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Capítulo - 17

Assim que saio de casa, sinto como se o ar estivesse retornando para os meus pulmões e eu não consigo entender que porra é essa que está acontecendo comigo, simplesmente por ter aqueles olhos tão cristalinos sobre mim, como se estivesse devorando o breu que me assola há mais de dois anos além de vasculhar os segredos mais obscuros do meu ser.

Eu não sei o que aquela menina tem que consegue mexer comigo dessa forma, mesmo estando a metros de distância de mim, porém eu não sei se quero descobrir o que possa ser isso, mas no momento, o melhor que eu devo fazer é manter-me o mais distante possível.

- Senhor Grey, está tudo bem?

Pisco algumas vezes e olho para Taylor que está com a porta do carro aberta aguardando que eu entre e só então eu percebo estar parado no mesmo lugar, desde que fechei a porta atrás de mim.

- Está sim, Taylor. - Entro no carro e respiro fundo, aguardando que ele dê a volta assumindo o seu lugar, colocando o carro em movimento. - Taylor, eu preciso que você faça uma busca nos antecedentes de uma pessoa, mas sem passar pelo sistema do meu irmão. - Ele desvia o olhar do trânsito, encarando-me pelo retrovisor interno do carro.

- Desculpe-me a indiscrição, Senhor Grey, mas aconteceu alguma coisa que tenha passado despercebido por mim?

Ele faz a pergunta e eu tenho vontade de falar que sim, que ele deixou uma menina passar parecendo um furacão. Que mesmo tendo nos visto apenas três vezes, consegue me perturbar sem ter a real intenção.

- Não, Taylor. - Suspiro e, ele novamente me olha pelo retrovisor. - Eu quero apenas saber um pouco mais sobre a amiga do meu irmão, pois parece que ela costuma frequentar a casa dos meus pais e não sei se Richard tenha feito essa verificação antes de colocar uma estranha dentro de casa. - Ele assente em entendimento.

- Qual o nome, Senhor? - Penso por alguns segundos em sua pergunta e fico frustrado.

- A única coisa que eu sei é que os meus irmãos a chamam de Ana. - Ele novamente assente, sem desviar o olhar do trânsito. - Você terá que descobrir isso.

- Afirmativo Senhor!

Dou um aceno em concordância e novamente respiro fundo - o que eu tenho feito muito desde o dia que encontrei aquela menina - e, seguimos o restante do caminho em silêncio, mesmo que em minha cabeça esteja uma confusão barulhenta a ponto de quase conseguir me levar à loucura, no entanto eu não consigo tirar a imagem do momento que ela entrou na sala de jantar, com suas bochechas coradas e seus olhos azuis brilhantes parecendo com faróis querendo iluminar tudo a sua volta, mas tendo apenas um único foco: o breu escuro do meu ser.

(...)

- Bom dia, Senhor Grey! - Laura me cumprimenta com o seu sorriso costumeiro e eu apenas lhe dou um aceno de cabeça, para que ela continue assim que se levanta com seu tablet em mãos. - Gostaria de repassar a sua agenda agora, Senhor?

- Não! Antes eu quero que você localize o Aleksander e o Oliver e diga para que eles venham a minha sala.

- O Doutor Carter chegou a pouco mais de 10 minutos e está o aguardando em sua sala, quanto ao Senhor Wright, ligarei agora mesmo, pois ele já se encontra na Empresa.

- Ótimo. Traga-me um café e, assim que eles saírem, poderemos repassar a agenda.

- Sim Senhor.

Olho para os lados e vejo que Taylor sumiu como fumaça, mas sei que está fazendo a varredura no andar - como todos os dias - e eu caminho para a minha sala, encontrando Oliver concentrado em seu computador, mas olha em minha direção ao ouvir o barulho da minha porta se fechando.

- Bom dia, Christian! Aconteceu alguma coisa? Você costuma madrugar na Empresa. - Ele me olha avaliativo, como tem o costume de fazer, mas ignoro os seus olhos inquisidores.

- Não aconteceu nada, só resolvi tomar o café da manhã com a minha família. - E ver a amiga do meu irmão que venho fugindo a dois dias, completo apenas para mim.

- Eu fico feliz que você esteja tentando se aproximar deles novamente. - Assinto e sento-me em minha cadeira.

- E você e o Aleksander, se resolveram?

- Nos resolvemos sim. - Quem responde a pergunta é Aleksander que entra como sempre sem bater na porta. - E peço desculpas por ter me exaltado naquele dia, eu sei que falei o que não deveria, apesar de não me arrepender de todas as minhas palavras ditas naquele momento. - Ele fala com seu sorriso debochado e apenas nego com a cabeça, enquanto Oliver sorri sem graça, pois Aleksander nunca deixará de ser idiota.

- E só um lembrete Aleksander. - Uma batida na porta me faz interromper o que iria dizer, enquanto ele se senta ao lado de Oliver me encarando, aguardando que Laura nos sirva o café. - Se você ficar dois dias sem aparecer novamente na Empresa considere-se demitido. - Concluo assim que estamos os três novamente sozinhos em minha sala.

- Primeiro, eu sou o Vice Presidente dessa Empresa e você não vive sem mim e segundo, não enche o meu saco, pois, você passou seis meses fora e eu que fiquei comandando esse barco sozinho, além de cuidar da transição do Estaleiro de Olympia e ainda tendo que remanejar pessoal para a plataforma do México.

- E você quer que eu o agradeça por executar o seu trabalho? - Arqueio uma sobrancelha para ele, que revira os olhos. - E eu passei seis meses fora a trabalho, se devo te recordar desse fato.

- Aproveitando o momento troca de carinhos entre vocês, o que você queria falar naquele dia sobre o Maurício Parker, Christian? - Oliver fala arrancando um sorriso de Aleksander e eu o encaro, lembrando-me do assunto que ficou pendente.

- Vanessa Parker apareceu no México, no mesmo Hotel que eu estava hospedado, isso quer te dizer alguma coisa? - Ele fica confuso, mas logo o entendimento lhe bate e Aleksander solta uma gargalhada, chamando a nossa atenção.

- Desculpem-me, mas... - Ele tenta se controlar, mas não para de gargalhar e eu não vejo onde está à graça nisso. - Eu não acredito que ela viajou mais de três mil quilômetros apenas para ir atrás de você. - Apenas assinto contrariado.

- De fato Maurício me perguntou se você estava em Seattle, mas eu apenas lhe disse que você estava no México a trabalho, mas eu não imaginei que a informação seria para a irmã dele. - Oliver responde a pergunta que lhe fiz antes de ser interrompido pelas gargalhadas de Aleksander. - Mas como aquela louca conseguiu saber em que Hotel você estava?

- Sinceramente eu não faço ideia, mas... - Somos interrompidos pelo som do meu telefone que logo atendo. - Pode falar Laura.

- Senhor Grey, a Senhorita Vanessa Parker está na linha e...

- Diga a ela que estou em reunião sem previsão para acabar.

- Mas, Senhor, ela...

- Você tem as suas ordens, Laura. - Desligo batendo o telefone com força em sua base, irritado por uma simples ligação.

- Wow! O que o telefone te fez para tamanha violência? - Aleksander pega o telefone e faz carinho nele. Idiota! - Quem é merecedor de sua ira Oh Poderoso Grey?

- Vanessa Parker. - Respondo a contragosto e ele segura o riso.

- Não me diga que a visita que ela te fez no México rendeu uma noite tórrida de foda? - Ele pergunta com deboche, mas ao ver a minha cara, arregala os olhos. - Caralho Christian! Você sabe que ela não irá sair do seu pé, não sabe? - Suspiro frustrado e me recosto a minha cadeira.

- É meu amigo, você literalmente arrumou um belo de um problema.

Oliver afirma o que eu já sabia balançando a cabeça em negação e, eu não falo nada, pois eles têm razão quanto a isso, no entanto o problema deixará de ser um, no momento que eu lembrá-la das condições para que continuássemos o que começamos naquele quarto e tudo que tinha para acontecer, aconteceu no México e não irá se repetir isso eu posso garantir.

(...)

- Boa noite! - Cumprimento meus pais e irmãos assim que entro em casa, encontrando-os na sala de estar.

- Filho! Sente-se para beber algo conosco enquanto o jantar fica pronto. - Meu pai se levanta e caminha até o bar para pegar um copo sem que eu o responda.

- Pai, eu... - Iria dizer que estava cansado e subiria para o quarto, mas ver os olhos expectantes da minha mãe e Caleb me faz suspirar e me sentar ao lado de Richard. - Tudo bem. - Ele sorri e caminha em minha direção me entregando o copo com Whisky.

- Está animado para começar a trabalhar no Hospital, Filho? - Meu pai pergunta a Caleb, sentando-se novamente ao lado da minha mãe, beijando os seus cabelos.

- Estou sim, Pai, só será estranho não ir para a Universidade todos os dias e não ver os meus amigos, principalmente aquela peste da Ana. - Ele sorri e ouvir o nome de sua amiga, me faz encará-lo sem perceber.

- E como ela ficou depois que vocês voltaram de Portland? - Minha mãe pergunta, mas quem responde é Richard.

- Ela chorou o caminho inteiro, afinal ela amava o Padre Lutero como um pai e despedidas nunca são fáceis. - Ele responde pesaroso e é nítido o carinho que ele tem por essa menina. - Eu falei para ela vir passar alguns dias aqui em nossa casa, mas ela disse que não queria dar mais trabalho, mas sabemos que ela ficar naquela casa com aquela... Com a Thaís, não é uma boa ideia. - Caleb faz uma careta ao ouvir esse segundo nome e eu apenas presto atenção na conversa deles.

- Deus que me perdoe, mas aquela mulher só pode ser obra do diabo. - Ele fala com um tom de voz enojado.

- Por quê? Quem é essa Thaís? - Sem que eu perceba as palavras saíram por minha boca e meus irmãos me olham como se eu tivesse duas cabeças, mas logo Richard dá o seu sorrisinho cretino de lado e eu apenas ignoro.

- Thaís é irmã de criação da Ana, apesar desse título ser considerado apenas por ela, pois para a Thaís isso é algo impossível e, ela não faz questão de esconder o quanto odeia a Ana. - Caleb responde e balança a cabeça em negação, contrariado com alguma situação.

- Eu não conheço essa moça, mas pelo que vocês falaram o que ela fez no aniversário da Ana, eu não faço questão de conhecê-la.

- Grace! - Meu pai a repreende, mas com um sorriso que é retribuído por minha mãe que lhe dá um beijo no rosto.

- Querido, você também pensa igual que eu sei, pois como que pode uma pessoa ofender e tentar humilhar uma moça tão doce e carinhosa como a Anastásia?

- Anastásia. - Sem perceber, murmuro o seu nome que parece tão melodioso ao ser pronunciado e, agradeço por Caleb ter interpretado isso como uma pergunta.

- Sim, Christian, o nome dela é Anastásia, mas ela prefere ser chamada de Ana, ou apenas de peste para os mais íntimos. - Ele ri da própria piada, eu o encaro e fico pensando, o quão íntimo eles são?

- Eles são apenas amigos. - Fico sem entender a resposta de Richard, mas a forma que ele está me olhando é como se imaginasse o que eu havia pensado.

- Tanto faz.

Resmungo e bebo todo o líquido âmbar do meu copo e ele me encara com seus olhos azuis avaliativos, como fazia quando éramos crianças e queria arrancar alguma confissão de minha parte ou de Caleb, no entanto o ignoro e a conversa continua fluída até que Lola apareça na sala avisando que o jantar está na mesa e assim que me vê, sorri, pois faz muito tempo que não me junto a minha família para fazer uma refeição de verdade - tirando o café da manhã de hoje - e por mais que pareça difícil, a minha decisão em me permitir reaproximar dos meus pais e irmãos não está sendo em vão.

Eu só preciso seguir um passo de cada vez.

(...)

Não me lembro da última vez que passei um fim de semana em casa, ainda mais por vontade própria, mas isso também faz parte do processo de reaproximação da minha família, mesmo que durante os dois últimos dias eu tenha de fato dado dois passos para trás depois de conseguir dar um à frente no dia que cheguei mais cedo e jantei com eles, sendo que voltei a sair muito cedo e retornar de madrugada para casa.

Meus pais e irmãos não me cobram ou exigem a minha presença e sou grato a eles por sempre respeitarem as minhas decisões - inclusive as erradas de um passado não tão distante -, pois eu sei que eles entendem que não é tão simples para que eu consiga voltar a agir como antes - e se de fato um dia irei conseguir -, sendo que o único causador desse distanciamento sou eu, mas eu simplesmente não consigo ainda me perdoar para merecer o perdão deles.

Covarde? Orgulhoso? Pode sim ser a mistura dos dois, mas quando eu me lembro do quanto eu fui injusto principalmente com o Richard que sempre esteve ao meu lado, mesmo quando eu não merecia e, até mesmo com o meu irmão gêmeo, que ficava dividido entre seus dois irmãos, um por saber que estava certo e o outro, que mesmo que ele não quisesse, conseguia sentir parte da minha confusão e aflição - que eu acredito ser devido a nossa ligação de gêmeos -, faz com que eu me sinta ainda pior, principalmente por saber o quanto eu fui manipulado, usado e ridicularizado por uma mulher vil, cruel e mesquinha.

Quando eu me lembro do olhar triste do meu pai e das lágrimas da minha mãe a cada palavra dura que eu proferia contra eles, faz com que minhas entranhas se contorçam me mostrando o quanto eu fui idiota, não valorizando quem sempre estava comigo e para mim e, por essa razão manter-me o mais distante deles sempre me pareceu ser a melhor decisão, sendo que assim, eu não os faria sofrer ainda mais, mas Raymond estava certo quando conversamos naquele Bar do Hotel, pois eu tenho sim os meus fantasmas, mas isso não quer dizer que eu tenha que me afastar das pessoas que verdadeiramente me amam e eu sei que serão os únicos a me amar dessa forma.

Amor? Hoje eu percebo que eu nunca soube de fato o que seria esse sentimento - além do que sinto por minha família é claro -, e muito menos o recebi durante o relacionamento que mantive com aquela mulher. Eu quis sim me enganar e provar para todos que eu estava certo, mesmo que tudo apontasse para o oposto e, uma frase que eu li a algum tempo de um dos maiores Ilusionistas do mundo, Harry Houdini, nunca fez tanto sentindo na minha vida como naquela época, pois ele disse que "O que os olhos veem e os ouvidos ouvem, a mente acredita" e foi exatamente isso que aquela mulher fez comigo, com suas falas mansas, gestos falsos e mentiras bem contadas.

No entanto se a citação de Leonardo da Vinci que diz que os "Os olhos são a janela da alma" for de fato verdadeira, eu posso garantir que Anastásia conseguiu ver o quanto a minha alma é escura e quebrada, pois a forma que ela me olhou, nunca, ninguém havia me olhado daquela forma, assim como eu consegui ver o quanto seus olhos são puros e inocentes, mas isso não quer dizer que de fato ela seja, pois mulheres conseguem ser traiçoeiras quando querem e eu tenho uma péssima experiência quanto a isso.

- Você está querendo arrebentar os pulmões? - Assusto-me com Richard retirando os meus fones de ouvido e me seguro na esteira, parando-a em seguida, tentando buscar ar para voltar a respirar enquanto encaro os meus irmãos me observando.

- O que vocês fazem aqui uma hora dessas? - Pergunto entre uma inspiração profunda e outra, ignorando a sua pergunta. Desço da esteira pegando minha garrafa e bebendo um gole d'água para aliviar a minha garganta que está seca, devido ao excesso da corrida que acabei de fazer.

- Considerando que são quase 07h30min da manhã, presumo que o mesmo que você, mas pelo visto, diferente de nós, você não acabou de chegar. - Caleb quem responde apontando para o meu estado, completamente suado.

- Há quanto tempo você está aqui? - Richard pergunta cruzando os braços me encarando, enquanto Caleb segue para a esteira ao lado da que eu estava. - Você continua com dificuldades para dormir?

- Deve ter um pouco mais de duas horas que estou aqui. - Ele nega balançando a cabeça, mas não diz nada. - E sim, eu continuo tendo dificuldades para dormir. - Respondo a contragosto, secando o meu rosto com uma toalha, apenas para não ter que ver seus olhos julgadores sobre mim.

- Você precisa procurar um profissional para te ajudar a...

- Richard, eu não preciso de ninguém! Eu não preciso perder o meu tempo fazendo terapia. Eu não preciso disso! - Respondo irritado, mesmo que eu não queira ser grosseiro. - Eu sempre tive dificuldades para dormir, mesmo na adolescência e isso nunca foi um problema.

- Tudo bem, meu Irmão. - Ele suspira resignado e Caleb apenas me olha, para em seguida fazer uma troca de olhar com Richard, mas não dou importância para isso. - Eu apenas fico preocupado com você e, pensei que talvez se você conversasse com alguém, o ajudaria.

- Não se preocupe, eu estou bem. - Ele assente não muito convencido, mas não insiste. - Eu vou subir e tomar um banho.

- Você ficará em casa hoje, Irmão? - Caleb pergunta e eu penso por um momento, mas logo me decido.

- Sim! Hoje eu ficarei em casa. - Caleb assente sorrindo e eu os deixo na academia, subindo em seguida para o meu quarto e suspiro cansado. - Um passo de cada vez, Christian! Um passo de cada vez. - Murmuro para o silêncio do quarto e sigo para tomar o meu banho.

(...)

Passar um domingo ao lado da minha família me fez bem, mesmo que eu não interagisse tanto como eles, mas me fez perceber o quanto o meu corpo precisava dessa curta pausa e eu pude sentir o quanto minha mãe e meu pai ficaram contentes com a minha presença, sem contar que há tempos eu não fazia o que estou fazendo nesse momento, que é sentar em minha cama de forma relaxada e ler um livro, pois eu estava mais preocupado em ocupar minha mente com trabalho para tentar não pensar em tudo que me aconteceu quando estive com aquela mulher.

Mas não vou negar que até mesmo esse livro faz eu me lembrar daquela época, pois se eu tivesse prestado mais atenção nos sinais e tivesse sido mais perceptivo como meu irmão gêmeo me alertou uma vez, eu teria de fato visto o que neguei por diversas vezes a mim mesmo e Thorsten Havener estava correto quando disse que "A partir de um determinado momento que eu me concentrei com mais intensidade naquilo que antes tinha permanecido oculto para mim, transformando a minha visão de realidade, podia reconhecer aspectos do mundo concreto que geralmente passam despercebidos ou são desvalorizados por muitas pessoas".

No entanto, os fatos passaram despercebidos apenas por mim, pois todos viam tudo com clareza e eu, idiota que se dizia apaixonado não queria enxergar, mas hoje eu consigo prestar mais atenção, hoje eu consigo visualizar as intenções de uma mulher ao se aproximar de mim e por esse motivo, eu digo que não irei mais me deixar levar, não me permitirei ser enredado em mentiras e nunca mais serei usado, da mesma forma que não me aproximarei de nenhuma outra mulher se não for apenas para ter sexo, afinal, eu sou um homem e tenho as minhas necessidades.

Eu fecho o livro, assim como meus olhos e jogo a cabeça para trás, na cabeceira da cama e não sei por qual motivo olhos azuis cristalinos, puros e brilhantes vêm a minha mente, assim como o momento em que a tive em meus braços - mesmo que estivesse sendo confundindo com o meu irmão - e, contradizendo ao que acabei de dizer, eu gostaria de me aproximar um pouco mais da Anastásia e conseguir de fato ler mentes, para saber exatamente o que aqueles lindos olhos conseguiram enxergar ao olhar para mim.

- Mas que droga! Sai da minha cabeça! - Irritado por estar sendo perseguido em pensamentos, eu jogo o livro longe e assusto-me com o ofegar de alguém, fazendo com que eu abra os olhos e veja meus irmãos no meu quarto.

- Porra, Christian! Se você não queria que tivéssemos entrado no seu quarto, era só ter falado. - Caleb reclama e pelo visto acertei o livro em seu peito, sendo o local que ele está esfregando a mão.

- O que vocês dois estão fazendo no meu quarto? - Sento-me melhor na cama e vejo Richard se abaixar e pegar o livro do chão.

- Batemos na porta e você não respondeu, pensamos que você estivesse dormindo, mas viemos te chamar para jantar. - Richard responde e vira o livro. - "Cuidado com o que você pensa! Alguém pode ler a sua mente... Quantas vezes você desejou ter uma bola de Cristal para saber o que se passa na cabeça de alguém? Fique sabendo que isso é possível e, sem recorrer à magia ou qualquer ilusão". - Ele lê a sinopse e me olha com um sorrisinho de lado. - O Mentalista, Thorsten Havener, está querendo ler mentes agora, Irmão? - Caleb segura o riso com o que ele fala e eu ignoro seu comentário.

- Para me chamar para o jantar, precisava vir os dois? - Levanto-me e pego uma camiseta vestindo-a em seguida.

- Deixe de ser ranzinza, Christian, eu estava dormindo e Richard foi me chamar, aproveitei para vir com ele até o seu quarto. - Ele revira os olhos e passa a mão no peito novamente. - Mas se eu soubesse que seria recebido com livros na cara, não teria entrado, mas o que o livro te fez, a leitura não o agradou? - Ele coloca a mão no queixo e faz uma cara pensativa. - Pensando bem, nem sei a última vez que te vi com um livro na mão.

- Cala a boca, Caleb! - Caminho na direção da porta e passo por eles, esbarrando nele que reclama. - Se vieram me chamar para jantar, então vamos logo.

- Mal agradecido! Velho precoce abusado.

Caleb resmunga e ouço Richard rindo baixinho, no entanto continuo ignorando os seus resmungos e desço as escadas, encontrando com os nossos pais sentados à mesa de jantar e sento-me ao lado da minha mãe, sendo seguido por Richard e Caleb que se sentam do outro lado da mesa.

- Vocês demoraram? Estavam dormindo? - Minha mãe pergunta com um sorriso no rosto e confesso que nesses últimos dois anos e meio eu não a via sorrir dessa forma há um bom tempo.

- Eu estava. Agora o Christian estava só sendo ele mesmo. - Caleb continua resmungando e eu apenas o encaro.

- Como assim? - Minha mãe pergunta confusa e meu pai segura o riso por ver a careta de Caleb e a minha carranca para o meu irmão.

- Entramos no quarto dele para chamá-lo e o que ele fez? Agradeceu? Claro que não! Apenas me recebeu jogando um livro na minha cara. - Respiro fundo para não mandá-lo se foder em respeito aos nossos pais.

- O livro acertou no seu peito, Caleb, deixe de drama. - Richard o repreende, sabendo que não irei falar nada, mas não consegue esconder o sorriso.

Eles continuam a conversar e eu abstenho qualquer comentário de Caleb para tentar me provocar e começo a me servir, comendo em silêncio, mas não vou negar que eu tenha sentido falta desses momentos dividindo a mesa com eles, mesmo os meus irmãos sendo irritantes às vezes, mas como diz o ditado, "um passo de cada vez e cada um deles ao seu devido tempo" e esse será o lema que tomarei para mim em relação a minha família.

Pelo menos enquanto ouço os absurdos que são ditos por Caleb e rebatidos por Richard, fazem eu me esquecer - ou talvez nem tanto - de olhos azuis penetrantes, lábios rosados e face de anjo que insistem em querer me perturbar sem que eu permita ou consiga controlar, até que ouço a voz do meu pai me despertando da minha perturbação interior.

- Filho, eu encontrei com Raymond no Hospital, hoje, enquanto ele acompanhava a mãe numa consulta e, ele me disse o quanto está satisfeito com o seu projeto. - Meu pai sorri e o orgulho em sua voz é nítido.

- De fato o projeto dele me deixou um pouco receoso a princípio, mas depois eu também fiquei satisfeito com o resultado final, agora só falta ver depois de executado como ficará.

- Eu tenho certeza que ficará tão bom quanto você desenhou, meu Filho. - Minha mãe sorri de forma carinhosa, enquanto pega a minha mão sobre a mesa, me fazendo soltar um "obrigado" sem jeito.

- Ele disse que viajará novamente para acompanhar o processo, você também voltará para o México? - Meu pai pergunta e minha mãe e meus irmãos me olham na mesma hora.

- Provavelmente eu terei que voltar sim, mas...

- E vai ficar quanto tempo fora do País? - Caleb me interrompe, alternando o olhar entre Richard e eu e, fico sem entender essa troca de olhar deles.

- Como eu estava dizendo, provavelmente eu terei que voltar, mas ainda não tem data definida e nem quanto tempo eu ficarei dessa vez.

Ele assente e não diz mais nada, mas volta a olhar para Richard que retribui na mesma intensidade e eu apenas dou de ombros mentalmente, enquanto respondo algumas perguntas dos meus pais quanto a minha possível viagem, mas algo nessa troca de olhar dos meus irmãos conseguiu me deixar incomodado, só espero estar enganado sobre eles estarem aprontando algo e, se estiverem aprontando pelo visto o alvo do momento, tudo indica que serei eu, mas o que exatamente pode ser?

Não faço a mínima ideia e espero não ter que descobrir.

Ah eu nem te conto o que seus irmãos estão aprontado, Senhor Gelo 😏😏😏!


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