Capítulo - 19
Uma semana se passou desde o dia que conversei com Taylor sobre a Anastásia e, confesso que eu esteja ansioso para saber toda a verdade que ela esconde - e se de fato ela esconde algo -, no entanto eu devo admitir que eu pudesse ter adquirido uma obsessão perturbadora em relação a ela nesses últimos dias, o que me deixa muito irritado e preocupado, questionando a mim mesmo quanto a minha saúde mental, pois desde o dia que tomamos café da manhã naquela quarta-feira há quase duas semanas, que eu nunca mais a vi, não pessoalmente pelo menos, já não posso dizer o mesmo de sua fotografia que olho antes de dormir.
A viagem que eu deveria ter feito para New York, foi desmarcada, pois o Senador Salazar teve um imprevisto e ainda não remarcou a data, no entanto estou agradecido por não ter que me ausentar de Seattle por enquanto, não pelo menos até obter todas as respostas que estou aguardando, mas eu estou empenhado em fazer tudo isso apenas para proteger o meu irmão de uma possível aproveitadora e nada, além disso. Bom, pelo menos é isso que eu quero convencer a mim mesmo e, como eu disse, minha sanidade pode ser questionada por toda essa confusão que está em minha mente.
- Christian! Acorda, Christian! - Aleksander me desperta dos meus pensamentos perturbados, estalando os dedos na minha frente.
- O que você quer, Aleksander?
- O que está acontecendo com você? Desde semana passada você está disperso? - Ele me analisa, mas desvio o olhar e foco a minha atenção no projeto que nem mesmo saiu do esboço que iniciei ontem. - Vanessa Parker continua te perturbando?
- Considerando o fato que ela liga todos os dias e eu nunca atendo? Pode-se dizer que sim. - Mas o motivo não é esse e sim uma morena de olhos azuis, concluo em pensamento, e ele nega balançando a cabeça e se aproxima com alguns projetos em mãos.
- Eu estou indo no Estaleiro me encontrar com a Danna. Parece que no momento que ela estava revisando o projeto de Design de Interiores do Navio da Atlantis Cruises, encontrou um erro de medição, por isso estou levando o projeto original e as alterações para que ela verifique onde errou.
- Eu levarei os projetos para a Danna.
Sem conseguir me controlar, as palavras saíram por minha boca, apenas por ter uma desculpa para sair da GNIH e ir à Parker Dress For Less para ver a Anastásia, mesmo que eu tenha que me encontrar com a Vanessa, o que faz com que Aleksander me olhe com estranheza, como se tivesse nascido outra cabeça em mim.
- Você os levará? - Ele faz a pergunta perplexo, dando a volta na mesa para colocar a mão na minha testa.
- O que você pensa que está fazendo? - Bato em sua mão, irritado com as suas gracinhas.
- Só confirmando se você está bem, pois nem mesmo ouvi um "Que porra de erro num projeto que está entrando em fase de acabamento?" ou um "Se a Arquiteta não tem capacidade para fazer a leitura correta das linhas e medições de um projeto, demita-a". - Ele fala fazendo uma imitação fajuta da minha voz, mas apenas o encaro. - Você realmente não está normal, Christian, eu devo me preocupar?
- Cala a boca e deixe de ser idiota, Aleksander. - Levanto-me pegando o paletó do meu terno no encosto da cadeira, vestindo-o em seguida. - Agora me entregue os projetos e vá trabalhar, ou quem será demitido será você.
- Ah! Aí está você, o Senhor não me irrita que te congelo está de volta. Eu realmente não preciso me preocupar, você está normal. - Ele fala com seu sorrisinho debochado e continuo o ignorando, pegando minha carteira e celular saindo da minha sala, sendo acompanhado por ele.
- Senhor Grey! - Laura chama a minha atenção, receosa, assim que me aproximo de sua mesa. - Desculpe-me, Senhor, mas a Senhorita Parker ligou novamente e disse que...
- Retorne a ligação e avise que passarei na Empresa dela na hora do almoço. - Ela assente e ignoro o olhar questionador de Aleksander, enquanto caminho para o elevador sendo seguido por Taylor, descendo para a garagem.
- Para onde, Senhor? - Taylor faz a pergunta abrindo a porta do carro para que eu entre.
- Para o Estaleiro em Olympia e depois para a Empresa da Senhorita Parker, Taylor.
Ele me analisa por um momento, talvez se perguntando se eu perdi o juízo de vez - o que pode ser verdade, tendo em vista os meus últimos pensamentos -, mas assente em seguida e logo estamos com o carro em movimento.
(...)
A minha demora no Estaleiro foi maior do que de fato eu gostaria que tivesse sido, mas foi o suficiente para esclarecer as dúvidas da Equipe e fazer as correções no projeto de Design da Danna e, se ela não fosse uma excelente Arquiteta, com certeza não estaria mais no quadro de funcionários da minha Empresa, no entanto o erro cometido não alterará em nada na evolução da execução e finalização do primeiro Transatlântico construído pela GNIH para a Atlantis Cruises, cujo projeto foi adquirido por eles, quando eu ainda estava na Universidade.
Aproveitei para ver também o andamento do meu catamarã, um desenho que fiz ainda na adolescência e que foi aperfeiçoado depois que eu concluí a minha graduação, estando há 18 meses em execução, no entanto saber que dentro de três meses - ou um pouco mais - eu estarei navegando em algo projetado por mim, me deixa muito satisfeito e realizado com toda certeza, mas no momento o que está me deixando digamos que um tanto quanto ansioso é saber que em poucos minutos eu poderei ver novamente a dona daqueles olhos que me perturbam sem pedir permissão.
- Como está o andamento das investigações sobre a Anastásia, Taylor? - Ele me olha pelo retrovisor interno, voltando rapidamente a sua atenção para o trânsito.
- Está sendo um processo lento, Senhor Grey. - Ele me olha novamente e eu apenas aguardo que continue. - Não temos um ponto de partida para iniciar, no Hospital Universitário de Portland, não consta o nascimento de nenhuma menina naquela data em questão, mas Samantha...
- Samantha?
- Sim, Samantha Foster, ela fez parte da Equipe de Elite Seals, assim como eu, além de ser uma excelente rastreadora. - Assinto e ele continua. - Ela irá até o Orfanato, para saber mais alguma informação nos registros do período que a Senhorita Steele ficou em domínio do Estado, logo depois de conversar com os vizinhos da Senhora Ângela Molina.
- Taylor, peça para que ela verifique também aquele Padre.
- Positivo, Senhor.
Prosseguimos o restante do caminho em silêncio, no entanto em minha cabeça há vários cenários que poderiam ter acontecido para que nada fosse revelado sobre Anastásia, porém esses pensamentos ficam em segundo plano no momento que Taylor estaciona em frente à Loja da Vanessa e respiro fundo, sentindo um incômodo no estômago sem explicação.
- Taylor, me aguarde aqui fora, eu não irei demorar.
Ele assente e antes que saia para abrir a minha porta eu mesmo a abro e me encaminho para a entrada da Loja, onde faço uma varredura com o olhar para ver se a encontro em algum lugar, no entanto não a vejo, deixando-me frustrado por me lembrar de que ela trabalha apenas meio período e, considerando que ela é amiga do meu irmão da Universidade, possivelmente ainda não esteja aqui, o que faz com que eu fique irritado por não ter pensado nisso antes, mas já estou aqui e pretendo acabar de vez por todas com a insistência da Vanessa em me ligar todos os dias para tentar algo que não irá acontecer.
- Bom dia, Senhor! Meu nome é Andrea, em que posso ajuda-lo? - Olho para a mulher com um uniforme extremante apertado se aproximando com um sorriso exagerado no rosto.
- Eu quero falar com a Senhorita Parker, creio que ela esteja a minha espera.
- Ah sim, o Senhor é Christian Grey? - Assinto e ela continua. - Ela avisou que o Senhor viria, poderia me acompanhar, por favor? - Ela caminha na direção do elevador e eu a sigo. - No quarto andar, primeira sala à direita. A Senhorita Parker dispensou a Secretária mais cedo, por isso o Senhor pode entrar direto que ela está o aguardando.
Dou um aceno de cabeça entrando no elevador assim que ele abre suas portas e mais uma vez respiro fundo, sendo que a minha impulsividade me trouxe aqui em vão e para falar a verdade, acredito que pode ter sido melhor assim, pois eu iria falar o quê caso a encontrasse? Que usei a desculpa de dar um basta na insistência da Vanessa, apenas para vê-la? Que ela tem perturbado a minha mente desde o dia que se jogou em meus braços pensando que eu fosse o meu irmão? Com certeza não.
Saio do elevador frustrado por ter que perder o meu tempo com a Vanessa, justamente por não pensar antes de agir e, novamente as palavras de Richard dizendo que o Christian do passado ainda está vivo dentro de mim, me vem à mente, fazendo-me ficar extremamente irritado por perceber que estou agindo exatamente como o garoto sonhador e impulsivo que eu fui, mas ignoro esses pensamentos e me preparo para bater na porta e acabar de uma vez por todas com isso, para que eu retorne a minha Empresa e foque no meu trabalho, no entanto antes que eu consiga executar a minha ação, a porta é aberta e fechada rapidamente, fazendo com que a pessoa trombe comigo, derramando o conteúdo que tinha em mãos sobre a minha camisa e terno e pelo cheiro, só pode ser café e o meu sangue simplesmente ferve em minhas veias.
- Desculpe-me, Senhor! Por favor, desculpe-me! - Fico estático ao ouvir essa voz, não conseguindo proferir nenhuma palavra. - Perdoe-me, Senhor, eu vou... - Ela continua falando apavorada, mas para assim que levanta a cabeça e me encara com seus olhos azuis arregalados. - Chris... Christian? - Ouvir o meu nome sair de seus lábios mexe com algo dentro de mim, no entanto mais uma vez ela entra em pânico e faz algo que me deixa estarrecido. - Desculpe-me, por favor! Eu vou pegar outra camisa para o Senhor. - E começa a desabotoar a minha camisa e parece que eu perdi a minha capacidade motora deixando-me estacado no lugar.
- O que está acontecendo aqui? - Vanessa abre a porta e olha para a cena a sua frente, mudando sua fisionomia ao ver Anastásia com as mãos em meu peito abrindo a minha camisa. - O que você está fazendo, sua estúpida?
- Eu... O café... - Ela balança a cabeça como se estivesse colocando os pensamentos em ordem e, recomeça a falar depois de respirar fundo. - Foi um acidente, Senhorita Parker, assim que eu saí da sua sala, trombei com o Christian e...
- Christian? - Ela a interrompe de forma brusca. - Quem você pensa que é para falar assim? Quem te deu intimidade para trata-lo pelo primeiro nome? Coloque-se no seu lugar sua incompetente, se afaste dele e saia da minha frente agora.
Vanessa se aproxima puxando Anastásia pelo braço com grosseria e só agora eu percebo que ela ainda estava com as mãos em minha camisa com os três primeiros botões abertos e vê-la sendo tratada dessa forma, ainda mais presenciar seus olhos marejarem e sua face ruborizar pela vergonha da situação, faz com que eu acorde do meu estupor.
- Solte-a, Vanessa. - Falo entredentes, mas ela continua puxando-a pelo braço.
- Não se preocupe meu querido, iremos providenciar outro terno e camisa para você e isso será descontado dessa...
- Eu mandei soltá-la, Vanessa! - Falo mais alto assustando-as, no entanto Vanessa a solta, empurrando-a e se eu não fosse rápido o suficiente em segurá-la, Anastásia teria caído no chão.
- Meu querido, eu imagino o quanto você deve estar irritado com essa situação, mas eu te garanto que isso não irá mais acontecer, pois essa...
- Você tem razão! Eu estou extremamente irritado. - Quando falo isso vejo Anastásia me olhar envergonhada e por um momento me pareceu ver mágoa em seu olhar, antes de baixar a cabeça com as bochechas ainda mais avermelhadas.
- Resolveremos isso durante o nosso almoço, meu querido, mas agora... - Mais uma vez eu a interrompo, ao perceber que ela iria se aproximar novamente de Anastásia.
- Será que dá para você parar de falar por um momento, Senhorita Parker? - Pergunto friamente retornando a formalidade e ela me olha sem entender.
- Querido!
Ignoro o seu chamado e me aproximo ainda mais de Anastásia colocando o dedo embaixo do seu queixo para que eu possa ver os seus lindos olhos, que estão com lágrimas não derramadas e isso mexe com algo que eu pensei há muito tempo ter deixado de ter em meu peito, principalmente quando ela fixa seu olhar no meu.
- Você está bem? - Ela apenas balança a cabeça enquanto castiga seu lábio inferior entre os dentes e engulo em seco por imaginar o sabor desses lábios nos meus, mas foco novamente minha atenção em seus olhos e respiro fundo, para recobrar o juízo. - Você poderia me deixar conversar com a Senhorita Parker por um momento? - Fico espantado comigo mesmo com a delicadeza que essas palavras saíram e novamente ela assente e se afasta, mas se vira olhando novamente para mim, brindando-me com sua voz doce e delicada.
- Desculpe-me, por favor! Não foi minha intenção derramar café no Senhor.
Ouvi-la me chamar de Senhor não me agradou, mas apenas dou um aceno de cabeça e ela olha para Vanessa que está a fuzilando com o olhar, antes de caminhar para o elevador que está com suas portas abertas, fechando logo em seguida e eu foco a minha atenção na mulher a minha frente.
- Christian, vamos...
- Esclarecer alguns limites? Com certeza. - Me aproximo encarando-a com frieza, constatando ter retornado ao meu estado normal. - Em primeiro lugar, Senhorita Parker, me chame de Senhor Grey, não é porque tivemos uma foda no México, no qual eu deixei claro que seria a única vez que isso aconteceria que temos intimidade para abrir mão das formalidades.
- Eu não entendo, eu pensei que... - E novamente eu respiro fundo e a interrompo, continuando.
- Segundo, a minha presença aqui hoje tem um único propósito, que é deixar claro para que a Senhorita pare de ficar me ligando como vem fazendo nas últimas duas semanas. - Ela tenta falar, mas eu levanto a mão deixando claro que ainda não acabei. - A Senhorita foi atrás de mim no México, fodemos e ponto. O que tivemos naquela noite foi apenas sexo, nada mais e não se repetirá. - Sua fisionomia muda e ela me olha com ódio. - E quanto ao que acabou de acontecer aqui, eu espero que nada aconteça a Anastásia, pois foi um acidente como ela havia dito, no entanto se eu souber que houve represálias contra ela, eu serei obrigado a tomar medidas quanto a isso, estamos entendidos? - Ela continua a me encarar, mas não responde e eu repito. - Eu fui claro quanto a isso, Senhorita Parker?
- Claríssimo Senhor Grey! - Ela responde com sarcasmo e eu ignoro, pois quero logo sair desse lugar.
- Ótimo! Adeus, Senhorita Parker. - Dou-lhe as costas e caminho na direção do elevador, aguardando que ele chegue e me pergunto que porra foi essa que acabou de acontecer?
Entro no elevador e balanço a cabeça, confuso com a minha atitude, pois num momento eu estava pronto para matar alguém por sentir algo gelado ser derramado sobre mim e, no outro eu estava defendendo e querendo proteger Anastásia da forma que Vanessa a estava tratando e por que presenciar aquilo me incomodou dessa forma? Que poder essa menina tem de fazer com que eu perca a noção de quem eu sou e agir da forma que um dia eu fui?
Respiro fundo saindo do elevador e sem conseguir controlar os meus atos, percorro a Loja com o olhar e encontro os seus olhos avermelhados e ainda mais azuis se fixarem nos meus e consigo ler em seus lábios de forma silenciosa um "Desculpe-me", mas eu apenas me encaminho para a saída da Loja e Taylor me encara sem entender, principalmente por ver o estado de minha camisa e só agora eu percebo estar com os primeiros botões abertos, fechando-os em seguida.
- Taylor, vamos para casa. - Ele apenas assente, abrindo a minha porta.
Distância! É exatamente isso que preciso manter de Anastásia, pois só assim, meus pensamentos confusos voltarão para o lugar.
(...)
- O que aconteceu com a sua roupa, meu Filho? - Minha mãe me pergunta assim que entro em casa, encontrando-me com ela na sala.
- Por acidente, derrubaram café em mim. - Respondo e lembro-me de olhos azuis assustados encarando-me.
- Oh meu Deus! Você se queimou? Deixe-me ver. - Minha mãe coloca a sua bolsa sobre o sofá e se aproxima assustada.
- Não se preocupe Mãe, o café estava frio. Está tudo bem. - A tranquilizo antes que resolva tirar a minha camisa. Ela suspira aliviada e me avalia atentamente.
- Você está bem? Estou te achando agitado nesses últimos dias. Algum problema na Empresa?
- Não. Está tudo na mais perfeita ordem na Empresa e os projetos estão dentro do prazo sendo executados no Estaleiro. - Já não posso dizer o mesmo da minha cabeça, que está tudo uma verdadeira bagunça, eu penso, mas não verbalizo.
- Você voltará para a Empresa? - Ela olha em seu relógio e pega a sua bolsa novamente.
- Não, Mãe! Eu ficarei em casa. - Ela sorri e acaricia o meu rosto.
- Eu gostaria de passar essa tarde com você, mas tenho um parto daqui à uma hora, no entanto vou pedir a Lola para preparar algo para você comer, pois eu tenho certeza que não comeu nada além do café da manhã.
- Tudo bem, obrigado, mas agora eu vou subir para o meu quarto e tirar essa roupa suja de café. - Me aproximo e beijo a sua testa e ao me afastar, eu vejo o seu sorriso e seus olhos marejados por minha atitude repentina e, me sinto mal por ter me afastado tanto da minha mãe. - Eu... É... Eu vou subir. - Não espero resposta e me afasto subindo rapidamente os degraus da escada, entrando em seguida no meu quarto.
Respiro fundo após fechar a porta e retiro a carteira e o celular do bolso, assim como o relógio colocando-os sobre o criado-mudo e me encaminho para o closet onde começo a retirar a minhas roupas e sem conseguir controlar - o que está virando um hábito - lembro-me de sentir as mãos delicadas de Anastásia em meu peito, ao tentar abrir a minha camisa no seu momento de desespero, mas mudo a direção dos meus pensamentos por estar indo para um caminho perigoso e sigo para o banheiro para retirar esse cheiro de café do meu corpo.
Depois de terminar meu banho e me vestir, eu abro a gaveta do criado-mudo e encontro dois objetos que me perturbam de formas diferentes, o celular daquela mulher que faz um tempo que não o ligo para me martirizar - como diz Richard - e ao lado está a fotografia de Anastásia, na qual eu pego e deito-me na cama, analisando seus traços delicados e seu sorriso. Devolvo a fotografia para a gaveta, pois tenho memorizado cada detalhe de seu rosto, fecho os meus olhos por um momento e me permito apreciar a sua imagem que domina a minha mente, levando-me para o dia de hoje, onde eu pude constatar que Taylor tem mesmo razão, pois ela é muito pura e transparente para estar mentindo sobre quem ela possa ser.
Mas a forma magoada que ela me olhou por um momento me deixou intrigado, tudo bem que eu não sou a pessoa mais gentil que ela possa ter cruzado, mas eu não me lembro de ter feito algo que pudesse deixa-la magoada hoje, na verdade eu nem mesmo consegui me mover quando a encontrei naquela situação embaraçosa e, mais uma vez eu sinto raiva por me lembrar da forma que Vanessa a tratou e me pergunto se aquilo acontece com frequência, no entanto sabendo que não terei essas respostas, suspiro e abro os olhos, levando um susto por ver o meu irmão deitado na minha cama, me encarando com um sorriso idiota no rosto.
- Inferno, Caleb! Como você entrou aqui que eu não percebi? - Sento-me rapidamente na cama e ele gargalha da minha cara. - Que mania irritante que você e Aleksander têm de entrar nos lugares sem bater na porta.
- Eu bati sim na porta, mas você estava sonhando acordado que nem ouviu. - Ele fala assim que consegue controlar o riso.
- E isso te dá o direito de entrar no meu quarto e deitar na minha cama? - Falo irritado e ele suspira, sentando-se de frente para mim.
- Será que dá para você parar de ser esse gelo e baixar-a-guarda por um momento? - Olho para o meu irmão e respiro fundo assentindo, percebendo que de fato estou sendo um babaca com ele. - Você não está bem, eu consigo sentir isso, essa sintonia de gêmeo me irrita às vezes sabia? - Dou de ombros, pois não vou discordar também a sinto às vezes. - Quer conversar um pouco? - Deito-me novamente encarando o teto e ele faz o mesmo. - O que está acontecendo? Você não costuma estar em casa durante a tarde, ainda mais numa segunda-feira?
- E você? Não deveria estar no Hospital com os nossos pais? - Ignoro as suas perguntas, fazendo outra e ele bufa.
- Estou de férias da Universidade e aproveitei para tirar uns dias de descanso antes de começar a minha rotina no Hospital. - Assinto, pois eu o entendo, afinal ele está estudando há oito anos. - E não muda de assunto, o que está acontecendo? Você está diferente desde que retornou do México. - Penso nas suas palavras e de fato, desde que Anastásia me confundiu com ele, que minha cabeça anda uma bagunça.
- Eu não sei, Caleb.
- Como não sabe? Alguma coisa está te incomodando que eu sei. - Alguma coisa não! Alguém. E sinceramente eu não sei se esse alguém é mais do que uma amiga para você, meu irmão.
- Você e Anastásia tem alguma coisa? - A pergunta sai sem que eu consiga filtrá-la e ele se vira rapidamente para mim, fazendo com que eu o encare também.
- O quê?
- Nada, Caleb, esquece. - Volto a encarar o teto e ele fica em silêncio por alguns segundos.
- Não, Christian! Ana e eu, somos apenas amigos. - Nada respondo, mas ouvir a sinceridade em sua voz me causa uma sensação de alívio que eu não sei explicar e, ele se senta novamente na minha cama, para me olhar melhor. - Você está interessado nela, não está?
- O quê? Claro que não! De onde você tirou isso?
- Então por que você está vermelho? - Ouço seu tom risonho e viro a cabeça para o outro lado, por de fato sentir meu rosto queimar.
- Por ouvir esse absurdo, Caleb! Como eu posso estar interessado em uma pessoa que não conheço? Além do mais você sabe que...
- Não conclua essa frase, meu irmão, pois você está muito vivo e pode sim sentir alguma coisa por uma pessoa que acabou de conhecer.
- Não diga absurdos, Caleb, Anastásia é uma menina. - Linda, mas ainda assim é uma menina, completo apenas para mim.
- Não, Christian, Ana é uma mulher de 20 anos, linda, doce e muito carinhosa e eu vou te falar uma coisa, se ela quisesse o que não falta é pretendentes na Universidade atrás dela. - Olho rapidamente para ele que está com o seu sorriso debochado por ter conseguido alguma reação da minha parte.
- Sinceramente, você deve estar ficando louco, Caleb. - Levanto-me da cama do jeito que estou mesmo, sem camisa e descalço, e me preparo para sair do quarto. - Acho que você está vendo muitos filmes e lendo romances em demasia. - Viro-me para ele que se levanta também, sorrindo por saber que conseguiu me desestruturar com suas palavras. - Vou comer alguma coisa e quando eu voltar, espero não te encontrar no meu quarto.
- Eu vou descer com você seu rabugento. - Ele se aproxima e passa o braço por meu pescoço e saímos do meu quarto, descendo as escadas, mas ele para assim que chegamos à sala, fazendo-me olhar para ele. - Esqueça o passado e se permita sentir novamente, Christian, mas eu vou te dar um aviso. - Ele me encara sério agora e eu fico esperando que ele continue. - Se você machucar a Ana, eu vou esquecer que você é meu irmãozinho e vou dar a surra que você está merecendo faz tempo.
Antes que eu consiga dizer que ele está realmente maluco e que eu não estou interessado na amiga dele, ouvimos a voz do nosso irmão e o vemos descendo as escadas com os cabelos molhados e também sem camisa.
- O que está acontecendo? Por que você quer bater no Christian, Caleb?
- Não é nada, Richard, o Caleb está apenas sendo irritante como sempre. - Desvencilho-me dele e caminho para a cozinha.
- Nada uma ova. - Caleb resmunga, mas eu continuo seguindo o meu propósito de comer alguma coisa. - O nosso irmãozinho está acordando para a vida, Richard, e eu só dei um pequeno aviso a ele.
Eles se sentam na bancada da cozinha, fazendo uma troca significativa de olhar e agora eu sei o que eles estão aprontando, porém eu os ignoro e apenas monto o meu sanduíche, mas sinto os olhos dos dois sobre mim, no entanto interrompo qualquer coisa que meu irmão mais velho tente falar.
- Você não deveria estar na sua Empresa, Richard? - Mordo em meu sanduíche e ele me olha sorrindo de lado, por saber o que estou fazendo.
- Deveria, mas assim como GNIH é sua, a GSS é minha e posso me dar o luxo de tirar algumas horas de descanso.
- Descanso numa segunda-feira? - Caleb o olha confuso e Richard me encara sem graça.
- A mamãe me ligou e disse que você e o Caleb estavam em casa. - Paro com o copo que iria levar a boca no meio do caminho e fico confuso o encarando. - Ela disse que você não estava bem e...
- E então você presumiu que eu precisava de uma babá? - Começo a ficar irritado e perco a vontade de continuar comendo.
- Não, Christian. Presumi que eu poderia passar um tempo em casa, apenas conversando ou vendo um filme com os meus irmãos.
- Não somos mais crianças, Richard, que precisamos de supervisão do irmão mais velho por estar em casa numa tarde sem os pais. - Jogo o restante do meu sanduíche no lixo e coloco o copo com suco na pia e começo a sair da cozinha, mas as suas palavras me fazem parar.
- Então comece a agir como um homem que você é e perceba que a sua família te ama e quer apenas o seu bem. - Viro-me para encará-lo e ele se levanta sério. - Chega de remoer o passado Christian, você já teve mais do que deveria de autopiedade ainda mais por alguém que não merecia, abra os seus olhos meu irmão e, olhe além do que você quer enxergar e verá que tem muito mais do que você pode imaginar com pessoas que realmente merecem a sua atenção.
- E lá vamos nós de novo.
Caleb se levanta e fica entre nós dois, antecipando uma possível briga, mas eu apenas respiro fundo e vejo que ele tem razão e sinto-me envergonhado por agir dessa forma com os meus irmãos.
- Me desculpem.
- O quê? - Eles perguntam juntos e me olham como se não me reconhecessem.
- Vocês estão certos, eu só... - Não consigo verbalizar o que sinto no momento.
- Eu sei meu irmão! Eu sei! E estaremos sempre aqui por você.
Richard fala ao se aproximar junto com Caleb me abraçando e, novamente eu me sinto como um menininho perdido buscando consolo nos braços dos irmãos, mas dessa vez é diferente, pois agora eu tenho o sentimento de um recomeço, apesar de ainda estar confuso sobre o recomeço do quê, mas independente do que possa ser eu sei que sempre poderei contar com a minha família e principalmente com os meus irmãos.
E mais um pedaço da geleira desmoronou 😏😏😏!!!
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