Capítulo 17
"Confusos sentimentos"
O clima estava extremamente estranho, não importa o quanto tentássemos relevar. Tinha sido uma semana de poucas palavras. Os funcionários pareciam saber de algo ou comentarem algo que talvez não fosse verdade. A verdade é que desde o ocorrido no elevador com o Lúcio e a cena do beijo na bochecha dele as coisas pareciam diferente.
Me sentia desconfortável por lembrar que tinha culpa nos dois ocorridos, afinal, o que aconteceu comigo aquele dia? Porque me abri mais do que o necessário? Embora Lawrence tenha relevado sem levantar questão sobre o assunto, na realidade aquela ação me deixava ainda mais desconfortável.
Eu sou uma mulher aberta ao que quero falar, de repente era como caminhar sobre vidro, era necessário um cuidado dobrado para nem magoar, muito menos transmitir as intenções errada. Me importava com o que achavam de mim, essa era a verdade. Eu realmente estava começando a ter aquele problema ridículo. Mesmo tendo prometido a mim mesma que não levaria a opinião dos outros tão a serio. Mas a verdade era que eu estava preocupada com o que Lúcio pensava de mim agora, e vê-lo calado por tanto tempo estava me causando desespero. Também estava preocupada com os boatos.
Santo Deus!
Os boatos que poderiam surgir após aqueles acontecimentos. Não queria ter que relembrar que não estava lá para o que achavam, meu intuito sempre foi trabalho, emprego, renda para sustentar o meu filho.
Passava a ser assustador o quanto a língua das pessoas poderiam ter controle na vida de indivíduos. Era assustador pensar nisso, principalmente por que eu tinha uma visão formada com base em vivencias. Eu sabia o que tinha sofrido por interpretarem mal uma situação.
Eu estive presa acusada de algo que nem em pesadelo teria coragem de fazer, então dava de entender o medo que estava sentindo. Foram poucos dias na empresa mas parecia que eu tinha esquecido de tudo que tinha passado antes. Não sei se tinha sido uma boa ideia pensar no meu passado não distante.
Era me sentir inútil novamente, era sentir a dor de perder a minha vó novamente. Era doloroso lembrar, pois eu percebia que dentro de mim algo estava afetado, algo estava ferido. Talvez eu nunca me perdoaria por saber que minha vó tinha morrido por minha culpa.
Estranhamente algo dentro de mim doeu. Eu nunca mais tinha visitado a minha vó. Se ela tivesse esperado um pouco mais, se ela tivesse a oportunidade de vê que eu não era tão miserável e que eu conseguiria oferecer um teto digno ao meu filho.
Tinha tanto a conquistar ainda, mas eu no fundo me sentia feliz por estar como estamos hoje, eu sei que a perda da minha vó nunca será curada, mas pelo menos estou aqui lutando pelo que me resta, meu filho.
Fui distanciada dos devaneios ao ouvir a voz de Phenelope. Ela passava a dá informações de pagamentos a Lúcio. E o mesmo parecia muito atento, ele a encarava como se dependesse daquilo. Seus olhos fixo aos dela enquanto ela explicava detalhes que eu não fazia ideia do que se tratava. Sim a Phenelope era insuportável em alguns detalhes, mas eu não podia negar que ela era capaz. Ela sabia do que falava e tinha convicção quando o assunto era trabalho, não era por outra que ela era o braço direito daquele homem tão renomado e conhecido no mundo dos negócios.
Ele se sentou em uma das poltronas cruzando as pernas enquanto passava a falar com ela sobre suas filiais.
— Então você está querendo dizer que realmente seu projeto para nova filial em Los Angeles foi aprovado? — Phenelope vibrou de alegria e Lúcio sorriu para ela animado.
Não sei se estava certa mas sentia que estava sendo evitada por ele. Não sei se estava certa em ter essa visão, pois Lúcio não era uma criança. Aquela seria a atitude de um bobo, e eu não o conhecia sendo assim. Talvez eu realmente tenha deixado as coisas estranhas nos últimos acontecimentos mas não seriam motivos para ser evitada.
Lúcio parecia mais conectado ao trabalho do que o normal, tudo dele estava relacionando a empresa, as conquistas. Pelo visto, Lúcio só não é de ficar impressionado por algo bobo como aquilo que ocorreu.
— Muito trabalho pela frente certo?— Ela perguntou e ele suspirou passando a mão sobre as têmporas.
— Vou precisar de uma equipe, uma equipe muito boa por sinal.— Seus olhos seguiram a minha direção. Foi um movimento rápido e inesperado. O que me fez baixar a cabeça imediatamente. Sei o quanto fico bêbada e presa ao seu olhar. Era estranho perceber aquilo.
Lúcio ergueu-se da poltrona enquanto parava de frente a bancada apoiando os cotovelos sobre a bancada ficando de frente a nós duas. Seus olhos ainda estavam sobre Phenelope. O elevador fez barulho na recepção ao se abrir e Anthony surgiu sorridente por ele.
Era de se esperar, Anthony sempre era sorridente desde que o conheci. Ele parou ao lado de Lúcio batendo seu ombro fazendo um barulho não tão baixo.
— Preciso falar com você moreno.— Anthony acenou para mim com as mãos e alargando seu sorriso. — HUUM!— Ele disse enquanto seu rosto encarava o meu.— Você está mais bonita do que o normal.
O comentário dele fez com que mais dois pares de olhos me encarassem. Era algo que eu não gostava nenhum pouco. Lúcio arqueou as sobrancelha como se estivesse surpreso talvez com o que via ou com o que Anthony comentara.
— O que você está falando.— Disse. Peguei meu pequeno espelho enquanto encarava meu rosto por ele.
— Talvez porque esteja de preto, acho sexy mulheres de preto.— Anthony passou a mão levemente sobre meus cabelos sentindo a textura dos fios.— Seus cabelos estão mais lisos.— Lúcio nos assustou batendo a mão de Anthony logo que ele tocou as madeixas dos meus cabelos. — Quê? É verdade, você não percebeu? olha só o batom dela, clareou até os olhos dela.
— Ela tem os olhos claros naturalmente.— Lúcio respondeu de forma muito convicta e ele parecia pensativo.— Dependendo do ambiente às vezes ele aparenta ser verde. — Não pude evitar abrir a boca ao vê-lo explicar sobre os meus olhos. Ele percebeu meus olhos?
Anthony cruzou os braços soltando um sorriso para mim muito animado. E era difícil saber o porque daquilo. Ele tocou o braço de Lúcio.
— E parece que você observou bastante os olhos dela não?— Anthony mordeu os lábios animado por estar afetando Lúcio. Já Lúcio o encarou nada satisfeito e muito serio.
— E você está criando historias muito ridículas não acha? Qual o problema de saber a cor dos olhos dela? Você não percebe que os meus são pretos?— Lúcio abriu os olhos como se obrigasse Anthony vê. E Anthony encarou os olhos de Lúcio enquanto sorria.
— Porque ficou afetado? Foi só um comentário. — Anthony parecia de todo modo querer estressar Lúcio.
Lúcio suspirou profundo como se contasse até dez para não da um soco em Anthony.
— Disse que precisava falar comigo, me acompanhe até minha sala. Seria feio para você apanhar na frente das duas damas.— Lúcio puxou Anthony que gargalhava animado enquanto adentrava a sala de Lúcio. Phenelope parecia sorrir, foi novo para mim vê-la sorrindo principalmente daquela cena.
Ela voltou sua atenção para o computador a frente. A manhã passou bem rápido, Lúcio não me pediu nada o que me fazia voltar a teoria inicial da possibilidade de ele estar evitando a minha companhia, o meu serviço ou qualquer que seja a possibilidade.
Percebi que tinha passado um pouco do meu horário quando vi Caleb adentrar a empresa junto a Lawrence.
— Você o pegou na escola?— Questionei a Lawrence quando ele se aproximou parando de frente a bancada.
— Ué...sim! não tem problema tem?— Lawrence me encarava como se esperasse uma resposta contraria a sua pergunta, parecia que ele estava treinando uma resposta mental. Poderia ser só a sensação, eu tinha um costume ridículo de ler as pessoas mais do que o necessário, o que poderia às vezes me fazer ter uma visão errada da situação ou da pessoa.
— É só que não me avisou por isso não esperava.— Comentei dando a volta na bancada e abraçando Caleb rapidamente. Ele parecia quieto e muito pensativo. Ao perceber baixei meu corpo em direção ao dele ficando da mesma altura que ele.— Está tudo bem meu amor?
Caleb sorriu um sorriso simples e aparentemente cansado.
— Estou com fome mãe.— Ele choramingou no meu ombro com sua famosa cena de dengo.
— Filho, que é isso? Não está tão tarde assim, não se preocupe a mamãe já está saindo.
Levantei voltando dar a volta na bancada para pegar a bolsa que estava no mesmo local de sempre. Fui interrompida com a voz de Phenelope.
— Você tem um filho? — Ela parecia incrédula.— Achei que fosse mais nova, mas seu filho já aparenta ter uns 4 anos.— Ela falava enquanto seus olhos permaneciam fixos nos de Caleb.— Ele é lindo.
Não pude evitar não comprimir os olhos ao vê-la tão fixa a Caleb. Phenelope tinha algo nela que era completamente oculto, aparentemente ela poderia ser compreendida como uma chata, uma mentirosa mas no fundo era como se ela tivesse algo bem guardado que não demostrava facilmente. Dava pra vê no olhar, seus olhos estavam brilhantes, ela era apaixonada por crianças.
Ela parecia presa e conectada a um mundo só dela. Ela sorria, era como vê algo que a agradava muito. E me assustara, pois era uma tarefa difícil vê-la sorrir com frequência.
— Ele tem cinco anos.— Disse, vendo ela me encarar em seguida.
— Você o teve muito cedo.
Quando estávamos prestes a sair Caleb olhou para trás e antes que eu conseguisse entender o que tinha acontecido ele agarrou Lúcio pelas pernas. Meus olhos com certeza estavam prestes a cair do rosto. Meu Deus!
Eu corri direção aos dois mas ambos pareciam animado por se verem. Caleb grudou como se fosse cola nas pernas de Lúcio. Anthony o acompanhava enquanto encarava a cena confuso.
— Tio Lúcio!— Caleb parecia vê aquele presente que almejava tanto. Ele estava animado e Lúcio o respondia com a mesma empolgação.
— Vem aqui, senta aqui.— Lúcio o chamou para se sentar em uma das poltronas junto e Caleb aproveitou da situação com muito gosto. Caleb o encarava animado enquanto fazia barulhos empolgantes.— Porque você não vai mais me visitar?
Caleb virou o rosto a minha direção como se a resposta fosse obvia.
— A mamãe não deixa.— Eu franzi o cenho o encarando. Por Deus aquilo Lúcio não precisava saber.
— Caleb?— Eu o chamei mas ele estava animado de mais enquanto citava sobre algum tipo de carro que só ele e Lúcio entenderia.
— Ele tem um barulho muito legal. Eu quero ele pra mim.— Lúcio gargalhava como se fosse inacreditável ouvir aquilo.
— Você tem muito bom gosto mas sabe eu vou te explicar sobre outro que é tão veloz e bonito quanto o seu preferido.— Lúcio cruzou as pernas e começou falar sobre um motor que eu não fazia ideia do que era.
A vontade era de puxar Caleb pelos cabelos. Mas era só uma criança, e criança era justamente para isso. Eu não queria ser a mãe chata que impossibilita o filho de se divertir, muito pelo contrário, tinha algo que eu sempre tentaria lembrar, ser a melhor amiga que ele poderia ter.
A verdade era que vê Lúcio e Caleb juntos era a melhor sensação que eu poderia sentir. Talvez se resumia ao fato de que Lúcio era um pai e ele entendia muito bem as crianças. Talvez porque no fundo mesmo com medo, eu sentia que Caleb precisava da presença de um homem. Era horrível lembrar que sua família paterna era horrorosa.
E era algo que eu não sentia o interesse de falar para ele. Caleb era apenas uma criança, não poderia decepcionar-se com isso. Eu sempre faria o que fosse possível para suprir a falta do pai.
Caleb acariciou os cabelos de Lúcio muito animado enquanto falava sobre um helicóptero. Mas eu sabia que estava na hora de interromper o momento.
— Caleb precisamos ir, você não pode tomar o tempo do Lúcio.— Caleb cruzou os braços fazendo uma careta nada agradável. Lawrence o pegou do chão posicionando ele em seus braços. Assenti de cabeça para Lúcio soltando um "Me desculpe" para ele. Lúcio negou com a cabeça voltando a conversar com Anthony que esteve o tempo inteiro ao lado dele.
Foi um dia estranho, concluí quando completei o serviço complicado de separar a papelada que precisavam ser arquivadas. Quando encarei a pilha de papel dentro da caixa azul separada em ordem alfabética. Lawrence parecia chateado ou distante, percebi no almoço. Caleb estava estressado comigo e Lúcio parecia evitar a minha presença sempre que possível. Nossa, que sorte para homens! Até meu filho estava estressado comigo por não permitir que brincasse por tanto tempo.
Os homens eram difíceis de se entenderem e no fim culpavam as mulheres. Fechei a caixa mantendo um aviso por cima de que eram papelada arquivadas. Estava prestes a sair quando Lúcio se aproximou a bancada.
— Onde está a Phenelope?— Ele questionou embora seus olhos estivessem cravados na tela do celular e seus dedos digitavam rapidamente uma mensagem fervorosamente.
— Saiu mais cedo, parecia preocupada com algum membro da família.— Lúcio me encarou ao ouvir a frase. Ele parecia pensativo.
— Terá que me acompanhar. Normalmente costumo levar a Phenelope para acompanhar esses processos mas como ela não está.— Fiquei confusa e um pouco nervosa. Deus! Eu não tinha quase nada de experiencia no ramo, como poderia acompanha-lo?
— Perdão Lúcio, mas para onde quer me levar?— Questionei ao me aproximar da bancada e encara-lo fixamente. Ele gostava de fazer aquilo, como se sentiria estando na minha situação uma vez? Lúcio pareceu nervoso, vi trincar o maxilar com uma força. Ele estivera estranho por todo aquele dia e no fundo eu estava incomodada.
Estava ali a razão, eu estava incomodada afinal, passamos disso ou não? Eu tinha feito algo de afetar a ele? Eu precisava saber. Eu não conseguiria estar todos os dias o vendo e sabendo que algo não estava normal.
— Algum problema Lúcio?—Sim eu estava do seu lado,estava a sua frente. Não me dei conta de em qual momento dei a volta na bancada parando a frente dele. Lúcio parecia estar em outra dimensão, seus olhos pareciam assustados e confusos.— Lúcio, ta eu sei que tem algo estranho você me evitou o dia inteiro eu tenho percebido que está diferente e eu tenho me questionado se fiz algo se eu errei eu...— Pausei a vê-lo se aproximar.
Lúcio me segurou pelo braço com uma força que ele não tinha usado ainda. Ele me puxou direção a saída. Meu coração passou acelerar e aos poucos percebi que estava com medo. Meu sangue circulou com mais força, senti minhas mão soarem. Lúcio me soltou no exato momento em que paramos na parte de trás da empresa ao qual nos levaria ao estacionamento se continuássemos a caminhada um pouco mais.
Meus olhos provavelmente estavam prestes a cair do rosto e era com toda certeza. Era estranho até dizer mas fiquei nervosa e com medo. Embora Lúcio não tenha feito nada de mais até então eu dei a volta na esperança de sair. Tudo bem eu não queria mais saber o que tinha acontecido se isso iria me assustar daquela forma. Mas Lúcio impediu que eu saísse quando segurou meus braços novamente me puxando me parando a sua frente e antes que pudêssemos raciocinar ele me beijou?
Desculpa mas que foi isso?? hello?? teve até beijo gentiiiiiii kkkkk
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro