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Capítulo - 04

Desde que cheguei a este Hospital que ninguém veio me falar nada de como está a Débora e o nosso filho e sinceramente, eu estou quase entrando em colapso pela demora, pois já fazem mais de duas horas que estou nessa sala de espera com os meus irmãos sem respostas.

– Christian, se acalme ou desse jeito você vai acabar perfurando o chão de tanto andar. – Caleb chama a minha atenção e eu respiro fundo me sentando entre eles.

– Estou preocupado Caleb, não sei o que aconteceu ou como eles estão. A Débora está apenas com 20 semanas de gestação e se...

– Não pense nisso meu irmão. – Richard me interrompe me abraçando pelos ombros e eu me calo. – Vamos esperar a Médica que está fazendo o atendimento, mas até que isso aconteça, tenha pensamentos positivos. – Sem argumentos eu apenas concordo com um balançar de cabeça.

– Você não deveria estar na Universidade Caleb? – Pergunto depois de alguns minutos em silêncio, nos quais estavam me matando.

– Eu saí assim que o Richard me ligou. – Ele dá de ombros e me dá um sorriso reconfortante. – Mas não se preocupe, eu pego a matéria depois com algum colega, família em primeiro lugar sempre irmão. – Eu assinto e agradeço por tê-los como irmãos.

– Nossos pais só conseguirão embarcar às 18h00, então chegarão apenas no início da madrugada. – Richard fala enquanto guarda o celular no bolso da calça e eu o olho espantado.

– Você ligou para eles? – Ele assente me olhando como se fosse óbvio. – Não precisava ter ligado para eles Richard e, como fica o Hospital?

– Não é como se eles fossem ser demitidos não é irmão? – Caleb tenta brincar, mas eu faço uma carranca e ele bufa.

– Christian, eles ficariam muito contrariados se eu não tivesse ligado. Você conhece os nossos pais. – Eu concordo, pois eles deixariam o que fosse para trás para vir ao encontro de qualquer um de nós três.

– Você tem razão, mas...

– Familiares de Débora Lins. – Nós três olhamos para o lado e vemos uma Médica com um semblante cansado e, eu salto do lugar sendo acompanhado dos meus irmãos.

– Somos nós Doutora? Como eles estão? – Ela me olha confusa e depois para os meus irmãos, focando novamente a sua atenção em mim.

– Desculpe-me Senhor...

– Grey. Christian Grey. – Respondo a pergunta não formulada e ela fica ainda mais confusa.

– Onde está o pai do bebê? – Ela olha para os lados e quem fica confuso sou eu.

– Eu sou o pai do bebê da Débora, Doutora, então poderia, por favor, me falar como estão a minha namorada e o meu filho? – Estou perdendo a paciência e meu irmão percebe isso, ao colocar a mão em meu ombro.

– Fique calmo Christian, vamos ouvir o que a Doutora tem a nos dizer.

– Desculpe-me Senhor Grey, mas eu sou a Ginecologista e Obstetra da Débora e o pai da criança esteve presente em todas as consultas e posso garantir que não é o Senhor, no entanto não posso dar informações para pessoas que não sejam da família ou que comprovem algum grau de parentesco com a minha paciente.

– Mas que porra é essa? – Sem me controlar eu explodo, porque não é possível num momento desses, essa Médica vir com esse papo sem sentido. – Eu estou a mais de duas horas esperando notícias da minha namorada e do meu filho e a Senhora vem me dizer que não posso saber o motivo para ela ter ido parar num Centro Cirúrgico com apenas 20 semanas de gestação e ainda diz que eu não sou o pai do bebê que ela espera? – Pergunto retoricamente, pois não espero por respostas. – Isso só pode ser uma piada.

– Senhor Grey, a situação é muito delicada e eu jamais faria piada com um caso como esse. – Ela me olha ofendida, mas eu não me importo, no entanto ela respira e se dá por vencida. – Débora deu entrada na Emergência do Hospital com uma hemorragia incontrolável e fortes contrações, no entanto ao ser examinada ela me revelou que havia passado por um procedimento médico ontem à tarde e...

– Procedimento Médico? Que procedimento é esse?

– Como eu estava dizendo, esse procedimento foi realizado numa Clínica que não tenho conhecimento de qual no momento, no entanto os meios utilizados prejudicaram não só o bebê que estava com 27 semanas de gestação e não 20, mas também a mãe. – Como assim 27 semanas, isso não está correto.

– Doutora deve estar havendo algum engano, estamos falando mesmo da minha namorada, Débora Lins?

– Sim Senhor Grey, estamos falando da mesma pessoa, mas vamos conversar no meu consultório, por favor, pois o assunto é mesmo delicado. – Eu concordo e olho para os meus irmãos para que me acompanhem e assim fazem, no entanto eu fico pensando no que essa Médica está dizendo, pois nada faz sentido.

– Doutora Menezes, poderia nos explicar o que está acontecendo de fato? A Débora e o bebê estão bem? – Richard toma a palavra assim que entramos no consultório e eu o agradeço, pois estou completamente sem rumo nessa conversa.

– Pois bem, irei ser direta Senhor Grey. – Eu apenas assinto, pois não tenho nada para falar no momento. – Quando a Débora completou 14 semanas de gestação, durante a ultrassom apareceu uma alteração de medição e através da translucência nucal identificamos que o bebê poderia nascer com Síndrome de Down, no entanto foi solicitado o exame de Amnioncetese para um parecer conclusivo, no qual a paciente demorou em realizar o procedimento, retornando apenas há duas semanas, onde foi de fato constatado a anomalia cromossômica.

– Certo, o meu filho nascerá especial, isso eu consegui entender, mas então esse foi o procedimento que a Débora se submeteu ontem e por alguma razão houve complicações, é isso?

– Não Senhor Grey, esse procedimento foi realizado há quatro semanas e, não afetou o bebê. – Ela suspira e sinto o clima no consultório mudar, pois eu acredito que não irei gostar da resposta. – Ontem a Débora foi submetida à aplicação de uma injeção com soluções salinas.

– Meu Deus! – Caleb ofega por ter entendido do que se trata e eu continuo perdido.

– O que isso quer dizer Caleb? – Pergunto olhando para o meu irmão, por ver a sua cara enojada.

– Isso quer dizer meu irmão, que a Débora induziu um aborto. – Ele responde com desgosto e eu sinto o meu sangue ser drenado do corpo.

– O quê? – Desmorono na cadeira atrás de mim não acreditando que a Débora pudesse ser capaz de fazer isso.

– Eu sinto muito Senhor Grey, mas foi exatamente isso que aconteceu e, infelizmente isso houve complicações para a Débora também, pois a gestação estava muito avançada e fizemos o possível, mas não conseguimos salvá-la.

O silêncio que tomou conta do ambiente é torturante, no entanto à medida que as palavras vão sendo registradas por meu cérebro, o choque da situação me bate como uma avalanche, pois a mulher que eu amei com tudo de mim, ficando inclusive contra os meus irmãos, contra os meus pais e, que aparentemente não é realmente quem eu pensava ser, foi capaz de matar uma criança inocente apenas por ser portadora de necessidades especiais? E que talvez essa criança que achava ser o meu filho, de fato não é meu de acordo com o tempo de gestação, pois transamos uma única vez sem proteção e eu acreditei esse tempo todo que era mesmo meu bebê? Que essa mesma mulher morreu ao se submeter a um procedimento cruel, não me dando a chance de ter as respostas para todos esses questionamentos? O quão estúpido eu consigo ser?

– Christian! – Richard me traz de volta a realidade ao se ajoelhar na minha frente e pegar o meu rosto entre suas mãos, para que eu olhe em seus olhos. – Christian, fala comigo meu irmão, você está me assustando.

– Eu estou bem. – Aceito o copo d'água que Caleb me oferece para tentar fazer com que esse amargo da traição desça por minha garganta. – Eu posso vê-los Doutora? – Pergunto tão friamente que nem eu mesmo reconheço a minha voz.

– Não aconselho que veja o bebê Senhor Grey. – Eu concordo, pois realmente não sei se gostaria de ter uma imagem assim na cabeça. – Quanto a Débora, não vejo problemas, me acompanhe, por favor. – Richard se levanta e eu faço o mesmo, evitando o olhar de pena dos meus irmãos, seguindo a Doutora para fora do consultório.

– Doutora Menezes, eu gostaria que fosse feito um exame de DNA no bebê, isso é possível?

– É sim, eu só preciso de uma amostra do seu DNA para fazermos a comparação, mas tome o seu tempo. – Ela para em frente a uma porta a abrindo em seguida, dando passagem para que eu entre, mas eu olho para os meus irmãos antes de acompanha-la.

– Eu quero fazer isso sozinho, me esperem aqui fora.

– Christian...

Não deixo Caleb terminar o que iria falar e entro na sala fechando a porta em seguida, vendo a Doutora descobrir o corpo sem vida da mulher que pensei que passaria a minha vida ao seu lado, aquela por quem eu enfrentei a minha família e agora, não tendo a certeza se fiz o correto.

– Vou deixa-lo alguns minutos, sozinho.

Não respondo nada e com isso ela sai me deixando nessa sala fria e sem vida enquanto eu fico olhando para Débora inerte nesta maca e, mesmo não tendo a certeza se o bebê era ou não meu, eu não consigo perdoar a atitude que ela tenha tomado ao decidir sozinha, induzir um aborto para acabar com uma vida inocente. Uma criança pura que teve que pagar pelos erros e crueldade de uma mulher que por puro egoísmo decidiu interromper a vida de uma criança apenas por ser portadora de necessidades especiais, pensando apenas nela.

No entanto eu não serei hipócrita em dizer que ela não tivesse ficado assustada, pois eu também estaria, no entanto essa decisão não cabia apenas a ela e não! Eu não estou sendo machista ou excluindo o fato que quem estava gerando a criança fosse ela, que o corpo era dela, no entanto essa vida também pertencia a mim – ou pelo menos eu acredito ou acreditava que sim – e esse bebê sendo especial ou não, seria muito amado independente do que fosse e em que circunstâncias ele nascesse.

– Por que você fez isso Débora? – Pergunto assim que me aproximo e toco seus cabelos loiros, os mesmos que tanto apreciei acariciar. – Por que não conversou comigo? Por que não me contou o que estava acontecendo? – Toco seu rosto com uma temperatura ainda morna, como se ela estivesse apenas dormindo. – Eu não quero acreditar que a todo esse tempo eu estivesse me enganado com você, mas parece que eu me enganei não é mesmo? – Solto uma risada amarga e continuo. – Mas eu ainda acredito que possa ser tudo um mal entendido e que talvez você só tenha ficado com medo de não conseguir levar a maternidade de um bebê especial, agindo por impulso e não medindo as consequências dos seus atos, mas... – Engulo em seco ao proferir as próximas palavras. – Mas se você realmente me enganou Débora e se esse bebê não for meu, eu irei me odiar por ter amado você. Irei me odiar por não ter escutado os meus irmãos e os meus pais, no entanto eu não odeio você, pois o culpado sou apenas eu por ter acreditado nos seus sentimentos por mim e, pode apostar que eu irei me odiar por toda a minha vida. – Me abaixo e beijo a sua testa pela última vez. – Adeus Débora.

Viro-me e saio sem olhar para trás, sentindo-me entorpecido como se as dúvidas e incertezas estivessem bloqueando as minhas emoções, no entanto eu sinto como se algo estivesse se quebrando dentro de mim, como que se a qualquer impacto fosse possível ouvir o som dos cacos do que acredito ser o meu coração, assim como da minha dignidade.

(...)

Sair daquela sala e me deparar com os meus irmãos me olhando com pena e preocupação me quebrou um pouco mais, no entanto eu permaneci em silêncio e agradeci por eles terem respeitado o meu momento e depois de passar no Laboratório para coletar o material para realizar o exame de DNA e com a ajuda de Richard, foi providenciado tudo para o sepultamento da Débora e do bebê, pois ela não tinha ninguém a quem eu deveria avisar, no entanto não irei protelar algo que não tem mais como remediar.

– Senhor Grey, o exame de DNA ficará pronto no máximo em uma semana, pois foi solicitado urgência para o procedimento. – Assinto pegando dois sacos plásticos que estão me entregando. – Esses são os pertences da paciente e assim que mãe e o bebê forem liberados, avisaremos. – A Enfermeira informa, mas não estou registrando nada do que me é dito direito.

– Eu deixei o meu telefone para me avisarem e o local que deverão ser encaminhados.

Richard responde por mim e o agradeço silenciosamente enquanto eles continuam a conversar mais alguma coisa, no entanto eu não consigo prestar atenção em nada, pois a única coisa que eu quero no momento é sair desse Hospital que está me sufocando, por isso eu caminho em direção à saída tendo a ciência de estar sendo seguido por Caleb.

– Christian! – Caleb me chama e então eu percebo estar parado olhando para o nada no estacionamento do Hospital. – Onde estão as chaves do seu carro? – Retiro-as do bolso, entregando-as a ele. – Vamos? O Richard nos encontrará daqui a pouco no nosso apartamento. – Ele abre a porta para que eu entre e assim eu faço, dando a volta em seguida para tomar a direção.

– Não! – Ele me olha sem entender. – Eu quero ir para o meu apartamento. – Caleb me olha por um momento, mas assente em seguida colocando o carro em movimento.

O trajeto foi feito tudo no automático de minha parte, pois eu ainda não consigo acreditar que há algumas horas, eu estava planejando efetuar a compra de um terreno para construir a minha Empresa, voltar para casa, conversar com a Débora e acabar de vez com as nossas diferenças e, agora, estou voltando para um apartamento vazio, deixando naquele Hospital a minha namorada e o meu filho – que ainda acredito ser meu – sem vida.

Assim que chegamos ao estacionamento do prédio, eu saio do carro sem nem esperar por Caleb, mesmo sabendo que não adianta eu pedir para que ele me deixe sozinho, pois ele não o fará, eu entro no elevador e antes que as portas se fechem o meu irmão entra me olhando como se a qualquer momento eu fosse quebrar, o que ele não sabe é que eu já estou quebrado, mesmo tento um resquício de esperança de tudo ter sido apenas uma fatalidade por uma ação impensada por parte da Débora e que a levou a perder a vida.

Eu subo para o meu quarto fechando a porta, onde coloco sobre a poltrona os pertences que me foram entregues, nos quais não estou com cabeça para verificar do que exatamente se tratam, mas eu quero apenas dormir e esquecer que esse dia infernal começou e quem sabe, assim que eu acordar isso tudo não tenha passado de um pesadelo e com isso em mente eu pego três comprimidos para insônia que tenho no banheiro, tomo um banho e me jogo na cama e com sorte, nada disso tenha de fato acontecido.

(...)

Acordo letárgico com uma movimentação no meu quarto e sinto alguém dar tapas no meu rosto e logo ouço a voz preocupada da minha mãe.

– Christian! Filho está me ouvindo? – Tento abrir os olhos, mas sinto minhas pálpebras pesadas, dificultando a minha ação. – Vamos filho, abra os olhos!

– Mãe, não é melhor chamar uma ambulância? – Ouço a voz embargada de Caleb, mas não consigo respondê-lo que não preciso de ambulância, pois eu estou bem.

– Não há necessidade Filho, os sinais vitais dele estão bons, ele está acordando. – Meu pai quem o responde e agora o meu corpo parece tomar ciência de ter uma mão em meu pulso.

– Vamos querido, acorde! – Forço os meus olhos a se abrirem e com a visão um pouco embaçada eu vejo meus pais e meus irmãos me olhando com expressões preocupadas. – Filho, não durma, mantenha-se acordado tudo bem? – Eu tento balançar a cabeça, mas o meu corpo parece não responder. – Richard pegue um copo com água para o seu irmão, por favor, ele deve estar com a boca seca.

Ele sai do quarto para atender ao pedido da minha mãe e eu tento me levantar, mas minha cabeça está pesada, fazendo-me deixar o corpo cair sobre o colchão novamente, mas logo recebo a ajuda do meu pai e Caleb, recostando-me na cabeceira da cama e sinto o quarto todo girar, dando-me ânsia de vômito.

– Inspire e expire devagar irmão. – Faço o que Caleb pede algumas vezes e recebo o copo das mãos de Richard, o que parece ser uma tarefa difícil leva-lo a boca. – Deixe-me te ajudar.

Caleb me ajuda e me sinto um lixo fracassado por estar nessa situação e as lembranças retornam com tudo em minha cabeça e percebo que tudo foi real, que não foi apenas um pesadelo e me sinto sufocado, ainda mais quando recebo o seu abraço apertado.

– Eu estou bem Caleb. – Minha voz sai mais grossa que o normal e embolada e aos poucos meu corpo vai despertando. – Que horas são?

– Seu idiota! Você dormiu por 14h00 seguidas. – Caleb se afasta do abraço e eu vejo os seus olhos vermelhos. – É quase manhã, ainda bem que papai e mamãe chegaram e ficaram te monitorando, você me assustou seu filho da puta.

– Olha a boca Caleb Grey! – Minha mãe o repreende e ele pede desculpas baixinho.

– Quanto você tomou Christian? – Olho para Richard sem entender e ele levanta o frasco de remédios em suas mãos. – Quantos comprimidos, você tomou?

– Apenas três, Richard. – Ele me olha sério como se eu fosse louco, ou talvez eu esteja. – Eu queria apenas dormir um pouco e esquecer tudo que aconteceu, mas não se preocupe eu estou bem.

– Querido, leve os meninos para a sala, me deixe conversar com o nosso filho um pouco. – Minha mãe pede para meu pai e assim ele faz, saindo do quarto com Caleb e Richard. – Filho, você não está bem, você acabou de perder a sua namorada e o bebê, não é errado sentir, sufocar isso dentro de você não te faz bem. – Minha mãe me abraça e me sinto seco, oco de uma forma que eu não consigo explicar.

– Eu não consigo mãe! – Ela me olha com carinho e me sinto ainda mais sufocado. – Eu estou me sentindo vazio, mas ao mesmo tempo, eu sinto como se tudo estivesse prestes a explodir dentro de mim, no entanto me sinto também traído e enganado ao mesmo tempo em que eu quero acreditar que nada é o que parece ser e que o bebê era sim o meu filho, mas algo me diz que tudo estava bem na minha frente e só eu não percebia.

– Não pense nisso agora meu Filho. Nesse momento você precisa apenas sentir a dor da perda da mulher que você julgava amar, depois... – Ela para de falar e acaricia o meu rosto e sentindo o seu carinho, os meus olhos marejam. – O depois deixe para depois. – Abraço a minha mãe e meu coração sangra quando as primeiras lágrimas acompanham um soluço que me irrompe a garganta. – Isso meu Filho, chore. Não guarde isso dentro do peito. – Minha mãe afaga os meus cabelos igual fazia quando eu era um garotinho e é exatamente assim que me sinto.

– Por que mãe? Por que a Débora fez isso? Ela matou uma vida e isso fez com ela perdesse a sua própria. Por quê?

– Eu não sei meu querido. – Eu me afasto para olhar em seus olhos. – Isso são perguntas que talvez você não queira ouvir as respostas, no entanto esquecer talvez seja a melhor solução, pois ela se foi, não irá voltar mais. – Eu nego balançando a cabeça.

– Eu não conseguirei viver com essas dúvidas mãe, eu preciso de respostas e a primeira delas é saber se o bebê era mesmo meu ou não.

– E depois? O que você irá fazer com essa resposta? E com as próximas que irão surgir caso o resultado seja negativo?

Eu não respondo nada, apenas deito a cabeça em seu colo sentindo os seus carinhos, pois nem mesmo eu sei o que farei caso as respostas cheguem até mim, no entanto, eu não posso e nem irei continuar com a dúvida se sou de fato ou não o pai daquele bebê.

(...)

Uma semana! Esse é o tempo que me sinto a cada dia que passa mais sufocado, principalmente com a atenção excessiva por parte dos meus pais e meus irmãos, parecendo que a qualquer momento eu irei pular do prédio ou me afogar na banheira, no entanto eu queria apenas um momento de tranquilidade, sem ter alguém me perguntando o tempo todo se eu estou bem.

Desde o dia do funeral da Débora e do bebê – no qual registrei como meu filho – que não fico sozinho no meu apartamento, pois como eu me recusei a voltar para o apartamento dos meus irmãos, eles praticamente se mudaram para o meu, assim como os meus pais que depois de eu conseguir convencê-los que eu estava bem, voltaram para Seattle hoje pela manhã, afinal eles têm um Hospital para gerir e pacientes a serem atendidos.

Richard se ofereceu para buscar o resultado do Exame de DNA no Laboratório, no entanto eu não sei o que me espera após abrir aquele envelope, assim como os pertences da Débora que estão do mesmo jeito no meu quarto – com exceção de suas roupas que foram jogadas fora devido às condições que estavam –, mas depois de analisar o nosso relacionamento com a cabeça fria, eu percebi que de fato algo não estava certo e que eu estava mesmo cego a ponto de não enxergar os sinais que sempre estiveram a minha frente, mas ainda tenho esperança que não seja de fato o que eu esteja pensando e que eu estou sendo injusto com ela após sua morte da mesma forma que os meus irmãos foram com ela em vida. Sinceramente eu não sei! Só sei que ainda é tudo muito confuso para mim.

– Você tem certeza que quer mesmo abrir esse envelope Christian? – Richard me tira dos meus tormentos assim que entra no meu quarto. – Você já registrou o bebê como sendo seu então não seria melhor esquecer isso?

Eu olho para o meu irmão e vejo a compaixão em seus olhos, mas algo ainda martela em minha cabeça e eu preciso esclarecer sem os ânimos acalorados de uma discussão.

– Quando você me contou aquela história sobre quando a Débora trabalhava naquela Loja de Conveniência, realmente era verdade ou você só queria que eu me afastasse dela? – Richard me olha com intensidade, mas suspira e assente.

– Sim Christian. Tudo que eu te falei era verdade e, sinceramente eu não acredito que você ainda tivesse dúvidas que eu seria capaz de fazer algo dessa magnitude apenas para magoar você. – Ele me olha magoado, mas sem a raiva dessa vez. – Você é meu irmãozinho, mesmo tendo uma cópia idêntica sua ainda é meu irmão caçula e eu jamais faria isso com você ou até mesmo com o Caleb. – Ele me entrega o envelope e se levanta, mas antes de sair ele volta a sua atenção para mim. – Eu vou deixar você fazer isso sozinho, mas saiba que eu sempre estarei por você, quando e onde precisar, porque independente do que vier a acontecer, eu te amo muito meu irmão.

Ele sai do meu quarto sem que eu consiga dizer algo e eu fico encarando o envelope que queima em minhas mãos, mas eu preciso fazer isso. Eu preciso tirar essa dúvida que corrói o meu peito, que me sufoca toda vez que eu penso naquele bebê e respirando fundo eu abro o envelope e, ver o conteúdo descrito nesse documento, eu vejo uma única palavra que acabou com todo o relacionamento fantasioso que eu criei em minha cabeça. Eu vejo o quão estúpido eu fui com meus irmãos e com os meus pais, ficando ao lado de uma mulher que me traiu, engravidando de seu amante, fazendo-me acreditar que o bebê fosse meu e, deseja-lo como tal até mesmo depois que surgiu a dúvida.

"NEGATIVO".

Eu fico encarando essa palavra incontáveis vezes, como se a qualquer momento ela pudesse mudar dando-me o resultado positivo que eu tanto queria que aqui constasse, mas eu sei que isso jamais irá acontecer.

Salto da cama e pego o celular da Débora, o que por diversas vezes eu queria ver o seu conteúdo, mas não achei correto violar a sua privacidade até mesmo depois de morta, no entanto algo me diz que eu não havia feito isso por medo. Medo de talvez encontrar a resposta que esperei por uma semana ao pegar esse teste de paternidade em mãos. Medo de descobrir que fui feito de idiota todo esse tempo. Medo de ser motivo de piada entre suas conversas e mensagens.

Ligo o aparelho e vou ao histórico de ligações, vendo várias vezes o mesmo número, com chamadas recebidas e discadas, inclusive durante as madrugadas. Eu entro no aplicativo de mensagens e há vários chats com suas amigas, comigo e um número me chama atenção, por ser o mesmo que consta no histórico das ligações, no entanto ver o conteúdo das conversas faz algo dentro de mim, simplesmente solidificar. Eu sinto uma fúria assassina me dominar. Sinto o ódio me consumir, mas principalmente eu sinto o meu coração simplesmente parar de bater por segundos e voltar com uma sensação que jamais pensei sentir, pois a partir de hoje eu sei que ninguém, nunca mais me fará de idiota.

Que eu não serei mais manipulado, usado e muito menos permitirei que mulher nenhuma chegue até o meu coração, pois a partir de hoje deixarei de ter um, congelando quaisquer resquícios de sentimentos bons dentro de mim, afinal a nossa vida é feita de escolhas e as minhas, pelo visto, foram todas erradas.


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