Capítulo - 110
Apesar de estar sentindo um alívio imensurável por ouvir a decisão da Anastásia em não fazer parte do plano do seu tio, tenho que concordar com ela em não querer colocar mais ninguém em perigo, pois essa sensação de saber que alguma coisa pode acontecer a um inocente por sua culpa é a pior que alguém poderia carregar em sua consciência.
Sou a prova viva disso, toda vez que lembro que por minha culpa, por minhas escolhas erradas no passado e por não ter escutado a minha família - principalmente o meu irmão mais velho -, que hoje há um doente atrás da minha noiva em busca de uma vingança que não deveria ser cobrada.
Por outro lado tenho que concordar também que talvez essa possa ser a solução para tentarmos resolver pelo menos essa sombra que insiste em perseguir a família da minha noiva, que agora eu consigo ver que o problema é mais antigo do que poderíamos imaginar que fosse. Um passado sombrio que vem atormentando não apenas o Raymond como ele acreditava que pudesse ter feito um inimigo sem saber, mas uma história antiga que vem perseguindo os Steele antes mesmo que ele tivesse nascido.
O mesmo passado que está cobrando um alto preço de Lorenzo, que achávamos que estivesse morto, por ter sido vítima de latrocínio, durante esses 20 anos e que ninguém sabe em quais situações está vivendo, sendo mantido preso em uma Clínica Psiquiátrica, ou o que poderia estar rondando a Alana, que fosse necessário também ser protegida como foi mencionado por Marco.
No entanto, mesmo que eu entenda toda a gravidade da situação quanto ao resgate do Lorenzo, não consigo esquecer aquele maldito leilão e que a minha noiva foi vendida como um objeto. E apesar de o Marco dizer que o Comprador é alguém em quem ele confie, não sei até que ponto isso pode ser ignorado, justamente por não conhecer as verdadeiras intenções desse homem em aceitar ajudá-lo assim de tão boa vontade, garantindo que manteria a Anastásia em segurança até que tudo fosse resolvido.
Não consigo ignorar a sensação sufocante que há dentro de mim no momento, como se fosse o prenúncio de alguma coisa me avisando que não será tão simples como Marco fez parecer, pois ninguém, absolutamente ninguém se submeteria a desafiar uma Organização Criminosa, tão perigosa como Marco nos disse que era, apenas para ajudar alguém que não é quem diz ser, ainda mais tendo conhecimento quanto a este fato. Alguma coisa não bate nessa história, a não ser que esse homem tenha uma razão escondida por trás de suas intenções e pretende usar a Anastásia para conseguir o que procura.
- Conheço bem essa sua cara, Christian. - Caleb bate o seu ombro no meu, fazendo com que eu desvie o olhar de Anastásia, enquanto despede do seu tio, para encará-lo. - Além de toda essa loucura que o Marco nos contou, o que mais está o incomodando? - Fico olhando para o meu irmão por um momento, mas decido compartilhar o que está me sufocando.
- Alguma coisa está errada com esse suposto Informante do Marco.
- Definitivamente! Pois se associar a uma Organização Criminosa e comprar seres humanos em um leilão, realmente há muita coisa errada com esse homem.
- Não apenas isso, Caleb. O Marco parece realmente confiar nele, ou está apenas sendo ingênuo em fazer isso, o que duvido muito, mas... - Balanço a cabeça tentando colocá-la no lugar e encontrar uma linha de raciocínio coerente que o faça entender, pois tudo isso parece confuso até mesmo para mim. - Você concorda que ninguém aceitaria ajudar um homem que está querendo acabar com um membro da Organização Criminosa da qual faz parte, conhecendo as punições que poderá ser submetido? Imagine agora se correria o risco gratuitamente se for pego cometendo uma traição como essa?
Ele franze o cenho, pensando por um momento, mas antes que fale alguma coisa, Richard, que conversava com o Taylor, aproxima-se evidenciando que esteve prestando atenção em nossa conversa desde o início.
- Concordo com o Christian. - Não falamos nada, aguardando que ele continue. - Mesmo que eu entenda que o Marco não pode compartilhar os pormenores da sua operação, como por exemplo, o nome do causador de toda essa situação, ele não nos contou o que deveríamos saber a respeito desse Informante.
- E você imagina o porquê ele não tenha nos dado mais informações sobre esse homem, Richard? - Caleb o questiona, fazendo-o suspirar.
- Esse Informante pode não ser um criminoso de fato, sendo também um infiltrado. Mas também pode ser alguém que está fazendo o jogo do Marco para benefício próprio, pois dessa forma seguiria com o plano em troca do que precisa, ou o enganaria e teria a chave, que é a Ana, para conseguir as respostas de quem realmente as têm. Afinal, Marco deixou claro que o seu Informante também tem as razões dele para ajudá-lo. - Assinto, pois é justamente o que penso.
- Pelo menos aquela peste foi sensata em não fazer parte disso, pois se ela decidisse do contrário, nem mesmo você, meu irmão, conseguiria fazê-la mudar de ideia. - Apenas concordo, pois Caleb tem razão, afinal se ela não estivesse grávida, não hesitaria em fazer o que fosse necessário para ajudar o tio a resgatar o seu avô, o que me faz lembrar outra questão que foi levantada.
- Richard, e quanto à sugestão do Akira, em fazer uma máscara e usar uma sósia da Anastásia? - Ele segue o meu olhar, vendo a minha noiva abraçar mais uma vez o seu tio, antes que ele vista a máscara.
- Poderia funcionar, mas a Ana tem razão em dizer que poderiam matar essa suposta sósia. - Ele suspira e passa a mão em seus cabelos. - Mesmo se fosse uma Agente treinada, seria arriscado, pois ela não estaria armada e se fosse necessário se defender, caso algo saísse do controle, o combate corpo a corpo poderia não ser suficiente. Além de não conseguir ser rápida o bastante para tomar posse de uma arma que estivesse em poder de um dos criminosos, ficando totalmente vulnerável nessa situação, pois nesse caso ela estaria completamente sozinha na missão.
Apenas assinto, compreendendo a gravidade da situação, pois como eu havia dito ao Marco, mesmo que o plano possa parecer perfeito, alguns imprevistos poderiam surgir e se algo acontecesse a esta suposta sósia, eu jamais iria querer essa culpa sobre os meus ombros e muito menos nos de minha noiva, que já se sente culpada o bastante por tudo que vem acontecendo nesses 20 anos, e também pela morte do Padre Lutero que ela tanto sente falta.
No entanto encerramos o assunto, no momento que vemos Anastásia caminhando em nossa direção, secando o seu rosto por ter se despedido mais uma vez do seu tio e agora sem previsão de quando irá vê-lo novamente, ainda mais sabendo que ele partirá em breve para a missão de resgate do seu avô correndo o risco de algo sair do controle.
- Está tudo bem, Amor? - Ela me dá um sorriso cansado, abraçando-me.
- Está sim, Amor! Eu só fico receosa com tudo que o meu tio precisará fazer, mas não se preocupe. - Recebo um beijo delicado em meus lábios, mas logo ela direciona a sua atenção ao meu irmão mais velho. - O que aconteceu para você estar assim, Richard?
- Eu também quero saber! - Caleb cruza os braços e encara o nosso irmão seriamente. - E não me venha dizer que machucaram o seu rosto e o seu braço enquanto treinava, pois eu percebi o seu desconforto enquanto respira mais profundamente, Richard. - Ele pondera por um momento, mas nega com a cabeça, dando um sorriso de lado.
- Foi apenas um pequeno acidente e vocês não precisam se preocupar, pois não está tão ruim quanto parece, e em poucos dias estarei totalmente recuperado.
Nego sutilmente com a cabeça, sabendo que ele precisará de pelo menos seis semanas para se recuperar totalmente da lesão em suas costelas, mas compreendo que não convém preocupá-los. E apesar de ser o primeiro a condenar essa mania que ele tem em omitir o que lhe acontece, eu faço uma troca de olhar com Caleb, que entende não ser o momento para fazer perguntas, pelo menos não agora.
- Certo. - Ele dá um suspiro, enquanto verifica a hora e faz uma careta. - Eu preciso me arrumar e ir para o Hospital, pois estou muito atrasado. Mais alguém me acompanha até em casa? - Anastásia assente, mas Richard me encara, deixando claro que ainda precisa conversar comigo.
- Vá indo com o Caleb, Amor. Eu preciso conversar por um momento com o Richard, tudo bem? - Ela me analisa por um instante, mas assente e depois de selar os meus lábios e dar um beijo no rosto do meu irmão mais velho, tem os seus ombros envolvidos por Caleb, que a conduz saindo da sala de reuniões. - Qual é o problema agora, Richard? - Sento-me enquanto ele caminha até a cabeceira da mesa e pega uma pasta, entregando-me.
- Você reconhece alguém dessas fotografias, Christian? - Franzo o cenho, mas abro a pasta e vejo duas fotografias, porém reconheço apenas um dos homens que estão nelas.
- Apenas o Eric Price, ele trabalha no Departamento de Pessoal da GRS, por quê? - Entrego novamente a pasta para ele, que franze o cenho, pegando o celular e enviando uma mensagem para alguém.
- Além de vê-lo na GRS, você tem certeza que nunca o viu antes? - Assinto, não entendendo a sua pergunta. - Quanto ao outro?
- Nunca vi antes. - Ele assente e fica em silêncio por um momento e vemos Samantha, Jay e Taylor, que tem outra pasta em sua mão, entrarem na sala. - Certo. O que está acontecendo? Quem é o homem da outra foto?
- O nome dele é Eric Rice. - Fico confuso, apesar de reconhecer o sobrenome, mas ele esclarece a minha dúvida. - Você havia nos dito que o homem que visitava o seu apartamento em Boston se chamava Eric, por isso acreditamos que poderia ser um desses dois e caso fosse, talvez pudéssemos chegar ao responsável por enviar aqueles envelopes para você e o Edgar. - Apenas balanço a cabeça, apesar de ainda não compreender como eles chegaram a esta conclusão.
- Vocês acharam que poderia ser um dos dois, apenas por se chamarem Eric ou há algo a mais por trás dessa suposição?
- Na verdade há sim, mas antes de chegarmos a este detalhe, o que você sabe sobre Otelo Rice e Lúcio Grives, Senhor Grey? - Taylor quem faz a pergunta e por algum motivo sinto uma sensação ruim por imaginar a razão para este questionamento.
- Por sua pergunta imagino que o que eu sei é bem diferente do que vocês descobriram, então é melhor que me digam o que sabem sobre eles.
Ele assente e começa a relatar que a sua desconfiança quanto à índole dos dois homens pudesse não ser apenas de simples clientes, no momento que Samantha ligou informando sobre os visitantes da GRS, quando a Loja ainda estava fechada, passando a analisá-los assim que chegaram a GNIH, pedindo para Jay fazer uma verificação detalhada sobre os dois.
E conforme vou ouvindo sobre possíveis negócios ilegais de ambos, mais incomodado vou ficando, apesar de Otelo nunca ter demonstrado ser algo diferente do que dizia ser, mesmo achando que fosse um pouco inconveniente às vezes e ter uma simpatia forçada em algumas situações. E quanto ao Lúcio, não posso dizer muito por tê-lo conhecido há pouco tempo, o que poderia ser considerado uma jogada de sua parte, justamente por isso ter acontecido logo após Edgar e eu termos recebido aqueles envelopes.
Levanto-me e começo a andar de um lado para o outro, ainda ouvindo Taylor e Jay complementarem as informações descobertas, e começo a me lembrar da reunião que tivemos, especificamente no momento que Otelo percebeu a aliança em meu dedo, à forma que ele falou sobre "Uma bela dama conseguiu domar o meu coração" e "Esses olhos estavam muito brilhantes, bem diferentes da última vez que eu lhe vi", assim como o Lúcio, com o seu tom taciturno e olhar vazio quando me disse "Independente do que aconteceu no seu passado que tenha apagado o brilho dos seus olhos, tudo pode ser superado, com exceção da morte", além de ter complementado dizendo "Aproveite cada minuto que você tiver ao lado dessa mulher, pois nunca sabemos quando será o último que teremos ao lado de quem amamos".
Paranoico! É exatamente assim que estou me sentindo tentando encontrar uma conexão daqueles envelopes com Otelo ou Lúcio, pois ambos agiram de forma estranha quando souberam do meu namoro. Ou talvez possa ser apenas eu que esteja desesperado para encontrar o culpado e tirar esse alvo da minha noiva, como pode também tudo isso não passar de uma infeliz coincidência. Porém eu preciso ser racional e pensar com coerência antes de surtar e sair acusando alguém de ser um psicopata louco que quer prejudicar quem eu amo.
- Espera! - Paro por um momento e alterno o olhar entre os presentes na sala. - Vocês disseram que os dois moravam em Massachusetts e que Otelo veio para Seattle e Lúcio para Tacoma, que fica a menos de uma hora daqui, logo após eu ter voltado de Boston, por isso estão os considerando suspeitos? - Eles assentem, sem me interromper. - Isso pode não dizer muita coisa, afinal é comum às pessoas se mudarem, o que me leva a crer que não seja razão suficiente para que possamos acusá-los de serem possíveis psicopatas. - Richard arqueia a sobrancelha, totalmente cético com o que acabei de dizer.
- Concordo com você quanto à questão que é comum as pessoas se mudarem, mas analisando a forma que as duas esposas do Lúcio faleceram, o relacionamento ruim com o filho, que atualmente é funcionário da Empresa que a Ana é a CEO, e o Otelo ser o seu cliente, há quase três anos, como se fosse uma forma de estar "vigiando-o" sempre de perto, você não consideraria no mínimo suspeito, Christian?
- Sem mencionar o fato que antes de Otelo Rice e Lúcio Grives comparecem na reunião marcada na GNIH, eles apareceram de forma inesperada na GRS, Senhor Grey. - Samantha complementa o raciocínio de Richard e nego com a cabeça.
- Você mesma disse que eles chegaram procurando pela Vanessa, Samantha. A Anastásia tê-los atendido foi uma consequência por ser a atual proprietária da Empresa, e isso não seria razão suficiente para acusá-los por irem a uma das Lojas mais conhecidas de Seattle, que de forma repentina mudou de Gestão.
- Christian, eu compreendo o que você está querendo dizer, mas não podemos descartar todos os possíveis suspeitos, por isso precisamos verificá-los antes de serem acusados de fato. - Balanço a cabeça em concordância com o que o meu irmão diz, até porque quem me enviou aquele envelope deixou claro ser alguém próximo a mim.
- São quase três anos, se um deles for mesmo o responsável por querer vingança, por que não fez isso antes? Assim ele teria chegado até mim sem que eu tivesse percebido e teria conseguido o que tanto deseja: acabar comigo.
- Por que antes você não se importava com nada, Christian! - Richard fala taxativo, fazendo-me engolir em seco por me lembrar disso. - Você agia como se não quisesse mais viver, carregando o peso da culpa, o orgulho ferido e a vergonha sobre os seus ombros, estando com um olhar vazio, frio e sempre distante, passando apenas a sobreviver com o passar do tempo. E isso de certa forma, alimentava o prazer que esse doente sentia em vê-lo se acabar daquela forma, diferente de hoje, pois a Ana passou a ser a razão que fez com que você não apenas voltasse a viver, mas a ser feliz como nunca foi antes.
Assinto e volto a me sentar, não podendo discordar do meu irmão, mas não quero voltar a pensar no passado e muito menos na forma que agi com a minha família, mesmo que isso ainda pese sobre os meus ombros. No entanto o que eu preciso é conectar todas essas peças soltas que ainda parecem um pouco sem sentido, apesar de querer muito acreditar que estamos alguns passos a frente desse psicopata para poder acabar com essa situação, que também representa perigo para a Anastásia e agora para os nossos filhos, que ainda são tão pequenininhos em seu ventre.
- Otelo tem dois filhos, mas eu apenas vi o Eric, você tem a fotografia do outro filho dele, Jay?
- Tenho sim, Senhor Grey.
Ele digita rapidamente, virando a tela em minha direção e sinto o sangue fugir do meu rosto, quando reconheço o indivíduo a minha frente, e estou começando a acreditar que as suspeitas deles têm mais fundamento do que eu poderia imaginar, porque não acredito que isso seja de fato infelizes coincidências.
- Christian?! - Desvio o olhar da tela e encaro o meu irmão.
- É ele, Richard! Esse é o Eric que encontrei na casa da Débora e depois foi ao meu apartamento algumas vezes.
- Você tem certeza disso, Christian?
- Claro que eu tenho! - Respondo alterado e vejo o meu irmão fazer uma troca de olhar com Taylor, Samantha e Jay.
- Se este é o Eric que você conheceu, então ele mentiu sobre quem era, pois este é Dener Rice. - Nego com a cabeça, voltando a encarar a tela.
- Quem me falou o nome dele foi a Débora. Ele apenas ficou me encarando sem dizer nada, da mesma forma que nunca falou comigo quando o encontrava no apartamento, além de cumprimentos rápidos, mas este é o homem que se encontrava com aquela mulher, eu tenho certeza! - Richard continua me encarando, desviando apenas para pegar o celular do bolso e ligar para alguém.
- Ravi, poderia vir à sala de reuniões? - Depois de ouvir a resposta, ele desliga e olha para Jay, que entende o que o meu irmão quer.
- Estou enviando agora. - Richard apenas sorri de lado, desviando para Ravi, que entra na sala.
- Ravi, o Jay está lhe enviado algumas fotografias, que eu preciso que você confirme com o Edgar se por acaso ele reconhece algum deles. - Ele assente e retira o celular do bolso verificando o arquivo recebido e franze o cenho.
- Este aqui é cliente frequente na Boate, Richard. - Ele vira a tela do celular e aponta para Dener Rice.
- Está certo quanto a isso, Ravi? - Ele assente, sem hesitar.
- É fácil reconhecê-lo por reservar sempre um dos camarotes menores, estando acompanhado não apenas por mulheres, mas homens também. Inclusive ontem, antes de irmos para o galpão, eu enviei as gravações do último sábado para o Jay, pois percebi uma situação atípica quando o vi discutindo com uma mulher. - Richard olha para Jay, que assume a busca em seu laptop, justificando-se.
- Eu pedi para o Ravi e o Scott me enviarem tudo que fosse considerado anormal da rotina da Boate, além das imagens do dia do aniversário do Senhor Grey e do Dr. Caleb para tentarmos encontrar o responsável por tirar as fotografias que foram enviadas naqueles envelopes. - Richard assente, mas Jay para o que estava fazendo e franze o cenho. - Acredito que temos mais um ponto de partida, nem que seja para descartar os atuais suspeitos da lista que passou a aumentar agora.
Ele liga o monitor da sala de reuniões e redireciona a filmagem que estava assistindo, mostrando-nos o que quis dizer com a "Os atuais suspeitos da lista que passou a aumentar agora", pois vemos claramente o camarote que Ravi havia falado, e diferente do que Caleb reservou para comemorar o nosso aniversário, este é aberto, tendo uma visão ampla da pista de dança e também da entrada da Boate, além de podermos ver quem está ocupando o local.
Reconheço Dener Rice sentado com um copo de bebida em sua mão, enquanto três mulheres, duas loiras e uma morena, aproximam-se para cumprimentá-lo. Isso poderia ser considerado apenas pessoas distintas que se encontraram em uma balada, se não fosse o momento que Andrea Garcia começa a discutir com o Dener, sendo necessário que a mulher morena - que não foi possível ver o seu rosto pela posição da câmera -, interfira e a leve para fora do camarote.
Mas é a terceira mulher que chama ainda mais a nossa atenção, devido à intimidade que demonstra ter com esse homem, e isso faz o meu irmão me encarar seriamente, enquanto permaneço sem reação por um momento, tentando assimilar tudo que ouvi nos últimos minutos e o que acabei de presenciar assistindo as imagens que passam na tela.
- Otelo e Lúcio podem até não ser quem procuramos, mas você ainda acredita que todos possam ser completamente inocentes? - Nego com a cabeça, mas a verdade é que nem sei o que devo pensar. - Você precisa ligar para a Vanessa e marcar uma reunião com ela, Christian.
- Merda! - Passo a mão em meus cabelos e jogo a cabeça no encosto da cadeira, fechando os olhos por um momento.
- Sinto muito, meu irmão, mas são muitas coincidências para que possamos ignorar. - Ele faz uma pausa, dando um suspiro em seguida. - Eu pensei que aquela nota publicada na madrugada de domingo pela Connie Helfner e a ameaça que a Ana recebeu no mesmo dia à noite, tivesse ligação com o passado do Raymond, mas estou começando a acreditar que eu possa estar enganado.
- Você acha que a mulher mencionada pela Connie, possa ter sido a Vanessa? - Volto a encará-lo, vendo-o assentir.
- Se Dener Rice for realmente o pai do filho da Débora, estando agora em Seattle na intenção de se vingar de você através da Ana, nada melhor do que ser aliado da mulher que é obcecada por você e que odeia a sua noiva, concorda comigo?
- Temos um problema. - Samantha chama a nossa atenção antes que eu possa responder algo. - Dener Rice tem um horário marcado na agenda da Ana, para às 17h00 de hoje.
- Na verdade, isso não é um problema, Samantha, pois acabamos de ganhar uma vantagem.
- Você está louco, Richard? - Levanto-me num rompante, fazendo a cadeira bater na parede. - Estando ciente do que sabemos agora, você acredita que irei permitir que a minha noiva, que está grávida, tenha uma reunião com o seu possível algoz? - Ele suspira e se levanta, caminhando na minha direção e colocando as mãos em meus ombros.
- Estaremos na GRS também, Christian, então ela não correrá perigo nenhum, mas essa é a oportunidade que teremos para pegá-lo, assim como Andreia Garcia e o Eric Price Grives, que possivelmente são os seus cúmplices, enquanto isso você estará com a Vanessa. - Nego com a cabeça e dou uma risada incrédula.
- Acho que a pancada que você levou na cabeça está afetando ainda mais o seu juízo, Richard. - Ele suspira e volta a se sentar. - Você não deveria nem mesmo estar de pé agora, pois claramente está sentindo dor, além de não ter dormido durante essa noite e pelo que vejo não foi o único. - Olho para os demais na sala, que estão tão cansados quanto o meu irmão.
- Christian... - Nego com a cabeça, interrompendo-o.
- Você sempre diz que eu sou impulsivo, Richard, mas precisamos manter essa vantagem em sigilo por enquanto. - Meu irmão franze o cenho, mas não me interrompe. - A Anastásia também está cansada, mesmo que demonstre estar lidando muito bem com o que o seu tio nos revelou, ela está sobrecarregada com tudo que descobriu hoje. Então pedirei que remarque a reunião com aquele homem, na qual não será ela a se encontrar com ele, e irei tentar convencê-la a se afastar por um tempo da Empresa. Além de não ser viável todos chegarem à GRS, isso alertaria a quem não devemos alertar.
- O Senhor Grey tem razão, Richard. - Taylor se pronuncia, chamando a atenção de todos. - O ataque nem sempre é a melhor defesa, mas sim surpreender o nosso oponente com uma jogada que ele não espera. - Meu irmão sorri de lado e assente, mas continuo.
- Ninguém melhor do que eu para querer acabar com esse desgraçado e fazer os envolvidos pagarem por toda essa bagunça psicológica que tentaram fazer não apenas comigo, mas com o Edgar também. - Eles assentem, mas apenas eu sei como estou tendo que me conter para não ir agora mesmo e acabar com esse homem com minhas próprias mãos, fazendo-me respirar fundo e continuar. - Mas como o Jay disse agora a pouco, temos uma lista extensa de suspeitos, e podemos ter peões nesse jogo que se o capturarmos de forma impensada, nós poderemos fazer o "Rei" fugir, então temos que procurar uma forma de cercar todas as "peças" de uma única vez.
- Você tem razão, Christian. Vamos descansar por hoje e depois montaremos a estratégia para pegarmos quem quer prejudicá-los. - Ele se levanta e nego com a cabeça, vendo o quanto ele está se contendo para não demonstrar que está sentindo dor. - Precisamos alertar o Edgar quanto ao que descobrimos e ver se ele reconhece alguém das fotografias, porém não podemos esquecer que da mesma forma que possa haver peões nesse jogo, inocentes não podem ser descartados, afinal, nem tudo é o que parece ser. - Assinto, por conseguir compreender isso depois de saber tudo que a Débora fez comigo e o Edgar, mas foco a minha atenção aos demais na sala.
- Acredito que na Equipe Ghost, vocês sigam uma hierarquia, correto? - Eles assentem, mas meu irmão apenas franze o cenho, encarando-me. - Quem é o segundo em Comando?
- Sou eu, Senhor Grey.
- Ótimo! Então assuma o Comando, Taylor, pois a partir de hoje o Richard estará de licença até que se recupere.
- Christian, você não... - Apenas o ignoro, continuando em seguida.
- Obrigado, por tudo que fizeram hoje. - Eles assentem, mas vejo que querem dar risada da cara emburrada do meu irmão. - Vão descansar! E, Taylor e Samantha, não precisam se preocupar que Anastásia e eu não pretendemos sair de casa, mas avisem a Escolta dela e também a minha para ficarem de prontidão, caso seja necessário.
- Sim, Senhor! - Eles respondem, saindo da sala de reuniões em seguida, e respiro fundo, encarando o meu irmão.
- Vamos descansar também e não adianta me olhar com essa cara, Richard. Você é muito negligente com a própria saúde e ficar fingindo que não está sentindo dor e repetindo a todo o momento que está bem, não vai fazer com que seja verdade.
- Acho que você deve ter esquecido que o irmão mais velho aqui, sou eu, Christian. Além de ter dado ordens a minha Equipe. - Continuo ignorando o seu tom mal-humorado, dando de ombros, e saímos também da sala de reuniões.
- Alguns membros da sua Equipe também são os meus funcionários, então eu posso dar ordens tanto quanto você. - Ele faz uma carranca, que continuo ignorando. - E ser o mais velho não quer dizer que não possa ser cuidado por seu irmão, mas quer queira, quer não, ficará de repouso pelo menos por alguns dias até que esteja melhor. - Ele não fala nada, mas antes que possamos entrar na casa, para no lugar segurando o meu braço.
- Como você realmente está com tudo isso, Christian?
- Sinceramente, acho que estou um pouco atordoado com tudo que o Marco nos contou, e essas descobertas sobre o possível psicopata que quer prejudicar a Anastásia, para poder se vingar de mim, mas... - Respiro fundo e deixo o peso dos meus ombros caírem. - Você e o Caleb têm razão em dizer que quebro com facilidade, e mesmo que eu esteja com vontade de socar alguma coisa, de extravasar toda a raiva que sinto dentro de mim, não posso surtar agora, pois além da Anastásia, eu tenho os meus filhos que irão precisar de mim com a mente sã. E tenho que manter a cabeça no lugar, para conseguir pensar com clareza e resolvermos toda essa situação. - Ele sorri de lado e aperta o meu ombro.
- Estou orgulhoso de você, meu irmão! - Quem sorri de lado agora sou eu, um pouco envergonhado por ouvi-lo falar dessa forma. - Mesmo explodindo em alguns momentos, por ser da sua natureza, você conseguiu manter a calma pela Ana, que mesmo sendo tão forte, foi impossível não ficar abalada com tudo que ouviu.
- Eu não quero ser apenas o homem que ela ama Richard. Eu quero ser o apoio a quem ela poderá se segurar se sentir que poderá esmorecer. E percebi que ela não precisa de um homem descontrolado, que surta por qualquer motivo ao lado dela, mas alguém que será a força que ela precisar em todos os momentos ou situações.
- Quanto a isso, não tenha a menor dúvida, pois aquela menina vê tudo isso em você, além de sentir que está segura ao seu lado e amá-lo muito. - Sorrio de lado e assinto, mas ele respira fundo e fica sério, e vejo que também está envergonhado. - E quanto a nós dois? Estamos bem?
- Se eu ainda fosse aquele babaca orgulhoso de antes, diria que não e que preciso de espaço para entender as suas razões, mas não sou mais assim, e compreendo o porquê ter omitido sobre o Marco estar vivo e sobre aquele maldito leilão. E eu sei que a sua intenção não foi mentir para mim, mas sim me proteger como fez durante toda a minha vida, assim como faz também com o Caleb. - Ele assente, mas não me interrompe. - E ter sentido, mesmo que fosse por um minuto, que não posso mais confiar em você, que junto com o Caleb são as pessoas que eu mais confio nesse mundo, realmente me deixou um pouco decepcionado naquele momento, Richard. E essa é uma das razões para que eu ainda me sinta culpado por saber que eu também os decepcionei por não tê-los escutado no passado.
- Não há razões para remoer qualquer tipo de culpa quanto a isso, Christian, como você disse, isso é parte do passado. - Assinto não prolongando nesse assunto, mesmo que isso seja algo que jamais será esquecido por mim.
- Mas depois de pensar um pouco e compreender as suas razões e você ser uma das pessoas que eu confio a minha vida, espero sempre poder contar com a sua sinceridade, transparência, que nada seja omitido e nunca minta para mim, da mesma forma que retribuirei tudo isso, pode ter certeza. - Ele sorri de lado e assente. - Então sim, nós estamos bem e não seria diferente, Richard.
- Eu te amo demais, Pirralho! - Sorrio e o abraço com cuidado para não machucá-lo ainda mais.
- Eu também te amo, meu irmão!
- Assim eu fico com ciúme, mas se querem saber, eu também amo vocês dois. - Damos risada ouvindo a provocação de Caleb, que não tínhamos percebido estar ouvindo a nossa conversa, mas Richard o puxa, incluindo-o em nosso abraço.
- Não fique, Pirralho! Eu amo vocês dois!
- Pode falar a verdade, Richard! Christian sabe que você ama mais a mim. Não precisa mais fingir.
- Não me provoque, Caleb! - Ele gargalha quando o empurro, e sorrio assim como Richard.
E mesmo que tudo pareça estar desmoronando, só por hoje, enquanto estou com os meus irmãos, deixarei tudo que ouvi dentro daquela sala para depois, pois independente de leilões, organizações criminosas e psicopatas loucos, agradeço por tê-los e sei que com eles, eu sempre poderei contar.
Tenho que concordar com o Christian, esse Informante do Marco realmente me deixou curiosa 🤔🤔. Criminoso? Aliado? Ou será que possa ser os dois, mas que também está querendo se aproveitar da situação 🤔? Descobriremos em breve 😏😏!
Eita, lasqueira! Desgraça nunca vem sozinha, não é verdade? Parece que uma vai atraindo a outra, e é só ladeira abaixo 🥴🥴!
Christian, meu Amor 😱😱! Será que vou ter que chamá-lo de Senhor Controlado agora 😱😱? Que orgulho de você, Bebê 🤧🤧!
E Taylor tem razão, o ataque nem sempre é a melhor defesa, mas a forma que o oponente pode ser surpreendido no jogo, não é verdade 😏😏? Só espero que o Oponente não esteja pensando o mesmo 😏😏!
Mas será que os ditos cujos mencionados são realmente Peões ou pode ter algum inocente na jogada 🤔🤔? Como o Richard fez questão de lembrar, nem tudo é o que parece ser 😏😏!
Eu também acho, Christian, que apenas por hoje, você pode sim aproveitar a companhia dos seus irmãos, da Ana e dos seus grãozinhos! Mas "amanhã", é hora de agir, combinado 😏😏? E boa sorte em fazer a Ana sossegar o facho, mas ela é inteligente e sabe o momento que deve ou não bater o pé para fazer o que quer 😜😜.
Ahhh que óóóódioooo! Mesmo sendo suspeita, eu amo esses irmãos 🤧🤧🤧🤧!
Bommm! Eu cumpri o combinado com vocês e postei mais um capítulo. E mesmo que tenha demorado um pouquinho, eu acho que com 5.152 palavras eu posso ser perdoada, não é 🥺🥺?
Agora definirei o que farei para as próximas postagens e as manterei informadas no meu Livro de Avisos! E caso eu não deixe o Informativo lá, poderei chegar com capítulo em qualquer uma das histórias, vai depender do que eu estiver com vontade de escrever 🤭🤭. No entanto, a minha intenção e focar em Entre o Dever e o Amor, até finalizar, tendo vista que está em reta final.
Porémmmm, farei uma pausa, neste mês de Abril, sem escrever porque "minha" tendinite está querendo atacar, então não deixarei chegar como chegou da outra vez. Por isso, logo estarei de volta, o que passa bem rapidinho, então não me abandonem 🤧🤧🤧!
Até loguinho 💋💋💋!
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