Capítulo - 13
Passar a noite com uma mulher, corrigindo, dormir numa cama com uma mulher é algo que deixei de fazer por motivos óbvios, pois essa aproximação pode ser interpretada de forma errônea – principalmente se for como a Vanessa – que deixa claro a cada atitude não ficar satisfeita apenas com uma única noite, que é o que posso e irei oferecer a ela, da mesma forma que não costumo transar com uma mulher mais de uma vez, pois isso gera vínculo, que gera envolvimento emocional, que por ventura se tornará mais uma desilusão para ambas as partes.
Pode parecer frio da minha parte, eu sei, no entanto eu nunca, jamais iludi nenhuma das minhas parceiras sexuais, afinal posso ter deixado de ter um coração, mas ainda continuo tendo um pau que necessita de "atenção" e, é por esse motivo que a mulher que se disponibilizar a atender as minhas necessidades, estará ciente que não precisará esperar mais nada de mim posteriormente, no entanto, durante o momento que estiver entre os meus lençóis – ou no meu caso, entre os lençóis delas – terá todos os meus cuidados e atenção, pois posso ser frio em relação às emoções, mas não sou egoísta e, se tem uma coisa que eu aprendi nesses dois últimos anos é conhecer o corpo de uma mulher e saber exatamente do que ela precisa e como precisa e, eu jamais sairei de uma foda sem deixar a minha parceira completamente satisfeita, mesmo que a sensação de vazio em meu peito apenas aumente, pois esse tipo de relação infelizmente provoca isso em mim, por saber que não passará de relações carnais, vazias e que me tornam mais frio quanto a laços emocionais.
– O que você está fazendo, Christian? – Vanessa me olha de forma preguiçosa quando me levanto da cama e começo a vestir minhas roupas.
– Me vestindo. – Respondo o óbvio subindo o zíper da calça e ela me olha sem entender.
– Isso eu percebi meu querido, mas por que você está se vestindo? – Paro o que estou fazendo e respiro fundo, para tentar não ser tão grosseiro com ela.
– Vanessa, eu disse que seria apenas sexo e isso não inclui dormirmos na mesma cama, por isso estou voltando para o meu quarto.
Pego a minha camisa que estava jogada no chão, vestindo-a sem me preocupar em arrumá-la, calçando em seguida os meus sapatos, colocando as meias e os preservativos usados dentro no bolso da minha calça, vendo Vanessa levantar da cama sem se preocupar com a sua nudez, mas logo pegando um robe vermelho o vestindo, ficando plantada a minha frente, olhando-me com uma cara contrariada.
– Eu pensei que depois da nossa noite maravilhosa, você mudaria de ideia. – E novamente eu respiro fundo, percebendo que nem o sexo me fez relaxar, pelo contrário, estou ficando ainda mais irritado com a insistência da Vanessa.
– Eu falei as minhas condições antes de começarmos qualquer coisa e não! Eu não mudarei de ideia quanto a isso.
– Tudo bem, meu querido, eu entendo que você deve estar cansado, mas poderemos nos ver amanhã? – Ela tenta se aproximar, mas eu me afasto e pego a minha carteira, o celular e cartão de acesso do meu quarto, caminhando em direção à porta, mas antes de sair olho mais uma vez para Vanessa.
– Não poderemos Vanessa, estou voltando amanhã para Seattle.
Saio de seu quarto sem nem mesmo olhar para trás e entro no elevador, subindo para o meu, onde tomo um banho e me jogo na cama na intenção de pelo menos tentar dormir um pouco.
(...)
– Bom dia, Brian!
Brian Donovan é um dos Engenheiros que vieram de Seattle e será responsável pela Equipe do Estaleiro que construirão a plataforma de Raymond, sendo um dos meus funcionários de confiança, assim como de Aleksander.
– Bom dia, Senhor Grey! – Ele retira suas luvas e estende a mão para que eu possa apertá-la, o que faço de imediato.
– Tudo certo com os insumos? A Empresa de Importação deveria ter entregado na sexta-feira os materiais para a base da ancoragem. – Pergunto enquanto coloco o capacete e começamos a caminhar pelo Estaleiro até chegarmos ao Escritório.
– Eles entregaram sim, Senhor Grey, está faltando apenas às alterações do projeto. – Retiro do ombro o tubo extensível retirando os projetos impressos e abrindo-os sobre a bancada.
– Eu finalizei os ajustes da plataforma, agora teremos 12 linhas de ancoragem, três em cada perna e trabalharemos com três perfuratrizes. – Ele analisa e assente.
– O Senhor adicionou mais propulsores no casco? – Ele aponta para os acréscimos realizados.
– Adicionei sim, por termos optado por uma plataforma semissubmersível e não a fixa e, devido ao seu tamanho, o sistema de posicionamento dinâmico extra, facilitará na mobilidade de um campo para outro.
– Perfeito, Senhor Grey, agora poderemos iniciar a construção.
– Eu estou voltando hoje para Seattle, mas não hesite entrar em contato Brian, tanto comigo ou com o Aleksander. – Ele assente e saímos do Escritório, onde vejo que está na hora de seguir para o aeroporto. – Eu enviei as alterações para o seu e-mail, assim como as maquetes 3D, se houver alguma dúvida, ligue para o Aleksander.
– Ligarei sim, tenha uma boa viagem, Senhor Grey. – Ele aperta a minha mão e eu saio do Estaleiro, encontrando com Taylor a minha espera e seguimos para o aeroporto, onde retornarei para a minha rotina diária, mas agora em casa.
(...)
Seattle/WA
Depois de sete horas dentro de um avião – por causa de uma escala em Dallas – eu cheguei à conclusão que preciso comprar um Jatinho para essas viagens que preciso fazer com frequência, considerando que eu não seja muito paciente para aguardar por um voo Comercial e mal desembarquei já estou irritado, por ainda ter que esperar na esteira por minha bagagem e ter que passar pela alfândega.
Confesso que eu tivesse sentido falta do meu País, apesar de ter me acostumado com o clima quente do México, sentir o vento frio assim que desci as escadas da aeronave me remete a de fato estar em casa, o que ameniza um pouco a minha irritação.
– Taylor, você falou com o Richard para ele mandar um carro para nos pegar? – Pergunto assim que fomos liberados da alfândega e nos encaminhamos para a saída do aeroporto.
– Sim, Senhor Grey, deve ter... – Ele é interrompido por uma voz que conheço muito bem.
– Christian! – Vejo meu irmão praticamente correr em minha direção e me abraçar.
– Caleb! – Por alguns minutos eu me permito sentir o abraço do meu irmão gêmeo e devo admitir ter sentido saudades dele, mas logo me afasto, afinal estamos em um aeroporto.
– Como vai, Taylor? – Caleb o cumprimenta com um aperto de mãos, mas volta a sua atenção para mim. – Sentimos sua falta irmão, ainda mais por você não ter atendido nossas ligações. – Desvio o olhar para não ter que encarar o meu irmão e ver a mágoa em seus olhos.
– Eu estava ocupado, Caleb, afinal eu não fui para o México a passeio e sim a trabalho. – Ele apenas assente e eu me recrimino por ter sido rude e me lembro de que devo começar com um passo de cada vez para tentar me reaproximar dos meus irmãos novamente. – Me desculpe Caleb, eu estou com fome, cansado e irritado por ter passado mais de sete horas dentro de um avião.
– Vamos para casa! Mamãe pediu para preparar um jantar e estão todos te esperando. – Eu assinto e caminhamos para o estacionamento, no entanto Caleb para olhando para Taylor. – O Richard deixou um SUV para vocês, mas como eu disse que viria buscar o Christian, eu peguei as chaves para te entregar, Taylor.
– Perfeitamente Senhor. – Ele pega as chaves da mão de Caleb e me olha aguardando a minha decisão, mas apesar de querer ir para casa apenas ouvindo o silêncio no carro, não farei isso com o meu irmão.
– Tudo bem, Taylor, leve nossas malas, eu irei com o meu irmão.
Taylor assente e após Caleb indicar onde está o SUV, ele segue com as nossas bagagens e, eu entro no carro com Caleb, onde ele inicia uma conversa descontraída e eu me esforço para manter o diálogo, apesar de ter me acostumado tanto a ficar sozinho que é como se eu tivesse desaprendido a manter uma conversa ativa por muito tempo. No entanto ouvir que falta apenas dois meses para o meu irmão concluir sua Especialização e começar a trabalhar no Hospital dos nossos pais, me deixa satisfeito, por saber o quanto ele se esforçou, pois foram oito anos se dedicando aos estudos para atuar na área que gosta, sendo a Pediatria.
E mesmo ele tendo optado pela Especialização do que a Residência, ainda assim passará por um tempo em atendimento com os Residentes, pois se uma coisa que nossos pais sempre deixaram claro é que não teríamos privilégios seja no que fosse apenas por sermos seus filhos, que o reconhecimento viria por mérito e dedicação e, é isso que Caleb fará assim que sair da Universidade.
– E como foram esses... – Caleb interrompe a sua pergunta ao ouvir o seu celular tocar, abrindo um sorriso ao ver quem está ligando, atendendo em seguida. – Oi, peste da minha vida! – Eu vejo seu sorriso sumir enquanto ouve quem está do outro lado. – Ana, o que aconteceu? Onde você está? – Ele ouve mais alguma coisa até voltar a falar. – Fique calma, estou indo para o Hospital agora, em 10 minutos estarei aí. – Ele desliga e posso ver que seja quem ligou o deixou nervoso. – Merda! Christian, teremos que passar no Hospital dos nossos pais, antes de irmos para casa.
– Por quê? O que aconteceu? – Pergunto por ver que ele está mesmo nervoso, ele me olha rapidamente, voltando a prestar atenção no trânsito enquanto acelera ainda mais o carro.
– Eu não sei exatamente o que aconteceu, pois não consegui compreender direito, mas eu preciso ver a Ana.
– Quem é essa Ana? – Fico confuso, apesar de já ter escutado esse nome outras vezes.
– É a minha amiga da Universidade. – Apenas assinto, pois não importa de fato quem seja, afinal, isso não é problema meu. – Você me deixa no Hospital e vai com o meu carro, depois eu me viro para ir para casa.
– Não é necessário, Caleb, o Taylor... – Não concluo a minha frase, ao ouvir o meu celular tocando, o que imaginei que aconteceria por estarmos em alta velocidade.
– Algum problema, Senhor Grey? – Ele faz a pergunta antes que eu possa dizer algo, assim que atendo a ligação.
– Não, Taylor, nos encontre no Hospital dos meus pais, o Caleb tem uma emergência para resolver por lá.
– Positivo Senhor. – Desligo e vejo que estamos chegando.
– Me deixe na entrada do Hospital, Caleb, antes de você ir para o estacionamento, seguirei com Taylor para casa.
Ele assente e alguns minutos depois, para na área de entrada das ambulâncias onde rapidamente desço e ele segue para estacionar o carro e, eu caminho para porta de entrada do Hospital vendo que Taylor acabou de chegar, no entanto antes que eu processe o que está acontecendo, eu sinto o impacto de um corpo se chocar contra o meu, envolvendo os braços em meu torso e escondendo o rosto em meu peito enquanto chora compulsivamente.
Por instinto ou mesmo pelo susto, envolvo o corpo frágil que treme a cada soluço e não sei explicar por qual motivo isso aperta o meu peito, por presenciar alguém nesse estado e, talvez, só talvez eu ainda tenha algum resquício do coração que um dia eu tive por ainda conseguir sentir empatia por uma completa estranha. Eu sinto o cheiro suave que exala de seus cabelos cor de mogno que sem perceber comecei a acariciar na intenção de confortar o seu pranto e, ainda sem reação permito que ela me abrace, porém nada iria me preparar para o momento em que ela se afasta, olhando-me com tanto dor em seus olhos azuis que parecem mais claros devido às lágrimas que insistem em serem derramadas. Seus lábios vermelhos sendo torturados pelos próprios dentes ao tentar conter o choro e sua face corada e úmida, dando-me vontade de acariciá-la.
No entanto, ela me olha de uma forma intensa, como se não me reconhecesse – o que de fato é verdade – porém não parece que ela está olhando para mim e sim para dentro de mim, causando-me um incômodo que eu nunca havia sentido antes, fazendo o meu coração agora gelado acelerar a ponto de me sufocar.
– Ana!
Ouço a voz de Caleb fazendo-me perceber que ainda estou segurando a desconhecida na entrada do Hospital, fazendo a nós dois olhar para o lado, no entanto a reação dela ao se afastar de forma abrupta percebendo que ainda está em meus braços me fez entender, que ela pensou que eu fosse o meu irmão, por isso o abraço desesperado para encontrar conforto e, não sei por qual motivo isso me incomodou.
– Ca... Caleb? – Por um momento o seu choro compulsivo cessa e ela olha assustada de mim para o meu irmão que se aproxima, envolvendo-a em seus braços, fazendo com que o seu choro volte a se intensificar. – Eles... Eles... Sofreram um acidente Caleb!
– Eles quem, Ana? – Caleb se afasta e a leva para sentar no banco saindo da porta de entrada do Hospital, eu os acompanho e encosto-me à parede, mas meu irmão olha para mim. – Christian, você pode pegar um copo com água, por favor? – Ele me pede cauteloso, eu apenas assinto e mesmo odiando Hospitais, faço menção de sair para buscar, mas Taylor me interrompe e, só agora me lembro de que ele também está aqui.
– Deixe comigo, Senhor Grey.
Novamente assinto e quando volto a olhá-los vejo que a amiga do meu irmão – que agora eu sei se chamar Ana – está me olhando, enquanto Caleb segura a sua mão, no entanto nosso contato visual é quebrado quando Taylor se aproxima a entregando o copo com água e vejo o quanto ela está tremendo ao tentar leva-lo até os lábios rosados.
– Agora me conta o que aconteceu? – Caleb pergunta e ela respira fundo, mesmo que as lágrimas ainda deslizem por sua face.
– Eu não sei direito, mas eu recebi uma ligação falando que o meu Tio Marco e o Padre Lutero haviam sofrido um acidente e... – Ela não consegue concluir a frase e volta a soluçar, mas respira novamente e tenta continuar. – Ele... Ele morreu Caleb. O Padre Lutero morreu! – Ela volta a soluçar e ver o seu desespero me faz sentir novamente aquele aperto no peito.
– Ana! Caleb! – Olhamos para o lado e vemos Richard se aproximando a passos rápidos e logo se ajoelha na frente dela. – Ei Pequena, o que aconteceu? Você está bem?
– Richard! Ele morreu... Ele morreu! – Ela o abraça quase o derrubando no chão, mas ele se levanta rapidamente a mantendo em seus braços, olhando para Caleb que só nega com a cabeça, no entanto a sua atenção é direcionada até mim e, vejo surpresa em seus olhos por eu estar aqui.
– Christian! – Solto a respiração que nem havia percebido estar segurando, por ter lembranças querendo invadir a minha mente, por já ter estado nessa posição sendo confortado por meus irmãos. – Você está bem?
Richard faz a pergunta e Ana se afasta de seu peito para me olhar e, ver a sua dor me remete a um passado que eu queria muito esquecer, causando-me novamente a sensação de sufocamento e, sinto também a raiva querendo me dominar por ser um idiota e ainda me lembrar da merda daquele dia. Eu respiro fundo e desencosto da parede me aproximando um pouco deles.
– Estou sim. – Vejo os meus irmãos trocarem olhares e isso me incomoda, porque eu sei o que eles estão pensando, no entanto eu me aproximo mais e foco a minha atenção para os olhos azuis tristes que estão me encarando. – Eu sinto muito por sua perda, Senhorita. – Ela apenas balança a cabeça, mas continua a me encarar como se estivesse me lendo. – Nos encontramos em casa.
Falo para Richard e Caleb e, desvio rapidamente do olhar dela, para poder ver os meus irmãos assentirem e, sem mais o que dizer eu viro-me e caminho até Taylor, para logo estarmos entrando no carro e sair de uma vez desse Hospital.
(...)
– Christian! Que saudade Filho!
Recebo o abraço da minha mãe assim que entro em casa e me dou conta do quanto eu senti a falta dos seus carinhos, ainda mais por estar me sentindo vulnerável, desde o momento que eu saí daquele Hospital. Uma situação que me deixa irritado, pois eu prometi a mim mesmo não me permitir sentir isso novamente, pois vulnerabilidade me faz voltar a ser o Christian fraco de dois anos atrás.
– Oi, Mãe. – Olho para o lado vendo o meu pai sorrindo enquanto se aproxima e me abraça também. – Oi, Pai.
– Sentimos a sua falta, meu Filho.
– Eu também.
Respondo sem muita emoção, não por não estar satisfeito de estar em casa, mas porque eu quero apenas subir para o meu quarto e, eu sei que eles querem me fazer perguntas, de como foi os meses que passei fora.
– Você está tão abatido, meu Filho, e está mais magro também.
Minha mãe toca o meu rosto e vejo o amor e preocupação em seus olhos azuis. E por alguma razão fazem eu me lembrar dos olhos tristes, mas extremamente lindos da amiga do meu irmão e tais pensamentos me deixam ainda mais irritado, pois eu não deveria me lembrar de alguém que conheci há algumas horas apenas.
– Eu só estou cansado, foram longas horas de voo.
– Então, vá tomar um banho, que vou aquecer o nosso jantar.
– Não precisa mãe, estou sem fome. – Na verdade eu perdi completamente a fome apenas por ter estado naquele Hospital. – Me desculpe, eu sei que vocês fizeram um jantar para me recepcionar, mas amanhã eu jantarei com vocês, hoje eu quero apenas descansar. – Ela sorri novamente e pega o meu rosto entre suas mãos, fazendo-me abaixar para que possa beijar a minha testa.
– Tudo bem, meu Filho! Bom descanso.
Deixo os meus pais na sala e subo para o meu quarto vendo que Taylor trouxe as minhas malas, porém não mexerei em nada, pois eu sei que Lola fará isso pela manhã, no entanto eu caminho até a minha pasta retirando o maldito celular como lembrete constante de quem eu nunca mais devo voltar a ser, mas hoje, apenas o jogo no criado-mudo e sigo para o banheiro retirando as minhas roupas e deixando-as pelo caminho, abro o chuveiro sentindo os primeiros jatos gelados baterem em minhas costas, para só então sentir a água esquentando. Fecho os olhos e encosto a testa na parede gelada e fico pensando nas últimas horas, que eu estava disposto a me reaproximar dos meus irmãos, dar mais atenção aos meus pais e tentar ser menos distante, mas eu não sei se conseguirei de fato fazer isso.
Abro meus olhos e começo a tomar o meu banho, pois hoje eu não quero pensar em nada, em ninguém, nada de passado e muito menos o que poderá vir a ser o meu futuro. Eu quero apenas deitar em minha cama e dormir, mesmo que para isso eu precise recorrer aos meus remédios.
(...)
Acordo num sobressalto após ter mais um pesadelo que prefiro não mencionar e, percebo que não dormi mais do que quatro horas, mesmo tendo tomado meu remédio para insônia – o que faz eu me lembrar de voltar ao meu Médico e pedir para revisar a dosagem –, eu sinto a minha garganta seca e me lembro de que não trouxe água para o quarto quando subi, por isso levanto-me e saio do quarto, no entanto assim que chego à sala eu vejo alguém encolhido no canto do sofá, olhando para o céu praticamente sem estrelas pelas cortinas abertas, me aproximo um pouco mais e vejo que é a amiga do meu irmão e antes que eu perceba o que estou fazendo, acendo as luzes, o que acaba a assustando.
– Que susto! – Ela dá um pulo no sofá colocando a mão no peito e vejo que esteve chorando, por estar com os olhos inchados e a ponta do nariz avermelhado. – Caleb e Richard insistiram para que eu dormisse aqui, espero não estar incomodando. – Ela fala com uma voz suave, correndo os olhos por meu torso que só agora eu me lembro de estar sem camisa, desviando em seguida com a face corada.
– A casa é dos meus pais, não sou eu que tenho que ficar incomodado. – Ela assente e me olha rapidamente com as bochechas ainda mais coradas e eu praguejo em pensamento por ter sido tão rude.
– Desculpe-me! Eu vou voltar para o quarto. – Ela se levanta e tenta passar por mim, mas porque diabos ela está se desculpando se o idiota que foi rude fui eu?
– Espera! – Seguro a sua mão, mas eu a solto rapidamente por sentir algo semelhante a uma descarga elétrica percorrer o meu braço e ela deve ter sentido também, pois me olha com os olhos arregalados. – Você está bem? – Não sei por que perguntei isso, porém foi sem pensar e ela me dá um sorriso triste, com os olhos marejados.
– Não! Mas eu vou ficar.
Eu assinto e, depois de me deixar preso em suas íris azuis, como as águas límpidas do oceano, ela se vira e sobe as escadas, fazendo-me acompanhar os seus passos até que eu não consiga mais vê-la. Eu respiro fundo e coloco a mão no peito, por sentir pela segunda vez nesse dia – ou noite – o meu coração acelerado de uma forma que eu nunca o tivesse sentido antes.
É! Parece que o Senhor Gelo, não é tão gelo assim não é mesmo? 🤭🤭🤭
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