Capítulo - 10
Diferente do que eu imaginei e frustrando todas as minhas expectativas, trabalhar na Parker Dress For Less é um desafio que eu tenho que enfrentar todos os dias. Não! Eu não tenho dificuldades nenhuma em exercer a minha função como Vendedora – mesmo não sendo a única função a exercer na Loja –, no entanto tudo que eu vier a fazer não será o suficiente para agradar a Senhorita Vanessa Parker.
Se eu imagino a minha vida como um conto de fadas – mesmo não tendo o meu Príncipe Encantado ainda – com toda certeza a Senhorita Parker é a bruxa má que apareceu para me atormentar. Acabo sorrindo com esse pensamento, mas a verdade é que até mesmo a Cinderela teve sorte com a sua madrasta e "irmãs" problemáticas, porque meu Deus! Eu não sei o que eu fiz para ser a "persona non grata" da Vanessa. Desculpe-me, mas nessa hora não dá para usar de formalidades ao pensar na bruxa má.
Quando eu comecei a trabalhar há quatro meses, Melissa me disse que a Loja por muito pouco não havia decretado falência, porém depois de fazer um negócio milionário com a venda de um imóvel, ou receber uma herança – ou algo assim –, ela conseguiu reerguer a Empresa e com isso, ficando ainda mais difícil de lidar.
Eu não consigo entender, como uma pessoa que sentiu na pele as dificuldades de quase perder tudo, ainda consegue ser tão esnobe e sentir prazer em humilhar as pessoas, apenas por serem humildes, mas como eu preciso do emprego e não poderei de forma alguma falar o que tenho vontade, onde muitas vezes preciso morder na língua para não dizer nada, apenas faço o meu trabalho da melhor forma possível para não dar motivos para ela chamar a minha atenção.
Mas hoje eu não quero pensar em Loja, Universidade, em nada, pois é dia 18 de janeiro e mesmo sendo sexta-feira, é a minha folga na Loja e não vou para a aula e, para ser ainda melhor esse dia, é o meu aniversário de 20 anos, no entanto eu ficarei na cama o máximo de tempo que eu puder e aproveitar um pouco mais a...
– Filha, está acordada? – A voz da Tia Ângela seguida por batidas na porta do meu quarto, me fazem acordar para a realidade e ver que não ficarei mais na cama como eu havia programado.
– Estou sim Tia, pode entrar. – Sento-me e sorrio ao vê-la abrir a porta e entrar.
– Feliz Aniversário, Borboletinha! – Ela me abraça assim que se senta a minha frente. – Eu não acredito que você já é uma mulher, meu Amor, onde está aquela menininha que se escondia no guarda-roupa toda vez que ficava assustada?
– Eu estou aqui Tia, só não me escondo mais. – Dou uma risadinha e ela se afasta para me olhar enquanto sorri.
– Então levanta dessa cama e vá tomar um banho, você tem visitas que vieram tomar café da manhã com você. – Ela se levanta caminhando em direção à porta e me deixa curiosa.
– Quem Tia?
– Se arrume que você irá descobrir.
Tia Ângela sai do meu quarto e eu pulo da cama correndo para o banheiro e, enquanto tomo o meu banho eu imagino quem poderia estar aqui a esta hora da manhã, mas pensando bem, pode ser o Caleb, não que isso não me deixe feliz, afinal só por saber que ele se lembrou do meu aniversário é motivo para me fazer sorrir e, ainda com um sorriso no rosto, eu termino o meu banho e me visto rapidamente, saindo do quarto ainda arrumando os meus cabelos num rabo de cavalo, mas travo os meus passos ao ver quem são as visitas que estão na sala a minha espera.
– Nossa que demora, pensei que você sairia do quarto só quando fizesse o seu aniversário de 21 anos.
– Deixe de exagero, Caleb, eu nem demorei. – Respondo sorrindo enquanto ele se aproxima e me abraça.
– Feliz aniversário peste da minha vida. – Recebo um beijo na testa, mas logo ele é empurrado sem nenhuma delicadeza.
– Chega que agora é a minha vez seu gostoso, quer dizer, custoso. – Pietro fala com a sua cara safada, fazendo o meu sorriso aumentar por ver a careta do Caleb. – Feliz aniversário Aninha, eu espero que você goste. – Ele me entrega uma caixa que rapidamente abro, encontrando um lindo macacão preto.
– Nossa! Obrigada, Pietro, mas não precisava.
– Ah precisava sim, foi eu mesma que desenhei. – Eloise se aproxima respondendo pelo irmão, me dando um abraço e outra caixa, mas essa é menor. – E vai combinar com o meu presente. – Abro a caixa encontrando um sapato de salto lindo e, eu conheço a marca por vendê-lo na Loja.
– Espera aí Criatura! Você desenhou, mas fui eu quem escolheu cada detalhe. – Pietro cruza os braços, encarando a irmã que revira os olhos.
– Isso é verdade! Mas eu já falei que você está fazendo o curso errado, Maninho, poderia estar aproveitando o seu talento para fazer Design de Modas, assim como eu.
– Eu sei! Eu sou um máximo em tudo que faço. – Pietro fala convencido, arrancando risadas de todos na sala.
– Será que agora eu posso parabeniza-la também? – Richard se aproxima com o seu jeito sério, mas com um sorriso contido nos lábios. – Feliz aniversário Pequena! Esse é o meu e esse é do Caleb. – Após me abraçar também, me entrega duas caixas, uma não muito grande, mas comprida e a outra menor e eu arregalo os olhos por ver que são da Tiffany & Co.
– Richard...
– Apenas abra Pequena. – Ele me interrompe, beijando a minha testa, mas se afastando em seguida.
Eu atendo o seu pedido e me deparo com uma pulseira com três pedrinhas azuis – que eu acredito serem safiras – da cor dos meus olhos e ao redor de cada uma se eu não estiver sonhando, são diamantes. E novamente eu arregalo os olhos, pois isso deve ter sido um absurdo de caro, mas eu sei que ele não iria gostar se eu falasse que não precisava. Eu abro a outra caixinha e há um par de brincos, fazendo conjunto com a pulseira. Esses dois são uns exagerados, isso sim.
Apesar de nos conhecermos a apenas quatro meses, Richard se tornou um pessoa tão especial para mim como o seu irmão, afinal os dois me tratam como se eu fosse à irmãzinha deles, ainda mais agora que estou com frequência na casa dos seus pais. E hoje, eu sei que para nos identificarmos com alguém e uma amizade verdadeira nascer não precisa de longos anos de convivência, basta que seja sincero.
Eu sinto os meus olhos marejarem, mesmo o sorriso não me abandonando, por saber que tenho pessoas tão especiais na minha vida, sendo meus amigos, apesar de estar faltando o William e a Melissa, mas eu os amo igualmente.
– Obrigada, gente, eu nem sei o que falar.
– Não fala nada, apenas vamos comer que eu estou morrendo de fome. – Só agora eu percebi que Caleb havia saído da sala, retornando com a Tia Ângela com bandejas cheias de comida nas mãos e um bolo. – Mas antes, vamos cantar parabéns e faça um pedido antes de apagar as velinhas.
Assim que ele termina de falar, começam a cantar parabéns e o meu sorriso não cabe no meu rosto enquanto eu faço o meu pedido, que é o mesmo de todos os anos, mas com um acréscimo, pois eu quero muito saber quem são os meus pais e me encontrar com eles e esse pedido, eu não poderia deixar de fazer, mas dessa vez eu peço também que o meu "Feliz para sempre" seja realizado e eu consiga encontrar o meu Príncipe Encantado, que deve ainda estar perdido no caminho para me encontrar.
– O que está acontecendo aqui a essa hora da manhã? – Viro-me na direção do corredor e me deparo com Thaís me fuzilando com os olhos, fazendo com que todos se calem. – Ah é claro! Por que eu não estou surpresa? Tinha que ser você, não é sua Rejeitada? – Ela tenta se aproximar, mas para quando Pietro entra na minha frente.
– Escuta aqui seu despacho de encruzilhada, eu não sei quem você é e muito menos de que esquina saiu, mas lave a sua boca para falar da Ana, ainda mais na minha frente.
– E quem você pensa que é para falar assim comigo na minha casa? – Thaís pergunta com ódio e eu baixo a cabeça morrendo de vergonha dos meus amigos.
– Quem eu sou não é da sua conta, mas a única coisa que você precisa saber é que serei eu a quebrar essa sua cara de boneca de "vodu" mal comida.
– Pietro! – Eloise o repreende, mas ele nem liga, porém isso faz com que a minha Tia acorde do seu estupor de vergonha e se aproxime da filha, antes que ela destile um pouco mais do seu veneno.
– Já chega Thaís!
Ela pega a filha pelo braço, levando-a para fora de casa e eu não sei onde enfiar a minha cara. Fiquei tão feliz com a visita dos meus amigos no meu aniversário que até havia me esquecido que Thaís estava em casa, no entanto o silêncio que se instalou na sala está me incomodando, por isso levanto a cabeça e olho sem graça para eles.
– Desculpem-me por isso.
– Você não precisa se desculpar Ana. – Caleb se aproxima ainda com o bolo nas mãos. – Mas onde paramos mesmo? Ah sim, vamos cortar esse bolo que eu estou com muita fome.
– Eu também, pois até parece que transei a noite inteira amarrado numa cama.
Pietro fala com tanta naturalidade que é impossível permanecer séria e todos irrompem numa gargalhada, até mesmo Richard não se contém com os disparates desse maluco. Ainda bem que Padre Lutero foi a Igreja, pois eu nem sei o que ele diria caso ouvisse isso.
E eu agradeço pelo episódio de minutos atrás ser momentaneamente esquecido, mas agradeço mais ainda por ter amigos tão maravilhosos como eles fazendo parte da minha vida.
(...)
Depois que a Tia Ângela retornou para a sala, morrendo de vergonha e se desculpando com os meus amigos, o que foi acalmada por Richard e Caleb dizendo que de conflitos familiares eles entendiam bem, a Thaís não voltou mais para casa, até o início da noite de ontem. Eu queria tanto entender o porquê dela agir dessa forma, pois eu nunca fiz nada a ela, pelo contrário, até um tempo atrás eu tentava uma aproximação, mas depois de ver que seria impossível, eu simplesmente desisti para não me magoar mais, pois por mais que eu me esforce para provar o contrário, as suas palavras ainda me machucam, assim como as suas atitudes.
O que era para ser apenas um café da manhã – segundo os meus amigos – se estendeu para um almoço e lanche da tarde, onde todos foram embora quando o dia já estava terminando, o que foi bom, pois assim o Padre Lutero pôde conhecê-los e, por incrível que pareça Pietro conseguiu controlar aquela língua sem freio dele.
Sentimos a falta de William, mesmo que ele tenha um jeito reservado a maior parte do tempo, ele é uma parte importante dos meus amigos e a sua presença me faz bem, mas a Eloise nos explicou que ele precisou ficar com a tia – na qual mora com ela, desde que veio de Kansas para Seattle para poder entrar na Universidade –, pois parece que o marido dela está fora do País e ela estava num momento frágil por um acontecimento que a marcou no passado, no entanto ele me parabenizou assim que cheguei a Universidade e ainda me deu um lindo vestido de presente.
Porém agora, eu preciso deixar de me lembrar do dia maravilhoso que tive com os meus amigos comemorando o meu aniversário – mesmo tendo o incidente com a Thaís –, mas eu preciso enfrentar mais um dia de trabalho e torcer para que a Senhorita Parker esteja muito ocupada e não pegue no meu pé e, pensando nisso eu inspiro e expiro e, entro na loja, caminhando para o vestiário, onde eu encontro Melissa e Marta, me esperando.
– Feliz Aniversário Ana! – Sorrio ao ouvir as duas dizerem ao mesmo tempo enquanto me abraçam. – Espero que você goste, é simples, mas é de coração, porém deixe para abrir na sua casa, para não corrermos o risco de a megera chamar a nossa atenção. – Marta fala baixinho e eu sorrio, vendo a embalagem de uma Loja concorrente, mas que cabe no nosso orçamento.
– Obrigada, Marta. – Eu guardo o presente na minha mochila e começo a trocar minhas roupas.
– O meu presente eu vou entregar depois, porque você já sabe o que é! – Melissa me olha com uma carinha de quem está aprontando e eu nego balançando a cabeça.
Melissa está tentando me convencer a ir a uma boate que inaugurou há pouco tempo, porém o sócio que é amigo dela – que facilitará a minha entrada, palavras dela e não minhas – precisou fazer uma viagem, pois o seu negócio principal é algo relacionado a Barcos ou algo assim.
– Melissa, você sabe que eu não tenho idade para entrar naquela boate. – Falo com uma careta e ela faz um gesto com a mão desdenhando o que eu acabei de falar.
– Por isso eu disse que vou entregar depois o seu presente, vamos ter que esperar o Edgar voltar, mas não se preocupe, em no máximo dois meses estaremos conhecendo a Dolce Pecatto. – Ela fala com uma animação que me faz sorrir.
– Bem sugestivo esse nome não é? – Marta fala com um sorrisinho, olhando para Melissa que dá de ombros. – Pena que eu não tenho mais idade para aproveitar um lugar assim, como vocês jovens. – Ela fala com falso pesar e nós a olhamos com indignação.
– Marta, você fala como se fosse uma vovó de 80 anos e não uma mulher de 40 que é muito linda, diga-se de passagem, mas agora, se você falar que não poderia ir por causa do seu marido, eu até acreditaria, mas eu sei que esse não é o caso. – Ela sorri, pois o marido é louco por ela e se Marta o chamasse para ir a esta boate, com toda certeza ele a levaria.
– Você tem razão, Otávio é um amor mesmo. – Ela suspira sonhadora. – Mas mudando de assunto, como foi a sua folga de aniversário? Descansou muito?
– Descansar, eu não descansei, mas passei um dia perfeito com os meus amigos, bom, a Thaís não me poupou de suas palavras duras e se não fosse o Pietro, ela teria armado um belo show, mas no fim deu tudo certo.
– Eu não sei como que você aguenta aquela mulher Ana.
Melissa demonstra a sua indignação, mas também não é para menos, pois Thaís esteve aqui na Loja há alguns dias e como sempre, foi desagradável e tratou uma das minhas colegas de trabalho mal, apenas por ela ser Copeira e negra. Além de tentar me humilhar e, por sorte a Senhorita Parker havia saído um pouco antes dela chegar e causar confusão no meu local de trabalho.
– Ela é complicada, mas ainda tenho esperança que ela possa mudar. – E peço muito a Deus para que isso realmente aconteça.
– Ah Ana, você é uma Santa, porque se fosse comigo, eu já teria acertado a mão na cara dela.
– Eu não sou assim Melissa e, por mais que ela me odeie sem motivo algum, ela é filha da mulher que me criou e que tenho como uma mãe, além do mais eu... – Sou interrompida com a voz tímida de Júlia me chamando.
– Ana, a Senhorita Parker estava procurando por você, ela queria um café, mas não aceitou que eu levasse. – Reviro os olhos e respiro fundo.
– Obrigada, Júlia, apesar de ainda faltar 15 minutos para o meu expediente começar, eu irei atendê-la. – Ela assente e se retira e, eu volto a minha atenção para Marta que me olha com pena e Melissa com uma careta. – Eu sei gente que essa não é a minha função, mas não vejo problema nenhum em fazê-la.
– Eu não disse Marta, uma Santa. – Melissa cruza os braços e me olha de cara feia.
– Como se você não fosse fazer isso se ela pedisse. – Reviro os olhos e calço os meus sapatos.
– Você sabe que comigo ela não faz isso.
– É eu sei! Mas agora vou atender a bruxa má do oeste. – Sussurro me despedindo delas com uma careta e elas ficam rindo do que falei.
Melissa é filha de um casal amigos da Senhorita Parker e, apesar de fazer parte da alta sociedade, não aceitou as imposições de seu pai, preferindo trabalhar para ter o seu próprio dinheiro, mesmo que eles ainda a "mantenha" financeiramente – pelo menos em seu apartamento e carro, que foi às únicas coisas que ela aceitou para poder sair de sua casa –, no entanto pelo pouco que ela me contou, seu pai é um "tirano machista" sendo 15 anos, mais velho que sua mãe e, que acha que mulher tem que ser uma esposa troféu e que ainda acredita em casamentos por contrato – como foi o dele com a esposa –, mas vou deixar essa história para minha amiga contar em outro momento, pois agora eu preciso levar esse bendito café para a Senhorita Parker.
(...)
– Com licença, Senhorita Parker. – Entro em sua sala que está com a porta aberta, segurando a bandeja com o café que ela havia pedido.
– Por que demorou tanto? Será que nem para trazer um café você serve Anastásia? – Minha vontade é de falar que eu não fui contratada para servir o café dela, mas invés disso...
– Desculpe-me Senhorita, mas ainda não estava no meu horário de trabalho, por isso eu não trouxe antes.
– Não me interessa se estava ou não em seu horário de trabalho, a partir do momento que você entra nas dependências da minha Empresa, tem que estar pronta para me atender. – Ela pega a xícara e bebe um gole do café, cuspindo em seguida assustando-me. – Que porcaria é essa? Você desfilou por toda a Loja antes de trazer o meu café? Isso está gelado! Vá trocar e me traga um café quente.
Eu pego novamente a bandeja com o café que eu sei que estava quente sem dizer uma única palavra, mas consigo ver o sorrisinho de satisfação dela por simplesmente me fazer descer para pegar outro café e, essa não é a primeira vez e eu estou ciente que não será a última, pois Vanessa Parker tem prazer em mostrar quem manda aqui, ela só poderia ser um pouco menos desagradável, mas novamente eu penso que preciso desse emprego, pois o salário é suficiente para que eu ajude em casa e ainda consiga guardar um pouco para eventuais emergências.
No caminho para a copa eu encontro com Melissa que me olha com desgosto por saber o que aconteceu, apenas dou de ombros e sorrio para Júlia que está mais a frente, com uma expressão culpada, como se ela fosse a responsável pela Senhorita Parker ser como é, no entanto antes que eu entre na copa, eu vejo um carro parando em frente à Loja, mas o que me chama atenção mesmo é quem está descendo do veículo.
Coloco a bandeja sobre o balcão e caminho em direção à saída a passos rápidos com um sorriso no rosto, mas como ele descobriu onde eu trabalho? Será que foi o Padre Lutero que avisou? Ele só pode ter vindo por causa do meu aniversário e decidida, saio da Loja assim que as portas automáticas se abrem e o vejo parado aguardando alguém sair do carro, mas não espero para ver quem é e me aproximo.
– Tio Marco! – Ele se vira rapidamente, pálido e de olhos arregalados, mas eu simplesmente ignoro essa reação e o abraço.
– Borboletinha! O que você está fazendo aqui? – Ele me afasta e vejo pânico em seus olhos.
– Eu trabalho aqui, Tio. – O analiso melhor e percebo que ele não veio por minha causa. – Está tudo bem Tio Marco? – Mas antes que ele consiga me responder ouvimos uma voz, fazendo-nos olhar para o lado.
– O que está acontecendo aqui Rossetti? E quem é você garota?
Quem faz a pergunta é uma Senhora muito elegante, porém com uma cara não muito boa e ao seu lado há outra mulher mais jovem e muito bonita, mas percebo que os seus olhos verdes são extremamente tristes, quase sem vida. Ambas me olham com curiosidade, apesar das expressões serem diferentes.
– Desculpe-me, Senhora, mas essa é a Anastásia... Rossetti, minha sobrinha.
Olho para o meu Tio sem entender o porquê dele ter mentido o meu sobrenome. Será que ele tem vergonha por eu não ter de fato o sobrenome de alguém e sim um cedido pelo Estado quando fui "adotada"? Mas não o recrimino por isso, eu mesma não me apresento a ninguém o usando.
– Eu não sabia que você tinha uma sobrinha, Marco. – A Senhora mais jovem fala suavemente enquanto se aproxima com um sorriso triste nos lábios. – Você é muito linda querida. – Ela toca o meu rosto e eu sorrio envergonhada pela forma que ela está me olhando.
– Obrigada, Senhora.
– Por Deus, Carla, vamos entrar logo, que eu tenho mais o que fazer. – A Senhora mais velha fala com desgosto e eu olho para o meu Tio que trinca o maxilar e eu fico sem entender o motivo. Será que eu fiz algo errado ao me aproximar?
– Pode entrando Alana, daqui a pouco eu... – Ela não conclui a sua frase ao ser interrompida pela Senhorita Parker.
– Alana, querida, quanto tempo? – Engulo em seco ao ver o olhar mortal que ela direciona a mim, quando abraça a Senhora que agora eu sei se chamar Alana. – E o que você está fazendo parada aqui Anastásia? Eu não te pago para ficar fora da Loja. – Ela sorri de forma falsa para a outra Senhora que agora está ao meu lado. – Oh, desculpe-me, Carla, eu não tinha percebido que você também estava aqui, mas vocês me entendem não é? É difícil encontrar funcionárias competentes hoje em dia.
– Eu sei perfeitamente o que você está dizendo Vanessa. – A Senhora Alana fala, me olhando de cima a baixo e sinto-me envergonhada, ainda mais por talvez, ter colocado o meu Tio em problemas e, para não piorar a situação dele e a minha eu decido então, entrar logo na Loja.
– Eu vou entrar Tio Marco e me desculpe. – Falo baixinho assim que o abraço novamente.
– Depois conversaremos Borboletinha e feliz aniversário atrasado. – Ele fala baixinho no meu ouvido e eu me afasto sorrindo por ele ter lembrado.
– Desculpe-me, Senhoras, se me dão licença?
Elas não falam nada, apesar de ver antes de me afastar a Senhora Carla me olhando intensamente e eu fico com uma sensação estranha no peito. Será que estou encrencada e perderei o meu emprego? Mas eu não fiz nada demais, pelo menos eu acredito não ter feito.
Eu não sei! Só sei que isso foi bem estranho, ah isso com toda certeza foi!
Eita, eita, eita! Será que a Ana está encrencada?
Sim ou com certeza? 🤭🤭🤭
E essa reação do Tio Marco, hein?
Teorias? 🤔🤔🤔🤔
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