Capítulo - 111
Tomar decisões nunca é fácil, ainda mais quando vidas dependem de você ou no mínimo com a sua colaboração, mas posso dizer que de todas as lições que aprendi ao longo desses meus 20 anos é que nem tudo depende totalmente daquilo que eu quero ou gostaria de fazer e sim do que eu posso ou devo fazer. E mais uma vez as palavras do Padre Lutero nunca fizeram tanto sentido como na situação que estou vivendo agora, pois hoje mais do que nunca tenho total convicção que realmente nada acontece se não tiver que acontecer.
Da qual a base para a minha afirmação é justamente pelo fato de que mesmo sendo tão cedo e não tivesse sido planejado, mas se eu não estivesse grávida e prezasse tanto pelas vidas dos meus grãozinhos, que ainda são tão minúsculos e que já sinto um imenso amor, não haveria hesitação nenhuma da minha parte em acompanhar o meu tio, seja para onde quer que fosse necessário que eu estivesse desde que garantisse que as pessoas que eu amo permanecessem em segurança e que o meu avô pudesse ser resgatado.
Não vou negar que eu esteja com muito medo do que pode vir a acontecer, como sei também que nada é tão simples como o meu tio e o Richard fizeram questão de fazer parecer, mas eu preciso confiar neles e acreditar que eu realmente não estou sendo egoísta e sim que eu esteja adotando um mecanismo de defesa e autopreservação como o meu cunhado afirmou com tanta convicção. Mas então por que eu não me sinto em paz com essa decisão? Por que parece, mesmo que eu tivesse sentido o alívio vindo por parte do meu noivo e os seus irmãos, que essa decisão não foi à correta?
- O que foi, Borboletinha?
Tio Marco me faz parar no lugar enquanto o acompanhava para que pudéssemos nos despedir, uma vez que eu não sei quanto tempo ficarei sem vê-lo novamente, mas antes de respondê-lo, olho na direção da sala de reuniões e vejo que Christian está nos observando, desviando o olhar apenas quando Caleb se aproxima chamando a sua atenção.
- Eu preciso que o Senhor seja sincero comigo, Tio Marco, como nunca foi antes. - Ele franze o cenho enquanto me avalia.
- Sempre fui sincero, Borboletinha. Jamais menti para você. E se fui evasivo e omiti algumas respostas para as suas perguntas antes, foi apenas porque eu precisava continuar mantendo-a em segurança. - Assinto, pois eu sei disso, mas essas omissões que me preocupam, principalmente depois de saber tudo o que sei hoje. - Mas o que você quer saber?
Hesitante por um momento, eu mordo o meu lábio incerta se devo ou não expressar o que se passa em minha cabeça, mas preciso fazer isso, ou não ficarei tranquila quanto as minhas decisões.
- Se eu aceitasse fazer parte desse plano que o Senhor tem traçado com o seu informante, eu realmente voltaria para casa em segurança?
- Voltaria. - Ele responde sem hesitar, deixando-me ainda mais confusa pela certeza que ouço em uma única palavra, assim como a verdade que vejo em seus olhos. - Porém mesmo com a certeza absoluta que essa operação não traria nenhum risco para a sua integridade física, mas ainda assim é muito estressante. - Ele para por um momento para segurar a minha mão e acariciar o meu rosto, respirando fundo antes de continuar. - E eu jamais a colocaria nessa situação estando grávida, afastando-a do homem que ama e do pai dos seus filhos, justamente por não poder afirmar em quanto tempo você poderia retornar para casa, pois enquanto eu não resolvesse tudo, com o resgate do seu avô e acabando com quem quer prejudicá-la para atingir a sua família, não poderíamos correr o risco de trazê-la de volta em segurança, e isso poderia levar dias, semanas ou até mesmo meses para acontecer.
O meu coração acelera apenas em pensar na possibilidade de ficar por tanto tempo longe da minha família e do homem que eu amo, mas principalmente por saber que eu poderia privá-lo de acompanhar o desenvolvimento dos nossos filhos ou correr o risco de fazê-lo perder o nascimento deles. Da mesma forma que tenho que concordar com ele ao dizer que mesmo com a convicção e a confiança do meu tio em que nada me aconteceria, não existem planos perfeitos e alguma coisa poderia dar errada no meio do caminho, impedindo-me de voltar para quem amo e perder tudo o que a vida tem me dado, mesmo em meio à tempestade que estamos vivendo constantemente.
A impotência tenta me sufocar por saber que eu poderia ajudar e que talvez tudo pudesse ser mais simples, assim como a culpa tenta me consumir por pensar que de alguma forma tudo isso está acontecendo apenas porque eu existo, pois desde que nasci tenho feito os meus pais sofrerem com o meu suposto sequestro. O meu avô tem sido vítima de cárcere privado durante esses 20 anos para manter a segurança do seu filho, tentar saber onde possa estar a sua filha mais velha e me manter protegida de quem quer me usar como moeda de troca para conseguir dinheiro e poder.
Sem mencionar que por minha culpa, o passado do Christian voltou para atormentá-lo, colocando-o também em perigo, assim como os seus irmãos, que podem ser facilmente colocados na lista de alvos para prejudicá-lo em nome de uma vingança por alguém que não merece ser vingada, apenas porque se apaixonou por mim. Por minha culpa o Padre Lutero morreu por estar na hora e no lugar errado, assim como será a minha culpa se alguma coisa acontecer ao meu pai, a minha mãe, ao meu tio e ao Richard se o que estão planejando para resgatar o meu avô vier a dar errado.
- Não chore minha Princesa. - Só então percebo que comecei a chorar, quando sinto os seus braços me envolverem, fazendo-me agarrar a ele para tentar amenizar esse medo sufocante que está dentro de mim. - Eu sinto tanto por você ter que passar por tudo isso, minha pequena. - Ele fala baixinho, enquanto acaricia os meus cabelos. - Mas vai ficar tudo bem, confie em mim. - Afasto-me do abraço e respiro fundo tentando me controlar.
- E se não der tio? Eu tenho medo de alguma coisa acontecer ao Senhor, ao Richard, aos meus pais e a todos que estiverem ligados a mim, apenas porque sou uma moeda de troca para conseguirem o que querem, seja por dinheiro ou cobrando uma vingança que não deve ser paga. - Ele seca as minhas lágrimas e me dá um sorriso reconfortante.
- Tudo bem ter medo, Borboletinha, pois é ele que nos motiva a ser cautelosos, refletir por um momento e conseguir enfrentá-lo, dando-nos coragem suficiente para prosseguir, vencer os obstáculos e obter êxito, pois dessa forma a vitória será muito mais prazerosa e com valor imensurável. - Mordo mais uma vez o meu lábio na tentativa de não me entregar ainda mais ao choro, e não entendo essa bagunça emocional que estou agora. - O que não podemos fazer é deixar esse medo nos dominar, fazendo-nos fraquejar e retroceder. Então levante essa cabeça e não pense negativo, pois você nunca foi assim.
- Desculpe-me, Tio Marco. - Seco o meu rosto, pois ele tem razão. - Eu só estou uma bagunça estranha e com tudo que o Senhor nos contou e esse resgate do meu avô, faz com que tudo isso pareça maior do que eu esteja preparada para encarar. - Ele sorri de lado e toca a minha barriga.
- São os hormônios da gravidez que estão começando a mexer com o seu emocional, Borboletinha. - Sorrio em meio às lágrimas e volto a abraçá-lo. - Não se preocupe, pois farei de tudo para manter você e a todos que ama em segurança.
- O Senhor também ficará em segurança, Tio Marco? - Ele fica em silêncio por um momento, fazendo-me afastar novamente do abraço e buscar os seus olhos. - Prometa-me, Tio Marco! Prometa-me que também ficará em segurança e que voltará para ver os seus netos virem ao mundo!
- Eu voltarei Borboletinha. Pode demorar um tempo ainda para que tudo se resolva, mas eu voltarei.
Nego com a cabeça por não ficar satisfeita com a sua resposta, mesmo que eu saiba que o futuro não nos pertence, mas eu preciso ouvir as suas palavras para acalmar minimamente o meu coração, pois eu sei que ele nunca quebra uma promessa.
- Prometa-me, Tio Marco! - Ele acaricia o meu rosto e sorri de lado, ainda em silêncio, mas assente.
- Eu prometo que farei o possível para que isso aconteça. - Assinto, acreditando em suas palavras. - Mas agora eu quero que me prometa também que não fará nada imprudente, que será uma boa menina, como sempre foi, e que não tentará fazer nada que possa colocar você e aos seus grãozinhos em perigo!
- Eu prometo! - Ele volta a me abraçar e beija os meus cabelos, dando um longo suspiro.
- Eu te amo muito, minha Filha! - Fecho os meus olhos e sinto as lágrimas deslizarem por minhas bochechas mais uma vez, mas sorrio, sentindo o amor e a intensidade em suas palavras, das quais só posso respondê-lo de uma forma.
- Eu também te amo, Papai!
Ele beija mais uma vez os meus cabelos e me aperta em seus braços, respirando fundo algumas vezes antes de se afastar e acariciar o meu rosto, mas consigo ver os seus olhos marejados enquanto me dá um sorriso carinhoso.
- Marco, precisamos ir.
Demétrio se aproxima nos interrompendo e entrega a máscara para o meu tio, e me afasto, vendo-o colocá-la me deixando impressionada como que em questão de segundos ele virou outra pessoa e como ela adere com perfeição a sua pele, mas o meu coração se aperta em saber que novamente ele vai embora e que não sei quanto tempo ficarei sem vê-lo, ainda mais sabendo o risco que pode correr nessa sua missão em resgatar o meu avô.
- Trarei o seu avô para casa, acabarei com o responsável que insiste em que querer prejudicá-la e tudo isso será uma lembrança ruim que ficará no passado. - Faço uma careta por ouvir que a sua voz mudou, mas assinto, mordendo no lábio para não voltar a chorar. - Comporte-se, Borboletinha! Assim que possível estarei de volta.
- Estarei esperando, Tio Marco.
Ele assente e sorri de lado, beija a minha testa e vai embora, deixando-me com o coração apertadinho, mas acreditando que tudo dará certo, que ele voltará e que poderemos ficar todos juntos e viver em paz, como deveria ter sido desde o início.
[...]
Que Richard sofreu um acidente, isso está óbvio, mas alguma coisa me faz sentir que não foi como nos disse, e eu sei que Christian sabe o que aconteceu, dando-me a certeza pela forma que ele olhou para o seu gêmeo dizendo claramente para não fazer perguntas naquele momento.
Sinceramente eu odeio essa sensação de ser deixada no escuro, como se eu precisasse ser privada de tudo que vem acontecendo, mas por ora deixarei como está e acompanho o meu melhor amigo, que está extremamente calado enquanto entramos em casa, e isso faz com que eu me lembre de um assunto que foi abordado naquela sala de reuniões, que o deixou relutante antes mesmo que fosse consumado.
- Caleb?
Ele me olha confuso por meu tom hesitante, e percebo o quanto que estava perdido em seus pensamentos, claramente preocupado com toda essa situação, mas principalmente com o estado do seu irmão mais velho, tenho certeza disso, pois eu também estou e quero saber a verdade do que lhe aconteceu.
- Está tudo bem, Ana? - Dou um suspiro e assinto.
- Na medida do possível sim, mas não quero falar sobre tudo que ouvimos do meu tio, e sim sobre outra coisa que também foi mencionada na reunião. - Ele franze o cenho, mas assente voltando a me abraçar pelos ombros.
- Vamos subir e conversaremos no seu quarto, porque a senhorita e os meus sobrinhos precisam descansar um pouco, e se aquela bomba atômica que chamo de irmão não vê-la descansando, pobre da minha alma que chegará ao céu em pedaços. - Sorrio da careta que ele faz e nego com a cabeça, mas subimos as escadas. - A propósito, ontem vocês eram namorados e hoje estão noivos? Agora me explique o porquê não fui convidado para esse evento, sua peste! - Impossível não dar risada do tom indignado dele, mas sei que ele está querendo quebrar à tensão que ainda paira sobre as nossas cabeças.
- Não foi nada planejado, Caleb, simplesmente aconteceu durante a madrugada. - Ele volta a fazer careta e balança a cabeça em negação.
- Certo, não quero ouvir os detalhes e conhecendo o meu irmão, esse pedido não foi nada convencional.
- Cala a boca, Caleb! - Dou um beliscão em suas costelas por entender o seu tom malicioso, fazendo o reclamar e gargalhar por saber que fiquei envergonhada.
- Isso dói, sua peste! - Ele continua rindo e sentamos no sofá do meu quarto, até que ele fica sério de repente e acaricia o meu rosto. - Falando sério agora, Ana, eu estou muito feliz que o Christian tenha você, que fez com que ele se reencontrasse e voltasse a ser como antes. A ser o meu irmão que eu tanto sentia falta, mesmo que ainda continue irritadinho a maior parte do tempo. - Sorrio ainda sentindo o meu rosto quente por seu comentário anterior e vejo a seriedade em seus olhos tão idênticos aos do irmão, o que dura pouco tempo, pois logo ele volta a ser o meu melhor amigo debochado de sempre. - Uma pena que eu não fui convidado para presenciar esse pedido, e muito menos para a comemoração de noivado que veio em seguida.
- Deixe de ser pervertido, Caleb! - Ele senta de forma mais relaxada no sofá, dando-me um dos seus sorrisos cafajestes.
- Nunca! Mas o que você queria me falar? - Dou um suspiro, pegando em sua mão para que ele entenda a seriedade do meu pedido, mesmo sabendo que ele não irá gostar, conhecendo-o como o conheço.
- Sobre aquilo que o Richard e o Akira falaram, quanto ao implante do GPS... - O sorriso dos seus lábios some e logo ele nega com a cabeça me interrompendo.
- Não vou deixar me marcarem como se eu fosse um produto de supermercado, Ana.
- Compreendo o seu pensamento, Caleb. Se fosse outra situação, se eu fosse filha de pessoas comuns que não tivessem um passado como o que têm ou se o peso que o sobrenome a qual pertenço não tivesse tanta importância para quem quer nos prejudicar, eu concordaria com você. - Ele fica em silêncio e aproveito isso para continuar. - E se formos pensar bem, a sua situação também não é diferente sendo filho de dois médicos renomados e proprietários de uma imensa fortuna, assim como o Christian e o Richard também têm passados que podem querer usá-lo para atingi-los, principalmente depois de saber tudo o que sabemos naquela reunião.
- Você está correta no que acabou de dizer quanto ao peso do sobrenome que carrego, mas sobre o passado, o meu é completamente limpo e não tenho nada que possa vir me cobrar uma conta depois. Isso é um problema que pertence aos meus irmãos e não a mim. - Arqueio uma sobrancelha para ele, que bufa e revira os olhos. - Certo! Os problemas que te perseguem também não pertencem a você e está pagando o preço por ambição e erros cometidos por outras pessoas, mas não acho que isso seja realmente necessário.
- Você acredita por um minuto que seja que o Richard seria capaz de sugerir algo que pudesse prejudicá-lo?
- Em absoluto!
- Você acha que ele invadiria a sua privacidade, rastreando-o se não fosse extremamente necessário?
- Não! Ele jamais faria isso.
- Então, Caleb! - Ele fica apenas me olhando e respiro fundo sentindo vontade de dar uns tapas nele, que reclama do quanto o seu irmão gêmeo é teimoso e não percebe que é exatamente igual. - Você ainda não estava na reunião quando o meu tio nos contou que depois do acidente, só pôde ser encontrado pelo Demétrio por causa do GPS subcutâneo que ele tem, pois se não fosse por isso, ele não teria conseguido escapar do tal Sérgio Ziegler, que tinha ordens para matá-lo. E se fosse algum de nós que estivesse numa situação parecida?
- Não sei Ana. - Ele passa a mão livre em seus cabelos, enquanto dou um aperto na outra que permanece na minha.
- Eu sei que a princípio é uma sugestão do Akira e que está sendo analisada pelo Richard, mesmo que ele ainda fosse conversar conosco depois de aprovada, mas se por acaso ele nos sugerir o uso do implante subcutâneo, não seja teimoso e aceite, por favor, Caleb? - Ele pondera por um momento olhando em meus olhos, mas acaba grunhindo exasperado.
- Tudo bem, sua peste! Agora para de ficar me olhando com esses olhinhos azuis pidões que não sou o Christian que faz tudo que você quer não. - Ele se levanta, e prenso os meus lábios segurando um sorriso.
- Obrigada, seu chato! - Ele revira os olhos e antes que abra a porta para sair do meu quarto o interrompo. - Quando você vier do Hospital, poderia passar naquela Delicatessen que fica próximo a Universidade e me trazer um cheesecake de frutas vermelhas?
- Claro que sim, Ana! - Ele estreita os olhos, quando dou uma risadinha, entendendo o que acabei de fazer. - Você não vale nada, sua ordinária!
Gargalho, e ele sai do meu quarto resmungando, mas pouco a pouco o sorriso escorrega dos meus lábios e respiro fundo, sentindo o peso desse dia que ainda está apenas começando.
[...]
- Tudo bem, Belinda. Quando o Senhor Rice retornar de sua viagem, remarcaremos.
- E quanto aos Senhores Pietro e Eloise Johnson? Remarco com eles e peço para virem em outro momento? - Penso um pouco, mas nego com a cabeça, como se ela pudesse me ver.
- Não é necessário. Assim que eles chegarem avise a Marta que ela saberá o que fazer, pois a partir de hoje eles farão parte do quadro de funcionários da GRS. - Viro-me na direção da porta e sorrio para o meu noivo que acabou de entrar em nosso quarto.
- Avisarei a Marta sobre isso e que fique preparada para quando eles chegarem então.
- Ótimo! E peça ao Eric para providenciar o contrato deles. Ele também esteve presente durante a reunião que tivemos e está ciente dos salários e as funções que cada um desempenhará na Empresa.
- Certo! Ah, Ana! O Dr. Carter ligou para confirmar o horário que você e a Melissa deverão encontrar com ele no Vitalli Bank para validação do acesso das contas da Empresa.
- Acabei me esquecendo disso, Belinda, mas confirme o horário com ele e avise a Melissa que nos encontraremos no Banco, mas qualquer coisa pode me ligar.
- Tudo bem, Ana, mas acredito que tudo ficará sob controle, então fique tranquila e descanse.
- Obrigada, Belinda! - Desligo o telefone encarando os olhos cinza que tanto amo, que estão fixos em mim com um sorriso de lado nos lábios, mesmo que eu consiga sentir a tensão que emana dele. - Está tudo bem, Amor? - Ele desencosta da porta e se aproxima, dando a volta na cama para sentar ao meu lado.
- Eu que deveria fazer essa pergunta depois de tudo que você precisou ouvir naquela sala. Então como você está? - Dou de ombros, suspirando em seguida.
- Não posso dizer que esteja tudo bem, mas eu sei que vai ficar. - Quem suspira agora é ele, enquanto se vira e se aconchega na cama, deitando a cabeça em meu colo.
- Diga a verdade, Amor! Eu não quero que você esconda nada que estiver sentindo de mim. Independente do que seja. Muito menos para tentar me poupar pensando que irei perder a cabeça. - Acaricio os seus cabelos, fazendo-o fechar os olhos e suspirar, e penso por um momento, mas sinceridade sempre foi e será uma das principais bases para o nosso relacionamento.
- Eu estou com medo, Christian. - Ele abre os olhos, mas não fala nada, dando-me a oportunidade de expressar tudo que sinto. - Desde que o meu tio deixou aquela carta, pedindo que eu fosse para o Brasil, sabíamos que nada seria fácil no que dizia respeito ao passado que me envolvia, mas agora eu tenho medo do que ainda não temos conhecimento. - Ele assente, ainda em silêncio e pega a minha mão, levando-a aos seus lábios. - Tenho medo do que pode acontecer com o meu tio, com o meu avô, que eu nem conheço, mas sei o quanto é importante, principalmente para o meu pai, e com o Richard nessa missão de resgate que irão fazer. Tenho medo por não saber quem está por trás de tudo isso, e tenho medo que mais alguém se machuque em meio a toda essa tempestade apenas para continuar me mantendo em segurança. - Sem que eu perceba uma lágrima desliza por meu rosto, que é capturada por seu dedo, antes que ele volte a se sentar e me envolver em seus braços.
- Tudo bem sentir medo, meu Amor. - Ele beija os meus cabelos e o nó que eu segurava na garganta se rompe, dando vazão a mais lágrimas que não consigo conter. - Você não precisa ser forte o tempo todo e muito menos precisa reprimir o que está sentindo, ainda mais se for com a intenção de não me preocupar, pois eu sei que você faz isso, mas não quero que faça mais. - Ele coloca os dedos embaixo do meu queixo e faz com que eu encare os seus olhos, afastando-me do seu peito. - Você é a mulher mais forte que eu tive o privilégio de conhecer, mas agora chegou a hora de deixar que eu cuide de você. Que se ampare em mim quando precisar desmoronar e que confie em mim para dividir os seus medos, sem precisar sufocá-los. - Ele sela os meus lábios, e assinto dando um suspiro cansado, voltando a abraçá-lo.
- Eu te amo, Christian!
- Eu também te amo, meu Amor!
Ele me aperta em seus braços e fica em silêncio por um momento dando beijos em meus cabelos, até que o meu choro cesse, e ouço o seu coração acelerado sob o meu ouvido, assim como sinto a tensão que está evidente em seus músculos rígidos.
- O que mais aconteceu na sala de reuniões depois que eu saí com o Caleb? - O seu corpo retesa, o que é suficiente para eu me afastar secando o meu rosto e encarar os seus olhos. - Christian?
- O Richard e o Taylor descobriram alguns possíveis suspeitos, dos quais o responsável por enviar aqueles envelopes para mim e o Edgar pode ser um deles. - Arregalo os olhos, e ele respira fundo. - E entre os suspeitos podemos ter alguns cúmplices, inclusive dois deles trabalham na GRS.
- O quê? Mas... Como assim trabalham na GRS? E quem são eles? - Ele segura a minha mão na sua, acariciando o dorso com o seu polegar na intenção de me acalmar, quando claramente está tentando suprimir a própria irritação.
- Andrea Garcia e Eric Price. - Franzo o cenho, tentando encontrar uma conexão entre esses dois nomes.
- Não faz nenhum sentido, Christian. Quando eu comecei a trabalhar na Parker Dress For Less a Andrea já era funcionária, e eu nem mesmo o conhecia ainda. Como que ela pode ter alguma ligação com as pessoas do seu passado?
- Sinceramente eu não sei Anastásia, mas ela foi vista com o principal suspeito em circunstâncias um tanto quanto duvidosas, quando claramente o conhecia a ponto de discutir com ele de forma acalorada. - Continuo confusa, mas ele prossegue no assunto. - E se formos analisar alguns fatos, no dia que eu assumi a Empresa, ela fez de tudo para chamar atenção sendo inconveniente e sabia muita coisa a meu respeito.
- De fato. Uma vez que não haveria razões para ela saber alguma coisa sobre você, principalmente por não ser nenhum empresário do ramo da moda antes de comprar a Empresa que era da Vanessa. - Confirmo me lembrando do momento que Andrea deixou claro que achava que o Christian não seria capaz de gerir uma empresa fora da sua área de atuação. - Mas e o Eric? Por que ele entrou na sua lista de suspeitos?
- O nome dele na verdade é Eric Price Grives, único filho de Lúcio Grives que esteve na GRS antes que fosse reinaugurada junto com Otelo.
- Apenas por isso que ele foi enquadrado como suspeito? Porque sinceramente não sinto que ele seja uma pessoa ruim e que esteja trabalhando na Loja apenas para manter a atenção em meus passos. Além do mais, quando ele foi chamado para trabalhar na Empresa, foi justamente porque eu tinha saído depois da minha discussão com a Vanessa. - Ele me analisa por um momento, e sei que tem mais alguma coisa que não está me dizendo. - Por que o Eric passou a ser um suspeito, Christian?
- Lúcio Grives e Otelo Rice não são os empresários honestos que demonstram ser, tendo negócios ilegais, sem mencionar que Lúcio ficou viúvo duas vezes e as mortes de suas duas esposas deixaram claras as evidências de não terem sido simplesmente fatalidade, e que tiveram os laudos médicos adulterados quando foi divulgado na mídia.
- Meu Deus! Que confusão. - Recosto o meu corpo na cabeceira da cama, ainda mais perdida com tudo isso. - Apesar de conhecer a Andrea há mais tempo, confesso que nunca me senti bem na presença dela, principalmente por sempre tentar encontrar uma forma de me provocar. Sem falar que ela é muito amiga da Vanessa, o que às vezes até nos deixava confusas com o relacionamento estranho entre as duas. Então não posso dizer nada, já que você disse haver provas que a relacionam com o principal suspeito dessa investigação, mas o Eric? Não sei Christian. Alguma coisa me diz que ele não é esse tipo de pessoa.
- Não quero que você se preocupe, Anastásia. Estou contando tudo isso, porque não quero e nem vou esconder nada de você, mesmo que essa seja a minha vontade para não sobrecarregá-la mais do que já está com todas as revelações do Marco. - Nego com a cabeça e me aproximo para acariciar o seu rosto.
- Do mesmo jeito que você é o meu porto seguro, a força que preciso para não desmoronar, eu quero ser a sua também, Amor. - Ele sorri de lado e assente. - Então, por favor, não esconda nada de mim, tudo bem?
- Não irei Amor. Eu prometi isso a você uma vez e não pretendo voltar atrás em minhas palavras. - Quem assente agora sou eu, acreditando que ele realmente não quebrará a sua promessa. - E aproveitando esse assunto, eu estava pensando que talvez você pudesse... Dar uma pausa no trabalho, principalmente no primeiro trimestre da gestação, que como a minha mãe e da Dra. Holt nos disseram, é um período um pouco mais delicado, ainda mais se tratando de uma gestação múltipla.
- Tudo bem.
Concordo por não querer colocar em risco a minha saúde com estresse desnecessário e poder de alguma forma prejudicar os meus grãozinhos, mas percebo o quanto ele está nervoso, falando sem parar.
- Poderíamos deixar a Marta responsável, ou quem você achar melhor, enquanto trabalha aqui de casa. Eu não quero que você pense que estou tentando controlar os seus passos ou impedindo a sua independência...
- Tudo bem, Amor.
-... Mas eu acho que... Espera! O quê? - Ele franze o cenho se dando conta que eu já concordei. - Você está concordando? Simples assim? - Sorrio e assinto.
- Eu gosto muito de trabalhar, não vou negar esse fato, ainda mais agora que acabamos de reabrir a Loja, mas eu compreendo que esse não é o momento para eu bater o pé e dar uma de teimosa, porque não sou assim. Da mesma forma que sei os riscos de uma gravidez múltipla no primeiro trimestre, e eu jamais faria algo que pudesse prejudicar a mim ou aos nossos grãozinhos.
- Porra! - Ele respira fundo, como se estivesse prendendo a respiração por muito tempo e me aconchega novamente em seus braços. - Pensei que eu iria precisar prendê-la em nosso quarto ou amarrá-la em nossa cama. - Levanto a cabeça e dou um sorriso para provocá-lo.
- Se eu soubesse que esses seriam o preço que eu iria pagar por ser teimosa, teria esperado para que você fizesse exatamente isso. - Vejo o exato momento que seus olhos escurecem e suas pupilas dilatam, fazendo com que um arrepio percorra o meu corpo.
- Não me provoque Anastásia! Eu sei que você está cansada, sem mencionar o quanto exigi de você ontem à noite.
- Você não está me ouvindo reclamar. - Enfio a mão por dentro da sua camiseta arranhando o seu abdômen com as minhas unhas, e sinto o seus músculos se contraírem. - Mas você tem razão, ainda precisamos falar de negócios para depois aproveitarmos do prazer. - Falo inocentemente ainda passando a mão em sua pele quente, ouvindo-o praguejar e sorrio dando um beijo em seus lábios sem tirar os olhos dos seus. - Farei uma pausa, mas pelo menos uma vez por semana eu gostaria de ir ao escritório.
Novamente o beijo, antes de baixar o olhar para o volume em sua calça, o que me faz dar uma risadinha vendo que ele ficou excitado com essa simples provocação e que está se controlando para não tirar as minhas roupas. O que foi um grande erro da minha parte, pois me sinto ainda mais desejosa por ele.
- Tudo bem. - Ele pigarreia e tira a minha mão de dentro da sua camiseta, respirando fundo. - Eu sei que você tem uma reunião com Dener Rice, então...
- Eu tinha. - Ele franze o cenho, mas explico a razão. - Ele ligou para desmarcar e informar que precisaria fazer uma viagem, pois surgiu um imprevisto em sua empresa, mas que estaria de volta na próxima semana.
- Ótimo! Quando ele voltar remarque a reunião, mas quem se encontrará com ele serei eu. - Assinto mesmo confusa, mas a compreensão logo me assola.
- Ah, entendi. Ele é filho do Otelo! - Ele assente e vejo que sua expressão luxuriosa de segundos atrás deu lugar a tempestade que sempre vejo em seus olhos quando está irritado. - Ele é o principal suspeito da sua lista, não é?
- Sim, ele é! - Ele responde de forma dura, mas me olha hesitante por um momento. - Além dele, eu precisarei me encontrar com outra pessoa também. - Não tenho um bom pressentimento por trás de suas palavras, mas faço o questionamento que não posso evitar.
- Com quem você terá que se encontrar Christian?
Ele me analisa, talvez temendo a minha reação e apenas por esse seu comportamento eu sei que não irei gostar da resposta que está prestes a vir. Confirmando as minhas suspeitas no momento que ele profere as próximas palavras.
- Com a Vanessa Parker!
Agora é fato!
Nada é tão ruim que não possa piorar, pois a cada nova situação que aparece, as coisas apenas ficam "melhores" para o meu lado. Céus! Eu só queria um momento de descanso, será que é pedir muito?
Hello, Pessoas 🥰🥰🥰!
Desculpem-me pelo atraso, pois combinei de postar no sábado, mas acho que ainda vale se eu fizer isso agora, não é verdade 🤭🤭🤭🤭?
Espero que gostem e nos veremos/leremos no decorrer da semana, mas se lembrem que o foco será Entre o Dever e o Amor que entrará em reta final.
Então até mais 😘😘😘!
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