Capítulo - 106
Acordo ouvindo batidas na porta e o meu nome ser chamado, e por um momento fico atordoado sem entender o que está acontecendo. Verifico o horário e vejo que são quase 03h00 da manhã e fico em alerta, levantando-me e procurando a calça do meu pijama para vesti-la. O meu coração acelera quando penso que o Richard esteja se sentindo mal e caminho a passos rápidos abrindo a porta e encontrando-o mais sério do que costuma estar.
- Está sentindo alguma coisa, Richard?
- Eu estou bem, Christian, mas precisamos ir ao Centro de Comandos. - Franzo o cenho, mas se ele está aqui, neste horário, alguma coisa grave aconteceu.
- Irei me vestir e já desço.
- Ana?
- Está dormindo.
- Ótimo! Deixe-a dormindo, agora vá se vestir que esperarei na sala. - Apenas assinto e volto para o quarto, mas me assusto quando a luz é acesa, vendo olhos azuis preocupados cravados em mim.
- Aconteceu alguma coisa, Christian?
- Não sei ainda, Anastásia, mas volte a dormir. - Aproximo-me e beijo os seus lábios. - Irei apenas ver o que o meu irmão precisa e não demoro. - Ela segura a minha mão, assim que tento me afastar, fazendo-me encará-la.
- Eu sei que aconteceu alguma coisa, Christian, o Richard estava mais sério do que costuma estar. Eu percebi isso ouvindo a voz dele. - Sorrio para tentar dissipar a preocupação de seus olhos, e volto a me aproximar, acariciando o seu rosto delicado.
- Sinceramente eu não sei o que o meu irmão precisa falar comigo, mas não se preocupe, tudo bem? Se fosse algo sério, ele teria dito de imediato. - Ela pensa por um momento, mas acaba assentindo. - Tente dormir novamente, pois você precisa descansar. - Levo minha mão a sua barriga, acariciando-a e sorrio ainda mais por saber que os nossos grãozinhos estão se desenvolvendo ali. - Assim que falar com ele, eu voltarei para vocês. - Ela sorri por eu falar no plural, mas é impossível não fazer isso.
- Tudo bem, Amor. - Volto a beijá-la e caminho para o closet, pegando uma boxer, uma calça jeans e uma camiseta qualquer, vestindo-as rapidamente.
Porém por mais que eu diga que não deva ser nada sério, nem eu consigo acreditar nisso, afinal, o meu irmão não bateria na porta do meu quarto às 03h00 da manhã se fosse algo que pudesse esperar o dia amanhecer. Paro por um momento e me lembro de que iriam verificar o galpão nos fundos da GRS e não tenho um bom pressentimento quanto a isso.
Respiro fundo e sigo para o banheiro, escovando os dentes e jogando uma água no rosto. Passo as mãos em meus cabelos, arrumando-os e faço uma careta, percebendo que preciso de um corte urgente, mas balanço a cabeça por não ser o momento para pensar nisso e volto para o quarto, encontrando Anastásia ainda sentada na cama, muito pensativa.
- Volte a dormir tranquila, meu Amor! Não precisa se preocupar que eu não pretendo demorar.
Ela apenas assente, mas continua me olhando e sei que quer fazer várias perguntas, das quais ainda não tenho nenhuma resposta, mas quanto mais eu protelar para descer e falar com o meu irmão, mais eu irei demorar a voltar. Sendo assim, aproximo-me rapidamente da cama, selo os nossos lábios e caminho na direção da porta, saindo do quarto não querendo pensar em nada negativo que possam ter encontrado naquele galpão.
- O que está acontecendo, Richard? - Questiono encontrando-o andando de um lado para o outro na sala, mas para assim que percebe a minha presença descendo as escadas.
- Depois que Taylor entrou no galpão, descobrindo o que havia dentro, ele me ligou dizendo que encontrou alguém que precisa falar conosco, mas que não iria falar nada por telefone. - Franzo o cenho, mas ele nega com a cabeça. - Também não faço ideia de quem seja, mas já estão no Centro de Comando nos aguardando.
Apenas assinto e saímos de casa, indo para o anexo dos Seguranças em completo silêncio, cada um preso em seus pensamentos. E assim que entramos na sala de reuniões do Centro de Comandos, vejo Samantha e Jay sentados, enquanto Taylor, Declan e Ravi permanecem de pé. Percebo a forma que eles estão vestidos, usando roupas totalmente pretas, coletes a prova de balas, luvas e armados, apesar de não parecerem realmente incomodados com a presença das outras três pessoas, até então desconhecidas por mim, no ambiente.
Uma mulher, loira, olhos azuis que está ao lado de um homem que tem os cabelos castanhos, mas é possível ver alguns fios grisalhos, com os olhos verdes e ambos na faixa etária entre 45 e 50 anos no máximo, mas o que me chama atenção é a postura militar que consigo perceber nos dois, quando se levantam assim que nos veem entrar na sala.
O que faz o terceiro desconhecido, que estava sentado de costas para a porta, levantar-se e se virar em nossa direção. Por um momento fico confuso, mas então o reconheço de imediato, afinal, Richard me mostrou a sua fotografia quando estávamos analisando o contrato de Locação do Galpão.
- O que esse homem está fazendo aqui, Taylor? - Inquiro entredentes, mas meu irmão segura o meu braço quando tento me aproximar, fazendo-me ouvir o seu praguejar por provavelmente ter sentido dor em suas costelas.
- Desculpe-me, Senhor Grey, mas ele irá explicar tudo.
Desvio o meu olhar de Taylor e volto a focar no homem a minha frente que está me avaliando, com um sorriso de lado em seus lábios, deixando-me ainda mais irritado com a sua presença, principalmente por saber que ele possa ter estado ao lado de Anastásia a todo esse tempo, esperando o momento oportuno para poder fazer mal a ela.
- Agora vejo que o que dizem sobre Christian Grey, não é de fato exagero.
- Não estou interessado em saber o que dizem sobre mim, mas sim o que você está fazendo na porra da minha casa, Sérgio Ziegler Júnior? - Falo friamente com os punhos cerrados, mas mantenho-me no lugar para não machucar o meu irmão, que continua me segurando, e eu sei que ele está avaliando o nosso convidado indesejado.
- Christian, acalme-se! - Não respondo nada, mas não tento voltar a me aproximar, fazendo com que ele me solte, direcionando a sua atenção ao homem a nossa frente. - Você não é quem quer que acreditemos que seja. Então vá direto ao ponto e diga de uma vez por todas o que veio fazer aqui? - Ele continua sorrindo, mas agora avaliando o meu irmão.
- Perspicaz como me disseram que de fato você é Comandante Grey. - Meu irmão permanece impassível, apenas aguardando a resposta da pergunta que fez, fazendo-o respirar fundo. - Irei esclarecer algumas dúvidas que vocês têm, mas eu vim aqui para buscar Anastásia Steele e irei levá-la comigo.
- O caralho que vai!
Rosno ainda mais enfurecido por ouvi-lo pronunciar o nome dela e sem conseguir me controlar, aproximo-me mais rápido do que eu pudesse julgar ser possível e pego nas lapelas de seu paletó, jogando-o sobre a mesa de reuniões num baque seco.
- Porra! Christian! - Ignoro o meu irmão e foco a minha total atenção nos olhos verdes do homem abaixo de mim, que sinaliza para os seus parceiros não se aproximarem, quando tentam fazer isso.
- Se você tentar se aproximar da minha mulher, a última pessoa que vai ver nessa vida serei eu, seu filho da puta! Porque eu vou até mesmo ao inferno se for necessário e acabo com você!
O desgraçado não se intimida com a frieza das minhas palavras e vejo algo passar por seus olhos, assim como o sorriso que surge em seus lábios, mas sinto braços me puxarem de cima dele.
- Senhor Grey, deixe-o falar, que logo entenderá o que ele está fazendo aqui.
Olho para o lado e vejo que quem me segura são Taylor e Declan, enquanto Sérgio Ziegler se levanta da mesa e arruma o seu terno. Mas eles logo me soltam e tento controlar a minha respiração que está pesada, enquanto me seguro para não quebrar a cara desse desgraçado, arrancando o sorrisinho prepotente que ainda ostenta em seus lábios.
- Paciência não é uma de suas virtudes, não é meu rapaz? Mas admiro a sua coragem.
- Vai me analisar ou vai abrir a porra da boca para falar o que quero saber? - Mais uma vez ele respira fundo e assente.
- Tudo bem. Como o seu irmão disse, eu realmente não sou quem pareço ser, mas essa imagem é necessária, além de eu precisar saber que poderia confiar a minha identidade às pessoas que estão aqui nesta sala, e também precisar saber o quanto você estaria disposto para manter a Anastásia em segurança, então me perdoem pela encenação.
- O que você está querendo dizer com isso? Quem é você? - Continuo impaciente, mas franzo o cenho quando ele retira uma máscara, mostrando quem realmente é. - Que porra é essa?
- Tio Marco?!
Assustamo-nos com a voz alarmada de Anastásia e olhamos para a porta, vendo-a com os olhos arregalados enquanto encara o homem a minha frente, como se estivesse vendo um fantasma, o que não deixa de ser verdade até certo ponto.
- Borboletinha! - Seu murmúrio doloroso e também saudoso demonstra o exato momento em que ele é totalmente desarmado, fazendo-o perder a postura superior que exalava alguns segundos atrás.
Um silêncio ensurdecedor dominou a sala no momento que ela se aproxima cautelosamente e toca o rosto dele, certificando-se que o seu tio está vivo e que neste momento está bem na sua frente. Por mais que o meu instinto seja envolvê-la em meus braços, afastando-a de toda essa situação, eu compreendo que eles precisam desse momento, ainda mais vendo lágrimas começarem a deslizar pelo rosto de Marco, sem vergonha e muito menos tentando conter a sua emoção em rever a menina que ele criou como a sua filha e não apenas isso, mas a criança que ele salvou da morte.
- Não, não, não, não! - Anastásia sussurra e se afasta negando com a cabeça, mas a sua voz também está embargada. - Você morreu! Eu vi as fotos... Eu... Como?
- Perdoe-me por aquilo, Borboletinha, mas foi para o seu bem. - Ele tenta se aproximar dela, que dá passos para trás e a envolvo em meus braços, quando o seu corpo bate no meu. - Escute-me, por favor, Princesa?
- Você morreu! Eu chorei muito por você, duas vezes! Eu sofri pensando que você tinha morrido por minha causa, igual aconteceu com o Padre Lutero! Eu vi as fotos! Você não é real! Não é! - Ela continua negando com a cabeça, mas o seu choro compulsivo e o seu corpo trêmulo me deixam preocupado.
- Amor, olhe para mim! - Viro-a em meus braços, vendo a dor em seus olhos, como se tivesse sido traída, mas também vejo o alívio por saber que o tio está vivo. - Fique calma e pense nos nossos grãozinhos.
Ela me abraça e esconde o rosto em meu peito, fazendo o meu coração se apertar, enquanto acaricio os seus cabelos, o que me faz esquecer até que poucos minutos atrás eu queria matar o homem a minha frente, agora nem eu sei o que fazer, pois eu sei que Marco jamais prejudicaria ou machucaria deliberadamente a Anastásia.
- Grãozinhos? - Ouço a voz de Marco, mas não me preocupo em olhar para ele. - Borboletinha? - Ela se afasta minimamente e volta a olhar para o tio. - Perdoe-me, por favor? Eu posso suportar tudo, menos que você me odeie, Anastásia. Você é a pessoa mais importante da minha vida, minha Pequena.
Seu choro se intensifica, mas ela se afasta completamente de mim e corre para os braços do tio, que continua repetindo para que ela possa perdoá-lo, enquanto os dois se entregam as lágrimas do reencontro. Apesar de querer entender o que tudo isso significa, olho para o meu irmão e percebo que ele não está surpreso com o reaparecimento do Marco, além de ter certeza que ele já sabia que ele estava vivo.
- Você já sabia. - Afirmo, mas mesmo assim ele assente e vejo culpa em seus olhos, justamente por ele ter prometido que não omitiria mais nada, tanto de mim como de Caleb. - E você escondeu isso de mim?
Sem perceber altero o tom de voz, fazendo-o suspirar, chamando atenção de todos que estão na sala e mais uma vez Anastásia arregala os olhos, quando olha para o meu irmão, não permitindo que ele me responda.
- Meu Deus, Richard! O que aconteceu?
Ela se afasta do tio, aproximando-se do meu irmão, acariciando o rosto dele, que está levemente arroxeado, do lado que há um corte em seu supercílio, assim como a atadura em seu antebraço.
- Não se preocupe Pequena, foi apenas um acidente. - Ele beija a testa dela, que assente não muito convencida, mas meu irmão olha para os nossos visitantes. - Em algumas horas o dia irá amanhecer, mas imagino que precisamos conversar sobre o que os trouxe aqui. - Antes que eles possam responder, Anastásia olha para os demais e franze o cenho.
- Espera! Dr. Jacob Olsen? Professora Greta? O que está acontecendo aqui? - Eles fazem uma troca de olhar com Marco, que dá um suspiro e se aproxima mais uma vez, pegando na mão dela.
- Eu nunca deixei você sozinha, Borboletinha! Mesmo quando eu precisei ficar algum tempo longe, por causa do... Acidente, sempre teve alguém cuidando de você por mim, mesmo que agora eu consiga perceber que não fosse totalmente necessário. - Ele olha para Richard e eu, dando um sorriso de lado.
- Então quando eu recebi a ligação do seu Advogado... - Ela faz uma pausa e olha para o homem que mantém seus olhos atentos a ela. - O Dr. Jacob Olsen sabia que o Senhor estava vivo quando me entregou aquele envelope com os documentos e a carta? - Ele assente, um pouco hesitante, claramente não querendo entrar nesse assunto, mas ela pensa por um momento e encara agora a mulher. - Por isso que o Senhor não se opôs quando eu disse que queria vir estudar na Universidade de Seattle, porque teria alguém me vigiando.
- Não, Borboletinha! Eu não me opus que viesse, porque era o que você queria. E eu jamais impediria que você fizesse o que tivesse vontade ou realmente quisesse fazer, ainda mais que eu poderia garantir a sua segurança, mas eu apenas queria protegê-la, e não vigiá-la. - Ela encara os olhos de Marco, vendo a verdade neles, e assente dando um suspiro.
- Além deles, tem mais alguém me protegendo que eu não saiba, Tio Marco? - Ele engole em seco, mas assente.
- Tem sim, mas não posso comprometê-los por enquanto, o que você precisa saber é que eu faria tudo para a sua segurança, e não apenas, pois nunca deixei o seu pai ou a sua mãe, desprotegidos também. - Ela assente, e o silêncio dos demais seria incomodo, se Marco e Anastásia não precisassem conversar sobre isso, afinal, ela sempre viveu no escuro quanto ao seu passado.
- Vocês realmente são Jacob Olsen e Greta Dupont? - Anastásia pergunta, e eles negam com a cabeça.
- Não, Senhorita Steele, eu sou Demétrio Alencar, ex-Fuzileiro Naval, amigo e companheiro de Equipe do seu tio, mas realmente sou Advogado por formação. - Ela assente e direciona o olhar para a mulher.
- E eu sou Mayara Alencar. - Ela dá um sorriso contido para Anastásia, prosseguindo em seguida com a apresentação. - Eu realmente sou Professora de Microeconomia, onde voltei a lecionar quando o Marco obteve as informações de sua grade curricular, principalmente porque você já havia decidido que curso seguiria, mas também ex-Fuzileira Naval, membro da Equipe do seu tio e esposa do Demétrio.
- Eles que iriam ficar responsáveis por você quando fosse para o Brasil, Borboletinha. - Marco retoma a palavra e arqueia a sobrancelha, e ela fica com as bochechas coradas, por ter desobedecido à ordem dele na época.
- Desculpe-me, Tio Marco, mas eu... Eu simplesmente não poderia ir para outro País e deixar a tia Ângela, a Universidade, os amigos que demorei tanto a ter e...
- O seu namorado. - Ele completa por ela, olhando-me seriamente, fazendo-a assentir. - Depois falaremos sobre isso, Anastásia, mas agora eu preciso conversar com o Richard e o seu namorado...
- Noivo. - Quem o interrompe agora sou eu, fazendo-o me encarar, assim como o meu irmão que franze o cenho, mas não me importo, afinal é isso que somos agora.
- Certo! Com o seu noivo. - Ele continua me olhando, numa clara tentativa de me intimidar, o que obviamente não funciona, mas Anastásia suspira, chamando a atenção dele.
- Tudo bem, Tio Marco, se vocês precisam conversar, podem começar que não irei atrapalhar.
- Borboletinha, eu acho melhor que você não... - Ela nega com a cabeça e se afasta do tio, aproximando-se, fazendo com que eu a aconchegue de imediato em meus braços.
- Se o Senhor achou que era o momento de voltar de seja onde estivesse e estão aqui reunidos, é para falar alguma coisa sobre mim. Sendo assim a maior interessada em saber sobre o meu passado ou o meu presente, nem sei mais o que pensar, com toda certeza sou eu e não sairei daqui. - Ela suspira e encara o tio, decidida. - Durante 20 anos eu vivi na ignorância, sem saber o porquê ter crescido longe dos meus pais, mesmo ouvindo do Senhor, da Tia Ângela e do Padre Lutero que eles me amavam muito e que não tinham me abandonado como eu acreditava que tivesse sido. Além de ouvi-lo tantas vezes me pedir perdão por algo que eu não entendia, e afirmar com frequência que tudo que fazia ou que viesse a fazer seria para me manter em segurança, o que fiquei ciente dos motivos reais apenas depois que... - Ela balança a cabeça e suspira. - Depois que o Senhor sumiu. Então o que precisar falar, saiba que estarei presente.
- Amor, eu acho que você deveria... - Ela me lança um olhar afiado, fazendo-me calar por saber que quando ela decide algo, não irá mudar de ideia. - Tudo bem.
- Teimosa igual o seu pai. - Marco resmunga, fazendo-a dar de ombros.
Sento-me na poltrona, trazendo a minha noiva para o meu colo, tentando mantê-la aquecida do frio da madrugada, apesar de Taylor ter regulado o aquecedor para ficar confortável para todos. O que me faz ignorar o olhar severo do Marco, enquanto mantém seus olhos sagazes sobre nós, mas apenas aguardamos que ele comece a nos explicar o motivo que o fez retornar do "mundo dos mortos" justamente agora e o que poderemos esperar depois de suas revelações.
[...]
- Neste primeiro momento, eu não irei relatar o que aconteceu há 20 anos, pois quando eu fizer isso, o Raymond deverá estar presente, além de ainda ter pontos que eu não posso compartilhar.
Marco começa a falar, alguns minutos depois de termos aguardado Samantha e Jay prepararem um café e servirem a todos, bom, menos para a Anastásia que ela teve o cuidado em trazer um chá e alguns biscoitos, o que agradeci, pois a minha noiva não poderia ficar tanto tempo sem comer, mas Richard o interrompe, antes que possa continuar.
- Acredito que passamos dessa fase de não compartilhar informações, Marco, afinal, você tem feito isso, jogando apenas migalhas para que a minha Equipe mantivesse ocupada, mas sem chegar de fato a lugar nenhum. - Marco sorri de lado e assente.
- Peço desculpas por isso, Richard, mas foi necessário. Porém você melhor do que ninguém sabe que qualquer antecipação no fornecimento de informações, seria crucial para o fracasso da operação que tenho em andamento.
- Compreendo e aceito as suas justificativas no tocante a sua operação em andamento, porém não admito que você deixe a minha Equipe de fora, quando estamos tão envolvidos quanto vocês, principalmente quando você e a sua Equipe resolveram brincar de gato e rato conosco.
- Devo discordar quanto a esta acusação, Comandante Grey, afinal, as orientações deixadas tanto para a Anastásia, que deveria estar em outro País neste momento, quanto para o Raymond é que o único envolvido deveria ter sido o Capitão Augusto Loretto e a sua força Policial que... - Richard se irrita, interrompendo-o bruscamente.
- Que seria mais um de seus cúmplices para continuar não resolvendo o caso, afinal, você precisava ganhar tempo, precisamente 21 anos para dar as respostas que Raymond Steele tenta encontrar por todo esse tempo, quanto ao suposto sequestro de sua filha e a morte de seu pai.
- Richard! - Interrompo a guerra de olhar entre os dois, fazendo-o focar a sua atenção em mim. - Quero respostas tanto quanto você, afinal, é a vida da minha noiva que está em jogo aqui, mas começar isso com uma discussão não fará com que cheguemos a lugar nenhum, ainda mais a esta hora da madrugada, onde estamos todos cansados. - Ele assente e respira fundo, mas vejo que este movimento o fez sentir dor. - Richard?
- Está tudo bem, Christian. - Ele tira do bolso de sua calça o frasco de analgésicos, engolindo dois em seguida, e consigo ver o olhar severo que Taylor direciona a ele, que é prontamente ignorado. - Continue Marco.
- Farei um curto relato para vocês entenderem, não apenas a gravidade da situação, mas o que poderemos enfrentar de agora em diante, apesar de que se conseguirmos trabalhar juntos, como vínhamos fazendo, mesmo sem vocês saberem, não haverá nenhum risco para a Anastásia.
- Antes que o Senhor comece Tio Marco, de onde vem aquele dinheiro que é depositado na minha conta, até os dias de hoje? E aquela carta deixada no Banco de Portland, o Senhor já estava ciente que iria sumir, não é? - Ele engole em seco, enquanto olha fixamente para ela, talvez não esperando que a pergunta tão direta fosse feita de imediato.
- Sobre aquele dinheiro, a única coisa que você precisa saber que é seu e ponto. - Ele levanta a mão, quando ela iria retrucar, fazendo-a se calar. - Quanto à fonte, é uma das informações que não posso revelar ainda, mas não precisa se preocupar que não há nada ilegal por trás de toda a quantia que está sendo depositada em seu nome. - Ela assente, dando um suspiro, claramente não satisfeita com a resposta obtida, mas ele continua. - Sobre a carta, sim, eu já havia planejado a minha "morte", mas infelizmente a situação saiu do controle, no momento que o Tio Lutero resolveu entrar no meu carro, onde ele não deveria estar fazendo com que o perdêssemos, pois houve uma perseguição não programada, acontecendo o que vocês já têm conhecimento. - Ele respira fundo e vejo que a morte do seu tio recai sobre os seus ombros como uma culpa sem fim, pois é nítida a sombra de tristeza em seu olhar.
- Ainda dói me lembrar da forma que perdemos o Padre Lutero, Tio Marco, mas tente se lembrar das palavras dele, quando ele dizia que nada acontece por acaso, pois tudo tem uma razão e o tempo certo de acontecer. - Ele sorri de forma triste, mas assente. - E eu tenho certeza que ele jamais o culparia por isso, então vamos ficar apenas com as boas lembranças do que ele sempre significará para nós, nos nossos corações.
- Você tem razão, Borboletinha! - Ele respira fundo e se recompõe, pois os seus olhos marejaram com as palavras dela, retomando o seu relato. - Quando planejei a minha "morte", eu sabia que assim a tiraria da mira das pessoas que passaram a ter certeza que você estivesse viva, pois apenas eu seria a razão para que os seus pais pudessem saber alguma coisa do seu paradeiro, e dessa forma eu continuaria mantendo-a em segurança de longe, como também continuaria com a missão que eu precisava concluir e acabar com toda essa merda de uma vez por todas. O que funcionou a princípio, mas então, Taylor Lennox e Samantha Foster começaram a investigar sobre o seu passado, abrindo literalmente à caixa de pandora, dando à certeza que você era a herdeira Steele, e que estava desaparecida e não morta como acreditaram durante esses 20 anos.
- Você está querendo insinuar que a culpa de ter esses loucos atrás da minha noiva, foi porque eu mandei que investigassem o passado dela?
Sinto o meu sangue ferver, mas também uma parcela de culpa querer me dominar, só em pensar que a razão para esses doentes estarem atrás dela, sou eu e o meu passado de merda, quando passei a desconfiar até mesmo da minha sombra, não acreditando que Anastásia poderia ser amiga do meu irmão gêmeo sem ter um interesse por trás disso, afinal, eles já eram amigos há dois anos.
- Não estou colocando a culpa em ninguém, Christian, mas de certo modo, da mesma forma que eu tenho o meu pessoal trabalhando na segurança da Anastásia, há também àqueles que esperavam apenas a confirmação que a minha "sobrinha" na verdade era a filha biológica de Raymond Steele, assim como uma das herdeiras do patrimônio dele, e quando começaram a mexer com o que deveria ter permanecido enterrado por mais tempo, a confirmação chegou a quem interessava com aquele exame de DNA.
- Você quis dizer a única herdeira do Patrimônio Steele, certo? - Richard o questiona, pegando algo em sua fala que eu não havia feito, mas Marco nega com a cabeça.
- Não mais.
- Como assim não mais? - Fico confuso, pois até onde eu sei, Raymond e Carla tem apenas a Anastásia de filha.
- Porque Raymond Steele não é filho único. Ele tem uma irmã mais velha, da qual nunca teve conhecimento.
- O quê? - Richard e eu perguntamos ao mesmo tempo, mas Marco nega com a cabeça.
- Desculpem-me, mas isso é o máximo que posso compartilhar agora.
- Essa suposta irmã é a razão para que você não revele quem é o mentor de tudo isso, Marco?
Taylor faz o questionamento, percebendo que tanto eu quanto o meu irmão ainda estamos processando essa nova informação, assim como Anastásia que permanece em silêncio, o que não deve ser fácil descobrir dessa forma que tem uma tia, e possivelmente até mesmo novos primos.
- Não exatamente, mas é uma das razões, afinal, nós ainda não conseguimos a sua verdadeira identidade e muito menos onde poderia ser encontrada. - Ele suspira e nega com a cabeça. - Digamos que o que aconteceu há 20 anos, quando eu precisei salvar a Anastásia, é apenas uma repetição do que aconteceu há 50 anos, porém com uma situação um pouco mais complicada.
- E como você tem certeza que essa mulher ainda esteja viva, Marco? Afinal, 50 anos é muito tempo e muita coisa pode ter acontecido. - Samantha que esteve em silêncio apenas analisando todo este cenário, que parece absurdo, o questiona.
- Porque esse é o trunfo que o responsável por eu ter mantido a Anastásia longe de seus pais, tem para continuar o jogo. O que o indivíduo não sabe, é que depois que eu "morri" e assumi a identidade da pessoa responsável por me "matar", fez com que eu conseguisse chegar aonde não seria possível se eu continuasse vivo ao lado da família Steele.
- Então você sabe quem é esse assassino de merda? - Questiono sem rodeios, e ele assente.
- Sim! Eu sei! - Meu irmão fica pensativo, como se algo fizesse sentido e algumas peças começassem a serem encaixadas em sua cabeça.
- Além de estar mantendo a Ana em segurança, enquanto procura essa suposta irmã do Raymond, há outra pessoa que você também esteja protegendo. - Richard afirma, não dando brechas para recusa. - Por essa razão não entrega de uma vez por todas o responsável por essa série de problemas. - Marco assente, apesar de não ser necessário, sendo que Richard novamente fez uma afirmação, mas parece entender onde o meu irmão pretende chegar. - Sei quando um assunto deve ser tratado de forma confidencial, mas aqui dentro desta sala, não há dúvidas que todos são de confiança, por essa razão, não aceito nada menos que a verdade, Marco, então quem é essa pessoa que você está protegendo, que ainda impede que o alvo que há nas costas da Ana seja eliminado de uma vez por todas?
Ele pondera por um momento, analisa os cenários e percebe que todos nós estamos empenhados em chegar a melhor forma de acabar, pelo menos com essa ameaça que nos cerca, e vejo o exato momento que ele decide dividir esse fardo que parece massacrar os seus ombros.
- Eu realmente vou precisar da ajuda da sua Equipe, Richard, pois não é uma única pessoa.
- Terá a ajuda de toda a minha Equipe e outra de apoio se for necessário, você tem a minha palavra. - Meu irmão é direto, e Marco passa a mão no rosto, parecendo realmente cansado, e depois de puxar uma inspiração e expirar, resolve falar.
- Quem eu venho protegendo, nos últimos 5 anos, são Alana e Lorenzo Steele.
Marco Rossetti chegou querendo apertar os botões do Christian, não é mesmo 🤭🤭? Só esqueceram de avisá-lo que não precisa de muito para fazer o Senhor Furioso libertar a besta enjaulada 😏😏.
Alguém sentiu a vibe do reencontro da Borboletinha e o seu Tio Marco 🤧🤧? Porque eu sei que sou suspeita, mas consegui sentir daqui 🤧🤧! Ainda mais tendo certeza que ele nunca a deixou "sozinha" 🤧🤧. Ah, mas tem mais alguém por perto da Ana, que ela nem imagina quem possa ser 😏😏!
Eita! Que Ana é mesmo teimosa, mas alguém pode julgá-la 🤔🤔? Todos a tratam como um Cristal, mas o que ninguém percebe é que de frágil ela não tem nada 😏😏.
Certoooo! Richard também está um pouquinho nervoso, não é 😏😏? Acho que isso pega ou é mal de irmão, só pode 😏😏!
Santa Madre de Dios 😱😱, eu sei que o Marco ainda tem que manter alguns "segredos", mas acho que a caixa de pandora está mesmo sendo aberta agora 😏😏.
Espera! Que tiro foi esse 😱😱? Eu estava de colete, mas o tiro foi na testa e preciso me recompor 😱😱! Raymond tem uma irmã 😱😱? Além da Vovó Alana precisar de proteção, o Vovô Lorenzo também está vivo😏😏! Bommm, nunca foi mencionado um velório ou sepultamento, então... 😏😏😏😏!
Morta feat enterrada 🥴🥴! É assim que me encontro nesse momento. Mais alguém 🥴🥴?
A sequência já está sendo trabalhada, então assim que eu concluir, libero mais um capítulo, pois Marco ainda tem muitooooo que falar 😏😏 .
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