Capítulo - 36
O domingo passou arrastado, o que apenas aliviou a minha tensão, foi ver o quanto meu irmão estava bem por ter a Ana por perto, fato que saber que ele conseguiu voltar a dormir depois de um pesadelo e ainda acordar às 09h00 da manhã - o que não acontecia em anos -, me deixou com o coração mais leve, mas por outro lado, continuo preocupado com o fato de não ter percebido ou pelo menos desconfiado que Ana e a filha de Raymond possam ser a mesma pessoa.
- Richard, eu estou com fome, será que podemos comer agora? - Caleb me tira das minhas preocupações, resmungando, o que vem fazendo isso a mais de uma hora.
- Caleb, o Christian está chegando e para de agir como uma criança, coisa que você não é, faz muito tempo.
- Que droga! Eu estou a mais de três horas sem fazer nada e você não deixou nem mesmo que eu explorasse a sua Empresa. - Continuo concentrado nos relatórios e respondo sem olhar para ele.
- Como você acabou de dizer aqui é uma Empresa, onde as pessoas estão trabalhando e não um Shopping para você fazer suas explorações, Caleb.
- Sinceramente, você é mais legal estando em casa. Eu gosto mais de você sendo apenas o meu irmão, e não esse Empresário metido a Chefão. - Dou risada e nego com a cabeça, pois esse pirralho só tem idade, mas juízo não tem nenhum.
Continuo trabalhando e ouvindo os dramas do meu irmão, até que Christian chega, mas eu percebi o quanto ele estava angustiado e eu jamais poderia imaginar que ele desabafasse como fez, colocando tudo que o sufocava para fora, desculpando-se por tudo que aconteceu e que levou o seu afastamento e agora, eu tenho certeza que o meu irmão está definitivamente pronto para recomeçar e no que eu puder fazer, estarei ao seu lado para apoiá-lo e não deixa-lo fraquejar.
O nosso almoço foi leve e descontraído - como não acontecia em muito tempo -, mas bastou que começássemos a discutir sobre as investigações que ele fez sobre a Ana, para que uma pergunta me pegasse desprevenido quando ele proferiu "O que você tem a me dizer sobre, Equipe Ghost?". Devo admitir que o meu irmão tivesse mesmo conquistado o respeito de Taylor, caso contrário, ele jamais contaria isso, dado que esse seja um assunto "confidencial" e nem mesmo alguns dos meus Agentes têm ciência desse fato.
Discutir sobre o caso da Ana e ver o resultado das Investigações levantadas por Taylor e Samantha me deixaram extremamente irritado, não com eles, é claro, mas comigo mesmo, por não ter visto isso. Por não ter percebido que as informações que constavam em meu Sistema fossem tão rasas e mais ainda, por saber que o excesso de confiança em minha experiência me fez cometer um erro como esse, por acreditar que não haveria falhas nas informações que eu levantei há mais de seis meses sobre ela.
Porém, tivemos que adiar a reunião com a chegada da Ana, completamente abalada buscando consolo nos braços do meu irmão, deixando-nos preocupados e sem saber o que estava acontecendo, até ver meu irmão ficar pálido por ler o conteúdo de uma carta que ela havia recebido e depois que eu a li, passei a entender o desespero dele em pensar que ela poderia ir embora, no entanto, isso apenas concretizou as minhas suspeitas, Anastásia e Aurora, é a mesma pessoa.
- Senhor Grey, o Senhor Raymond Steele acabou de chegar com a esposa e está aguardando.
Danielle fala assim que entra na sala de reuniões e só agora eu percebi que não atendi ao telefone que tocava insistentemente e, Ana está tão transtornada que nem se atentou ao sobrenome que minha Secretária mencionou e isso também me deixa irritado, por eu não ter ligado Ana a Raymond, no entanto, quem iria imaginar que os "sequestradores" a registraria com o sobrenome dos pais biológicos? Confesso que isso de certa forma fosse inteligente e bastante ousado por mesclá-la ao sistema entre tantas jovens com o mesmo sobrenome e com a idade da Ana, mas também arriscado se mais alguém soubesse dessa história.
- Obrigado, Danielle, acomode-os na minha sala e sirva-lhes algo para beber. - Ela assente e olho rapidamente para os meus irmãos, mas preciso ver o que Raymond veio fazer aqui hoje. - Peça para que eles aguardem mais alguns minutos que já irei atendê-los. - Novamente ela assente e se retira em seguida e eu volto a olhar para Christian que está com Ana em seus braços como se não quisesse soltá-la. Suspiro sem saber o que fazer, mas nesse caso, não posso abandonar o dever que está me chamando. - Caleb, fique aqui com o nosso irmão e a Ana, eu falarei com o Raymond e voltarei assim que puder.
- Tudo bem, pode ir tranquilo, eu ficarei aqui com eles.
Eu saio da sala de reuniões e subo as escadas, pensando no que li naquela carta e me dou conta de que Ana precisará de proteção, mas contra o que ou quem exatamente? De quem o Marco tinha tanto medo e por que a certeza que alguém iria querer fazer mal a ela? Por que só agora, depois de 20 anos? São perguntas que não terei respostas, pelo menos não agora e, depois de respirar fundo, eu entro em minha sala encontrando Carla sentada enquanto observa o marido nervoso andando de um lado para o outro.
- Desculpe-me a demora, mas eu estava finalizando uma reunião. - Possivelmente com a filha de vocês, completo apenas para mim. Carla me olha e dá um sorriso tranquilizador enquanto Raymond me encara com olhos apreensivos. - Aconteceu alguma coisa Raymond?
- Os sequestradores entraram em contato.
- O quê? - Fico sem reação a priori, pois isso não faz sentido.
- Assim que eu cheguei a minha Empresa, a minha Secretária me entregou um envelope sem identificação do remetente, apenas endereçado a mim. - Assinto e permaneço de pé a sua frente e ele dá uma risada sem humor. - E o engraçado que não era nem para eu ter recebido esse envelope hoje, pois eu estava indo para o aeroporto com a Carla, mas precisei pegar uns documentos que serão necessários no México.
- O que eles queriam? Pediram alguma coisa? - Mantenho a calma na voz para tranquiliza-los, visto o quanto estão apreensivos.
- Não pediram nada, apenas queriam me deixar mais angustiado do que eu estava ou quem sabe brincar mais um pouco com o nosso sofrimento, pois ainda fizeram exigências. - Ele fala derrotado e Carla se levanta para abraçar o marido.
- Raymond, mantenha a calma e vamos nos sentar, então assim, você me conta o que exatamente estava escrito nessa carta. - Ele assente e posso ver o quanto estão sofrendo com isso e pensar que a filha deles possa estar a poucos metros deles, me parte o coração, mas não posso falar nada, não por enquanto.
- Ray, mostre a carta a ele, quem sabe assim ele consiga encontrar uma saída, mas precisamos ter certeza que essa carta não seja nenhuma brincadeira, na intenção de nos torturar ainda mais.
Mesmo estando triste com isso, Carla fala de forma delicada e analisando agora, consigo ver a semelhança entre ela e Ana, não fisicamente, mas com seu jeito doce e delicado, pois fisicamente Ana é uma cópia do pai, inclusive os olhos azuis da cor do céu e, isso me deixa ainda mais indignado por não ter percebido a semelhança entre eles antes, no entanto ele solta um suspiro dolorido e assente, pegando um envelope da sua pasta me entregando, no qual eu abro e vejo que não está manuscrita, mas sim digitada, justamente para não conseguir liga-la a pessoa responsável e dessa forma eu começo a lê-la.
'Raymond,
Eu acredito que você deve estar estranhando o fato de receber essa carta apenas agora, 18 anos depois do último contato, no entanto eu preciso dizer que há um motivo para tudo isso e que foi necessário para que sua filha ficasse segura, fato que você deve estar se perguntando por que, pois sua filha estaria segura estando ao seu lado. Não duvido da sua capacidade de proteger a sua família, de forma alguma, mas quando tudo isso começou, você não fazia ideia que teria uma família para começo de conversa, mas não irei me aprofundar quanto a isso, sendo que você, melhor do que ninguém sabe da história.
Eu poderia lhe dizer contra o quê ou quem eu estou protegendo a sua filha para facilitar e encerrar esse assunto que tanto machuca você e sua esposa, mas eu também não tenho conhecimento de tudo e muito menos quem de fato está no comando dessa situação - porém acredito que eu esteja bem perto de confirmar as minhas suspeitas -, mas sei o suficiente para saber que sua filha está na mira de pessoas que querem fazer mal a ela e isso tudo por causa da sua fortuna.
Como eu não sei quem é, mas sei o motivo para que você precisasse ficar, 20 anos, longe da sua filha? Eu sei que este é o primeiro questionamento que gira na sua cabeça, mas acredite em mim, quanto menos você souber - por enquanto -, será melhor para a sua segurança e de sua família, mas enfim, eu não irei me justificar para tentar amenizar a minha culpa, mesmo que eu não me arrependa de ter feito o que fiz e se fosse necessário eu o faria novamente - desculpe-me a frieza e sinceridade -, mas o fato é que eu amei a sua filha desde o momento que a peguei em meus braços, toda sujinha após o parto e ali, eu tive certeza que estava fazendo a coisa certa, mesmo que eu soubesse que causaria o seu sofrimento e de sua esposa.
Mas saiba que esse sofrimento está próximo de acabar e, se você seguir todas as minhas instruções, no próximo aniversário da sua filha - quando ela completar 21 anos -, você a terá em seus braços e saiba que ela é a pessoa mais generosa, delicada, doce e com o coração mais puro que poderia existir e não negará o seu amor e de sua esposa.
No dia 17 de janeiro do próximo ano - um dia antes do aniversário da sua filha - você deverá estar no endereço que está no fim desta carta e não se preocupe, pois esse é o endereço de um Hotel muito conhecido e não uma armadilha ou emboscada para te prejudicar. Assim que você se hospedar, receberá o endereço exato de onde ela estará. E isso não é nenhuma brincadeira e afirmo que a sua filha está viva e muito bem cuidada, pois ela estará no Brasil e se por ventura você não seguir as regras e tentar busca-la por conta própria, eu saberei e a levarei para outro lugar, até eu ter certeza que será seguro'.
Eu paro de ler por um momento e olho para Raymond que abraça a esposa que tem lágrimas nos olhos e penso na carta que Ana recebeu apesar do conteúdo ser diferente, o teor e as instruções são os mesmos e Marco tinha certeza que Ana o obedeceria, fato que seria verdade se ela não tivesse se apaixonado por meu irmão. Eu suspiro chateado e de certa forma culpado no momento, pois seria tão fácil eu dizer que a filha deles está no prédio, no andar de baixo, no entanto eu preciso usar a razão e seguir os protocolos de confirmação para não fazê-los sofrer ainda mais e muito menos causar falsas esperanças na Ana, caso tudo isso não passar de uma coincidência - o que eu duvido muito -, sendo assim, eu volto a ler a carta.
'Assim que você chegar até o local, haverá pessoas o aguardando para leva-lo até a sua filha, mas eu sugiro que não envolva a polícia e não, não estou te ameaçando, pois eu preferiria morrer a causar dor a sua filha, mas isso é apenas uma medida de segurança para que nada atrapalhe o encontro de vocês.
No dia do aniversário da sua filha, você estará com ela para comemorar esse dia e ter o prazer de tê-la a primeira vez em seus braços, mas você terá que redobrar a segurança, até ser procurado por um Advogado que tem um documento importante para te entregar e talvez isso possa ser a chave para acabar com toda essa ambição e maldade que fez com que vocês ficassem separados por todo esse tempo. E não! Eu não sei o conteúdo desse documento, mas quem o preparou sabia o que estava fazendo e o porquê de fazê-lo.
Eu não sou seu inimigo, Raymond, pelo contrário, mas eu acredito que sofrerei as consequências por ter feito algo que para mim, era o correto, da mesma forma que eu tenho ciência que poderei ser odiado pela pessoa que é mais importante para mim, pois a sua filha, se tornou o meu mundo e a amo como a minha própria filha - não fique com ciúmes quanto a isso, como eu disse, ela tem o maior coração que poderia existir e terá amor suficiente para mais de um pai se não passar a me odiar, o que eu desejo muito que não aconteça -, mas ela precisa dos pais. Ela precisa do abraço da mãe que a amou desde o ventre e do conforto e proteção dos braços do pai, mas saiba que eu sempre estarei nas sombras, zelando por sua filha, se nada vier a acontecer comigo, é claro.
Tenha mais um pouco de paciência e mantenha-se firme, em breve o seu sofrimento irá acabar.
Um amigo'.
Se ainda existisse alguma dúvida quanto a Ana ser a filha deles, não há mais, pois as duas cartas particularmente se completam e, agora eu sei quem enviou a primeira fotografia ao Raymond quando ele estava perdendo as esperanças que a filha pudesse estar viva. Mas por que o Marco decidiu agir por conta própria e não conversar com o Raymond? Será que ele de fato agiu por conta própria? Será que não tem mais alguém querendo proteger a Ana e o fez sumir com uma recém-nascida antes mesmo dos pais poderem vê-la? E que documento é esse que Raymond receberá apenas no 21º aniversário da Ana?
- Richard, o que você acha? Você acredita no conteúdo dessa carta ou isso é só mais uma forma de brincarem com a nossa dor? - Raymond pergunta apreensivo e eu respiro fundo, mas não vou mentir para eles, mesmo que eu não mencione quem possa ser a filha deles ainda.
- Sim, Raymond, o conteúdo dessa carta é real e não, a pessoa que a enviou não quer prejudicá-lo, caso seja isso que possa estar passando por sua cabeça, principalmente por ter mencionado a sua fortuna e exigindo a sua presença num Hotel que fica no Brasil.
- Como você pode afirmar isso? Quem sequestrou a minha filha está nos prejudicando há 20 anos! - Ele se exalta e se levanta, voltando a andar de um lado para o outro, mas eu o entendo. - Que se dane a minha fortuna! Se for dinheiro que eles querem, eu não me importo! Eu dou tudo que eles quiserem, nós queremos apenas ter certeza que a nossa filha está viva e que está bem. Nós só queremos ter a nossa filha de volta!
- Ray, fique calmo. O Richard está apenas tentando ajudar. - Carla fala com a voz embargada e segura a mão do marido que a encara com olhos torturados, antes de voltar a focar sua atenção em mim.
- Desculpe-me, Richard! Eu sei que você não tem culpa de nada, até porque você está ciente do meu caso a menos de uma semana, mas... Mas isso é muito difícil para nós, que ansiamos por qualquer pista. Qualquer indício que vamos encontrar a nossa filha.
Ele volta a se sentar com postura derrotada e mesmo que eu deva ser imparcial, isso me esmaga por dentro, principalmente por saber que é algo relacionado à Ana e por ver um homem tão imponente destruído dessa forma, sabendo que talvez - mesmo tendo 99% de certeza -, eu possa acabar com o seu sofrimento.
- Não se preocupe, pois eu o entendo, Raymond. Eu sei que isso não é fácil para vocês, mas quem escreveu essa carta a você, não quer dinheiro ou algo semelhante a isso. - Mantenho a voz neutra, mesmo que isso esteja mexendo comigo e tenho a atenção dos dois em mim. - Eu não deveria fazer isso, até porque eu estaria sendo antiprofissional e até mesmo antiético, porém... Vocês estariam dispostos a fazer um Exame de DNA sem conhecer a sua suposta filha? Vocês confiariam em mim para fazer isso? - Eles me olham assustados e Carla volta a chorar, apertando a mão do marido, que tem agora os seus olhos marejados.
- Você descobriu alguma coisa, não é? - Ele para de falar e respira fundo para continuar. - É por isso que você afirmou com tanta convicção que o conteúdo dessa carta é verdadeiro. Você tem uma suspeita de quem possa ser a minha filha e sabe onde ela está não sabe? - Eu fico em silêncio por um momento, sem saber o que responder, mas ele insiste. - Richard, nós conhecemos a sua índole e sabemos que você jamais brincaria com algo assim, por isso seja sincero e direto conosco, por favor.
- Sim, Raymond. Eu descobri e para ser sincero, eu preciso apenas de uma confirmação através do Exame de DNA. E sim, eu sei onde ela possa estar, mas ela não está no Brasil. - E sim no andar de baixo, concluo em pensamento.
- Diga-nos quem é ela. Onde podemos encontra-la? Como ela é? - Carla pede segurando a minha mão enquanto lágrimas deslizam por sua face e eu engulo em seco, por ver a sua angustia.
- Desculpe-me, Carla, mas eu não posso...
- Richard, estamos sem a nossa filha há 20 anos, queremos apenas vê-la. - Raymond me interrompe e antes que eu negue, ele volta a falar. - Se o seu medo é que possamos alimentar falsas esperanças, não se preocupe, pois por mais que desejamos muito ter a nossa filha em nossos braços, sabemos que isso pode gerar confusão na cabeça de uma jovem que talvez não saiba que fim levou os seus pais e o porquê de não estarem juntos, ou até mesmo se ela tiver outra família e que não saiba que é adotada, mas nós queremos apenas vê-la. Não iremos assustá-la, pois sabemos que o Exame de DNA é necessário, mas não nos negue isso.
Eu posso me arrepender dessa decisão, por saber que não será apenas eles que serão afetados com isso, caso tudo não passe de uma infeliz coincidência - mesmo que eu tenha certeza que não seja -, mas também a Ana, que sempre desejou conhecer os pais, no entanto, eles estão certos e merecem pelo menos vê-la.
- Tudo bem, Raymond. - Carla sorri entre as lágrimas e Raymond me olha com um brilho esperançoso nos olhos.
- Quando poderemos vê-la? - Ele pergunta ansioso e eu suspiro, mas não irei protelar isso.
- Só preciso fazer uma ligação, me deem um minuto. - Ele assente estendendo um lenço para Carla que seca suas lágrimas. Eu pego o celular e ligo para Christian que atende ao terceiro toque.
- Richard!
- Christian, vocês estão bem?
- Estamos sim, Anastásia está mais calma, mas estamos indo para casa e o Caleb irá conosco. - Olho para Raymond e Carla que me olham em expectativa, mesmo que eu possa ver a confusão em seus olhos por eu estar falando com o meu irmão.
- Subam até a minha sala, o Raymond e a Carla querem conhecê-la. - Ele fica em silêncio e consigo visualizar a sua carranca nesse momento.
- Richard, eu não acho que seja...
- Não se preocupe, irmão, confie em mim! Eu sei que o que estou fazendo. - Ouço o seu suspiro, mas ele volta a falar.
- Tudo bem, estamos subindo.
Ele desliga o telefone e sorrio de lado, por saber que ele está irritado por ser contrariado, mas eu sei que ele quer apenas proteger a Ana, assim como eu quero, mas é direito dos seus "pais" vê-la nem que seja por um breve momento.
- Richard, por que você ligou para o Christian? O que a nossa filha tem a ver com o seu irmão? - Raymond pergunta confuso, e eu suspiro antes de falar a verdade.
- Vocês irão conhecer a namorada do meu irmão. - Eles ficam confusos, mas eu esclareço logo antes que eles cheguem até a minha sala. - E também a suposta filha de vocês.
- O quê?
- Raymond, a história é longa, mas eu estou passando por cima da minha Ética Profissional em consideração a vocês, pelo tempo que nos conhecemos e por ver o quanto vocês estão sofrendo por todo esse tempo. - Ele assente e pega na mão da esposa. - No entanto eu preciso que vocês mantenham a calma e se controlem ao máximo, pois ela não sabe nada sobre isso, ainda.
Eles assentem e eu repenso a minha decisão enquanto aguardamos, no entanto estou deixando a razão do profissional Richard Grey de lado e estou usando apenas a emoção do Richard irmão mais velho, amigo e agora cunhado, mesmo tendo certeza que Ana é sim a filha deles.
(...)
Os minutos parecem horas quando se tem duas pessoas ansiosas e expectantes a minha frente para um encontro, mesmo que ainda seja apenas uma possibilidade para eles - o que para mim passou a ser uma certeza -, mas eu consigo fazer uma ideia do que eles estão sentindo, pois eu também estou nervoso com essa situação, principalmente por não querer magoar a Ana, mesmo sabendo que o Marco tenha razão, pois ela tem um coração muito generoso e quando souber a verdade, vai ouvi-los sem julgá-los por acreditar ter sido abandonada.
No entanto a espera acaba no momento que uma batida na porta é ouvida e logo sendo aberta, revelando os meus irmãos e Ana, que sorri em minha direção, mas ficando confusa quando olha para os meus visitantes e vejo as suas bochechas ficarem coradas, quando ela olha para Raymond, que a encara com admiração e olhos marejados, assim como Carla que coloca a mão na boca para abafar um soluço, mas se recompõe em segundos e sorri e, agora eu vejo de onde vem à força que a Menina-Mulher que conquistou o meu irmão, herdou, porém eu me lembro do propósito desse encontro e pigarreio chamando a atenção deles, aproximando-me dos meus irmãos.
- Está tudo bem, Pequena? - Dou um beijo em sua testa e ela sorri.
- Está sim, Richard, obrigada! - Eu sorrio e olho para Christian que está sério, mantendo uma mão na cintura de Ana e resolvo acabar com o clima constrangedor, onde parece que os meus irmãos perderam a boa educação.
- Carla, Raymond, essa é a namorada do Christian, Anastásia Steele.
No momento que falo o sobrenome dela, vejo Raymond ficar pálido e segurar no encosto da cadeira, Carla olha para o marido, preocupada, mas ele aperta a mão dela e assente discretamente. Ela sorri, mesmo estando com os olhos brilhantes com lágrimas não derramadas e se aproxima de Ana.
- Nós já nos conhecemos. Como você está Anastásia? - Ela puxa Ana para um abraço que é retribuído deixando-a ainda mais vermelha.
- Eu estou bem, Senhora, obrigada. - Carla toca o rosto de Ana com carinho, mas logo se afasta e olha para o marido.
- Ela é a mocinha que eu havia te falado, Ray, que conheci na Loja da Vanessa, no dia que fui com a sua mãe, a sobrinha do Marco. - Ele assente e puxa uma inspiração discreta, mas sorri, se aproximando também. - Anastásia, esse é o meu marido, Raymond. - Agradeço com o olhar por ela ter omitido o sobrenome deles e ela me dá um sorriso discreto.
- Muito prazer em conhecê-lo, Senhor. - Ana estende a mão para ele, mas Raymond a surpreende puxando para um abraço, fazendo com que ela se afaste de Christian, que me encara irritado, mas o peço calma com o olhar e ele respira fundo.
- O prazer é todo meu, Anastásia. - Ele se afasta e abraça a esposa, mas consigo ver o quanto está abalado, mesmo mantendo-se firme. - Você é ainda mais linda pessoalmente, do que a Carla havia falado. - Ela sorri tímida murmurando "obrigada", baixinho e volta para os braços de Christian e Raymond olha para os meus irmãos. - Quanto tempo, Caleb? Carrick havia falado que você irá começar a trabalhar no Hospital?
- Sim, é verdade! Preciso começar a trabalhar antes de ser demitido por meus pais, pois estou a um mês de férias sem nem mesmo ter começado o Ofício. - Ele responde sorrindo e Raymond o acompanha, mas direciona o olhar para Christian que não falou nada até agora.
- E você, Christian? Como você está?
- Estou bem, Raymond. - Ele olha para Ana antes de direcionar o seu olhar para mim. - Bom, se vocês nos dão licença, mas estávamos de saída quando Richard me ligou. - Respiro fundo pela falta de tato do meu irmão, mas Carla sorri não importando com a frieza dele.
- Tudo bem, Querido, mande lembranças para os seus pais, por favor. - Christian assente e, Carla continua sorrindo ao se aproximar novamente da Ana. - Foi muito bom revê-la, Anastásia e, espero que possamos nos reencontrar em breve.
- Eu também gostaria de reencontrá-la, Senhora e mais uma vez, foi um prazer conhecê-lo, Senhor Raymond. - Ana responde de forma doce, com um sorriso sincero e olhos brilhantes, fazendo com que eles sorriem de volta.
Mais alguns minutos de despedidas, Ana e meus irmãos saem da minha sala, para logo em seguida eu ouvir Carla irromper em lágrimas num choro dolorido, sendo amparada pelo marido que também tem lágrimas nos olhos.
- Anastásia é a nossa filha, Richard! - Raymond fala convicto entre as lágrimas e eu não sei o que dizer. - Eu tenho certeza que é ela. O meu coração de pai não está enganado, eu tenho certeza que ela é a nossa filha. Meu Deus! - Carla o abraça e engulo o nó que se formou em minha garganta, por ver o desespero deles, mas preciso me manter firme.
- Raymond, mantenha a calma, mas precisaremos fazer o Exame de DNA para confirmar as nossas suspeitas. - Tento trazê-los novamente a razão, que assentem.
- Quando eu vi a Anastásia à primeira vez... - Carla tenta falar, mas um soluço a sufoca não permitindo, no entanto ela toma uma inspiração profunda continuando em seguida. - Quando a vi com o Marco, o meu coração a reconheceu e se alegrou de uma forma que eu não consegui entender, mas hoje... Hoje eu entendo... - Com as mãos trêmulas, ela pega o copo e bebe um gole da água que estava a sua frente e volta a falar. - Quando eu a abracei, o meu coração, reconheceu o dela, pois aquele coraçãozinho bateu junto com o meu por nove meses. Quando eu olhei naqueles olhos, Raymond, tão azuis e vivos, eu estava vendo os seus. - Ela soluça e Raymond a aperta em seus braços.
- Fique calma, Querida. - Ela nega com a cabeça e prossegue.
- Mas eu achei que estava ficando louca, que fosse apenas o desejo de uma mãe que olhava para outras meninas, desejando que fosse a sua menina. A minha filha, Ray! A nossa filha!
- Espera! - Raymond a afasta do abraço e olha em seus olhos. - Você havia dito que ela era a sobrinha do Marco? - Ela assente confusa com a indagação do marido e ele se levanta num rompante. - Desgraçado!
- Ray! - Carla fala assustada e eu até imagino o motivo da sua fúria.
- Eu confiei naquele miserável. Eu o coloquei para ser o seu Segurança, Carla, e ele, foi o culpado do nosso sofrimento por todo esse tempo? - Mesmo com lágrimas nos olhos, ele dá uma risada sem humor e me encara. - Você suspeitava disso quando eu estive aqui na quarta-feira, não é? Foi por isso que você pediu a lista dos meus funcionários? - Eu suspiro e nego com a cabeça.
- Não, Raymond, eu não sabia. A desconfiança surgiu no domingo, mas não vamos falar sobre isso agora. Vocês estão exaltados e precisaremos ter a confirmação antes de qualquer forma. Mas se o resultado por ventura vier a ser positivo, então iremos apurar o que aconteceu.
- Tudo bem, você tem razão, mas se tivermos o resultado positivo, e o meu coração está dizendo que será, eu quero que todos os envolvidos pelo sequestro da minha filha paguem por tudo que passamos nesses 20 anos. - Eu assinto, mesmo acreditando que há um porque por trás de tudo isso, mas não irei contradizê-lo. - E, por favor, Richard, eu quero fazer esse Exame de DNA o quanto antes. Vamos Carla! - Ela assente e se levanta, pegando a sua bolsa sobre o sofá.
- Obrigada, Richard. - Ela sorri e acompanha o marido e assim que a porta se fecha eu suspiro, mas não tenho tempo nem mesmo para poder respirar direito, pois o meu telefone começa a tocar.
- Sim, Danielle. - Atendo massageando as minhas têmporas, cansado e ansioso para ir para casa.
- Senhor Grey, os Detetives Derek Loretto e Victor Monteiro estão aqui e desejam falar com o Senhor.
Jogo a cabeça para trás no encosto da cadeira, fecho os olhos e respiro fundo, pois os meus planos de ir embora para casa, pelo visto foram por água abaixo e, eu só consigo pensar qual será o problema dessa vez?
É, Richard! Quando não é granizo, é furacão 😏😏😏😏!
E aqui nos despedimos do Senhor Fofo, o nosso Grey mais velho! Foi lindo, bebê, mamãe está orgulhosa de você, seu lindo 🤭🤭🤭🤭! Mas agora vamos deixar seu irmão e a Princesa dele continuar contando a história, ou você já sabe, não é mesmo? 🥶🥶🥶 O Senhor Gelo, virá me congelar 🤣🤣🤣🤣🤣!
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