos amigos verdadeiros e ter me apaixonado.
Se esse pedido tivesse acontecido há alguns meses, mesmo que eu sentisse muito a falta dos meus amigos, eu não hesitaria em seguir as suas ordens e, isso me deixaria triste por ter que abandonar o Caleb, que foi a primeira pessoa que eu conheci assim que cheguei a Seattle, que eu aprendi a amá-lo como um irmão e que se tornou o meu melhor amigo em tão pouco tempo. Do Richard que aprendi a respeitá-lo como o meu irmão mais velho, da mesma forma que ele era para o Caleb. Eu sentiria falta do Pietro e sua língua sem freio, da Eloise e seu jeito leve, do William com sua proteção e familiaridade, da Melissa e seu jeito decidido, da Júlia e sua timidez e do companheirismo da Marta.
Eu sentiria muito a falta de todos, e eles, nunca seriam substituídos em meu coração, mesmo que eu viesse a fazer novas amizades onde quer que eu possa estar, no entanto, pode até parecer egoísmo, mas o peso maior para a minha decisão, foi por não querer perder o que acabei de conquistar, mesmo que isso possa parecer uma loucura, considerando que "estamos" juntos há poucos dias, mas eu não poderia de forma alguma me afastar do Christian. Eu não conseguiria ir para outro País sabendo que não iria vê-lo mais e muito menos eu saberia sufocar os sentimentos tão avassaladores que esmagam o meu coração, apenas por cogitar a ideia de não poder mais sentir o calor e a proteção dos seus braços ou o sabor dos seus lábios.
- Desculpe-me, Tio Marco, mas pela primeira vez irei desobedecê-lo. - Murmuro entre as lágrimas que não param de deslizar por minha face, esquecendo-me até mesmo que eu estou dentro de um táxi.
- Disse alguma coisa, Senhorita? - Assusto-me com a voz do Taxista que me olha pelo retrovisor e eu nego com a cabeça. - A Senhorita está bem? Está sentindo alguma coisa? - Novamente eu nego. - Desculpe-me a intromissão, mas a Senhorita está chorando desde que entrou no meu táxi, se estiver sentindo alguma coisa, eu posso levá-la ao Hospital.
- Não se preocupe, eu estou bem, mas obrigada assim mesmo. - Ele assente não muito convencido e logo estaciona o carro em frente a um prédio muito bonito, olho na fachada e vejo o nome GSS, Grey Security Solutions.
- É aqui Senhorita. - Eu assinto e depois de pagar a corrida me preparo para sair do carro, mas ele chama a minha atenção. - Desculpe-me a inconveniência, mas eu tenho duas filhas e aprendi a lê-las muito bem, por isso se me permite a liberdade, eu vou dizer que seja o que estiver a atormentando, escute o seu coração, pois nem sempre a cabeça é nosso melhor guia para tomar uma decisão. - Eu sorrio para ele e assinto.
- Obrigada, Senhor. Tenha um bom dia de trabalho.
- Fique em paz, Senhorita.
Sorrio mais uma vez para ele e saio do carro e depois de respirar fundo e tentar secar o meu rosto eu entro no prédio e caminho na direção de uma Recepção, sendo observada pela Recepcionista, uma mulher muito bonita, negra com os olhos verdes e um Segurança que mais parece um armário.
- Boa tarde, Senhorita, em que posso ajudá-la?
- Boa tarde, eu gostaria de falar com o Christian. - Ela me olha confusa e eu me lembro de que aqui é a Empresa do irmão dele. - Hum... É... Ele é irmão do Richard.
- Qual é o seu nome?
- Anastásia Steele. - Ela me analisa por um momento, mas assente, pegando o telefone e fazendo uma ligação ainda me observando, da mesma forma que me sinto ser observada pelo "armário" atrás de mim.
- Danielle, Anastásia Steele está aqui na Recepção e deseja falar com o Senhor Grey. - Ela fica em silêncio por um momento. - Não, acredito que ela não tenha horário marcado, pois na verdade ela quer falar com o outro Senhor Grey, o irmão dele. - Novamente ela ouve o que é dito do outro lado. - Como assim qual dos dois?... Ah sim, o Christian. - E novamente ela fica em silêncio, mas dessa vez por alguns minutos. - Tudo bem, obrigada, Danielle. - Ela desliga o telefone e faz uma anotação em seu computador antes de me entregar um cartão magnético e, eu fico sem entender, mas ela sorri e me explica em seguida. - A Senhorita irá precisar desse cartão para liberar aquela porta. - Ela aponta para o lado e só agora vejo uma porta com um painel digital. - Pode seguir para o elevador que fica a sua direita e use novamente o cartão depois que acessar o 9º andar, a Danielle, Secretária do Senhor Grey, estará aguardando e irá levá-la até a sala de reuniões onde eles se encontram.
- Obrigada... - Olha em sua identificação, mas ela volta a sorri e responde a minha pergunta não verbalizada.
- Renata Linhares.
Retribuo o seu sorriso - mesmo que eu esteja com vontade de chorar -, e sigo as orientações dela, passando pela porta e percebo ser um detector de metais e penso, o quanto Richard é exagerado com a Segurança de sua Empresa, mas dou de ombros e entro no elevador e novamente eu respiro fundo, acompanhando com o olhar a evolução dos andares para logo as portas se abrirem e eu me deparar com uma mulher loira com sorriso acolhedor nos lábios me aguardando.
- Venha por aqui, Senhorita Steele, os Senhores Grey estão na sala de reuniões.
Assinto e a acompanho e, no momento que ela abre a porta que os meus olhos encontram os cinzentos e aflitos de Christian para em seguida eu ser envolvida por seus braços, as lágrimas que eu tanto segurava desde o momento que cheguei ao prédio irrompem sem que eu consiga controlar.
Ouvir a sua voz aflita me questionando o que aconteceu me faz apertá-lo ainda mais no abraço e aspiro ao seu perfume marcante e amadeirado para tentar me acalmar e, eu pergunto como eu posso me sentir tão segura e protegida nos braços do homem que conheço há tão pouco tempo? Se for real o que leio nos livros, sobre almas que se completam, então definitivamente eu encontrei a minha, pois apenas por estar ao seu lado, sentindo o seu calor e proteção eu sei que não irei me arrepender em desobedecer ao meu Tio, pois eu sei que enquanto eu estiver em seus braços, tudo ficará bem.
(...)
Depois de conseguir me acalmar um pouco e ver a preocupação nos olhos de Richard e Caleb, que me entrega um copo com água e, respirar fundo, eu consigo dizer o que está me sufocando e me deixando uma verdadeira bagunça emocional, mas entrego a carta do tio Marco para Christian que à medida que vai lendo o vejo ficar pálido e pegar o meu rosto entre as suas mãos frias e vejo o desespero em seus olhos, enquanto afirma que eu não irei embora e que jamais sairei de perto dele e novamente estou em seus braços.
E mais uma vez eu me questiono, se ele se sente da mesma forma que eu? Será que ele também sente o vazio que eu tinha no peito sem nem perceber e que agora parece estar completo desde o momento que eu o ouvi dizer que está apaixonado por mim, da mesma forma que estou apaixonada por ele? Eu não posso afirmar o que ele sente ou pensa e, na verdade, no momento nem eu mesma quero pensar em nada ou ter dúvidas e incertezas, quero apenas ficar entre seus braços e peço perdão mais uma vez ao meu tio por desobedecê-lo, pois eu não irei embora de Seattle e muito menos irei me afastar do homem que me segura firme, como se me soltasse, eu pudesse escapar, o que não pretendo fazer de forma alguma, pois é exatamente aqui, que eu quero estar.
Depois de minutos ou horas, não sei dizer, apenas ouvindo o seu coração tão acelerado quanto o meu e sentindo o carinho de sua mão em meus cabelos, eu abro olhos e não vejo Richard mais na sala, mas olho para o lado vejo Caleb nos observando, preocupado. Eu sorrio para ele que retribui e estendo a mão, que ele segura de imediato e sinto o aperto de Christian a minha volta se intensificar enquanto solta um suspiro, fazendo-me afastar de seu peito e olhar em seus olhos cinzentos e tempestuosos, mas diferente da primeira vez que os vi, não estão tristes e sim brilhantes, apesar de preocupados. Impossível controlar meus atos, eu me aproximo e toco os seus lábios com os meus e sinto o seu sorriso, antes de me afastar para vê-lo sorrindo de lado.
- Você me assustou quando chegou aqui daquele jeito. - Ele acaricia o meu rosto, fazendo-me suspirar sentindo o seu toque.
- Desculpe-me, eu não pensei direito. Eu... Eu queria apenas chegar até você.
- Ei! E eu aqui? Não sou ninguém não? - Ouço Caleb resmungar e sorrio verdadeiramente, desviando o olhar de Christian para encará-lo.
- Caleb, deixa de ser ciumento, pois você sabe que também mora no meu coração. - Ele sorri e olha para o irmão de um jeito debochado.
- Ouviu isso, Christian? Eu também moro no coração da Ana. - Christian solta um grunhido irritado me deixando sem entender e Caleb sorri amplamente agora. - Admita que você, me ama, Ana?
- Claro que eu te amo, Caleb. Você e o Richard são os irmãos mais velhos que eu nunca tive. - Seu sorriso se fecha e ele bufa fazendo uma carranca e Christian solta uma gargalhada, me deixando igual uma boba por ouvir esse som, tão raro de se ouvir vindo dele, mas acabo sorrindo também esquecendo por um momento a carta do meu tio.
- Você está bem? - Christian me pergunta, assim que cessa o riso e eu suspiro, assentindo. - Você poderia me contar onde conseguiu aquela carta do seu tio?
- Hoje pela manhã eu recebi uma ligação, de um Escritório de Advocacia, dizendo que havia um envelope do meu Tio para ser entregue a mim e que era importante. - Ele assente e continua acariciando o dorso da minha mão que está na sua, com o polegar. - Quando eu saí da Universidade, eu fui direto para o endereço que havia recebido por mensagem e me encontrei com o Dr. Jacob Olsen, que disse ser um amigo do meu Tio e que há dois meses, ele havia pedido para que, se ele não retornasse até o fim do mês passado, que esse envelope deveria ser entregue a mim de imediato.
- E você foi sozinha? - Eu assinto e ele faz uma carranca. - Você parou para pensar o quanto foi imprudente, ir sozinha a um endereço, para se encontrar com alguém que você não conhecia? Isso poderia ser perigoso e ninguém saberia onde você teria ido, pois nem mesmo o celular, você atendia, Anastásia. - Fico sem reação com a sua explosão, mas eu sei que ele tem razão.
- Christian, fique calmo. - Caleb chama a atenção do irmão que o olha irritado.
- Eu estou calmo, Caleb, mas você não leu o que está escrito naquela carta? - Ele aponta para o papel sobre a mesa e Caleb assente. - Então você tem noção que essa ligação poderia ser alguém querendo fazer mal a Anastásia? Que nesse momento ela poderia nem mesmo estar aqui, nos contando o que aconteceu e nem saberíamos nada sobre o paradeiro dela? - À medida que ele vai falando, mais irritado ele vai ficando e eu pego o seu rosto entre as minhas mãos, fazendo com que ele foque sua atenção apenas em mim.
- Tudo bem, eu fui imprudente, mas nada disso aconteceu, Christian. - Seu olhar tempestuoso vai se suavizando e ele respira fundo, para controlar a sua respiração acelerada. - Mesmo que eu sempre tivesse o Padre Lutero, a Tia Ângela ou o Tio Marco, ao meu lado, eu sempre fui sozinha para resolver os meus assuntos, por não gostar de incomodar ninguém, se fosse algo que eu mesma pudesse resolver. - A contragosto ele assente e eu continuo. - Eu não pensei que algo poderia acontecer, mesmo porque, eu não acredito que tenha alguém tentando me fazer mal, não tendo motivos para isso. Eu acredito que o meu tio estava exagerando, pois ele sempre foi superprotetor, então não se preocupe, pois está tudo bem agora.
- Anastásia, se o seu tio escreveu aquelas palavras, alguma razão ele deveria ter, porque ele sabia... - Ele para de falar, negando com a cabeça e respira fundo. Pegando o meu rosto também entre suas mãos e me olhando intensamente. - E eu não quero que você diga isso novamente, pois você não está sozinha e nunca mais estará, entendeu? - Eu assinto e ele me dá um beijo, se afastando em seguida. - Você tem a mim a partir de agora e eu farei de tudo para sempre te manter segura.
- Você tem a mim e o Richard também, Ana. - Caleb chama a minha atenção, fazendo-me afastar e sair do magnetismo do olhar de Christian e encarar seus olhos, tão iguais aos do irmão. - E além da Ângela, você sempre terá a nossa família com você, porque se antes você já era da família, agora isso é indiscutível, não é cunhadinha? - Eu sinto o meu rosto arder e sei que estou ficando vermelha, mas assinto e ele sorri, direcionando o olhar para o irmão. - E agora? - Eu não entendo o seu questionamento, mas Christian suspira e pega novamente a minha mão, levando aos seus lábios.
- Agora nós iremos para casa e depois veremos como tudo isso irá ficar. - Caleb assente e suspira. - Você virá conosco ou esperará por Richard?
- Eu irei com vocês, pelo visto nosso irmão irá demorar na reunião. - Christian assente, mas antes que possamos nos organizar para sair, o seu telefone começa a tocar e ele o pega, franzindo o cenho e olhando para Caleb antes de atendê-lo.
- Richard!... Estamos sim, Anastásia está mais calma, mas estamos indo para casa e Caleb irá conosco. - Ele ouve o que irmão fala do outro lado e olha de mim para Caleb, fechando o semblante. - Richard, eu não acho que seja... - Ele solta um suspiro irritado, antes de continuar. - Tudo bem, estamos subindo. - Ele desliga o telefone e joga cabeça para trás no encosto da cadeira e aperta a minha mão na sua.
- O que aconteceu, Christian? - Caleb pergunta igualmente sério e, Christian o encara irritado.
- Vamos até a sala do Richard. - Caleb fica confuso e ele se levanta pegando o seu paletó sobre a cadeira o vestindo e arrumando a sua gravata, que só agora eu vejo estar frouxa em seu colarinho. - O nosso irmão quer apresentar a Anastásia, ao Raymond e a Carla. - Eles fazem uma troca de olhar e eu fico sem entender, mas me levanto, quando ele me estende a mão. - Vamos? Não iremos demorar, só iremos cumprimentar um casal de amigos da nossa família e iremos para casa. - Eu assinto e ele pega a carta sobre a mesa, dobrando-a e colocando dentro do envelope com os outros documentos. - Eu posso ficar com isso por um momento?
- Sim, não irei usar nada disso mesmo.
Eu dou de ombros e sorrio, quando ele me dá um selinho e se afasta para que eu possa fechar a minha mochila, que Caleb a pega das minhas mãos, assim como a minha bolsa e saímos da sala de reuniões, encontrando com Taylor, igual um poste do lado de fora.
- Taylor, estamos subindo até a sala do Richard, mas não precisa nos acompanhar, leve esse envelope e as bolsas da Anastásia para o carro, logo o encontraremos na garagem.
- Sim, Senhor! - Ele pega os objetos e saí a nossa frente e eu dou uma risadinha, chamando atenção dos dois que me olham.
- O que foi? - Christian pergunta e vejo a sombra de um sorriso em seus lábios, fazendo o meu sorriso aumentar.
- O Taylor sempre age assim?
- Assim como? - Ele fica confuso e Caleb segura o riso.
- Igual um soldado Britânico, parecendo um poste e dizendo, Sim, Senhor, Não, Senhor. - Eu engrosso a voz numa imitação de Taylor e Caleb cai na risada. Christian nega com a cabeça, mas sorri se aproximando e beijando a minha testa.
- Você realmente não existe, Ana. - Ele pega a minha mão e Caleb continua rindo enquanto nos acompanha, abrindo uma porta para começarmos a subir as escadas. - E sim, ele sempre age assim.
Ele completa com tom de voz risonho e Caleb começa a gargalhar, quase caindo dos degraus e penso o que falei de tão engraçado, para eles agirem assim? Mas assim chegamos ao andar, que deduzo ser da sala de Richard o ar descontraído simplesmente vai embora e sinto Christian ficar tenso, quando bate na porta a abrindo em seguida.
Eu sorrio assim que vejo Richard que logo se aproxima beijando a minha testa, mas fico envergonhada por ver um casal na sala dele, onde a Senhora eu conheço da Loja da Bruxa Má do Oeste, mas hoje, diferente do seu olhar triste, está marejado e com um brilho diferente, mesmo que tenha um sorriso nos lábios, assim como o Senhor elegante ao seu lado, que me olha de um jeito, como se me conhecesse e sinto o meu coração acelerar quando sinto o abraço dos dois, sentindo uma sensação de conforto engraçada, que eu não sei explicar.
Depois de trocar algumas palavras e nos despedir - onde Christian foi extremamente frio e direto -, saímos da sala do Richard e caminhamos na direção do elevador. O clima está estranho e tenso, onde até mesmo Caleb que sempre é risonho ou tem uma frase sarcástica para falar, está igualmente sério, assim como o irmão e dessa forma, eu consigo ver que fisicamente os dois são iguais. Se não fosse pela intensidade do olhar de Christian, eles seriam facilmente confundidos - como eu fiz, quando o conheci naquele Hospital -, por quem não os conheça tão bem, como eu passei a conhecer.
- O que está acontecendo? - Pergunto não aguentando mais o silêncio dentro desse elevador e eles fazem uma troca de olhar. - Aquele casal não são pessoas boas, é isso? - Fico confusa e Christian suspira se aproximando mais de mim.
- Não aconteceu nada, fique tranquila. - Ele beija a minha testa e se afasta pegando a minha mão. - Quanto aquele casal, eles são ótimas pessoas, não precisa se preocupar. Eu diria que eles são tão bons, quantos os meus pais. - Eu assinto ainda sem entender o problema para eles estarem agindo assim, mas não irei insistir, ainda mais com Caleb mudando de assunto.
- Como foi na Universidade, Ana?
Começamos a conversar sobre o meu dia na Universidade antes de eu ir para o Escritório do Advogado e, mesmo não entendendo a situação, eu vi um olhar agradecido de Christian para Caleb e saímos do elevador quando chegamos à garagem. Entrando logo em seguida no carro que Taylor nos aguardava com a porta aberta, mas eu sei que alguma coisa está acontecendo, só espero que não seja problemas e muito menos que seja eu, quem está trazendo para a família do meu amigo e do homem pelo qual me apaixonei.
(...)
- Eu vou conversar por um momento com o Taylor, você ficará bem? - Christian pergunta assim que chegamos a sua casa e eu assinto sorrindo, mas antes que eu me afaste para entrar com Caleb, ele pega na minha mão fazendo-me voltar a encará-lo. - Eu... Você gostaria de jantar comigo, na quarta-feira?
- Eu adoraria! - Respondo sorrindo, mas lembro-me que saio da Loja um pouco tarde e meu sorriso se fecha um pouco.
- Qual é o problema, Ana? - Ele envolve os braços em minha cintura e eu abraço o seu pescoço sorrindo, por ele me chamar de Ana.
- Eu saio às 20h00 do trabalho, não ficará tarde? - Ele suspira, mas nega com a cabeça.
- Não, eu passarei na Loja para te pegar, pois eu preciso resolver algo que está me incomodando o quanto antes. - Fico confusa e ele me dá o um sorriso de lado. - Não é nenhum problema de fato, não se preocupe.
Eu assinto e ele sobe uma mão afastando uma mecha do meu cabelo, colocando-a atrás da minha orelha. Ele acaricia o meu rosto e toca os meus lábios com o polegar, fazendo a minha respiração acelerar. Ele aproxima ainda mais o meu corpo do dele, tocando os meus lábios com os seus.
Eu fecho os olhos, sentindo as borboletas dançarem no meu estômago e suspiro, tendo a sua língua de encontro a minha e sem conseguir me controlar, puxo os cabelos de sua nuca e ele solta um gemido que é abafado por minha boca, fazendo o beijo ficar ainda mais intenso. Sinto a sua mão que estava em meu rosto entremear em meus cabelos, puxando-os de maneira firme, mas sem me machucar, enquanto a outra me aperta ainda mais no seu corpo, fazendo-me sentir algo duro pulsar em minha barriga e me assusto quando ele se afasta, me deixando completamente confusa e ofegante.
- Porra! - Ele encosta a testa na minha e ainda o vejo de olhos fechados, buscando por ar, assim como eu. - Precisamos parar, ou eu não sei até onde conseguirei me controlar. - Fico ainda mais confusa e ele abre os olhos, para encarar os meus e sorri de lado. - Você não faz ideia do que faz comigo, Ana, mas em breve você irá descobrir. - Ele beija rapidamente os meus lábios e se afasta, respirando fundo. - Não irei demorar, daqui a pouco estarei com você.
- Tudo bem.
Ele beija a minha testa e meio desnorteada ainda com o beijo que me deixou literalmente de pernas bambas e com uma sensação estranha no corpo eu me afasto em definitivo dele e entro, mas antes de fechar a porta o vejo caminhar para um anexo que fica ao lado da casa e sorrio, fechando a porta e me viro de olhos fechados, pensando no beijo que acabei de ganhar.
- Está no mundo da lua, Ana?
- Que susto, Caleb! - Ele dá risada e eu coloco a mão no peito para tentar acalmar meu coração antes agitado pelo beijo e agora pelo susto. - Você quer me matar do coração, assombração?
- Que culpa tem eu, se você está aí, parecendo uma boba apaixonada com essa cara de quem vive num conto de fadas? - Ele fala ainda dando risada e eu nego com a cabeça, me aproximado dele e pegando o copo de suco de sua mão. - Ei, isso aí é meu, sua folgada.
- Era seu! Isso é para você aprender a não me assustar assim. - Eu começo a beber o suco de abacaxi com hortelã dele, que tenta pegar o copo da minha mão e eu corro para a cozinha, vendo Lola nos olhar assustada, mas sorri por ver que somos nós. - Vai procurar o que fazer e me deixa em paz seu palhaço.
- Está ouvindo isso, Lola? - Ela apenas continua sorrindo e nega com a cabeça. - Depois que começou a namorar o meu irmão, acabou completamente o respeito que tinha por mim. Sua ingrata. - Eu bebo o restante do suco e entrego o copo a ele, que me olha indignado. - O que é isso?
- Isso é um copo, Caleb! O mesmo que você estava querendo que eu te entregasse, por isso, aí está, é todo seu. - Ele bufa e coloca o copo na pia, me olhando emburrado, igual uma criança. - Não adianta me olhar com essa cara não, meu amigo, eu apenas atendi um pedido que você me fez de forma nada educada, agora vai fazer alguma coisa, ou pode pegar essas cebolas e começar a picar. - Lavo as minhas mãos e pego uma faca, olhando em quê posso ajudar a Lola a preparar o jantar.
- Eu não sei picar isso, sua peste. - Ignoro o seu olhar apavorado e começo a raspar as cenouras para a salada.
- Menina Ana, não precisa se preocupar, vá descansar que eu mesma cuidarei do jantar com as meninas.
- Lola, eu não estou cansada e não irei fazer nada agora, por isso não tem nenhum problema em te ajudar e o Caleb também vai ajudar, não é Caleb?
- Eu... Eu tenho que organizar algumas coisas para começar a trabalhar no Hospital, amanhã. Por isso, eu não poderei ajudá-las, fui! - Ele sai praticamente correndo da cozinha e eu dou risada da preguiça dele.
E mesmo contra os protestos de Lola, eu começo a ajudá-la no preparo do jantar e isso me faz esquecer um pouco sobre o conteúdo da carta do Tio Marco. Porém eu não consigo deixar de pensar completamente sobre o que ele exatamente queria me dizer naquela carta e com aqueles documentos, mas eu suspiro e balanço a cabeça, sabendo que tomei a decisão certa, mesmo que estivesse o desobedecendo, mas aqui em Seattle, é o meu lugar.
(...)
Depois de tomar um banho, eu me jogo por um momento na minha cama - que provisoriamente é minha, até eu retornar para minha casa - e, lembro-me do beijo que Christian me deu, que foi bem mais intenso do que qualquer outro que ele tivesse me dado. Toco os meus lábios e sorrio, pois eu nunca havia beijado ninguém antes e agora, sempre que vejo o Christian, tenho vontade de sentir aqueles lábios. Tenho vontade de sentir as suas mãos exigentes pegar em meus cabelos e apertar a minha cintura de forma possessiva quando me aproxima cada vez mais do seu corpo, como ele fez mais cedo.
Lembro-me de algumas cenas dos livros que gosto de ler e arregalo os olhos quando me dou conta que o que eu senti em minha barriga, foi a sua ereção e percebo que ele ficou excitado. Meu Deus! O que ele quis dizer que eu logo irei descobrir o que eu faço com ele? Será que ele quis dizer que vai... Ai meu Deus! Ai meu Deus! Eu preciso conversar com o Pietro e a Eloise sobre isso, ainda mais por ter sentido o meu corpo quente e... Minha nossa! Eu também fiquei excitada? Apenas com um beijo?
- Ana! - Assusto-me ouvindo a voz de Christian depois de bater na porta e sento-me rapidamente na cama, com o coração acelerado.
- Só um momento.
Levanto-me e me olho no espelho, arrumando o meu cabelo e vejo o quanto eu estou vermelha, apenas por pensar nas coisas que... Não quero nem pensar nisso agora. Eu respiro fundo e caminho na direção da porta, abrindo-a, encontrando-o ainda mais lindo se é possível, com os cabelos molhados, usando uma camiseta branca, calça de moletom preta e pés descalços e sem conseguir me controlar, os meus olhos param no volume em sua calça, que agora não está como no momento que nos beijamos, mas não vou negar que mesmo assim, me deixou assustada.
- Está tudo bem? - Dou um sobressalto ao ouvir a sua voz e percebo que o estava encarando, onde não devia, por tempo demais e olho em seus olhos, vendo-o com um sorriso de lado.
- É... Sim... - Pigarreio para continuar, escondendo o quanto estou envergonhada. - Está tudo bem sim. - Ele sorri e se aproxima, tocando o meu rosto.
- Você está com as bochechas coradas. - Sinto que vou explodir se eu ficar ainda mais vermelha e ele me dá um sorriso lindo, negando com a cabeça. - Vamos jantar, estão todos à mesa a nossa espera. - Arregalo os olhos por ver que passei tempo demais no mundo da fantasia e outras coisas, que me atrasei para o jantar.
- Desculpe-me, eu... Eu não vi o tempo passar.
- Tudo bem. - Ele beija os meus lábios e pega a minha mão. - Você não precisa se desculpar Ana, eu quero que você veja esta casa a partir de agora, como sendo sua também. - Sorrio e assinto e, ele me puxa para sair do quarto.
Descemos as escadas de mãos dadas e assim que chegamos à sala de jantar, somos recebidos com sorrisos me deixando envergonhada, mas eu consigo ver que Richard não está tão bem, quando me dá seu sorriso de lado, pois ele está preocupado com alguma coisa. Mas entre conversas amenas e diversas, prosseguimos com o jantar e não vou negar que eu me sinta muito bem, estando na presença de todos eles, principalmente tendo a mão de Christian vez ou outra, apertar a minha sob a mesa.
No entanto, assim que Grace e Carrick sobem para o quarto, Richard chama a nossa atenção e seguimos para o Escritório, me deixando preocupada, por imaginar que alguma coisa possa ter acontecido e as minhas suspeitas se concretizam quando sem rodeios ele respira fundo e me encara, com olhos tristes e apreensivos.
- Ana, o Marco foi encontrado.
Ah minha nossa Senhora dos Tios desaparecidos que acabou de aparecer, ajudai que ele esteja bem, ou será que não 😏😏😏, Amém!
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