Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo - 34

Depois de conversar com Caleb sobre as minhas suspeitas em relação ao nosso irmão e a Ana, acabei pegando no sono no sofá da sala, acordando no fim da tarde com meus pais retornando para casa. Eu nem havia percebido o quanto estava cansado e sendo sincero, eu não posso criticar o Christian por trabalhar tanto, sendo que eu também faço o mesmo, porém diferente dele que usa isso como um meio para continuar se afastando, eu não abro mão de passar a maior parte do tempo possível com a minha família.

Eu sei que é inevitável e um dia, os meus irmãos seguirão com a vida deles e formarão suas famílias e que talvez nem queiram construir no terreno que o nosso pai deu a cada um deles – da mesma forma que eu tenho o meu – aqui no condomínio e que eu não os verei com tanta frequência como agora, da mesma forma que eu sei que muitas pessoas acham estranho o fato de nós três continuarmos a morar com nossos pais e, que o meu amigo Luke não perde a oportunidade de me perturbar por esse motivo, dizendo que eu, com quase 30 anos ainda fico na "barra da saia da minha mãe", mas o que eles não entendem é que para mim, a minha família é muito importante e na profissão que eu escolhi seguir, cada minuto que eu passo ao lado deles nunca será o suficiente, pois não sei se caso eu saia numa missão eu serei capaz de retornar para casa.

Eu sou muito realizado com a profissão que eu escolhi para ser minha, mesmo tendo a minha Empresa como sempre almejei, mas há situações que podem fugir do controle, principalmente quando precisamos... Bom, por enquanto é melhor não falar sobre isso e deixar todos acreditarem que sou apenas um Engenheiro da Computação e Gestor de Segurança Privada, até mesmo porque não pretendo deixar os meus pais e irmãos preocupados se por ventura eu precisar me ausentar, mas enfim, se antes eu sempre valorizei esses momentos em família, depois de ver o quanto a vida é inconstante, valorizo ainda mais e por vezes eu acredito que os meus irmãos possam achar que eu seja muito superprotetor, mas eles são os meus pirralhos – mesmo que sejam homens feitos – e são o que eu tenho de mais valioso nessa vida e quanto eu puder, estarei ao lado deles sempre.

– Filho! Está tudo bem? – Assusto-me com meu pai tocando o meu ombro e sorrio.

– Está sim, Pai, um pouco cansado, mas está tudo bem. – Ele assente e se afasta para sentar no sofá a minha frente. – Onde está a Mamãe?

– Foi na cozinha ver com a Lola como está o andamento do jantar. – Assinto e sorrio por saber que minha mãe nunca abandona a cozinha, mesmo tendo a Lola há tantos anos conosco. – E como foi hoje, com a Ana? – Eu suspiro e me levanto caminhando até o bar da sala.

– Apesar de ser um momento triste, foi tudo bem. – Entrego um copo para ele e volto a me sentar. – Eu fico pensando o quanto a vida pode ser traiçoeira, pois num minuto tudo está bem e de repente, podemos não estar mais ao lado das pessoas que amamos.

– Eu entendo o que você está dizendo, Filho, principalmente quando estou no Centro Cirúrgico com o peito de um paciente aberto, sabendo que a vida dele naquele momento depende da ciência, confiando sua vida nas mãos de um completo estranho, mas por outro lado, sabemos que antes de tudo, ele não abandona a sua fé, mantendo a esperança que acordará para poder ver um novo amanhã. – Ele bebe um gole da sua bebida e suspira. – E infelizmente, alguns não conseguem sair da mesa de cirurgia para poder ver o amanhã como tanto esperou.

– Quando o Senhor chegou, eu estava justamente pensando nisso, Pai, percebendo o quanto a nossa vida é delicada. – Ele assente e eu continuo. – Por exemplo, o Padre Lutero, eu o conheci há pouco tempo, mas pude perceber que sempre foi um homem forte, mesmo estando com uma idade um pouco mais avançada, mas muito saudável e de um coração tão nobre e, poder presenciar a despedida da Ana do homem que foi um pai para ela, mexeu comigo de alguma forma, mas eu também pude ver o quanto aquela menininha é forte.

– Isso é verdade, a Ana apesar de tão novinha e muito forte mesmo. – Caleb fala entrando na sala, se jogando ao meu lado pegando o copo da minha mão, bebendo o meu Whisky e depois de fazer uma careta, me devolve o copo vazio. – Mas mudando de assunto, vocês sabiam que o Tio da Ana era um dos Seguranças do Raymond? – Meu pai nega com a cabeça, mas posso ver que ele ficou surpreso com a informação.

– Sim, eu sabia. – Caleb me olha especulativo e eu suspiro levantando-me para pegar outra bebida para mim e uma para o folgado que chamo de irmão. – Quem te falou sobre isso? – Entrego o copo a ele e volto a me sentar.

– O William me ligou a pouco, pois ele está na casa da Eloise e o Pietro não conseguiu falar com a Ana e como ela não foi para a Universidade desde segunda-feira, eles ficaram preocupados e queriam saber se eu sabia de algo. – Assinto e ele continua. – Então eu contei o que aconteceu e ele me falou que a Tia dele está bem triste, pois o Segurança dela havia sofrido um acidente e ainda não havia sido localizado e quando William falou o nome dele, eu falei que era o Tio da Ana, mas como você sabe disso?

– Quando você se afastou com a Ana, o Derek e o Victor me passaram essa informação. O Marco era o Segurança da Carla e apesar de saber que o Raymond ficará em cima da Polícia, eu pedi para eles me informarem se obtiverem qualquer novidade quanto ao caso, além de disponibilizar os serviços da minha Empresa se eles precisassem.

– Mas não foi um acidente, Filho? – Minha mãe entra na sala e faz a pergunta, sentando-se ao lado do meu pai.

– Infelizmente não, Mãe, pois segundo o Derek, o carro foi sabotado e antes de cair da Ponte Evergreen, outro veículo colidiu com o do Marco, mas eles iriam verificar as câmeras de segurança para saber se a colisão se deu por ele ter perdido o controle da direção ou se foi de fato intencional.

– Meu Deus! – Minha mãe coloca uma mão na boca espantada e meu pai a abraça. – Mas quem poderia fazer uma coisa dessas?

– Sinceramente eu não sei Mãe. – Mas na profissão do Marco, ele pode ter alguns inimigos, penso, mas não verbalizo.

– Boa noite!

Assustamo-nos com Christian entrando na sala, principalmente pelo horário, mas meu pai quebra o silêncio causado pelo choque da presença dele, o convidando para se juntar a nós o que a princípio ele tenta negar, estando desconfortável e com certeza deve estar pensando numa forma de subir e se trancar em seu quarto, no entanto após ele olhar para a nossa mãe e o seu gêmeo, vendo a expectativa deles, ele se senta ao meu lado, permanecendo em silêncio, alheio a nossa conversa. Bom, pelo menos eu achava que ele estava, mas só foi Caleb mencionar a Ana que ele ganhou toda a atenção do nosso irmão e eu sorrio internamente por ter certeza que eu não estava errado quanto ao interesse dele por ela.

Christian é muito transparente, principalmente quando é pego com a guarda-baixa e sem perceber começou a fazer perguntas relacionadas à Ana e, no momento que Caleb – intencionalmente – a mencionou com tanta intimidade, eu pude ver claramente nos olhos do meu irmão, que de alguma forma isso o deixa desconfortável, por talvez acreditar que entre o nosso irmão e a Ana possa haver algo além de amizade, o que eu tratei logo de esclarecer para acabar com qualquer dúvida que ele possa ter, sem nem ter se dado conta disso ainda, é claro.

– Eles são apenas amigos.

Ele me olha sem entender, mas o entendimento logo lhe bate ficando corado, me fazendo segurar o riso por ver que um homem frio como ele quer parecer ser, consegue ainda ficar envergonhado por seu irmão mais velho ter percebido as suas intenções com uma mulher, mas ele mascara o seu interesse com indiferença, como sempre.

– Tanto faz.

Ele desvia o olhar dos meus e bebe todo o conteúdo do seu copo, me ignorando completamente, eu olho para Caleb que sorri por também ter percebido, mas continuamos a conversar deixando esse assunto de lado – por enquanto – e, logo seguimos para a mesa de jantar e mesmo que ele permanecesse calado a maior parte do tempo, respondendo apenas uma pergunta ou outra dos nossos pais, eu consigo perceber que alguma coisa mudou e que ele está tentando novamente se aproximar, apesar de saber que não será tão fácil como eu gostaria que fosse.

(...)

Depois do jantar, cada um subiu para o seu quarto e mesmo estando cansado, eu não consigo dormir, por isso decido analisar a ficha de algumas indicações para a Contratação de novos Agentes para a minha Empresa, assim como alguns Seguranças, mas assim que começo, eu ouço uma batida na porta, para em seguida ser aberta revelando o meu irmão, que entra sem esperar resposta.

– O que aconteceu, Caleb? Perdeu o sono? – Fecho a pasta e encaro o meu irmão, que nega com a cabeça e se joga na minha cama.

– Não aconteceu nada! Na verdade eu estava pensando sobre o que conversamos mais cedo.

– O que exatamente? Falamos tanta coisa. – Ele revira os olhos e se acomoda melhor na cama.

– Sobre o Christian. – Não falo nada, apenas aguardo para que ele continue. – Você estava mesmo certo, o nosso irmão está interessado na Ana, só não se deu conta disso ainda. – Levanto-me da escrivaninha e me sento na cama escorando na cabeceira. – Mas eu pude perceber que alguma coisa está diferente nele também.

– Primeiro, eu sempre estou certo, principalmente no que diz respeito a vocês dois. – Ele faz uma careta, mas não nega. – Segundo, eu também percebi isso desde o dia que ele chegou, não sei por qual razão ou motivo que o levou a fazer isso, mas ele está tentando se aproximar novamente, mesmo que ainda esteja perdido sem saber o que fazer exatamente.

– Sinceramente, eu não entendo o Christian, eu não sei por qual razão ele se afastou de nós e continuou ainda mais afastado depois que ele descobriu o que aquela mulher fez. – Ele fala irritado e eu suspiro. – Eu nunca gostei da Débora. Alguma coisa nela me incomodava, no início eu até achava que eu estava com ciúmes por saber que o meu irmão gêmeo não iria mais passar tanto tempo comigo, pois teria que dividir a atenção que era minha com outra pessoa, principalmente quando ficávamos sozinhos por você ter que fazer sabe-se lá o que quando precisava sair à noite, não sei com quem. – Ele pensa por um momento e me encara. – Pensando bem, por que você saia tanto à noite? Você nunca nos apresentou uma namorada ou coisa assim, você por um acaso mudou de time e não queria que nós soubéssemos?

– O quê? De onde você tirou isso?

– Richard, se essa for à questão, não precisa se preocupar, pois o papai e mamãe irão te aceitar, independente da sua orientação sexual e quanto a mim e o Christian, também continuaremos te amando, mesmo se você nos apresentar um namorado, invés de namorada.

– O quê? Caleb para de falar besteiras. Eu não sou gay! – Ele fica me olhando em dúvida e eu respiro fundo negando com a cabeça. – Caleb se eu fosse gay, eu não teria nenhum problema para assumir isso para a nossa família, mas esse não é o caso. – Ele assente e eu mudo o foco da sua pergunta. – Quanto a Débora, querendo ou não, você estava sim com ciúmes, mas você também sentia que aquela mulher não fazia bem para o nosso irmão, pois esse é o seu instinto protetor falando mais alto, sendo que você não queria que o Christian se machucasse, além do mais, você ficava dividido entre me apoiar para mostrar a verdade para o nosso irmão e o seu gêmeo que possivelmente estava sendo feito de bobo, mas ainda assim queria respeitar a decisão dele.

– É! Pensando bem, acho que era isso mesmo. – Ele fica quieto por um momento, mas o silêncio não dura muito tempo. – E quanto ao seu plano para aproximarmos mais o Christian da Ana, como iremos fazer? Lembrando que primeiro, temos que respeitar o luto da Ana e ver se ela também está interessada no nosso irmão.

– Isso eu sei Caleb. – Deito-me na cama e novamente eu suspiro. – Apesar de que eu acredito que, o que estava escrito, pode até ter alguns desvios no caminho, mas quando o momento chegar vai acontecer.

Maktub. – Eu assinto, ele sorri e vira de costas para mim, puxando o edredom para se cobrir.

– Caleb, vai dormir! Está tarde e amanhã eu preciso trabalhar e você tem aula.

– Já estou dormindo. – Dou risada, por saber que ele não irá para o quarto dele e me cubro também. – Richard?

– Sim?

– Me abraça de conchinha? Estou me sentindo tão carente! – Ouço seu tom risonho e nego com a cabeça.

– Cala a boca e fica quieto, Caleb, ou você irá para o seu quarto.

– Nossa! Quanto desamor nesse coração. – Ele dá risada e eu não falo nada. – Boa noite, irmão.

– Boa noite, pirralho. – Ele bufa e eu sorrio, sabendo que ele revirou os olhos. Desligo a luz do quarto e respiro fundo, pois amanhã será um novo dia, só espero que sem problemas.

(...)

– Bom dia, Filho! – Minha mãe me recebe com um abraço e um beijo no rosto assim que chego à sala para tomar o café da manhã.

– Bom dia, Mãe! Onde está o Papai?

– Estou aqui. – Sorrio por vê-lo se aproximando e pegando uma xícara sem se sentar à mesa. – Mas estou de saída, tenho uma cirurgia complicada agora pela manhã e quero chegar mais cedo para me preparar. – Ele bebe o café e se aproxima beijando os lábios da minha mãe que sorri. – Te vejo mais tarde, querida.

– Ei! Eu também quero um beijo. – Caleb entra na sala e faz um bico exagerado para o nosso pai, que apenas sorri e nega com a cabeça, mas dá um beijo no rosto dele.

– Se você quer continuar a ganhar beijos, é melhor fazer essa barba, Filho. – Caleb faz uma careta, mas me lança um olhar malicioso e sei que vai falar besteira.

– O Senhor acha Pai? – Ele passa a mão na barba e se aproxima. – O Richard não reclamou ontem enquanto dormíamos juntos. Não é benzinho? Eu senti a sua falta na cama, quando eu acordei. – Ele beija o meu rosto e eu o empurro, mas minha mãe e meu pai acabam rindo desse palhaço.

– Cala a boca, Caleb! – Ele se senta ao meu lado e pega o meu rosto apertando as minhas bochechas.

– Oh que fofo! Ele está tímido hoje.

– Ah, seu...

– Já chega Meninos! E respeite o seu irmão, Caleb, que eu sei muito bem que quem invadiu o quarto dele ontem à noite, foi você. – Minha mãe fala com o seu sorriso maternal e ele faz uma careta, mas começa a comer. – Carrick, se você puder me esperar apenas cinco minutos, eu irei com você? – Ele assente sorrindo e ela se levanta. – E vocês se comportem, crianças.

– O irmão de vocês, hoje saiu mais cedo que o normal... Bom o normal dele, é claro. – Meu pai fala com tristeza na voz e se senta, assim que minha mãe sai da sala. – Ele passa seis meses longe da família e quando retorna, fica mais distante ainda, como se ainda estivesse em outro País.

– Dê um tempo a ele, Pai. – Ele me encara com seus olhos cinzentos iguais aos dos meus irmãos, mas não fala nada. – O Christian voltou diferente dessa viagem e eu tenho certeza que ele está tentando se reaproximar, mas o Senhor conhece o filho que tem e sabe que naquela cabeça se passa muitas coisas e a maioria delas, são negativas. – Ele suspira e assente.

– Eu sei meu Filho, mas para um pai, não é fácil ver um dos seus filhos sofrendo, se afastando ainda mais sem buscar o apoio da família e tudo isso, por causa de uma mulher que não merece que o seu irmão ainda sofra por causa dela.

– Pai, eu tenho certeza que o Christian não sofre por causa daquela mulher, pelo menos não mais. – Caleb fala e meu pai suspira novamente. – Mas sim por causa do quê aquela mulher fez, mas o Richard está certo, ele está diferente, mesmo que com toda aquela frieza, ele está mais receptivo. – Meu pai olha para o seu relógio e se levanta, assim que ouvimos passos descendo as escadas.

– Tudo bem, vocês têm razão. – Ele se aproxima e beija a cabeça do Caleb e a minha se afastando em seguida. – Eu sei que quando ele estiver pronto, ele irá recorrer a vocês dois de qualquer forma e eu fico feliz em saber que ele tem vocês, como eu sei que vocês têm a ele também, apesar de tudo. – Ele sorri e pega a sua pasta. – Tenham um bom dia, meus Filhos.

Minha mãe também se despede e eles saem da sala e eu suspiro, ficando em silêncio assim como Caleb, pois eu tenho certeza que ele deve estar pensando o mesmo que eu, pois apesar de tudo, sentimentos muito a falta daquele cabeça-dura do nosso irmão, mas quem sabe, de agora em diante as coisas possam ser diferentes, isso é claro, depende muito se as minhas suspeitas realmente forem reais e o meu irmão que agora acredita ter um coração gelado se permitir sentir novamente, mas eu conheço aquele pirralho e sei que estou certo.

(...)

Os dias foram passando e não conseguimos uma forma de colocar Christian e Ana no mesmo lugar, no entanto eu devo admitir que o meu irmão estivesse mesmo disposto a reaproximar de nós, a sua família, tendo-o novamente algumas vezes durante o jantar e no último fim de semana ele também não foi trabalhar, mesmo que tivesse ficado a maior parte do tempo em seu quarto. 

Porém a notícia que possivelmente ele retornará para o México caiu como um balde de água fria em nossos planos, mas tentaremos fazer esse encontro acontecer no sábado, que será o meu aniversário e conseguiremos coloca-los no mesmo lugar... Bom, se Caleb conseguir convencer a Ana, que está relutante em ir a nossa casa, o que achamos estranho essa recusa dela.

Se antes ainda pudesse ser apenas uma suspeita quanto ao interesse do meu irmão em Ana, agora passou a ser uma certeza, sendo que algumas vezes eu entrei em seu quarto durante a noite e vi em sua mão uma fotografia dela – que eu sei exatamente como ele conseguiu aquela foto, mas falaremos sobre isso em outro momento – enquanto dormia, mas conhecendo-o como eu conheço, sei o quanto ele é capaz de sufocar e negar a si mesmo, tudo que possa estar começando a sentir por ela, justamente por medo de novamente passar por tudo que passou com aquela mulher que quase acabou com ele emocionalmente.

Por diversas vezes, Caleb e eu evitamos desencadear qualquer discussão que pudéssemos ter com o nosso irmão, por entender tudo que ele passou, mas chega um momento que passar a mão na cabeça dele não é mais viável e foi isso que eu deixei de fazer quando na segunda-feira a minha mãe me ligou avisando que ele havia chegado a casa, completamente abalado e eu não pensei duas vezes em desmarcar meus compromissos para encontrar com meus irmãos, mas ouvi-lo admitir que estivéssemos certos e ainda pedir desculpas desarmou qualquer tentativa que eu estava disposto a fazer para tirá-lo de sua zona de conforto, principalmente por ver a dificuldade que ele tem em verbalizar o que esta sentindo, simplesmente porque o seu orgulho ainda não permite que ele o faça.

– Senhor Grey! – Assusto-me com Danielle, a minha Secretária, entrando na minha sala, me olhando preocupada. – Desculpe-me, Senhor, mas eu bati na porta e como não obtive resposta, pensei que poderia ter acontecido alguma coisa.

– Tudo bem, Danielle, eu estava distraído.

– O Senhor Raymond Steele acabou de chegar, o Senhor irá atendê-lo na sala de reuniões?

– Não, pode pedir para que ele entre, irei atendê-lo aqui mesmo. – Ela assente e antes que saia a chamo de volta. – Danielle, peça para Samantha vir a minha sala, assim que o Senhor Steele sair.

– Senhor Grey, a Samantha não está no prédio. Ela ainda está em Portland, mas retornará na sexta-feira pela manhã. – Assinto e lembro-me que preciso ter uma conversa com Samantha que está envolvida no caso de um cliente há quase duas semanas, mas ainda não recebi nenhum relatório desse cliente. – Scott, Diana, Stella e Declan estão na sala de treinamento, gostaria que eu chamasse algum deles?

– Não é necessário, pode pedir para o Raymond entrar, obrigado, Danielle.

Ela se retira da minha sala e eu penso que Luke precisa voltar para assumir o seu Departamento o quanto antes, no entanto eu sei que ele ainda ficará um tempo na Itália, atendendo ao pedido de uma amiga de infância que infelizmente estava doente, vindo a falecer e, mesmo eu não sabendo de fato o que possa ser o motivo que esteja mantendo-o em outro País por tanto tempo, acredito que seja algo que ele não poderia recusar, pois o que tudo indica, ele só retornará para Seattle daqui a três meses, mas enfim, algo me diz que em breve saberemos a história do meu amigo, porém no momento eu posso apenas focar no meu trabalho e ouvir o que Raymond – que acabou de entrar na minha sala – tem a me dizer.

– Richard! Quanto tempo meu rapaz? – Apesar de sempre estar com um sorriso nos lábios, hoje eu sei o motivo para os seus olhos sempre estarem tristes, no entanto eu me aproximo e aperto a mão que me foi estendida.

– Faz um tempo de fato, Raymond, como tem passado? – Indico a cadeira a minha frente e ele se senta e eu faço o mesmo.

– Cansado meu jovem. Deveras cansado, mas não posso reclamar, mesmo tendo que alternar entre Seattle e México com tanta frequência e isso graças ao seu irmão que tem desenvolvido com maestria o projeto da minha plataforma. – Sorrio por ouvir isso e sinto muito orgulho do meu irmão, afinal, Christian é realmente competente no que faz. – Mas vamos direto ao ponto que me trouxe aqui. – Ele se interrompe no momento que Danielle bate na porta, entrando em seguida com água e café numa bandeja.

– Obrigado, Danielle. – Ela sorri e se retira e eu foco a minha atenção novamente nele. – Como eu posso ajuda-lo, Raymond?

– Eu acredito que você esteja ciente sobre o caso da minha filha, correto?

– Sei apenas o que minha mãe nos contou, mas não exatamente o que aconteceu. – Ele assente e suspira e, eu consigo ver o quanto isso o machuca.

– Resumirei tudo desde o início para que você possa entender sobre o que venho passando nos últimos 20 anos de uma busca incessante e sem êxito até agora.

Eu assinto e ele começa a me contar tudo que aconteceu desde o momento que recebeu uma ligação avisando sobre a namorada – que hoje é sua esposa – estar num Hospital correndo risco de morte por complicações no parto cujo ele nem sabia da existência da gravidez. Assim como o bebê foi dado como morto no nascimento, mas que depois de tanto insistir para vê-lo, descobriu que o bebê havia sido subtraído da Maternidade sem que ninguém tivesse visto nada e, que após a sua esposa acordar de um coma devido às complicações, descobriu que era uma menina.

E assim, ele passou a próxima hora relatando tudo, desde as contratações frustradas de Investigadores que logo desistiam do processo por não encontrarem pistas e dois anos depois, no momento que ele pensou que poderia ser em vão as tentativas para localizar o paradeiro da filha, ele recebeu uma carta com uma fotografia, o que ele garante ser sua filha, devido aos detalhes que foram possíveis ser vistos na criança. Eu penso por um momento e alguma coisa não se encaixa nessa história, até mesmo porque, os sequestradores nunca pediram resgate, o que seria algo óbvio devido à fortuna dos Steele.

– E quanto às imagens das câmeras de segurança, Raymond? Pois mesmo que esse Hospital seja Público, eu sei que ele tem um excelente monitoramento interno, como todos os Hospitais de Seattle. – Ele suspira e nega com a cabeça.

– Apesar de concordar com você, Richard, que de fato o Hospital tem sim uma Central de Monitoramento, mesmo que não fosse tão moderno há 20 anos como é hoje, mas havia, no entanto, justamente no dia do nascimento da minha filha, as câmeras estavam passando por manutenção e não conseguimos ver absolutamente nada. – Reflito as suas palavras e isso não foi apenas uma manutenção.

– Não, Raymond. As câmeras não estavam em manutenção, elas foram desligadas. – Ele me olha sem entender por eu afirmar isso sem fazer uma investigação, mas continuo. – Quem fez isso, sabia exatamente o que estava fazendo, pois não queria deixar rastros que pudessem ser seguidos.

– Você está querendo dizer que o Hospital pode estar envolvido no sequestro da minha filha? – Ele fala nervoso e eu nego com a cabeça.

– Não digo que a Direção do Hospital estivesse envolvida, mas que alguém do Hospital ajudou os sequestrados, isso com certeza. – Ele fica em silêncio com o olhar perdido, mas chamo novamente a sua atenção para mim. – Algum dos Investigadores que você contratou, fez um levantamento dos funcionários do Hospital e analisou se algum deles abandonou o trabalho ou solicitou desligamento após o nascimento da sua filha, ou pelo menos, próximo ao dia em questão?

– Sim, no entanto não foi dado importância para esta informação, pois alguns funcionários haviam solicitado desligamento, como outros tantos que foram demitidos nos próximos dias após o nascimento.

– Você tem esses documentos? – Ele assente. – Ótimo! Eu vou precisar analisar todos esses funcionários e tentar localizá-los, mas mandarei um Agente fazer uma nova investigação no Hospital, caso os documentos estejam incompletos ou adulterados.

– Então você está disposto a pegar o meu caso?

– Não foi para isso que você me procurou? – Arqueio uma sobrancelha para ele que suspira.

– Sinceramente, Richard, eu confesso que eu vim falar com você sem muitas expectativas, pois são 20 anos sem nenhuma pista, além da carta que eu recebi a 18 anos, me avisando que a minha filha estava bem e que estava sendo bem cuidada, depois disso, nada! Não recebi absolutamente nada que me indicasse que a minha filha ainda estivesse viva ou se pelo menos pudesse estar no mesmo continente que nós. – Ele fala com tanta desolação e desesperança na voz que faz o meu coração se apertar e, eu suspiro, por imaginar a sua dor, pois se isso tivesse acontecido com os meus pais... Não! Não quero nem pensar na possibilidade de não ter um dos meus irmãos comigo.

– Raymond, eu gostaria de conversar com a sua esposa, se não for um problema é claro, pois eu sei que isso deve ser ainda mais delicado e doloroso para ela, mas você mesmo disse que só chegou à noite, depois que tudo já havia acontecido, mas eu gostaria de saber o que aconteceu antes. Onde ela estava? Quem estava com ela? Quem a acompanhou até o Hospital? E se ela por ventura possa se lembrar de algo que não foi mencionado antes. – Relutante, mas ele assente concordando, porém eu penso por um momento e me lembro de algo que ele disse. – Outra coisa, você disse que a carta com a fotografia chegou a suas mãos no momento que vocês já estavam sem esperança que sua filha pudesse estar viva, correto?

– Sim. Mesmo que fosse muito doloroso admitir, estávamos desistindo de conseguir alguma informação, pois não havia rastro nenhum, como se tudo não passasse de um sonho e que não houvesse nenhum bebê, pois a única coisa que tínhamos, eram os ultrassons do período da gestação e mais nada, mas a carta chegou justamente para provar que a nossa filha estava viva, reacendendo novamente a esperança que pudéssemos encontrá-la.

– E quanto aos seus funcionários? – Ele me olha sem entender, mas esclareço. – Será que algum deles não poderia estar envolvido? Alguém da sua empresa, os Seguranças ou até mesmo os funcionários que cuidavam da manutenção e limpeza da sua casa, pois esta carta chegou num momento muito oportuno, justamente quando vocês estavam praticamente desistindo. Não percebeu nada suspeito? Você chegou a verificá-los?

– Sinceramente não. Como eu havia dito os Investigares desistiam logo de continuar com o caso e isso passou a acontecer com todos que eu contratava, mas os funcionários que permaneceram tanto na minha Empresa como em minha casa, nunca agiram de forma suspeita, pelo menos não que eu tivesse percebido.

– Talvez você não estivesse olhando como deveria, por estar mais preocupado que pudesse ser alguém de fora. – Falo mais para mim do que para ele, que me encara intensamente com seus olhos azuis tristes. – Mas não vamos nos precipitar, mesmo que num caso como este nada possa ser descartado, mesmo que 20 anos tenha se passado. – Ele assente, mas posso ver que ele tenha ficado preocupado com o que eu disse. – Envie-me tudo que você tiver, como a fotografia, a carta e se possível, eu gostaria de ter acesso aos registros dos seus funcionários, inclusive os que já saíram durante esses 20 anos. – Ele me olha com um brilho renovado em seus olhos e sorri de lado.

– Seu irmão tinha razão em dizer que você é mesmo bom no que faz e que não desistiria tão fácil como os Investigadores que eu contratei até hoje. – Fico sem graça com o seu elogio, mas fico feliz em saber que o meu irmão ainda me admire a ponto de dizer isso. – Você conseguiu levantar tantos pontos e situações, numa simples conversa que os Investigadores que tinham documentos em mãos, não conseguiram durante esses 20 anos, por isso, Richard, não importa quanto isso irá custar, de antemão, quero deixar claro que você tem carta branca para fazer o que achar necessário, sem se importar com os custos para isso.

– Primeiro vamos encontrar a sua filha e se ela estiver viva, eu te garanto que farei o possível e impossível para isso acontecer, depois nos preocuparemos com os detalhes. – Ele assente e se levanta e eu faço o mesmo.

– Bom, já tomei muito do seu tempo. – Ele sorri e eu nego com a cabeça. – A sua mãe ligou nos convidando para o seu aniversário no sábado, 30 anos hein, meu rapaz?

– O tempo passa muito rápido, Raymond. Estou ficando velho. – Ele dá risada e eu sorrio.

– Quem está ficando velho sou eu que te vi nascer. – Ele nega com a cabeça e quem dá risada agora sou eu. – Quem diria que aquele bebê viria ser a pessoa que iria me ajudar a tentar encontrar a minha filha? O mundo dá voltas e nos prega surpresas que não fazemos nem ideia, mas enfim, por ora, obrigado. – Ele estende a mão, e eu a aceito de imediato.

– Não me agradeça ainda e eu preciso ser sincero com você, Raymond, pois não quero que alimente falsas esperanças que possa desencadear ainda mais sofrimento a você e sua esposa, mas eu farei tudo que estiver ao meu alcance para ter sucesso em nossas buscas se a sua filha estiver de fato viva. – Posso estar sendo duro nas palavras, mas preciso ser realista, afinal, se passaram 20 anos. Ele assente e sorri de forma triste.

– Não se preocupe, mas eu acredito nisso, pois novamente a esperança está mais viva dentro do meu coração depois que conversamos, talvez possa ser a vontade de um pai querer ter a filha em seus braços, mas algo me diz que você ainda irá me trazer boas notícias. – Eu assinto por entendê-lo e ele caminha na direção da porta a abrindo, mas volta o seu olhar para mim. – Sábado nos veremos e eu aproveitarei para levar tudo sobre o caso. Tenha uma boa noite, Richard.

– Boa noite, Raymond. – Ele sorri e sai da minha sala e sento-me novamente em minha cadeira, suspirando.

Eu espero muito conseguir alguma coisa que possa fazer a tristeza de seus olhos sumirem, pois eu posso imaginar a dor que tanto ele quanto a esposa têm sentido durante todo esse tempo, sendo que apenas o afastamento do meu irmão durante um pouco mais de dois anos me machuca e me deixa triste, assim como os meus pais e o Caleb, pensa passar 20 anos longe de sua filha, que não tiveram nem a oportunidade de ver o rostinho dela uma única vez sequer?

Mas ele disse algo que faz muito sentido, pois a vida de fato dá muitas voltas e nos prega várias peças e isso não poderia estar mais certo, o que eu não imaginava era que iria descobrir isso de forma tão literal alguns dias depois.

Maktub, meu caro Richard! Maktub 😏😏😏!


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro