Capítulo - 28
Acordo sentindo um peso sobre mim e lentamente abro os olhos vendo cabelos acobreados sobre o meu colo e minha nossa, como ele é pesado, pois o meu braço está dormente. Seguro uma risada para não acordá-lo e percebo que isso parece muito mais romântico nos livros que eu leio, no entanto eu não me importaria de passar todas as noites – ou no caso madrugadas – assim e isso me faz arregalar os olhos, pois com os acontecimentos da noite, só agora estou me dando conta que eu dormi com um homem na minha cama.
Sinto o meu rosto arder e agradeço mentalmente que Christian esteja dormindo, para não ver o meu embaraço, pois não sei de onde tirei coragem para trazê-lo para o meu quarto, coloca-lo na minha cama e dormir abraçada a ele, mas eu senti que ele precisava de mim naquele momento e acredito que eu não esteja fazendo nada errado. Ai meu Deus! Não entre em pânico, Anastásia, este é o irmão do seu melhor amigo, que você está apaixonada e que também está apaixonado por você, então está tudo bem.
Lentamente vou me desvencilhando dele, que deveria estar mesmo cansado, pois ainda dorme um sono pesado, que apesar de mexer e se acomodar melhor na cama, não acorda e levanto-me movimentando a minha mão para fazer a minha circulação funcionar novamente. Olho para o seu rosto sereno, bem diferente do homem imponente que carrega uma tempestade dentro de si e, dessa forma ele se parece mais com um jovem de quase 26 anos que é e, sem perceber eu solto um suspiro, pois ele é tão lindo, que tenho vontade de correr meu dedo por seus traços bem desenhados. Balanço a cabeça para parar de sonhar acordada com o meu Príncipe – que agora é real – e corro para o banheiro para tomar o meu banho, descer e ver no que eu posso ajudar, afinal de contas, eu sou uma hóspede nessa casa e não posso ficar até tão tarde no quarto.
Depois de me vestir, eu saio do closet e vejo que Christian ainda está dormindo, pego o meu celular no criado-mudo e arregalo os olhos por ver que são quase 09h00 da manhã e fico em dúvida se eu deveria acordá-lo ou não, mas dou de ombros e decido deixa-lo descansar mais um pouco, afinal, hoje é domingo e, lentamente eu abro a porta e saio do quarto.
Desço as escadas e ouço vozes na sala de jantar e pelo visto, não só eu acordei tão tarde, pois ao entrar no ambiente vejo que todos ainda estão tomando o café da manhã e fico envergonhada por ter atenção deles em mim.
– Bom dia! – Cumprimento e eles respondem, no entanto Caleb está me olhando de uma forma curiosa hoje, que não estou entendendo.
– Como você passou a noite, dormiu bem, Filha? – Grace fala com um sorriso terno nos lábios.
– Dormi sim, obrigada. – Sorrio para Richard que se levantou e deu a volta na mesa para afastar a cadeira para mim, mas Caleb continua me olhando. – O que foi Caleb? Por que está me olhando assim? – Olho para minhas roupas para ver se há algo errado, mas me assusto com o pulo que ele dá e faz uma careta para Richard, antes de me responder.
– Não é nada, Ana. – Ele volta a comer e eu me sirvo também, mesmo achando que ele está estranho hoje, mas pensando bem, é o Caleb, então ele está normal.
– Vocês viram a hora que o irmão de vocês saiu? – Carrick pergunta antes de tomar um gole do seu café e fico confusa com a pergunta dele, afinal, Christian não saiu, mas Richard o responde.
– Não, pai. Antes de descer para a academia, passei no quarto dele para ver se ele queria treinar comigo, mas ele já havia saído, pois a porta já estava aberta. – Ele fala aparentemente chateado com o irmão e eu não estou entendendo.
– Eu pensei que agora, ele iria parar de madrugar e ir para a Empresa, pelo menos aos domingos, mas pelo visto me enganei. – Caleb fala revirando os olhos e leva o copo de suco à boca.
– O Christian não foi para a Empresa, ele está dormindo no meu quarto. – Respondo sem pensar, na intenção de defendê-lo e arregalo os olhos quando eles me olham na mesma hora e, Caleb se engasga com o suco que estava tomando, porém eu queria um buraco para me enfiar por ter falado isso.
– O Christian... – Caleb tosse um pouco mais e tenta recuperar o fôlego antes de continuar. – Ainda está dormindo, às 09h30min da manhã e no seu quarto?
– Sim, ele teve um... – Me calo por que talvez o Christian não queira que eles saibam que teve um pesadelo, mas Richard completa por mim.
– Ele teve um pesadelo. – Ele fala com pesar e eu assinto e percebo que o que aconteceu na madrugada parece ser recorrente. – E ele conseguiu dormir depois disso? – Assinto novamente e os vejo trocar olhares, mas antes que eu pergunte o porquê deles estranharem esse fato, ouvimos passos se aproximando e me viro para vê-lo entrar na sala.
– Bom dia! – Ele cumprimenta a todos, mas os seus olhos estão fixos em mim e fico envergonhada de repente, lembrando-me que dormimos na mesma cama, enquanto eu o abraçava.
– Bom dia, Filho! – Grace abre um sorriso imenso e o analisa minuciosamente. – Você parece ótimo, meu filho, não está tão abatido como vinha acontecendo ultimamente. – Baixo o olhar para o meu prato, mas volto a olhá-lo assim que sinto a mão de Christian pegar a minha e levá-la aos seus lábios, o que me faz ficar ainda mais envergonhada por ele fazer isso na frente da sua família.
– E estou mesmo, Mamãe, eu tive uma excelente noite de sono. – Sinto o meu rosto ficar quente e dessa vez não só Caleb se engasga, mas Richard também e fico confusa com esses dois.
– Meu Deus, eu vou morrer! – Caleb fala tomando um gole de água, mas continua tossindo e tanto ele como o irmão estão vermelhos enquanto tentam recuperar o fôlego. – Christian, o que você... Porra, Richard! Para com isso. – Ele começa a falar, mas salta na cadeira e Richard respira fundo, tentando recuperar o ar.
– Caleb Grey, olha a boca! E você, Richard, pare de chutar o seu irmão! – Grace fala tentando soar séria, mas não consegue disfarçar o sorriso, voltando a falar com Christian que ignora completamente os irmãos, enquanto começa a se servir. – Fico feliz com isso, meu Filho, você anda trabalhando demais.
– É verdade, Filho, você também é humano e tem que dar uma pausa, ou não só o seu corpo não aguentará, mas a sua mente pode entrar em colapso pelo exagero.
– Não se preocupe Pai, eu estou bem, no entanto não pretendo passar tantas horas na Empresa como antes. – Ele olha para mim e sinto as borboletas voarem no meu estômago pela forma intensa que ele me encara, por isso eu desvio o olhar dele e volto a comer.
– Quais os planos para hoje, já que você não irá para Empresa, irmão? – Levanto a cabeça ao ouvir a pergunta de Richard que está segurando um sorriso e Christian o encara com a sua seriedade de sempre, mas dá um sorrisinho de lado, antes de responder.
– Eu pretendo almoçar fora hoje com...
– Ótimo! Poderíamos ir todos, como nos velhos tempos. – Caleb o interrompe com um sorrisinho debochado e Christian o fuzila com o olhar. – O quê? Você não estava nos convidando? – Ele pergunta de forma inocente enquanto coloca a mão no peito de forma dramática e eu acabo dando uma risadinha pela cara de pau desse meu amigo. – O que foi sua peste? – Nego balançando a cabeça e coloco um pedaço de melão na boca, mas Christian olha para mim e dá um sorriso discreto.
– Caleb, deixe de ser oferecido, você não está vendo que ele quer sair para almoçar fora com a namorada, sozinho? – Agora quem engasga sou eu, com o que Richard fala e Grace chama a atenção do filho, colocando água num copo para mim.
– Richard, deixe de ser indelicado, você e Caleb estão constrangendo a Ana e o irmão de vocês.
– Meninos, a mãe de vocês tem razão, então vamos parando com as gracinhas. – Carrick olha para mim com um sorriso terno. – Desculpe os meus filhos, Ana, mas eles esquecem as vezes que são dois homens e acabam agindo como crianças. – Os dois fazem uma careta e eu sorrio.
– Não se preocupe Carrick, está tudo bem, eu conheço o Caleb bem e sei que ele não tem filtro. – Ele bufa e revira os olhos e eu acabo rindo dessa mania dele, mas ouço Christian soltar um suspiro irritado e o sorriso de Caleb se amplia. – Está tudo bem? – Pergunto preocupada, pois ele estava tranquilo até a alguns segundos, mas ele assente e antes que fale alguma coisa, o meu celular começa a tocar e vejo que é a Tia Ângela. – Desculpem-me, mas eu preciso atender, é a minha Tia.
– Tudo bem, minha Filha, a convide para vir aqui em casa, assim que possível. – Grace fala sorrindo e eu assinto, pedindo licença para atender a ligação antes que caia na caixa postal, praticamente corro saindo da sala de jantar.
(...)
– Oi, Tia, bom dia! – Atendo sorrindo, assim que chego à sala de estar, sentando-me no sofá.
– Bom dia? Onde você está, Mocinha? – Meu sorriso se fecha ao perceber que ela está irritada. – Eu cheguei ontem em casa, a encontro toda revirada, com objetos quebrados e você não estava e não atendia as minhas ligações, depois eu recebo apenas uma mensagem dizendo que você estava bem e até agora não voltou para casa.
– Me desculpe Tia, mas ontem a Thaís acabou sendo... Cruel com suas palavras e o Christian me convidou para passar uns dias na casa dele. – Dou de ombros e ela fica em silêncio por um momento que até penso que a ligação tenha caído. – Tia, a Senhora está aí?
– Estou sim, Borboletinha, mas quando você falou o Christian, você quis dizer o irmão do Caleb? – Percebo que ela não está mais irritada e sim surpresa e eu acabo sorrindo.
– Sim, Tia, ontem ele me levou para casa, mas quando a Thaís chegou a Senhora pode imaginar o que aconteceu. – Sinto-me mal em falar isso da filha dela, mas não posso mentir.
– Anastásia, tem alguma coisa que eu não esteja sabendo? – Suspiro, porque na verdade nem eu sei direito o que está acontecendo.
– Tia, na verdade nem eu sei o que de fato está acontecendo ainda, mas... Bem... A Senhora lembra quando eu... É... – Me calo e fico envergonhada, mesmo que ela não esteja me vendo.
– Borboletinha, era por ele que você estava apaixonada?
– Sim, Tia! Eu me apaixonei pelo irmão do meu melhor amigo. – Ela volta a ficar em silêncio e eu suspiro novamente.
– E vocês estão namorando?
– Tia! – Ouço a sua gargalhada e fico ainda mais sem graça. – Não, Tia, pelo menos agora eu sei que ele não é comprometido e que não me odeia como eu imaginei, mas sei lá, não conversamos sobre nada disso. – Baixo o tom de voz, pois estou na sala da casa dele e sinto um pouco de desânimo de repente.
– Filha, aconteceu alguma coisa para você ter ficado desanimada assim? – Eu nego balançando a cabeça como se ela pudesse me ver.
– Não, Tia, está tudo bem, eu que sou uma boba mesmo, não se preocupe.
– Ana, você não é boba, é apenas... Como eu posso dizer... Sonhadora demais, o que é bom, pois eu sei que você também tem os dois pés no chão, mas, Filha, nem sempre o primeiro amor é para a vida toda, a não ser que ele seja verdadeiramente correspondido, então não se preocupe tanto com isso, você é jovem e ainda tem muito que aprender minha Filha, mas aproveite, pois ele é lindo.
– Tia! – Novamente ouço a sua gargalhada, mas acabo sorrindo também.
– Que dia você volta para casa?
– Não sei Tia, mas acredito que ainda essa semana eu esteja voltando. – Eu quero aproveitar um pouquinho mais a presença do Christian, completo apenas para mim.
– Tudo bem, meu Amor. Aproveite o seu Príncipe Encantado, amanhã eu volto para o trabalho.
– A Senhora também deveria aproveitar do seu, Tia, o Matteo também é um Príncipe, não é mesmo? – Sorrio por imaginar que ela tenha ficado vermelha.
– Menina, menina, você tem sorte por estar longe, ou iria te dar umas palmadas. – Acabo rindo com o que ela fala. – Fique bem, minha Filha e, qualquer coisa, não deixe de me ligar.
– Pode ficar tranquila, Tia, eu vou ficar bem.
Encerro a ligação e suspiro recostando-me no sofá e imagino o susto que a minha Tia levou quando entrou em nossa casa e a encontrou daquele jeito. Eu deveria ter arrumado antes de sair com o Christian, para não deixá-la preocupada, mas sinceramente, eu não pensei nisso, apenas o acompanhei sem olhar para trás.
– Está tudo bem?
Assusto-me com a voz de Christian e olho em sua direção, vendo-o encostado na parede e me pergunto há quanto tempo ele está ali, mas o analisando agora, percebo o quanto ele está lindo usando roupas informais, mesmo que esteja usando uma camisa branca que... Espera! Eu conheço essa camisa! No entanto eu percebo que não respondi a sua pergunta e sorrio para tranquilizá-lo.
– Está sim, só a minha Tia que ficou preocupada quando não me encontrou em casa, ainda mais por encontrá-la daquele jeito. – Faço uma careta e ele desencosta da parede se aproximando, acomodando-se ao meu lado e pegando a minha mão, mas não consigo deixar de olhar para a camisa que ele está usando.
– O que foi? – Ele dá um aperto na minha mão e eu levanto o olhar para o seus, vendo-o com um sorrisinho nos lábios.
– Essa camisa... Parece a que... – Fico sem graça em falar isso, mas ele entende.
– Sim, foi a que você me deu que a propósito, não precisava, mas obrigado. – Sorrio para ele e ficamos em silêncio por um momento, até que eu me lembro do pesadelo dele na madrugada.
– Você está bem? Eu digo, em relação a... Você sabe, sobre a madrugada? – Seu semblante fecha por um momento e ele suspira.
– Estou sim e obrigado por aquilo. – Sorrio por ver que agora são as bochechas dele que ficaram vermelhas e me viro no sofá para olhá-lo melhor, não imaginando que Christian Grey poderia ficar tímido.
– Você não precisa me agradecer e sempre que precisar, eu estarei aqui. – Arregalo os olhos pela forma que eu falei e ele sorri. – Eu quero dizer, para conversar se você quiser... É... Bom... Enquanto eu estiver aqui. – Sinto o meu rosto ficando vermelho e ele o acaricia, fazendo a minha respiração acelerar de repente, assim como o meu coração bater igual um louco.
– Você realmente é especial, Anastásia. – Ele se aproxima também de mim e continua a acariciar o meu rosto. – E muito linda, tão delicada e pura que nem parece real.
Fecho os meus olhos quando ele se aproxima ainda mais, fazendo um carinho com o seu nariz no meu e eu suspiro. Levo a mão livre para o seu peito e sinto o seu coração tão acelerado quanto o meu. A sua mão desliza do meu rosto, embrenhando em meu cabelo e sinto os seus lábios tocarem os meus, num beijo delicado, para depois outro e outro, mas logo sinto sua boca exigente tomar a minha, fazendo-me arfar e correspondo o seu beijo que vai intensificado sugando todo o meu ar.
– Opa! Vamos parando com isso que acabei de fechar os meus olhos para não ver essa imoralidade na minha frente. – Nos assustamos com a voz risonha de Caleb e me afasto ouvindo o grunhido irritado do Christian.
– Caleb! – Ele fala entredentes e eu tento recuperar o ar dos meus pulmões, sentindo-me envergonhada, mas acabo rindo por ver a cara debochada do Caleb e a carranca de Christian, tendo a atenção dos dois em minha direção.
– Desculpem-me, mas... – Eu não consigo falar e eles me olham confusos, eu começo a gargalhar e agora tenho certeza que Christian deve estar achando que sou uma louca.
– Endoidou de vez, sua peste?
Caleb pergunta me fazendo gargalhar ainda mais, que sinto lágrimas correrem por meus olhos e ele se senta do outro lado, mas logo ele começa a rir de mim também, assim como Christian não consegue segurar o sorriso, enquanto faz um carinho com o dedo no dorso da minha mão e eu respiro fundo, tentando me controlar.
– O que foi isso? – Christian pergunta, mas ainda posso ver o sorriso em seus lábios.
– Desculpe-me, mas o quanto isso é embaraçoso? – Nego com a cabeça antes que eu comece a rir novamente. – O meu melhor amigo me pega beijando o seu irmão na sala de sua casa, que a propósito é idêntico a ele, mas que não poderiam ser mais diferentes. – Caleb faz uma careta e eu sorrio, porque sei que ele vai falar besteira.
– Nós dois não somos idênticos, eu sou mais bonito e o Christian é mais novo.
– Deixa de ser idiota, Caleb. – Christian retruca e Caleb cruza os braços, igual um menininho emburrado.
– Além é claro, de ele ser um ogro, bruto e ranzinza. – Sento-me direito no sofá e beijo a sua bochecha, arrancando um sorriso seu, mas já que estou ousada hoje, aproximo-me mais de Christian que me envolve em seus braços.
– Caleb, eu vou ter que discordar, pois o Christian é um Príncipe. – Sinto o peito de Christian vibrar com uma risada ao ver os olhos arregalados de Caleb.
– Só se for um Príncipe Gelado, isso sim. – Caleb resmunga e sinto Christian deixar um beijo em meus cabelos. Ele toca o meu rosto e olho em seus olhos que não estão tempestuosos como da primeira vez que o vi.
– Você aceita almoçar comigo? – Ele ignora o irmão que continua a nos olhar e eu assinto sorrindo. – Eu preciso alinhar com o Taylor a nossa saída e conversar alguns assuntos com o meu irmão, você se incomoda de ficar sozinha, por um momento? – Nego com a cabeça, mas Caleb se pronuncia.
– Sozinha? Por um acaso eu sou uma estátua ou fiquei invisível e não estou sabendo?
– Eu não demoro. – Christian beija os meus lábios e se levanta. – E você vai vir comigo. – Ele se aproxima do irmão e o pega pela gola da camisa, fazendo-o se levantar resmungando.
– Você só pode estar cega, Ana, em falar que esse bruto é um Príncipe. – Ele continua resmungando e Christian praticamente o arrasta pela sala. – Me solta seu ogro, eu vou contar para a Mamãe.
Eu apenas fico rindo desses dois e agora percebo o que a Grace quis dizer que eu ainda não tinha visto os três juntos, mas pude ter uma amostra de como podem ser no café da manhã e agora, vendo esses gêmeos de implicância um com o outro, eu consigo ver que mesmo que Christian seja muito sério, ele ama muito os seus irmãos, mas também percebi o quanto ele está mais leve, desde o dia que o vi pela primeira vez.
(...)
Depois de ajudar a Lola a descascar os legumes para o almoço – com o seu protesto é claro – eu subo para o quarto para tomar um banho e me arrumar, mas estou insegura quanto à roupa que devo usar, apesar de não ter trazido muitas opções, porém decido pegar um vestido preto com botões e um pouco rodado, que vai até o meio das minhas coxas, tendo uma pequena fenda na coxa direita e com alças duplas nos ombros.
Básico, mas acredito que não passarei vergonha e nem deixarei o Christian envergonhado por estar ao meu lado. Pego uma sandália com salto Anabela também preta, seco os meus cabelos deixando-os soltos e faço uma maquiagem leve, realçando apenas o azul dos meus olhos, um pouco de cor nas bochechas e um batom clarinho nos lábios.
Passo o meu perfume, olho-me no espelho e sorrio sozinha por pensar que estou indo a um encontro... Será que isso é um encontro? Ai meu Deus, eu vou a um encontro com um homem! Paro de pensar nisso quando ouço uma batida na porta e eu respiro fundo, tentando acalmar as batidas do meu coração que ficaram mais rápidas pelo meu pequeno surto e corro para abri-la, encontrando Christian ainda mais lindo, com uma camisa preta com os primeiros botões aberto, com as mangas dobradas até o seu antebraço e uma calça social também preta e fico sem reação ao vê-lo me analisar da cabeça aos pés.
– Você está linda! – Ele se aproxima e me puxa para os seus braços, dando-me um beijo casto e acabo sorrindo, por ver que sua boca ficou com um pouco de batom, o que me faz levar o dedo e limpar seus lábios.
– Você também está lindo! – Ele sorri tímido negando com a cabeça e se afasta.
– Podemos ir?
– Só um minuto. – Caminho na direção da cama, pegando uma pequena bolsa, que coloquei os meus documentos, um pouco de dinheiro, o meu cartão, um batom e o meu celular, parando novamente a sua frente. – Agora sim, podemos ir. – Ele entrelaça os seus dedos nos meus e saímos do meu quarto. Descemos as escadas encontrando os seus irmãos na sala, tomando alguma coisa com seus pais.
– Tenha cuidado, irmão. Senão você corre o risco de voltar para casa, sozinho. – Caleb se aproxima e pega a minha mão me puxando, fazendo com que eu solte a de Christian e me gira no lugar. – Você está muito linda, pestinha.
– Já chega Caleb! – Christian tira a minha mão da de Caleb e coloca a mão na minha cintura.
– Tenho que concordar com o seu irmão, meu Filho, Ana está mesmo uma Princesa. – Grace se aproxima também e me abraça, fazendo-me sorrir. – Se divirtam meus Filhos, tenham um bom almoço.
Assentimos e começamos a caminhar na direção da porta, olho para Richard que apenas me dá uma piscadela, eu sorrio para ele e respiro fundo, entrando logo em seguida no carro que Taylor mantém a porta aberta para nós.
– Você está bem? – Christian pergunta assim que se acomoda ao meu lado, pegando a minha mão e sorrio para ele.
– Estou sim, um pouco nervosa, eu admito.
– Desculpe-me por isso, a minha família consegue ser invasiva às vezes. – Ele faz uma carranca e eu toco o seu rosto tendo a sua atenção em mim.
– Eu não estou nervosa por causa da sua família, que a propósito, é maravilhosa. – Ele continua a me olhar intensamente. – Eles só estão felizes pelo o que eu pude perceber. – Ele suspira e leva a mão a minha que ainda acaricia o seu rosto, tento tirá-la, mas ele a segura levando aos seus lábios.
– De fato, eles estão mesmo. – Ele fala de forma seca e eu suspiro, ficando em silêncio, pois ainda não me acostumei com essa mudança de humor dele, principalmente quando se trata de sua família. – Desculpe-me, eu estou novamente me adaptando a toda essa atenção da minha família. – Olho para ele que está com o pensamento distante.
– O que aconteceu? – Ele me olha confuso e eu esclareço. – Para você parecer tão distante da sua família, pois eu consigo ver o quanto eles te amam, mas eu sinto também como que você sempre tentasse levantar uma barreira, os mantendo fora. Vocês brigaram por alguma razão no passado? – Percebo que falei demais no momento que vejo seus olhos nublarem novamente, mas ele suspira e leva a minha mão novamente aos seus lábios. – Desculpe-me, eu não quis ser invasiva, eu só... Já falei tanto sobre mim, mas não sei nada sobre você e isso me deixa, curiosa, digamos assim. – Ele me olha atentamente, mas me dá um sorriso de lado.
– Eu já percebi que você é bem curiosa. – Fico sem graça, por talvez ele estiver se referindo sobre eu ouvir atrás da porta. – Mas você também é muito perspicaz. – Novamente ele beija a minha mão, mas começa a falar quando eu achei que não o faria. – Digamos que eu tenha errado com a minha família, por um motivo que eu não estou pronto para falar agora. – Assinto, mas não pergunto nada. – Eu fui injusto com os meus irmãos, principalmente com o Richard e os fiz sofrer por causa da distância que eu mesmo impus entre nós. Eu os afastei completamente da minha vida, mesmo que estivéssemos morando na mesma casa e eu sei que os machuquei com isso.
– Mas isso é simples, você só precisa se desculpar o que eu acredito que eles não tenham nada para desculpá-lo, pois eu vejo o quanto os seus irmãos te amam e se preocupam com você e, a sua mãe, é uma mulher maravilhosa, se ela tivesse alguma coisa que a chateou no passado, já foi esquecido. – Lembro-me da conversa que tivemos ontem no quarto, pois a única coisa que ela deseja ao filho é felicidade, no entanto ele nega com a cabeça.
– Não é tão simples, Anastásia...
– Por que você me chama de Anastásia? Parece que estou levando uma bronca. – Faço uma careta e ele sorri, ficando com o semblante que estava se fechando cada vez mais, mais leve.
– Você não existe. – Ele se aproxima e me dá um beijo. – Você não gosta que eu te chame assim?
– Na verdade, quando você fala é diferente e confesso que eu gosto, mas me chame de Ana, pois assim não parece que você está sempre bravo comigo. – Ouço Taylor forçar uma tosse, mas acho que ele tentou disfarçar uma risada e eu até havia me esquecido que ele também está no carro. – Mas me fala, por que não é simples, você conversar com a sua família e se desculpar?
– Eu não me perdoei o suficiente para merecer o perdão deles. – Ele fala sério e sinto o meu coração doer pela forma que ele falou, por isso eu solto o meu cinto e me aproximo dele, o abraçando, apoiando a cabeça em seu peito e o ouço suspirar.
– Você parou para pensar, que talvez você só precise ouvi-los dizer que te perdoam por seja qual for o motivo que te perturba, para que você consiga se perdoar também? – Ele fica em silêncio, mas sinto o seu coração acelerado sob a minha bochecha. – Eu tenho certeza que eles nem se lembram do motivo que ficaram bravos com você em algum momento, pois eles só querem ver você bem. – Ele dá um beijo na minha cabeça e eu sorrio. – O Padre Lutero sempre me ensinou que temos que ser humildes, mas sem permitir que sejamos humilhados, que temos que ouvir antes de falar e poder gerar uma confusão, mas também temos que saber perdoar para que possamos ser perdoados, por isso talvez você só precise conversar com eles e tirar qualquer peso que ainda possa estar no seu coração. – Ele coloca a mão no meu queixo e me faz olhá-lo para que ele possa selar os nossos lábios.
– Obrigado.
Apenas sorrio e volto a me acomodar em seus braços, onde seguimos o restante do trajeto em um silêncio confortável, mas eu sei que ele está com a cabeça no que eu acabei de falar, no entanto eu não menti, pois é nítido que seus irmãos não têm nenhuma mágoa dele e muito menos os seus pais, ele só precisa descobrir isso e se eu puder ajudá-lo, eu farei.
(...)
Depois de mais alguns minutos chegamos a um restaurante muito elegante e que eu nunca imaginei que entraria e começo a ficar nervosa, percebendo que as minhas roupas são muito simples para poder frequentar um ambiente como este. Sinto as minhas mãos suarem frias e respiro algumas vezes, o que chama a atenção de Christian para mim.
– Você está bem? Você ficou gelada de repente. – Ele pega a minha outra mão e coloca entre as suas. – Está sentindo alguma coisa? – Ele toca o meu rosto e vejo os seus olhos preocupados.
– Não, eu estou bem. Quer dizer... Acho que eu não estou vestida adequadamente para frequentar um lugar como esse. – Ele faz uma carranca e se vira no banco olhando em meus olhos, não me deixando desviar dos seus quando segura o meu queixo.
– Você está linda! Perfeita para entrar não só neste Restaurante, mas em qualquer outro lugar que você quiser entrar. – Continuo olhando em seus olhos e o toque de sua mão na minha e no meu rosto vão me acalmando. – Eu serei o homem mais sortudo por poder desfrutar da sua companhia, então nunca, jamais pense que você possa ser inadequada para qualquer ambiente que possa frequentar. – Eu assinto e ele beija a minha testa. – Vamos? – Assinto novamente e só agora eu percebo que Taylor já havia descido do carro, quando Christian abre a sua porta, tendo a minha aberta por ele, que estava do lado de fora.
Respiro fundo algumas vezes e ele tem razão, ninguém é melhor do que ninguém e tendo a sua mão entrelaçada a minha, entramos no local sendo recebidos por uma Hostess que sorri de forma exagerada para o Christian, ignorando-me completamente e isso me faz sentir um incômodo que não consigo entender.
– Seja bem-vindo, Senhor Grey, a sua mesa está pronta.
– Obrigado. – Ele responde de forma fria e olho para o seu rosto vendo-o extremamente sério.
Ela fica sem graça por não ter recebido a atenção que gostaria dele – o que de uma forma estranha me agradou muito – e, nos conduz para uma mesa muito bem organizada, num ambiente requintado que grita luxo, mas não vou me intimidar com isso, afinal, minha Tia sempre me ensinou as regras de etiqueta e eu sei me portar num lugar como esse.
Um garçom logo vem nos atender e deixo que Christian faça os pedidos, por eu não conhecer a culinária do local. Enquanto aguardamos, começamos a conversar e eu conto um pouco mais sobre a Universidade, os meus amigos e a minha família, e ele, também me conta um pouco sobre a sua Empresa e consigo ver o quanto ele é apaixonado por sua profissão, o que ele me lembrou de que é um Engenheiro Naval e que tem o seu próprio Estaleiro, o que me deixou impressionada, afinal, ele não tem nem 26 anos ainda e já construiu o seu Império se assim, eu posso dizer.
O garçom logo traz os nossos pratos e começamos a comer, o que devo admitir estar delicioso e, mantemos uma conversa leve, mas ele nunca deixa de tocar a minha mão sempre que possível e eu sorrio feliz por estar aqui com ele e o meu coração consegue se apaixonar ainda mais, vendo o quanto ele é gentil e carinhoso e, dessa forma eu consigo ver que aquela postura fria e distante dele, não passa de uma armadura, para esconder quem ele é de verdade. Tudo estava indo muito bem, até que ouvimos uma voz que faz o meu sorriso se fechar e Christian fazer uma carranca, ainda mais irritada do que eu jamais pensei ver.
– Christian, meu querido! Será que eu poderia me juntar a vocês?
Olho para o lado e vejo quem eu menos gostaria de ver e percebo que não sou a única, pois vejo Christian com a mandíbula travada, enquanto aperta as mãos em punhos sobre a mesa e eu me pergunto, por que tivemos que encontrar essa mulher logo aqui? Isso só pode ser brincadeira, não é mesmo Fada Madrinha? Não poderia ser outra pessoa, tinha que ser logo a Bruxa má do Oeste?
Eu sou suspeita, mas esses dois conseguem me deixar ainda mais boba e apaixonada 🤧🤧🤧!
Mas tudo é que bom dura pouco, não é mesmo? Vanessa Bruxa Má Parker, está aí para nos lembrar disso 🤭🤭🤭!
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