Capítulo - 29
O trânsito nunca pareceu tão lento como neste momento, da mesma forma que eu nunca havia sentido tanta pressa para chegar a casa, num longo período de tempo, isso tudo por eu querer estar ao lado de Anastásia o quanto antes, mas parece que o tempo resolveu brincar com a pouca paciência que eu costumo ter, o que faz com que Taylor também fique agitado dirigindo entre o limite da segurança e a imprudência permitida sem que ninguém seja prejudicado, até o momento que ele atravessa os portões, parando em seguida na entrada da casa e, antes que desligue o carro eu abro a porta saltando sem esperá-lo.
Entro na sala e tudo está em silêncio, verifico novamente a hora e não está tão tarde e, me pergunto onde estão os meus irmãos ou os meus pais, no entanto decido subir para procurar a Anastásia, encontrando-a na sacada do meu quarto olhando para a noite que está com as nuvens carregadas escondendo o brilho da lua e das estrelas.
– Desculpe-me a demora, mas eu estava com um possível cliente em potencial que demandou muito tempo. – Falo assim que me aproximo envolvendo o seu corpo delicado com meus braços e percebo que o seu perfume está diferente, mas ela não fala nada. – Eu senti muito a sua falta.
– Quanto a isso eu não tenho dúvidas, eu sei que você sentiu minha falta. – Afasto-me abruptamente assim que ouço essa voz dando passos para trás e ela se vira na minha direção tirando uma peruca revelando seus cabelos loiros. – Eu também senti muito a sua falta, Gatinho. – Ela me encara com um sorriso debochado e eu sinto a raiva começar a me dominar, na mesma proporção que a preocupação por não saber onde Anastásia possa estar.
– O que você está fazendo aqui? Onde está a Anastásia? – Falo ríspido e ela sorri de modo exagerado.
– Ora, você já me esqueceu? Mas é uma pena, pois você nunca será feliz, está me ouvindo? NUNCA! – Ela grita e seu rosto se transforma numa máscara disforme e dou mais alguns passos para trás assim que ela se aproxima. – Aquela criança te abandonou, assim como eu fiz e como todas as outras farão.
– Para! É mentira. – Ela gargalha e continua a se aproximar, colocando suas mãos frias em meu rosto, no qual eu tento tirá-las sem sucesso.
– Você só merece a infelicidade, sabe por quê? – Eu não respondo nada e ela continua. – Porque você é insuficiente para qualquer outra mulher. Você é oco por dentro, frio, completamente vazio, pois foi assim que eu te deixei, que nem mesmo a sua família consegue te perdoar por tudo que você fez. – Eu nego com a cabeça, sentindo um nó se formar em minha garganta, mesmo sabendo que ela tem razão. – A sua Princesinha de olhos azuis está indo embora para nunca mais voltar. – Ela volta a gargalhar e sinto nojo do seu toque na minha pele.
– Onde ela está? – Consigo me afastar do seu toque e ela aponta para a janela.
– Veja você mesmo, Gatinho. – Eu me aproximo da sacada e vejo Anastásia se afastando, acompanhada de um homem que não consigo ver quem seja.
– Anastásia! – Ela se vira na minha direção com o rosto desprovido de qualquer emoção e sinto o meu peito se comprimir quando ela se vira e abraçada com o homem, segue seu caminho, se afastando ainda mais de mim.
– NÃO! ANASTÁSIA! – Eu grito, mas ela não volta a me olhar.
– Christian! – Ouço sua voz delicada distante, mas ela continua se afastando.
– Eu avisei! Você nunca vai conseguir ser feliz.
Débora gargalha e se aproxima novamente, tentando me tocar, no entanto eu não consigo falar mais nada e apenas fecho os olhos sentindo o peso da verdade sobre o meus ombros, sabendo que ela está certa quanto a isso.
– Christian! Eu estou aqui!
Novamente ouço a voz suave de Anastásia e sinto um toque no meu rosto, fazendo-me abrir os olhos assustado e percebo que estou segurando o seu braço com um pouco de força, no qual ela me olha ainda mais assustada do que me encontro. Demoro alguns segundos para perceber que eu estava tendo um pesadelo com aquela maldita e assim eu solto o seu braço para não machuca-la, mas sem conseguir controlar o breu novamente tenta me assolar, porém ver o seu olhar magoado pela frieza que eu falei, me faz esquecer o vazio por um momento e seguro a sua mão, para ter certeza que ela está mesmo aqui e que a sua imagem não faz parte do meu martírio e alucinação.
No entanto ser consolado por alguém que não faz ideia do meu passado, que não me encheu de perguntas, que não me cobrou respostas e muito menos insistiu em dizer que eu tenho que superar e esquecer me trouxe uma paz e tranquilidade que eu nunca mais senti desde aquele maldito dia, mas sentir o seu toque suave em meus cabelos, o calor de seus braços ao me abraçar e ouvir a sua voz doce e melodiosa cantando para espantar os meus fantasmas, me fez entender que esse pesadelo em nada terá peso na minha vida. Que aquela mulher está completamente errada, pois eu acredito que a minha felicidade está mais perto do que eu sequer poderia imaginar e, é dessa forma que eu volto a dormir, sentindo que esse Anjo apareceu na minha vida para de fato me resgatar.
(...)
Acordo sentindo um perfume doce e suave no ar e percebo que eu não dormia tão bem assim faz muito tempo, no entanto, assim que abro os olhos me dou conta que eu não estou no meu quarto e os acontecimentos da madrugada vêm como avalanche em minha cabeça. Eu procuro por Anastásia, mas encontro apenas o silêncio, levanto-me e volto para o meu quarto verificando a hora e arregalo os olhos por ser mais de 09h00 e tento me recordar quando foi à última vez que acordei tão tarde assim.
Sigo para o banheiro pensando o quanto Anastásia é inocente e pura, pois ela não hesitou em me levar para o seu quarto para que pudesse cuidar de mim, sem pensar no que estava fazendo ao levar um homem para a sua cama. A leveza que ela encarou a minha frieza – que não era direcionada a ela – me fez perceber o quão grande é o seu coração e a sua percepção ao saber distinguir o momento de sanar sua curiosidade – que eu vi explicita em seus olhos – ou simplesmente se abster e ser delicada com suas palavras, mesmo que fossem diretas para o "x" da questão quanto aos meus fantasmas.
Encerro o meu banho e paro na bancada para escovar os meus dentes, no entanto encaro a minha imagem refletida pelo espelho e percebo que me sinto diferente, digamos que até um pouco mais leve, mesmo tendo um pesadelo com aquela mulher, mas nem isso foi suficiente para arruinar o excelente humor no qual eu acordei, mas não vou negar que isso de fato me deixa assustado e me pergunto o que Anastásia tem que conseguiu em apenas uma noite – ou melhor, uma madrugada –, o que venho lutando a mais de dois anos fazer, que é voltar a dormir depois de um pesadelo e menos ainda tendo um sono tranquilo.
Caminho para o closet e vejo que Lola colocou a camisa que Anastásia me deu de presente, lavada e passada e sem hesitar a pego e começo a me arrumar rapidamente, saindo em seguida do meu quarto, encontrando a minha família na sala de jantar tomando o café da manhã.
Minha família! Nunca me pareceu tão certo os membros sentados à mesa como nesse momento, incluindo a Menina-Mulher que me olha com as bochechas coradas, tentando evitar o meu olhar, mas que eu não hesito em pegar a sua mão e trazer aos meus lábios, mesmo tendo a atenção da minha família em nós, para em seguida ouvir as gracinhas dos meus irmãos, fato que nem isso conseguiu me deixar irritado, até o momento em que eu ouvi Anastásia dizer ao meu pai, que conhece o meu irmão gêmeo muito bem, vendo o sorriso do cretino se ampliar, como se dissesse "E agora, vai socar a Anastásia também?".
– E então? Não esperou nem 24 horas que a Ana está em nossa casa para dormir na cama dela? – Caleb faz a pergunta com o seu sorriso debochado de sempre, assim que ficamos apenas nós três à mesa, tendo os meus pais se retirado para resolver algo do Hospital e Anastásia para atender uma ligação.
– Caleb, não me teste! Hoje eu estou de bom humor, mas isso pode mudar a qualquer momento. – Continuo a comer e ouço a risada abafada de Richard e o encaro. – O que foi?
– Você realmente está de bom humor, pois está sendo bem suave com as suas palavras. – Respiro fundo e bebo um pouco de suco, mas me pergunto como eles sabem que eu dormi na cama da Anastásia? – Ela nos contou. – Olho para ele confuso que continua. – Você está franzindo a testa e aposto que está se perguntando como sabemos que você dormiu no quarto dela. – Assinto, pois é inegável que ele me conheça bem. – Pensávamos que você tivesse ido para a sua Empresa e estávamos reclamando, mas na intenção de te defender, a Ana contou que você estava dormindo no quarto dela. – Fico surpreso com as suas palavras e não tenho argumentos para isso.
– A Ana é muito direta e transparente, Christian, assim como você. E mesmo que isso pudesse expô-la, ela não pensou duas vezes antes de te defender. – Caleb fala com reverência em sua voz e eu percebo que ele de fato tem um carinho especial por ela, mesmo que às vezes isso me incomode, por motivos que eu ainda não consigo entender.
– E você está mesmo bem, meu irmão? – Olho novamente para Richard e suspiro, sabendo sobre o que ele se refere.
– Estou sim, não precisa se preocupar. – Ele sorri de lado e se serve com mais café, mas volta a me olhar.
– Eu sempre vou me preocupar com você, assim como com o Caleb e agora com a Ana, pois essa é a função de um irmão mais velho. – Assinto e sorrio de lado, pois nisso eu tenho certeza que ele nunca irá mudar.
– Oh, que profundo isso, meu irmão. – Caleb joga o braço por cima dos ombros de Richard e abre o seu sorriso cretino. – Então será que esse irmão tão preocupado, poderia me emprestar aquela belezinha que está na garagem?
– A minha moto? – Caleb assente sorrindo e Richard o empurra para se soltar dele. – Não nessa vida. – Caleb bufa e encara nosso irmão.
– E o papo de sempre se preocupar conosco? É tudo falatório de Político que nunca cumpre o que promete?
– Não seja abusado, Caleb, ou esse irmão mais velho aqui, vai te dar uma surra daquelas no tatame.
– Sinceramente eu estou bem de irmão mesmo. – Ele nega com a cabeça, fazendo uma cara de falsa chateação. – Sou ameaçado por todos os lados nessa casa, um é ogro e vive querendo me socar, o outro é egoísta e não quer compartilhar aquela preciosidade e ainda fala que vai me bater? Até a Ana me trocou por uma cópia minha. – Ele continua com o seu drama e eu nego balançando a cabeça, enquanto Richard apenas sorri.
– Não seja idiota, Caleb. – Levanto-me e jogo o guardanapo nele, que me encara de olhos arregalados. – Se me dão licença, eu vou ver se a minha namorada, já encerrou a ligação.
– A Ana só precisa saber que é a namorada em questão, não é mesmo Richard? – Respiro fundo mais uma vez, para não me irritar com o meu irmão, mesmo sabendo que ele está certo, mas os ignoro e saio da sala de jantar.
(...)
Mesmo que a minha intenção não fosse essa, eu não pude deixar de ouvir parte a conversa de Anastásia ao telefone e, me pergunto, por qual razão ela acreditava que eu fosse comprometido ou que eu a odiasse? No entanto ouvi-la dizer que ainda essa semana voltaria para a sua casa – o que deduzo ser isso pela resposta – me causou um desconforto no peito, sendo amenizado parcialmente por ouvir a sua risada sobre algo que a sua tia tenha falado.
Eu pude constatar que de fato ela é mesmo transparente, inclusive estando numa ligação telefônica, pois observei várias mudanças de humor a cada frase proferida ou ouvida e fiquei confuso quando ela oscilou entre o desanimo e a euforia e, isso me faz sentir ainda mais culpado por eu sequer ter pensando em compará-la com aquela mulher que não merece mais nem um segundo dos meus pensamentos, que mesmo em sonhos – ou pesadelos, seria o melhor a se dizer – tenta infernizar a minha vida, mas que dessa vez não teve êxito, pois o motivo da minha paz interior está nesse momento suspirando sentada no sofá da minha sala.
Não aguentando mais ser apenas um espectador, acabo a assustando quando me faço presente na sala, sendo alvo de uma avaliação minuciosa da parte dela e o reconhecimento em seus olhos ao perceber a camisa que estou usando e, devo confessar que mesmo o silêncio compartilhado ao seu lado é agradável, até ser questionado sobre o meu pesadelo, mas mesmo que eu não goste de ser confrontado quando isso acontece, eu não pude deixar de agradecê-la por ter cuidado de mim, fazendo-me sentir tão bem a ponto de conseguir dormir mais tempo do que quando eu ainda era um adolescente, fato que me deixou ainda mais satisfeito ao presenciar o seu embaraço por falar as coisas sem pensar e depois tentar se corrigir e é impossível não sorrir do seu jeitinho meigo e delicado, levando-me a sentir o sabor doce dos seus lábios.
Beijar Anastásia é como um afrodisíaco não apenas para o meu corpo, mas também para a minha alma que se regozija em ser tocada por sua luz, sendo agarrada cada vez mais para se afastar do breu que sempre tenta me assombrar. Sentir a sua mão quente e delicada em meu peito faz o meu coração já acelerado, disparar ainda mais, apenas por tê-la tão entregue a mim dessa forma, até sermos interrompidos pelo inconveniente do meu irmão, no entanto a raiva que senti por ele não ter limites, foi completamente esquecida ao ouvir a gargalhada dela, que contagiou não só o meu irmão, mas a mim também, deixando o clima completamente leve e descontraído e, como eu já havia dito, ela é sem dúvida a lufada de ar fresco que eu não buscava, mas que de fato eu precisava.
Presenciar o carinho dela com o meu irmão gêmeo é algo que me deixa incomodado, não vou negar, mas eu sei que preciso me acostumar com isso, afinal, antes que eu pudesse aparecer ambos faziam parte da vida um do outro, mesmo que seja apenas um vínculo bem forte de amizade, mas ouvi-la mais uma vez me defender das provocações de Caleb, me comparando a um Príncipe foi impossível conter uma risada, o que venho fazendo com muita frequência desde que esse Anjo apareceu no meu caminho dizendo que correspondia aos meus sentimentos, nos quais eu não desejei sentir, mas que preencheram o buraco negro que vinha aumentando gradativamente com o passar dos dias.
Olhar para a sua face corada ao aceitar o meu convite para almoçar me fez desejar mais uma vez sentir os seus lábios nos meus, assim como o calor de seu corpo próximo ao meu e o toque suave de suas mãos em meus cabelos, mas preciso conversar antes com Taylor para organizar a nossa saída e discutir algo que me incomodou por ouvir parte da ligação da Anastásia com sua Tia, com o meu irmão mais velho, por isso a deixo, sozinha na sala enquanto fica rindo por me ver praticamente arrastar o meu irmão gêmeo pela camisa.
– Me solta seu ogro, eu vou contar para a Mamãe.
– Cala a boca e deixa de ser irritante, Caleb.
– Você está amassando a minha camisa, seu bruto. – Largo a gola de sua camisa, assim que chegamos à cozinha e ele bufa tentando arrumar sua roupa. – O que deu em você? Sinceramente estou começando sentir à falta do meu irmão coração gelado do que dessa sua versão apaixonada, pois você está ainda mais impulsivo do que antes.
– Já acabou com o drama? – Ele me olha e movimenta os lábios de forma debochada, como se estivesse repetindo as minhas palavras, mas ignoro. – Eu preciso que você me faça um favor. – Ele para as gracinhas e me encara aguardando que eu fale. – Ligue no Space Needle e peça para eles organizarem uma mesa para dois. – Ele faz uma careta e acho estranho isso. – O que? Qual é o problema?
– Christian, a Ana é uma pessoa bem simples e eu acho que para um primeiro encontro, seria melhor você leva-la a um lugar menos, como eu posso dizer... – Ele para e pensa por um momento, até encontrar as palavras que deseja pronunciar. – Um lugar com menos frescuras, ou então, isso pode deixa-la intimidada e deslocada. – Suspiro, pois nisso eu tenho que ouvi-lo, por conhecê-la melhor do que eu... Por enquanto.
– O que você me sugere então?
– A Ana gosta muito de massa, o que você acha daquele Restaurante Italiano que sempre íamos com os nossos pais?
– Cascina Spinasse? – Ele assente e sorri, e eu acho uma boa ideia, um bom restaurante, com comida de alta qualidade e um excelente atendimento. – Tudo bem, você faz as reservas para às 13h00?
– Claro, mas depois eu vou querer uma bela recompensa por isso, quem sabe um fim de semana no seu catamarã?
– Caleb, ele nem está pronto ainda e deixe de ser interesseiro afinal você é ou não o meu irmão?
– Isso são negócios, meu irmão, puramente negócios. – Eu o encaro irritado e ele gargalha da minha cara. – Estou brincando, Senhor Irritadinho, eu faço as reservas.
– Obrigado.
Ele continua rindo, mas pega o seu telefone e sei que ele cuidará disso para mim, enquanto eu sigo para o anexo dos Seguranças, encontrando o Taylor numa sala toda equipada e confesso que depois da reforma, eu ainda não tenha vindo a este ambiente e devo admitir que, ficou muito bom, parecendo um quartel general com monitores e equipamentos e percebo que meu irmão não está mesmo brincando com a Segurança da nossa família.
– Taylor, você conseguiu algum retorno sobre o carro que estava rondando a casa da Anastásia?
– Como assim, um carro estava rondando a casa dela e você não me falou nada? – Assusto-me com a voz de Richard que acabou de entrar na sala e Taylor me olha querendo saber se pode compartilhar a informação com o meu irmão e eu apenas assinto.
– Ontem quando o Senhor Grey estava na casa com a Senhorita Steele, eu observei que um carro passou por três vezes, num curto período de tempo de frente a casa, no entanto eu solicitei que Jay fizesse uma verificação na placa, mas descobrimos que o carro é alugado, nos levando a acreditar que a pessoa estivesse apenas procurando um endereço nas proximidades. – Taylor fala e algo em sua fala me chamou a atenção.
– O que você quer dizer com "nos levando a acreditar"? Pelo visto você discorda dessa informação? – Ele faz uma troca de olhar com Richard, mas o meu irmão quem me responde.
– Isso poderia ser interpretado dessa forma por pessoas não treinadas, Christian, no entanto para pessoas como Taylor e eu, sabemos que isso não passa de uma forma para despistar a suas verdadeiras intenções, no entanto, precisamos saber quem e por que estavam vigiando a casa e desde quando. – Sinto a inquietação me dominar por pensar que se eu não tivesse a acompanhado até a sua casa ontem, o que poderia ter acontecido, no entanto Taylor chama a nossa atenção com um pigarrear.
– Eu pedi para o Jay verificar as câmeras de vigilância dos últimos dias. – O encaro pensando se eu vou querer saber como eles vão fazer isso sem autorização, mas decido que o melhor é não querer saber.
– Christian, tem mais alguma coisa que você gostaria de compartilhar, pois estou vendo que você e o Taylor estão sabendo de mais alguma coisa sobre o que conversamos ontem no escritório. – Richard cruza os braços me encarando e às vezes ele me faz parecer como um menininho que está fazendo "arte", escondido dos pais, no entanto eu suspiro resignado, afinal ele é o responsável pela Segurança não só da nossa casa, mas de toda a nossa família.
– Sim, Richard, tem muito mais coisa, mas eu prefiro deixar para falarmos sobre isso amanhã na sua Empresa. – Ele me analisa por um momento, mas assente. – No entanto, teve algo que me chamou atenção na ligação que a Anastásia recebeu da Tia, pois mesmo que a situação que a casa ficou depois do surto daquela desequilibrada da Thaís, eu percebi que a preocupação da Tia dela, pode ter outro motivo, principalmente porque ela não tenha a encontrado na casa e ainda tenha passado a noite fora e deve também ter percebido que faltava algumas roupas em seu guarda-roupa, mas talvez isso seja apenas paranoia da minha cabeça, devido às últimas descobertas das investigações, no entanto não quero falar sobre isso hoje.
– Tudo bem, mas pelo fato do Taylor ter envolvido o Jay, eu posso deduzir que tem mais alguém da minha Equipe trabalhando para você que eu ainda não saiba correto? – Ele me encara com um sorrisinho de lado e sobrancelha arqueada.
– Samantha Foster. – Respondo sem rodeios e ele olha para Taylor que continua com sua face inalterada, mas Richard suspira e balança a cabeça em afirmação.
– Eu deveria ter desconfiado disso, mas tudo bem, amanhã nós conversaremos sobre isso e eu não quero que você me esconda mais nada, Christian, pois eu fico preocupado com o que você possa esbarrar nessas investigações, mesmo tendo dois profissionais de alta capacidade envolvidos no processo, além do Taylor, mas você é meu irmão e a Ana é importante para mim também, por isso, compartilhe comigo e me procure quando precisar de algo.
– Tudo bem. – Concordo a contragosto, pois ele fala como se eu ainda fosse um adolescente e não um homem feito, mas discutir com ele é perca de tempo, mas me viro para Taylor, para falar o que de fato me levou a vir procurá-lo. – Taylor, às 12h30min nós estaremos de saída, iremos ao Cascina Spinasse, por isso se organize e verifique a Segurança.
– Afirmativo, Senhor. – Ele dá uma aceno de cabeça para Richard e se retira em seguida, deixando-me com o meu irmão.
– Você está feliz não está, meu irmão? – Ele passa o braço por meus ombros e saímos do Centro de Comando, mas eu suspiro e assinto.
– Sim, Richard, eu estou, mesmo que isso ainda seja bem assustador não vou negar, pois foi em tão pouco tempo, mas é como se isso fosse o certo, entende? – Ele assente e para, fazendo-me ficar de frente para ele, que me encara com seu sorriso acolhedor.
– Talvez eu não seja tão romântico como você sempre foi, mas eu acredito em almas gêmeas e eu sei que cada um de nós tem a metade da nossa perdida em algum lugar, da mesma forma que alguns encontram e insistem em uma metade que jamais irá completar a nossa. – Ele sorri, mas vejo que seus olhos ficaram tristes, mas ele se aproxima e coloca as mãos nos meus ombros. – E como eu te disse ontem, você precisou passar por tudo que passou, para poder amadurecer e ser forte para quando encontrasse a sua metade verdadeira, para ser forte não apenas por você, mas por ela quando precisasse, pois nada, Christian, nada nessa vida acontece apenas por acaso, mas com a permissão de Deus que coloca no nosso caminho o que o Destino já havia reservado, às vezes vem mascarado como Coincidências, mas é isso que faz com que seja real e que valha a pena lutar para corrermos atrás da nossa felicidade. – Não falo nada, mas assinto absorvendo todas as suas palavras. – Eu queria que você visse o que eu e a nossa família vemos, quando olhamos para você e a Ana juntos, pois parece que vocês se completam, apenas com o olhar. – Sorrio de lado e assinto novamente, entendendo o que ele quer dizer, afinal, eu me sinto diferente ao lado dela.
– Anastásia é tão pura e inocente, Richard, que às vezes eu duvido que ela seja real, mas tem uma força que emana dela, uma luz própria que consegue absorver a escuridão que se apossou de mim por quase três anos, apenas com um toque em meu rosto, ou um dos seus sorrisos sinceros e até mesmo no embaraço pela sinceridade dela em suas palavras.
– Essa é a Anastásia que conquistou a todos nós e que eu sabia que iria conquistar você também. – Arqueio uma sobrancelha para ele, questionando se ele virou vidente ou se tem uma bola de cristal e ele parece entender. – Eu não imaginava que seria dessa forma e muito menos que vocês iriam se apaixonar um pelo o outro, mas que com certeza você seria uma pessoa mais "calorosa" digamos assim, apenas por fazer amizade com ela, isso eu supunha, pois ela tem um jeito ímpar de lidar com situações desagradáveis e a prova disso é a convivência dela com a Thaís. – Faço uma carranca ao me lembrar do quanto àquela mulher é tóxica e ele continua. – Mas, devo admitir que desde a primeira vez que você a viu, você ficou impressionado por ela, inclusive a chamou em seu sono.
– Richard! – Ele e essa mania de entrar nos nossos quartos, mas ele sorri sem nenhum pingo de arrependimento.
– Relaxa irmãozinho. – Ele me abraça pelos ombros novamente e volta a caminhar. – Agora eu sei que você tem uma namorada e que não devo mais invadir a sua privacidade, pois agora você terá uma pessoa para zelar o seu sono, não precisando mais do irmão mais velho para espantar os seus fantasmas. – Ele ri e eu apenas balanço a cabeça, por não ter o que falar e logo subo para o meu quarto.
(...)
Enquanto eu espero Anastásia se arrumar, eu fico aguardando no meu quarto ansioso como nunca fiquei no meu relacionamento com aquela mulher – se é que posso chamar aquilo de relacionamento –, no entanto eu sinto, como se essa fosse à primeira vez que eu estivesse indo a um encontro com a minha primeira namorada, no entanto cansado de esperar, eu saio do meu quarto e respiro fundo algumas vezes antes de bater na porta do seu quarto e assim que ela se abre, eu vejo que ela me avalia como estou fazendo com ela, que está ainda mais linda se isso for possível e, sem pensar duas vezes, a tomo em meus braços, apenas para sentir um beijo suave dos seus lábios.
Descer e encontrar a minha família a nossa espera me deixou um tanto quanto desconcertado, mesmo que essa seja a primeira vez que eles estejam me vendo sair com uma namorada, mas como sempre, Caleb tem que fazer as suas gracinhas e eu concordo com a minha mãe, quando ela diz que Anastásia esteja mesmo parecendo uma princesa, com a diferença, que não é qualquer uma, mas sim a Minha Princesa.
Conversar com ela durante o trajeto me fez perceber que de fato eu estou protelando conversar com a minha família sobre os acontecimentos do passado, mas além de ser um covarde em partes, admito que não queira de fato relembrar o quanto eu fui ingênuo, imaturo e um tremendo idiota por ter caído nas armadilhas daquela mulher, no entanto a simplicidade que Anastásia me incentivou a me desculpar com a minha família, mas principalmente com os meus irmãos, me fez entender o que Richard quis dizer que ela sempre trata assuntos desagradáveis de uma forma ímpar e isso me cativa ainda mais quanto a sua personalidade doce e carinhosa.
Porém confesso que ela tenha me deixado um pouco assustado quando de repente senti as suas mãos frias e suadas, assim como a sua respiração irregular, mas saber o motivo do seu nervosismo me deixou extremamente irritado, por imaginar que isso possa ser obra de alguém que tenha colocado essas inseguranças em sua cabeça, porém mais uma vez, ela me surpreende com a sua força e determinação e assim saímos do carro entrando no Restaurante, encontrando uma Hostess nada profissional, por ignorar completamente a minha acompanhante, que mesmo sem perceber apertou a minha mão e eu pude ver a forma que ela olhou para a mulher, deixando-me envaidecido com a sua atitude ciumenta, que se eu não estivesse pronto para pedir a Hostess que se comportasse de forma mais profissional – o que não foi necessário –, eu poderia rir da situação.
Entre fazer os pedidos, no qual eu escolhi uma massa que gosto muito, Cavatelli com molho vermelho e ricota, uma salada Caprese como entrada e um Bordeaux Petrus, um vinho tinto Francês, para acompanhar, pudemos conversar um pouco mais, tendo a sua atenção em mim quando falei da minha Empresa, meu Estaleiro e o quanto sou satisfeito com a profissão que eu escolhi para ser minha. Manter um diálogo com Ana – forçarei a me acostumar a chamá-la assim –, sem contar que ela de fato ouviu o que eu estava disposto a falar, sem me pressionar com perguntas que eu ainda não estou pronto para falar, no entanto, eu senti o meu temperamento vir à tona assim que ouvimos uma voz terrivelmente enjoada, fazendo com que o sorriso lindo que estava nos lábios de Ana se desmanchasse.
– Christian, meu querido! Será que eu poderia me juntar a vocês?
Ana me olha sem falar nada, no entanto eu respiro fundo, contando mentalmente para não permitir que eu estoure com a Vanessa, pois estamos num lugar público e não quero constrangê-la no nosso primeiro almoço juntos, no entanto eu encaro a mulher que aguarda a minha resposta com um sorriso exagerado nos lábios.
– Não, Senhorita Parker! Se a Senhorita não percebeu, a nossa mesa foi preparada para duas pessoas e não três. – O seu sorriso vacila por um momento, mas ela se recupera não querendo perder a pose pela recusa.
– Não seja por isso, meu querido, afinal isso é um encontro de amigos, correto? Então eu poderia pedir um garçom para disponibilizar um lugar para mais uma amiga à mesa, afinal, faz alguns dias que não nos vemos. – Aperto o guardanapo com mais força na mão por ver o olhar decepcionada de Ana e novamente eu respiro fundo evitando uma cena.
– Senhorita Parker, nós não somos amigos e eu já deixei claro isso, na última vez que nos vimos na sua Empresa. – Falo entredentes e deixo claro que não nos encontramos depois disso, no momento que eu percebo qual é a sua intenção e, Ana parece perceber que estou por um fio, pois alcança a minha mão sobre a mesa, para que eu possa me controlar, mas Vanessa ignora completamente a minha fala mordaz e se dirige a Ana.
– Eu tenho certeza que a sua acompanhante não se incomodará de ter mais uma companhia para o almoço, não é mesmo, querida? – Ana aperta a minha mão e sorri com o seu jeito doce enquanto direciona o olhar para a mulher ao nosso lado, que a encara com irritação, mesmo que tente não demonstrar.
– Para falar a verdade, Senhorita Parker, eu me incomodo sim, assim como o meu namorado está incomodado com a sua presença, no entanto, se a Senhorita não se importar, gostaríamos muito de continuar com o nosso almoço, afinal, ainda temos um compromisso assim que sairmos daqui. Quem sabe uma próxima vez, não é mesmo? – Ela fala firme mantendo o seu sorriso nos lábios, mas sinto a sua mão fria, na qual eu dou um aperto para tranquilizá-la.
– Senhorita Parker, não seja inconveniente, pois se ainda não percebeu, a Senhorita está chamando atenção dos outros clientes para a nossa mesa e acredito que um escândalo não ficaria bem para nenhum de nós. – Falo friamente assim que percebo que ela iria falar algo grosseiro para Ana, pois a sua fisionomia mudou deixando a sua máscara cair, mas ela recua assim que percebe que é verdade o que acabei de falar.
– Claro, nos veremos em breve, meu querido. – Ela dá um olhar raivoso para Ana e enfim sai, nos deixando sozinhos e Ana tenta tirar a sua mão da minha, mas a seguro, fazendo com que ela olhe para mim.
– Não vamos deixar esse incidente atrapalhar o nosso almoço. – Ela sorri e assente, mas vejo que o sorriso não alcançou os seus olhos. – Eu não me encontrei com a Vanessa novamente, desde o dia que eu estive na Loja aquele dia. – Sinto que devo esclarecer esse fato e depois de me analisar por um momento, ela sorri verdadeiramente agora e assente novamente.
– Não se preocupe. Você não precisa se explicar para mim. – Ela aperta novamente a minha mão e eu respiro fundo antes de voltar a falar.
– Ana, aquele dia que eu fui à Loja não foi para ver a Vanessa. – Decido ser sincero quanto a minha presença aquele dia e, ela me olha confusa. – Eu fui porque eu queria ver você e não sabia que desculpa eu poderia dar sem parecer um maluco perseguidor.
– Para me ver? Por quê? – Penso como falar sobre isso, mas a sinceridade sempre é a melhor saída.
– Confesso que eu estava confuso dos "porquês" eu queria ver você, mas sendo sincero comigo mesmo, eu já havia me apaixonado por você, no entanto eu não queria admitir isso, pois não tínhamos trocado mais do que algumas palavras e isso para um homem como eu que... Enfim, não poderia acontecer jamais, mas foi impossível evitar. – Sorrio de lado por ver as suas bochechas coradas, mas ela fica séria de repente, mas resolve falar o que a incomoda.
– Naquele dia, a Senhorita Parker havia falado que iria almoçar com o futuro marido dela e que não queria ser incomodada depois que eu servisse o almoço. – Agora eu entendo porque ela achou que eu fosse comprometido.
– Aquela mulher é louca, eu nunca fui noivo dela, na verdade eu nunca fui nada além de... – Um parceiro de foda de uma única noite, completo apenas para mim, mas prefiro não falar sobre isso. – Nem amigos nós somos e não pretendo passar a ser.
– Tudo bem! Não vamos falar mais dela. – Ela faz uma careta. – Eu só acho que depois de hoje, eu vou precisar procurar outro emprego. – Eu tento falar que ela não precisa continuar naquela Loja se não quiser, mas ela me interrompe e acho melhor não agir como um Neandertal como diz o meu irmão gêmeo. – Mas isso é assunto para amanhã, hoje vamos aproveitar o nosso dia e só para constar... – Fico aguardando o que ela vai falar e a vejo fazer uma carinha sapeca. –... Você seria um maluco perseguidor muito lindo, diga-se de passagem.
Nego com a cabeça e só ela consegue me deixar envergonhado na mesma proporção que consegue quebrar um clima estranho e dessa forma seguimos com o nosso almoço que quase foi arruinado pela louca da Vanessa, eu só espero que ela não prejudique a Anastásia, ou eu não responderei por mim.
(...)
Almoçar com a Ana, mesmo tendo a Vanessa para nos atrapalhar por um momento, passar o resto do dia ao seu lado e com a minha família foi uma experiência que eu nunca tive. E infelizmente não posso deixar de pensar no meu relacionamento com aquela mulher que quase acabou com o homem que eu fui um dia, e teria conseguido se Ana não tivesse aparecido na minha vida.
Mas enfim, parando para pensar eu nunca fui a um Restaurante, ou ao cinema e muito menos qualquer outro compromisso que casais costumam fazer com a Débora. O nosso envolvimento sempre foi baseado em sexo no meu tempo livre, pois os meus irmãos não admitiam a presença dela em nosso apartamento e isso aconteceu até o momento que, manipulado, aceitei que morássemos juntos.
Não! Eu não estou fazendo essa comparação por ainda sentir alguma coisa pela Débora, ou muito menos por sentir saudade do tempo que passei, ou melhor, que eu perdi ao lado dela, mas sim porque Anastásia simplesmente conseguiu apagar em apenas 24 horas que estamos juntos – mesmo que eu ainda não tenha oficializado com o pedido que ela merece – quase três anos que eu fiquei imerso na minha própria miséria, sendo frio, distante e o grande babaca que eu fui com a minha família e os meus amigos, que por mais que eu tentasse não se afastaram de mim.
Ainda me sinto culpado por ter permitido que isso chegasse ao nível que chegou, mas eu sou humano e assim como qualquer outra pessoa, está suscetível a cometer erros e ser covarde, ou puramente orgulhoso para não consertar o que ainda está errado, mas analisando a minha conversa com a Ana que tivemos no carro, de fato a minha família não age como se me condenassem ou se estivessem magoados comigo, mas ainda irei me retratar, mas não hoje e não agora e muito menos amanhã, pois preciso trabalhar essa parte ainda em mim.
– Mas que porra! Eu não vou conseguir dormir.
Amaldiçoo-me para o escuro do quarto enquanto eu rolo novamente na cama – pela vigésima vez – e respiro fundo, não querendo recorrer aos meus remédios. Vejo a hora no relógio que fica no criado-mudo e são quase 02h00 da manhã. Sento-me na cama e desisto de tentar dormir, por saber que não irei conseguir. Caminho para o banheiro e jogo uma água no rosto e quer saber? Foda-se!
Seco o meu rosto e saio do meu quarto e caminho decidido até a porta do quarto da Anastásia, abro-a sem bater, por saber que ela está dormindo e vejo o seu rosto apenas refletido pelo brilho da lua que passa pela janela da qual ela se esqueceu de fechar as cortinas e, sem pensar na minha atitude, deito-me ao seu lado e, acabo de perceber que o seu sono é leve, pois ela se assusta com o meu movimento na cama.
– Christian? – Ela fala sonolenta e me recrimino por tê-la acordado. – Está tudo bem? Você teve outro pesadelo? – Ouço a preocupação em sua voz e sorrio enquanto toco o seu rosto.
– Não! Está tudo bem, eu apenas não consegui dormir. – Ela assente, mesmo que eu não consiga ver o brilho dos seus olhos por estar escuro, sei que estão brilhantes e, ela me surpreende ao se aproximar de mim e deitar a cabeça no meu peito, enquanto me abraça.
– Então tenta dormir, que vou ser a sua heroína caso algum fantasma tente te assombrar. – Dou uma risada do seu jeitinho sonolento de falar e a envolvo em meus braços. – Boa noite, Christian!
– Boa noite, minha guardiã dos sonhos. – Sinto o seu sorriso em meu peito que se acomoda melhor e alguns minutos depois, ouço a sua respiração suave e sei que ela voltou a dormir.
Fico pensando na reviravolta que a vida possa dar em tão pouco tempo, pois há um mês, eu não dormia na mesma cama que uma mulher que tivesse sido uma parceira de foda e agora, estou eu aqui, tendo a Menina-Mulher mais linda, mais pura e inocente adormecida em meus braços, sem nem mesmo que eu tivesse passado de alguns beijos com ela, mas sinceramente, eu não poderia estar mais satisfeito... Não, eu não poderia estar mais feliz como me sinto nesse momento. Dou um beijo em seus cabelos, ouvindo a sua respiração leve e o seu perfume suave, eu adormeço.
Ahhh! Eu vou ao médico porque o que eu não tinha, apareceu 😱😱😱! Diabetes elevada com sucesso com esses dois 🤭🤭🤭!
Eita que Vanessa levou na tarraqueta hein? Só vamos esperar para ver a merda na Loja na segunda-feira e que Deus ajuda a Borboletinha 😏😏😏!
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