Capítulo - 03
Boston - Junho/2016
A vida é feita de escolhas, no entanto seguimos sem saber se serão as corretas ou não, mas temos que arriscar e foi o que eu fiz quando há quatro meses eu me mudei com a Débora para um apartamento não muito longe dos meus irmãos. E, desde aquele dia a minha relação com Richard se tornou praticamente nula, o que gerou também o meu afastamento com Caleb, onde nos encontramos apenas nos intervalos das aulas ou nos corredores da Universidade.
Não vou negar que essa situação me desagrada, pois isso é fato, levando em conta que ele é meu irmão mais velho e desde que se formou na Universidade há três anos, ele abriu mão de iniciar a sua Empresa - na qual o meu pai o ajudaria - para ficar em Boston cuidando de mim e de Caleb. Porém com a minha saída do apartamento, Richard decidiu que assim que Caleb concluir sua Graduação em Medicina, ambos voltarão para Seattle.
Irei sim sentir falta deles, afinal são meus irmãos, no entanto eu não posso obrigá-los a permanecer na minha vida e muito menos aceitar as minhas escolhas, porém o mínimo que eu espero de ambos é respeito quanto a minha decisão, principalmente agora que recebi a notícia de que eu serei pai, o que a princípio me deixou assustado, pois eu tenho apenas 23 anos e, mesmo fazendo alguns projetos que estão me dando um ótimo retorno financeiro, ainda pretendo fundar a minha Empresa e um filho não estava em meus planos, pelo menos não agora.
Quanto a Débora, eu percebi que ela está um pouco distante, mas eu tento entender as mudanças que uma gravidez causa numa mulher devido às alterações de hormônios - sim eu precisei fazer uma pesquisa para estar ciente sobre o assunto - e os enjoos constantes, sem contar na irritabilidade e crises de choro. Eu sei que uma gravidez também não fazia parte dos planos da minha namorada, porém aconteceu e teremos que ser responsáveis por essa vida que se desenvolve em seu ventre.
- Christian!
Olho na direção da voz que me chama e me deparo com Oliver Carter, um amigo que fiz na Universidade mesmo sendo de cursos diferentes, pois ele está concluindo sua Pós-Graduação em Direito Empresarial.
- Como vai Oliver? - Ele senta no banco a minha frente e solta um longo suspiro. - Está tudo bem? Estou te achando um pouco tenso.
- Está sim, só o meu pai com suas cobranças de sempre.
- Ele continua insistindo para que você assuma o Escritório da família?
- Não, ele está praticamente me obrigando a assumi-lo e, isso é diferente de apenas insistir. - Ele responde de forma ríspida, mas me encara e respira fundo. - Desculpe-me, mas sempre que meu pai vem com as suas exigências ele consegue me tirar do sério, sorte a sua que não teve que fazer o curso escolhido por seus pais.
- Ah não! Quanto a isso os meus pais sempre deixaram claro para mim e meus irmãos que deveríamos seguir a profissão que nos deixasse realizados, até mesmo a escolha de Caleb para fazer Medicina gerou um conversa entre eles, para terem certeza que o meu irmão estava de fato o escolhendo por ser de sua vontade ou se seria apenas para não deixá-los decepcionados se optasse por outro curso. - Mencionar os meus pais e meus irmãos me deixam com um aperto no peito e um pouco magoado, o que não passa despercebido pelo meu amigo.
- Você ainda está com problemas com a sua família quanto ao seu relacionamento com a Débora? - Ele pergunta de forma cautelosa.
- Se você considerar um problema, eu não ter mais conversado com o meu irmão mais velho, ou o meu irmão gêmeo praticamente me evitar ou até mesmo quase não ter uma conversa civilizada com os meus pais, então sim, continuo com problemas. - Respondo secamente e Oliver me olha por um momento.
- E sobre a gravidez, você já contou para eles?
- Não, mas eu os convidei para jantar no meu apartamento na próxima semana, aproveitando que eles virão para a minha Formatura.
- Você não acha que... - Oliver é interrompido por uma voz sarcástica.
- Ora, ora, ora, se não é o prodígio da Engenharia.
- O que você quer Edgar? - Pergunto ríspido me segurando para não tirar o sorrisinho idiota que ele ostenta da sua cara.
- Eu fiquei sabendo que o filhinho de papai brigou com a família. - Ele fala me deixando espantando, pois a minha briga com a minha família não é de conhecimento de ninguém além do Oliver. - Será que agora sem a influência do papaizinho você consegue mais um cliente para os seus projetinhos? - Ele faz uma falsa cara pensativa e sorri perversamente. - Eu acho que não.
- Primeiro se eu briguei com a minha família ou não, não é da sua conta. - Levanto-me e fico cara a cara com ele. - E segundo, eu não preciso da influência dos meus pais para conseguir mais um cliente, até mesmo porque se você não sabe, eu estou desenvolvendo outro projeto para uma Empresa de Turismo Marítimo e Náutico. - Agora quem faz uma cara pensativa sou eu. - Pensando bem, você sabe sim, afinal tinha um único concorrente que, diga-se de passagem, não teve nenhuma chance no páreo, então Edgar, eu acredito que você deve saber qual foi o projeto escolhido não é mesmo? Ou eu devo dizer que eles estão esperando apenas eu me formar para poder assinar o projeto para poderem executá-lo? - Ele perde o sorrisinho debochado e me olha como se pudesse me matar.
- O meu projeto é melhor do que o seu, você está blefando.
- Não Edgar, eu não blefo e você sabe muito bem disso.
- Seu desgraçado! - Ele tenta vir para cima de mim, mas Oliver o segura.
- É melhor você não fazer isso Edgar, acredito que você não queira arrumar confusão na última semana de aula.
- Isso não vai ficar assim Grey. - Ele se solta do aperto de Oliver e continua me encarando com fúria. - Você vai me pagar muito caro por isso. - E com isso ele some do nosso campo de visão.
- Christian, você não deveria provocá-lo dessa forma. Você sabe o quanto Edgar é instável e para querer te prejudicar não custa nada. - Oliver fala preocupado, mas não irá acontecer nada.
- Não se preocupe Oliver, Edgar não irá fazer nada, até porque, esta é a nossa última semana de aula. - Ele assente não muito convencido e voltamos para as nossas últimas aulas.
Edgar tentou causar problemas comigo nesses cinco anos que estamos na Universidade e a nossa situação ficou mais complicada depois que o meu projeto foi escolhido pela Marinha, o que eu acho ser uma briga desnecessária até mesmo porque todos os alunos de nossa turma terão a oportunidade de exercer a sua profissão, sem precisar prejudicar ninguém e, com ele não será diferente.
(...)
- Você é uma imprestável, não serve nem para fazer um almoço decente. - Escuto vozes alteradas assim que entro no apartamento.
- Desculpe-me, mas eu fiz do jeito que a Senhorita pediu que eu fizesse. - Escuto a Senhora Érica responder com a voz embargada.
- Não! Você não fez! Se tivesse do jeito que eu queria eu não estaria reclamando. - Débora joga o prato no chão assustando a Senhora a sua frente e a mim com a sua atitude. - Agora limpe essa bagunça, vamos ver se pelo menos isso você sabe fazer direito.
- O que está acontecendo aqui? - Faço-me presente na cozinha, assustando-as.
- Ah Gatinho! - Débora se joga em meus braços e começa a chorar. - Eu tenho certeza que a sua mãe mandou essa empregada apenas para me provocar. Eu pedi para que ela fizesse um prato simples, mas além de não fazer o que eu pedi, ainda ficou horrível. - Ela soluça e eu olho para a Senhora que está limpando o chão de cabaça baixa.
- Calma Débora, talvez você não tenha gostado por causa dos enjoos. - Eu acaricio os seus cabelos e ela me olha.
- Eu não quero mais essa mulher aqui, ela não faz nada do que eu mando, nem parece que eu sou a dona desse apartamento.
- Eu vou conversar com a minha mãe para mandar outra pessoa, tudo bem?
- Não! Eu mesma quero contratar quem vai trabalhar na minha casa. - Ela fala manhosa e eu sorrio com as suas mudanças de humor. - A sua mãe não gosta de mim, eu tenho certeza que ela irá mandar uma pessoa pior do que essa... Essa Senhora.
- Tudo bem, faça do jeito que você achar melhor, mas agora o que acha de sairmos para almoçar?
- Na verdade eu havia combinado de sair logo depois do almoço com uma amiga. - Ela olha no relógio e se afasta. - E você deve estar cansado, eu tenho certeza que você não irá querer ficar andando no Shopping, então descanse. - Ela pega a minha carteira no bolso da calça e retira o meu cartão. - Você não se importa se eu fizer algumas compras, não é mesmo? Eu quero ficar linda para o jantar com a sua família.
- Claro que não me importo. Mesmo você não precisando de muita coisa para ficar linda. - Eu tento abraçá-la novamente, mas ela se afasta sorrindo, nem parece que há alguns minutos estava chorando.
- Então eu vou me arrumar.
Ela sobe para o quarto eu fico pensando em uma forma de falar para a minha mãe não mandar mais ninguém para trabalhar no apartamento, pois com esta é a terceira pessoa que preciso dispensar por não atender aos pedidos da Débora, no entanto ela tem razão, ela é a dona da casa e não a minha mãe, então nada mais justo do que ela escolher quem mais lhe agradar.
(...)
Acordo com o som estridente da campainha e ao olhar a hora, eu vejo que acabei dormindo assim que Débora saiu para encontrar a sua amiga e ainda não voltou para casa. Levanto-me ainda sonolento e desço as escadas acendendo as luzes, pois tudo está escuro, mas tenho uma surpresa ao abrir a porta.
- Richard! Caleb!
- Boa noite, Christian, será que podemos entrar para conversar? - Richard fala sério e eu olho para Caleb que está desconcertado, talvez pelo clima tenso que ficou entre nós três.
- Claro, entrem! - Me afasto da porta dando passagem a eles. - Aconteceu alguma coisa para vocês estarem aqui depois de quatro meses sem falar comigo?
- Christian, por favor, não queremos brigar, apenas conversar. - Caleb pede de forma quase suplicante e assinto baixando-a-guarda, afinal eles são meus irmãos.
- Eu vou ser direto antes que a sua namorada volte para casa. - Richard fala de forma ácida e o olho sem entender como ele sabe que Débora saiu, mas ele logo trata de explicar. - Nós vimos a sua namorada no mesmo restaurante que estávamos jantando, mas a questão é com quem ela estava.
- Do que você está falando? O que está querendo insinuar Richard? - Ele olha para Caleb e assente para que ele comece a falar.
- Christian, estamos aqui agora porque somos seus irmãos e nós te amamos e, não achamos justo você ser enganado dessa forma e, eu devo confessar que essa situação não é agradável para nenhum de nós, mas você precisava saber.
- Fala logo e deixe de enrolação Caleb. - Eu perco a paciência por ele não falar nada com nada.
- Nós estávamos no Hokkaido, aquele restaurante que fica próximo a Universidade. - Eu assinto por saber que é um dos nossos restaurantes preferidos e íamos os três com frequência. - Assim que entramos no carro para voltar para casa, vimos a Débora entrar no local acompanhada de Edgar Johnson.
- Você deve estar enganado Caleb, a Débora foi ao Shopping fazer compras com uma amiga, além do mais, ela nem conhece o Edgar direito.
- Presta atenção, meu irmão. - Richard se aproxima e coloca as mãos em meus ombros para que eu olhe em seus olhos. - Não nos enganamos, era sim a Débora e eu vou te contar o porquê de eu não gostar dela. - Assinto para que ele me esclareça isso uma vez por todas. - Dois anos depois de você e Caleb virem para Boston, a Débora começou a trabalhar naquela loja de Conveniência e eu sempre a via com alguns caras, digamos que meio estranhos e, não eram apenas conversas despretensiosas não e, isso acontecia com alguns clientes que chegavam ao local, claro que não com a mesma intimidade. - Eu não falo nada, apenas fico o encarado para ver onde ele pretende chegar com essa conversa. - Uma vez eu entrei para comprar uma água enquanto o meu carro era abastecido e ela, começou a dar em cima de mim. - Ele fala sem graça e eu sinto a raiva começar a me dominar. - E isso se repetiu por algumas vezes, até eu falar para ela que não estava interessado, até porque eu estava me aproximando da Isabella, mas então quando você começou a namorá-la, eu até pensei que ela tivesse mudado quanto à intimidade com os clientes da loja, mas não, claro que quando ela me via, sempre dava um jeito de se controlar, talvez por medo de eu te falar alguma coisa.
- Era isso que vocês queriam me contar? - Eu não acredito que ele está mesmo inventando uma história para tentar novamente me separar da Débora. - Porque se for só isso, vocês já podem sair do meu apartamento.
- Christian! - Caleb me olha indignado. - O que aconteceu com o meu irmão sensato, inteligente e que sempre foi esperto e perceptivo em relação às pessoas a sua volta? - Eu não respondo nada, até porque eu continuo o mesmo.
- Você pode não acreditar no que eu estou falando, meu irmão, mas essa é a verdade. - Richard me olha magoado e meu coração se aperta. - Eu jamais faria algo que pudesse te magoar Christian, no entanto eu não sei o que a Débora conseguiu fazer para te deixar tão cego assim, mas tome cuidado e preste mais atenção nas atitudes dela, pois eu vejo que você não a ama, no entanto está deslumbrado por ser a sua primeira namorada.
- Não fale besteiras, Richard, você agora está querendo saber mais dos meus sentimentos do que eu, que os sinto? Eu sei que eu amo a Débora, ainda mais agora que eu serei pai. - Eu falo e ele arregala os olhos.
- O quê? Como assim você vai ser pai? - Caleb é quem pergunta e eu percebo que falei mais do que deveria.
- O motivo para eu ter convidado vocês e nossos pais para vir jantar aqui na próxima semana é esse, a Débora está grávida de 10 semanas e, queríamos dar a notícia a vocês.
- Pelo amor de Deus, Christian, você não estava se prevenindo? - Richard parece ter acordado de seu estupor, e passa a mão nos cabelos repetidas vezes.
- Sim, Richard, mas acidentes acontecem. - Dou de ombros, afinal aconteceu e estou feliz com isso.
- Eu não acredito nisso, Christian, como você pôde ser tão irresponsável. - Ele para de falar e me olha com um brilho diferente nos olhos. - Você tem certeza que esse...
- Oh, temos visitas? - Débora o interrompe ao entrar no apartamento sorrindo com algumas sacolas nas mãos. - Eu não sabia que os meus cunhadinhos viriam nos visitar, pois se eu soubesse...
- Você teria cancelado o seu jantar com o Edgar? - Richard a interrompe sarcástico e ela arregala os olhos.
- Do que você está falando, Richard? Eu estava no Shopping fazendo compras com uma amiga, como podem ver. - Ela levanta as sacolas e se aproxima colocando-as sobre o sofá.
- E aposto que essas compras foram feitas com o cartão do meu irmãozinho aqui. - Ele cruza os braços a encarando. - E o jantar no Hokkaido estava do seu agrado?
- Richard! - O chamo entredentes e ele me olha resignado.
- Tudo bem, Gatinho, o seu irmão deve ter me confundido com outra pessoa, mas se vocês me dão licença, eu irei para o quarto, estou muito cansada. - Ela pega novamente as sacolas e sobe as escadas sem nem esperar resposta de ninguém.
- Satisfeito, Richard? Você conseguiu o que queria? Precisava constrangê-la desse jeito?
- Eu não vou mais discutir com você, Christian. - Ele fala cansado e eu confesso que também estou com tanta discussão. - Nós só estamos preocupados com você, porém você sabe o que faz, mas pense um pouco, pergunte a ela sobre o Edgar e veja a reação dela. Vamos Caleb! - Ele caminha em direção à porta e Caleb para na minha frente com um olhar triste e me envolve num abraço, mas não fala nada e segue o nosso irmão indo embora do meu apartamento.
As palavras do meu irmão martelam em minha cabeça, no entanto eu sei que o meu namoro nunca agradou a nenhum dos dois, mas será que Débora seria mesmo capaz de fazer algo assim? Ela sempre foi muito comunicativa com todos ao seu redor e com os clientes da Conveniência que trabalhava não seria diferente, mas desde que nos mudamos ela pediu demissão, então não tem mais contato com nenhum cliente e quanto aos amigos, o único que mantém contato é o tal Eric que inclusive veio ao nosso apartamento algumas vezes e, apesar de eu não me simpatizar nem um pouco com o sujeito, principalmente pela forma desconcertante que ele me encarava, nunca demonstraram nada além de amizade quando estavam juntos.
No entanto eu preciso saber de onde a Débora conhece o Edgar, pois esse sim, eu não confio, ainda mais depois do episódio que aconteceu hoje na Universidade e é por esse motivo que decido subir até o quarto para conversarmos, para o bem da minha sanidade.
- Débora, será que... O que você está fazendo?
- Ah que susto, Gatinho! - Ela fecha o meu laptop arregalando os olhos. - Eu... É... Eu estava olhando algumas opções de quartos para o nosso filho e como o seu computador estava ligado sobre a cama, eu achei melhor pesquisar aqui mesmo. - Ela sorri e me chama para sentar ao seu lado na cama. - Os seus irmãos já foram? Eu pensei que eles teriam vindo aqui para se desculparem por todas as ofensas que me fizeram até hoje e fazerem as pazes com você. - Ela me olha triste e eu a abraço.
- Não se preocupe eu estou bem em relação aos meus irmãos, eu não posso obrigá-los a conviverem conosco. - Ela assente e eu pergunto de uma vez a minha dúvida. - O que você estava fazendo com o Edgar? - Sinto seu corpo retesar e ela se afasta para me olhar.
- Eu não acredito nisso, Gatinho! - Ela se levanta da cama e me olha magoada. - Eu não acredito que o Richard conseguiu fazer com que você duvidasse da minha palavra. - Ela começa a chorar e eu me sinto culpado por isso. - Eu estava no Shopping com uma amiga, se você não acredita em mim, pega o meu telefone e liga para ela.
- Tudo bem, Débora, não fique assim, pode fazer mal para o bebê. - Eu tento me aproximar dela, mas ela se afasta.
- Fazer mal ao bebê? E quanto a mim? Você está duvidando do meu caráter e só está pensando no feto que nem sente nada ainda. - Ela altera o tom de voz e eu estranho sua atitude ao falar assim do nosso filho. - Eu pensava que o Richard tinha esquecido o fato de eu ter escolhido você invés dele, mas...
- O quê? Como assim?
- Isso mesmo, antes de começarmos a namorar, o Richard me chamou para sair algumas vezes, mas eu estava interessada em você, mesmo tendo te visto só algumas vezes com os seus irmãos, mas ele parece que não aceitou muito bem isso, pois sempre me tratou mal desde quando você me apresentou a eles como sua namorada. - Eu nego não acreditando nisso e sinto raiva do meu irmão por mentir para mim. - Não duvido nada dele distorcer a história e falar o contrário do que de fato aconteceu. - Eu fico em silêncio, pois foi exatamente isso que aconteceu. - Eu sabia! Eu tinha certeza que ele iria tentar te envenenar contra mim. - Ela volta a chorar e caminha até o closet saindo de lá com algumas roupas nas mãos.
- O que você está fazendo?
- Estou muito nervosa para dormirmos na mesma cama. - Ela segue até a porta e me olha. - Eu vou dormir no quarto de hóspedes, eu preciso me acalmar pelo bem do nosso bebê. - Dito isso, ela sai do quarto e me deixa sozinho com os meus pensamentos e a mágoa que eu estou sentindo do meu irmão.
(...)
Boston - Setembro/2016
Desde o dia que Débora foi dormir no quarto de hóspedes há quase três meses que ela não voltou mais para o nosso quarto e sempre tem me evitado a todo esse tempo, nem nas consultas para ver o bebê ela me informa, sendo que nem nas primeiras eu a acompanhei, pois os horários que ela marcava eu sempre estava na Universidade e quando ficava sabendo já havia passado o horário e, me sinto um péssimo pai por não estar participando da gestação do meu filho no ventre de sua mãe.
Os meus pais vieram para a minha Formatura e para o jantar em nosso apartamento, diferente dos meus irmãos que assim que me parabenizaram pela conclusão do curso foram embora da Universidade, mas foi melhor assim, no entanto a reação dos meus pais também não me deixou muito satisfeito, apesar de não terem falado nada para nos criticar quanto à gravidez não planejada da Débora e se eles perceberam o clima tenso entre mim e a minha namorada, não demonstraram, apesar de saber que não o fariam, por serem muito discretos.
Há duas semanas eu tenho percebido o quanto Débora está nervosa, mas sempre que tento uma aproximação para saber o que está acontecendo e para resolvermos de uma vez por todas as nossas diferenças, ela se afasta não me dando brechas para diálogo algum e, hoje não foi diferente, pois quando eu desci para tomar o café, fui informado por nossa atual funcionária que Débora havia saído muito cedo e que não voltaria para o almoço, no entanto após verificar o local que estou pensando em comprar para construir a minha Empresa, voltarei para casa e a esperarei para conversarmos.
- Ótima escolha, Senhor Grey, esse terreno lhe permitirá que faça... - O Corretor de Imóveis é interrompido pelo som do meu celular.
- Desculpe-me Jeremiah, eu preciso atender. - Falo assim que vejo que é a Débora quem está ligando, ele assente e se afasta para me dar privacidade. - Débora, daqui a pouco eu... - Sou interrompido por uma voz que não conheço.
- Senhor Grey, aqui é do Hospital Geral de Massachusetts, estamos ligando para informar que a Senhorita Débora Lins deu entrada na emergência e foi encaminhada para o Centro Cirúrgico.
- Centro Cirúrgico? O que aconteceu? - Me desespero e começo a caminhar na direção do meu carro sem nem mesmo me despedir de Jeremiah. - Como estão minha namorada e o meu filho? Eles estão bem?
- Senhor Grey, não sabemos o quadro clínico da paciente ainda, assim que o Senhor chegar ao Hospital se encaminhe ao Posto de Enfermagem da ala da Maternidade que elas lhe darão informações.
- Estou a caminho. - Desligo o celular e antes de dar partida no carro, sem nem mesmo perceber estou ligando para um número que há muito tempo eu não ligo.
- Christian! Aconteceu alguma coisa? - Pelo som de sua voz, com certeza eu o acordei.
- Richard, eu preciso de vocês.
- Onde você está? Você está bem? - Sinto um nó se formar em minha garganta ao ouvir a preocupação em sua voz.
- Eu estou bem, mas estou indo para o Hospital Geral de Massachusetts.
- Eu te encontro no Hospital. - Ele fala e logo desliga e eu respiro fundo, dando partida no carro em seguida.
(...)
- Bom dia. Ligaram-me agora a pouco informando que Débora Lins deu entrada na Emergência e foi encaminhada para o Centro Cirúrgico.
- O que o Senhor é da paciente?
- Sou o namorado dela, Christian Grey.
- Senhor Grey, ainda não temos nenhum boletim sobre o caso da paciente, só o que sabemos é que ela chegou com hemorragia intensa e rapidamente foi levada para o Centro Cirúrgico, no entanto eu peço que aguarde na sala de espera, assim que a Doutora Menezes encerrar o procedimento, ela chamará pelo Senhor. - Antes que eu pergunte mais alguma coisa, ouço o meu nome ser chamado e vejo os meus irmãos se aproximando.
- Christian! O que aconteceu? - Caleb corre e me abraça e eu me permito desabar em seus braços e logo sinto Richard envolver a nós dois, igual fazia quando éramos crianças.
- Eu não sei Caleb. - Respondo um tempo depois de conseguir me controlar. - Ligaram-me informando que a Débora deu entrada na Emergência e está no Centro Cirúrgico agora. - Me afasto do abraço e olho para os dois. - Obrigado por estarem aqui.
- Sempre irmão. Sempre estaremos por você e para você. - Richard fala e me abraça novamente.
E mesmo estando muito preocupado sem saber o que aconteceu com a minha namorada e o meu filho e, apesar das nossas brigas eu sei que sempre poderei contar com os meus irmãos.
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